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Como Elaborar um

Projeto
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Como Elaborar Projetos

Finalidade desta Orientação

Esta orientação tem a finalidade de fornecer instrumental para a elaboração


ou análise de projetos. Fornece informações sobre o conteúdo, forma e grau
de detalhe que o projeto deve conter, tornando-se um importante guia para
a operacionalização de um planejamento estratégico.

O que é projeto?

O nome "projeto" é utilizado para designar um conjunto de ações com um


objetivo específico a ser atingido, visando alcançar ou contribuir para
objetivos gerais ou específicos de um planejamento. Os projetos têm
começo e fim determinados, devendo alcançar metas estabelecidas. A
mudança de uma determinada situação existente para outra desejada exige
um conjunto de ações que devem conduzir, de forma programada, a essa
mudança. A expressão clara dos problemas a resolver, dos objetivos a
alcançar, das ações a executar, dos meios necessários para tanto e das
formas de verificar se a mudança ocorreu é o que se denomina projeto.

Os projetos geralmente integram um programa de investimentos ou são


parcelas de um plano. Podem tomar várias formas e alcançar distintos
níveis de detalhe, geralmente definidos em função da área a que se referem
e ao grau de exigência. Excepcionalmente podem surgir problemas ou
oportunidades não previstas quando da elaboração do Plano, que exigem a
elaboração de um projeto específico.

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Elementos de um projeto

Um projeto é a forma de apresentar uma proposta de trabalho. Deve conter


diversos elementos, que nesta orientação organizam-se segundo os tópicos
relacionados a seguir:

1. Contexto
2. Justificativa
3. Objetivos
4. Resultados
5. Atividades
6. Matriz de Planejamento
7. Insumos
8. Orçamento
9. Cronograma Físico / Financeiro
10. Executor
11. Riscos

Contexto
Esta parte do projeto tem a finalidade de explicar de forma sucinta a
situação existente no meio em que as ações ocorrerão. O nível de detalhe
desta parte deve corresponder à complexidade e dimensão do projeto. A
informações devem indicar:

• A área em que atuará o projeto;


• Sua localização geográfica;
• O nível ou níveis administrativos envolvidos;
• As instituições responsáveis;
• Os grupos da população envolvidos;
• Outras informações relevantes que possam situar o meio em que o
projeto deve atuar.

Isto implica na existência de um diagnóstico, ou quando este é parte do


projeto proposto, o tópico Contexto deverá conter as informações básicas
que sustentam a necessidade do projeto e consolidam os resultados
esperados dentro de um objetivo definido.

O estabelecimento de um objetivo não pode prescindir da informação sobre


as posições estratégicas maiores dos responsáveis pela área em que
atuará o projeto. Devem ser identificadas outras ações em execução ou
previstas com objetivos similares, de modo a que possam ser indicadas as
conexões ou complementações que o novo projeto dará às demais ações.
Finalmente, o contexto deve esclarecer quanto às instituições através das
quais o projeto será levado a efeito, explicitando quanto às competências
legais e situações de fato que podem ocorrer na área de trabalho em que o
projeto deve ser desenvolvido, capacidade de execução e

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sustentabilidade.

Estes elementos devem ser apresentados de forma a permitir situar a


análise do projeto em seu ambiente real. Quando se tratar da revisão de
projeto já existente, esses elementos devem existir no projeto original,
devendo ser simplesmente confirmados ou então apresentados a nova
situação que modificou o contexto inicialmente descrito. Neste último caso,
deve ser informada a situação do projeto em revisão e as causas que
levaram a isso.

Justificativa
Aqui devem ser desenvolvidas as razões pelas quais se julga necessário
executar o projeto e porque o mesmo foi proposto da forma pela qual é
apresentado. Nesta parte deve ficar claro:

• O problema (ou problemas) a ser tratado ou resolvido pelo projeto,


indicando a situação existente e aquela a ser alcançada com a
realização do mesmo;
• As mudanças esperadas com a realização do projeto, como os
resultados do mesmo serão utilizados e quem será beneficiado;
• As metodologias e a estratégia a serem empregadas na realização
do projeto, descritas de maneira sumária, e como ambas influenciam
na organização operacional do mesmo; que outras metodologias e
estratégias foram estudadas e porque se optou pelas indicadas.
Podem ser utilizados exemplos de projetos similares em tipo, local e
executores para justificar a escolha. Se a metodologia escolhida é de
caráter eminentemente técnico ou de grande complexidade, deve ser
anexado um documento específico sobre a mesma com uma
descrição mais detalhada.
• Se o projeto pode ser desenvolvido pelo responsável da área a que
se refere, ainda que por contratação de serviços, ou se será
necessária assistência técnica e operacional para que se possa
executá-lo;
• Quando for o caso, fazer referência à participação de outras
entidades, ONGs ou população-meta e dizer, de forma genérica,
como as mesmas estão envolvidas no projeto;
• A integração do projeto com outras atividades no âmbito da Unidade,
definindo claramente sua relação com outros projetos previstos ou
em execução;
• A capacidade do executor do projeto, para cumprir as tarefas que o
mesmo exige e apoios que se façam necessários para assegurar que
os resultados previstos serão alcançados.

Objetivos Gerais
Os objetivos globais de um País relativos a uma determinada área de
atuação são expressos por meio de uma política. É comum que esta política
esteja definida no planejamento geral do País ou do Estado, com

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perspectivas de longo prazo e uma estratégia geral estabelecida.

Para alcançar o objetivo global, são definidos objetivos específicos,


geralmente organizados por áreas temáticas ou geográficas, para as quais
são elaborados projetos que contribuem para levar a esse objetivo global.
Dificilmente um projeto, de forma isolada, pode assegurar que sejam
atingidas, por exemplo, as metas da Política de Meio Ambiente do País.

No caso das unidades de conservação, os objetivos gerais de cada


programa e subprograma já estão definidos no Plano de Manejo e os
projetos devem contribuir para que esses objetivos sejam alcançados. Isto
facilita a identificação dos objetivos específicos dos projetos.

Objetivos Específicos
O objetivo ou objetivos específicos são aqueles que devem ser alcançados
por meio do projeto proposto. Enquanto os objetivos gerais são de nível
maior e, portanto, definidos de forma genérica, os objetivos específicos
devem ser definidos de forma muito clara. Devem relacionar os resultados a
serem alcançados e os impactos esperados com a execução do projeto, por
meio de indicadores que possam ser quantificados e/ou qualificados,
definindo metas parciais e finais para o projeto.

A definição dos demais elementos do projeto está diretamente ligada à


compreensão clara dos objetivos específicos. Grande parte da dificuldade
de organização e deficiências na execução dos projetos deriva de uma
definição equivocada ou insuficiente dos objetivos específicos. Estes
objetivos devem ser especificados em função das mudanças concretas em
matéria de comportamento, condições ou situações que o projeto deve
propiciar e, ao mesmo tempo, contribuir para o objetivo geral estabelecido.

Os objetivos específicos são de mais fácil definição quando se referem à


obtenção de resultados por meio de ações singulares e completas. Este é o
caso da execução de um estudo, da demarcação de uma área etc. Com
frequência, as ações propostas estão orientadas a mudanças de
mentalidade e ao desenvolvimento de atividades que tenham continuidade.
Nestes projetos a formulação de objetivos específicos deve estar orientada
à obtenção de resultados e impactos permanentes.

Os objetivos devem ser realistas, considerando o tempo, os recursos


financeiros e humanos disponíveis, tanto aqueles aportados pelo projeto
quanto os permanentes para manter e operar os resultados obtidos. Da
mesma forma, não se deve formular um objetivo para um determinado
volume de recursos julgado disponível, mas dimensioná-lo de acordo com
os problemas ou oportunidades a serem atendidas. Deve-se considerar
também etapas que permitam sua execução com quantias variáveis de
recursos, especialmente os financeiros.

Um projeto deve ter um número limitado de objetivos específicos e muitos


têm um único. Quando se identificam muitos objetivos específicos, torna-se
necessário organizá-los em mais de um projeto, para evitar uma grande

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complexidade na execução, ou então dividi-lo em subprojetos, que


geralmente são organizados por área temática ou geográfica.

Para cada objetivo específico devem ser definidos os resultados e impactos


esperados e especificados os indicadores que demonstrem que foram
alcançados. Quando um projeto se estender por mais de um ano, a
programação de atividades pode tomar a forma de um plano plurianual, no
qual são especificados resultados e ações para cada ano, bem como os
recursos exigidos em cada etapa. Os objetivos específicos podem ser
alcançados progressivamente em cada etapa de execução, mas os
impactos desejados geralmente só são alcançados ao final do projeto.

Todo objetivo específico deve ser apoiado, no mínimo, por um resultado.


Caso não lhe corresponda nenhum, é necessário reformular o objetivo, pois
provavelmente não se trata de um objetivo, mas de um resultado ou mesmo
de uma ação.

Resultados
Os resultados são elementos que, ao integrar-se, levam à obtenção de um
ou mais objetivos especificados. São elementos tangíveis que o projeto
deve produzir para alcançar os objetivos propostos. Derivam diretamente
dos objetivos específicos, pois são os efeitos das ações que devem ser
realizados para alcançar esses objetivos.

É importante salientar que muitas vezes se faz confusão entre resultados de


realização e resultados do projeto ou impactos do projeto. Na terminologia
adotada neste documento, os resultados de realização correspondem ao
cumprimento das tarefas (ex.: aquisição de insumos – veículos ou
equipamentos de vídeo; a preparação dos termos de referência) e deverão
ser especificados no projeto ao nível do Plano Operativo Anual - POA -
quando o projeto se estende por mais de um ano servindo para o
acompanhamento da execução física e financeira. Sua verificação é feita
sobre indicadores relacionados diretamente com a programação. Os
resultados de impacto podem ser aferidos a partir de indicadores internos
ou externos à programação, os quais podem ser também levantados de
forma independente ao projeto. Em treinamento, por exemplo, podemos ter
a realização de vários cursos, como resultado de realização, mas os
resultados de impacto serão aferidos pela melhora da qualificação do
pessoal treinado e a alteração que isto ocasiona em seu desempenho.

Os resultados devem ser descritos de forma clara e verificável. Ao defini-los


deve-se assegurar que seja determinado com razoável facilidade se
ocorreram, quando isso aconteceu e se têm a qualidade especificada. Se
esses elementos não podem ser identificados em um resultado programado,
é preferível reformulá-lo.

Existe pelo menos um e é provável que haja mais de um resultado para


cada objetivo específico, sendo indispensável que sejam descritos todos os
resultados necessários para alcançar cada objetivo. Também pode ocorrer
que um resultado apoie mais de um objetivo específico. Neste caso é

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necessário referir-se a todos os objetivos apoiados. A descrição é feita por


meio de indicadores e sua quantificação ou qualificação define as metas a
serem obtidas.

Atividades
As atividades do projeto originam-se diretamente dos resultados a serem
obtidos e constituem-se em uma ou mais tarefas concretas que serão
executadas para a obtenção do mesmo. Se uma atividade não está
orientada para a obtenção de resultado do projeto, não deve ser incluída no
mesmo, o que significa que o projeto não é um meio para executar tarefas,
em especial as de rotina, que não sejam vinculadas a seus resultados.

A cada resultado corresponderá pelo menos uma atividade. Devem ser


enumeradas todas as atividades necessárias para produzir um resultado,
mostrando sua relação. Geralmente necessitam-se várias atividades para a
obtenção de um resultado e algumas podem contribuir para mais de um
resultado, o que deve ser indicado, quando ocorrer.

Também deve ser indicada a duração prevista de cada atividade e seu


início dentro do período do projeto, se depende de outras ações para ser
executada e quem é responsável por sua execução. Isto se completa com a
definição de insumos necessários à sua realização.

Matriz de Planejamento
Para a consolidação e melhor visualização do projeto, deve ser elaborada
uma matriz de planejamento, um gráfico, uma planilha.

Insumos
Os insumos são os meios necessários para a realização do projeto, quer
sejam equipamentos, material de consumo, pessoal, bolsas, diárias,
passagens etc. São determinados depois da definição dos objetivos gerais e
específicos, resultados e atividades, já que podem ser facilmente
identificados como os elementos necessários para se cumprirem as tarefas
de cada atividade.

Em um projeto devem ser indicados todos os insumos necessários à


execução das atividades e obtenção dos resultados esperados. Uma vez
identificados todos os insumos necessários, devem ser destacados aqueles
que podem ser assegurados pelo executor diretamente (pessoal, espaço
físico, equipamentos) e os outros que devem ser adicionados pelo projeto.

A definição dos insumos não deve ficar em uma simples quantificação, mas
conter uma descrição mínima que permita conhecer o tipo e a qualidade do
insumo referido; essa descrição deve ser suficiente para assegurar que o
insumo proposto seja adequado ao projeto.

Especial atenção deve ser dada ao pessoal necessário à execução do


Projeto. Deve-se especificar o nível de conhecimento, a especialidade e a
experiência dos técnicos a serem envolvidos. Estes técnicos deverão ter
disponibilidade para cumprir as tarefas geradas pelo Projeto, não tendo seu

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tempo comprometido com outras ações, já que no serviço público


frequentemente os recursos humanos são comprometidos em tarefas
diversas sem a verificação real de sua disponibilidade.

Orçamento
A partir da definição dos insumos necessários, é possível especificar os
custos do Projeto dentro dos principais itens do orçamento, divididos em
investimentos (equipamentos, obras, serviços) e custos correntes
(passagens, diárias, serviços de terceiros de pessoas físicas e jurídicas), de
modo a demonstrar como serão utilizados os recursos.

Deve-se ter presente que, considerando o critério da sustentabilidade, os


projetos que resultem em atividades permanentes de manutenção e
operação terão custos que seguirão incidindo sobre a instituição
responsável após seu término. Estes recursos devem estar assegurados
para evitar que os resultados do Projeto sejam perdidos.

Quando os projetos utilizam recursos de mais de uma fonte, deve-se


especificar com que valor e para que atividades cada uma contribui.

Cronograma
A partir da definição das atividades do projeto, sua inter-relação com outras
ações e seu encadeamento lógico, deve ser preparado um cronograma
geral para todo o período de execução, no qual devem constar o
desenvolvimento físico e os gastos financeiros correspondentes.

Neste cronograma serão indicados os tempos reais para a execução das


ações, pois é comum subestimar-se os mesmos, principalmente quando são
tarefas de cujo teor os técnicos têm pouco conhecimento (licitações, prazos
mínimos exigidos por procedimentos obrigatórios para o uso dos recursos,
prazos mínimos para a tramitação de convênios), o que resulta em
programações impossíveis de serem cumpridas. Outro aspecto a ser
considerado são os problemas de ordem estrutural, que atuam como
condicionantes na execução do projeto (época de liberação efetiva de
recursos) e que resultam em menos de doze meses de execução efetiva em
cada ano.

O cronograma deverá apresentar em um gráfico de barras os períodos de


execução das ações, distribuídas ao longo do Projeto; por algarismos,
indicar os percentuais a executar em cada ano (no caso de projetos em
revisão, o percentual já executado) e os custos totais estimados para cada
ação básica.

Executor (acompanhamento)
É essencial em qualquer projeto a especificação do perfil de seu executor.
Na maioria dos casos, esses executores são institucionalmente indicados
pela estrutura administrativa do Governo. Mas é importante analisar qual a
capacidade real do órgão para executar o projeto e como se insere dentro

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da instituição responsável. Deve ser analisado ainda o conjunto de


atividades a serem cumpridas para a realização do projeto e a
disponibilidade do executor em termos de pessoal treinado para as
atividades do Projeto, equipamentos e capacidade gerencial para cumpri-
las.

Para definir a estrutura operacional da execução do projeto, sugere-se que


a estrutura funcional (necessária para executar o projeto) seja projetada
sobre a estrutura institucional já existente, identificando os pontos que
devem ser reforçados, ou reformulando o projeto para que esteja dentro da
capacidade de execução da instituição.

Não convém criar núcleos específicos para a execução do projeto, uma vez
que estes ficam sem função após o seu término. Com frequência, estes
núcleos não permitem a internalização do Projeto no órgão responsável. No
entanto, parcerias para a execução tornam-se úteis quando conduzidas de
forma correta. Não esquecer que, quando o executor é o próprio elaborador
do projeto, a análise institucional também se faz necessária, o mesmo
ocorrendo em caso de parcerias.

Riscos
Apesar de ser um exercício de planejamento que pretende explicitar e
definir as condições necessárias e suficientes para que um determinado
objetivo seja atingido, um projeto pode ser afetado por vários fatores fora do
controle de seus responsáveis. Deste modo, há uma dependência entre o
projeto e o arcabouço legal, institucional e comportamental no qual está
inserido. Desta situação surgem riscos que podem atrasar ou mesmo
impedir a realização do projeto, os quais devem ser identificados para que
se possa estimar a possibilidade real de execução.

Alguns fatores que dificultam a execução de um projeto são condicionantes


para qualquer projeto, tais como atrasos na liberação do orçamento ou
complexidade de procedimentos de aquisição. Não devem, neste caso, ser
considerados como fatores de risco específicos, ainda que devam ser
tratados como pressupostos.

Os riscos podem ser classificados em dois tipos:

• Aqueles que já existem ao se formular o projeto, podendo pôr em


dúvida sua exequibilidade e implicam na reformulação do mesmo
(exemplo: a impossibilidade de colocação da contrapartida por parte
de um executor, quando isso for exigido);
• Os riscos potenciais que podem vir a ocorrer durante sua execução e
que prejudicariam o projeto a ponto de inviabilizá-lo (exemplo: a
reação contra um projeto por parte da população local).

Quaisquer dos tipos de risco acima referidos devem ser tratados de forma
explícita, realizando-se ajustes no projeto para evitar os primeiros e
estimando a possibilidade real de desenvolvimento dos segundos. Deve-se

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propor meios de mantê-los sob controle e acompanhamento.

Para tanto, devem ser enumerados os riscos que podem resultar em atraso
na execução do projeto o impedir que sejam alcançados os resultados
previstos. Para cada um dos riscos citados, devem ser propostas medidas
que possam evitar ou minimizar seus efeitos, concentrando-se nos riscos
prováveis e não nos simplesmente concebíveis. Também devem ser
evitados nessa relação os riscos extremamente prováveis, pois esses já
devem estar contornados na formulação do projeto.

Recomenda-se que, para identificar os riscos, se inicie com os elementos


mais simples do projeto, ou seja, pela real possibilidade de obter os
insumos nos prazos em que serão necessários, já que a falta de um deles
poderá comprometer todo o arcabouço lógico estruturado para a obtenção
de um resultado.

Depois de analisados os insumos quanto aos riscos, devem ser verificadas


as atividades e os resultados e assim sucessivamente, não esquecendo os
objetivos específicos e os gerais, para determinar os riscos fundamentais
que o projeto deve sofrer.

Sem estender demasiado, para uma melhor compreensão do alcance de


um risco identificado, é conveniente descrever o processo que o
desencadeia, de forma a permitir que seja visualizado. Por exemplo, o efeito
da indisponibilidade de um insumo nos resultados e objetivos específicos. A
consideração dos riscos leva à composição de cenários ou situações nos
quais o projeto teria êxito. Estas situações são denominadas pressupostos.
Isto significa que, ao elaborar o projeto, são presumidas determinadas
situações nas quais o projeto pode ser realizado; estas situações
presumidas têm de estar dentro da realidade. Só são pressupostos os
fatores ou condições externas ao projeto que podem influenciar na sua
execução e não podem ser modificados pelo projeto.

Avaliação do Projeto
A chefia da unidade de conservação tanto pode elaborar projetos como ser
responsável pela sua avaliação. No caso de elaborar, seus projetos serão
avaliados por outros. Convém, portanto, que o próprio autor o avalie
anteriormente para verificar sua coerência, concisão e forma de
apresentação. As indicações a seguir orientam a avaliação de um projeto
próprio ou de terceiros. Todo projeto submetido a um financiador sofre
avaliações. Cada um tem seus critérios específicos. No entanto,
normalmente os principais critérios adotados para a análise dos projetos
são:

• A coerência com os objetivos gerais, que são, em geral,


estabelecidos para uma área ou tema;
• A exequibilidade, em função da metodologia de trabalho e estratégias
propostas;
• A sustentabilidade, no sentido da permanência de seus efeitos após
o término do projeto;

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• A relação custo/benefício, considerada frequentemente nos projetos


ambientais como o menor custo para a produção dos efeitos
desejados.

Os itens relacionados a seguir para revisão e avaliação dos projetos não


esgotam o assunto, mas auxiliam neste exame:

CAPA
CONTEXTO
JUSTIFICATIVA
OBJETIVOS
GERAIS
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
RESULTADOS
ATIVIDADES
INSUMOS /
RECURSOS
ORÇAMENTO
CRONOGRAMA
EXECUTOR
RISCOS
CONDIÇÕES
GERAIS
APRESENTAÇÃO

CAPA
Deve conter os seguintes elementos:
Programa - Nome: (Colocar o nome completo do programa, caso o projeto
faça parte de um deles)
Subprograma ou Componente - Nome: (Colocar o nome do subprograma ou
componente, se o programa integra um desses elementos).
Projeto: Nome do projeto
Descrição sumária que o identifique

CONTEXTO

• Esclarece a situação em que o projeto deve ocorrer?


• Como está integrado dentro dos objetivos gerais definidos para o
programa ou subprograma de que faz parte?
• Como se ajusta com outros projetos existentes na mesma área?

JUSTIFICATIVA

• Esclarece-se nesta parte o problema que se quer resolver?


• Está definida claramente a situação atual e a que deseja alcançar ao
final do projeto?

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• Foram identificados os benefícios previstos e se tem sentido executar


o projeto para os mesmos?
• Foram consideradas outras maneiras de resolver o problema e se
explicou porque se optou pela forma proposta no projeto?
• Foram consideradas as lições aprendidas com as avaliações do
projeto feitas até agora (no caso da revisão do projeto) ou as de
outros similares, se ainda não foi iniciado?
• Foram examinados os dados da monitoria ou outros documentos já
produzidos sobre o projeto?
• Explica-se porque deve ser financiado o projeto ou seguir
financiando, no caso dos projetos que já integram um programa?
• Foram consideradas a participação do setor privado, ONGs ou outras
formas de organização social?
• Estão descritos os mecanismos para coordenar o projeto com outras
ações na mesma área? Estimou-se de forma adequada o apoio que
a instituição responsável pela área dará ao projeto?

OBJETIVOS GERAIS

• Estão claramente enunciados?


• Foram explicitadas as políticas ou diretrizes para os quais o objetivo
geral contribui?

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Existe uma relação direta definida entre os objetivos específicos do


projeto e os objetivos gerais para os quais deve contribuir?
• Alcançar os objetivos específicos contribui para os objetivos gerais
definidos para o Programa?
• Os objetivos específicos são descritos de forma clara, direta e sem
ambiguidade, utilizando termos compreensíveis para qualquer
pessoa não envolvida no projeto?
• A descrição corresponde aos resultados a serem obtidos com os
recursos do projeto?
• É possível determinar se os resultados descritos serão de fato
alcançados e quando?
• A descrição dos objetivos permite estabelecer indicadores de
progresso para o monitoramento durante a execução do projeto?
• Formam os objetivos um conjunto administrável, que não é
excessivamente amplo e complexo?
• Está cada um dos objetivos específicos apoiado em, pelo menos, um
conjunto de resultados, ações e insumos?

RESULTADOS

• É possível determinar, pela descrição dos resultados, se cada um vai


ser produzido e quando isto acontecerá?
• Foram identificados todos os resultados necessários para alcançar os

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objetivos?
• Está cada resultado conectado a um ou mais dos objetivos
especificados?
• Todos os resultados identificados resultam diretamente do projeto em
questão?
• Apoia-se cada resultado em, pelo menos, um conjunto de ações?

ATIVIDADES

• Contribui cada uma das atividades enumeradas para um resultado


determinado?
• As atividades foram programadas em tempos reais?

INSUMOS / RECURSOS

• Foram enumerados todos os insumos necessários para completar as


atividades do projeto e chegar aos resultados propostos?
• Os insumos propostos se ajustam às normas e diretrizes do
executor/financiador, em especial quanto ao pessoal, equipamentos,
obras, custos correntes etc.?
• Os insumos propostos são adequados às condições do local do
projeto e às necessidades e capacidade dos usuários durante e
depois do projeto?
• Foi verificada a real contribuição de insumos que pode dar a
instituição responsável pelo projeto?
• Existe uma correspondência correta entre os insumos, a duração das
atividades e o orçamento do projeto?

ORÇAMENTO

• Estão considerados todos os insumos/recursos no orçamento


apresentado?
• Está o orçamento dentro dos limites de recursos disponíveis para os
projetos previstos no programa de que deveria fazer parte o projeto
em análise?
• Estão considerados os preços reais dentro da data-base
estabelecida?

CRONOGRAMA

• Estão os prazos previstos para a realização das atividades


calculados de forma realista?
• Estão consideradas as dependências entre atividades na
organização de uma sequência de execução?
• Estão previstos no cronograma os condicionantes de nível maior que
limitam a execução do projeto em determinados períodos do ano?
• Estão definidas as metas físicas a serem alcançadas a cada ano do
projeto e as datas em que as mesmas serão obtidas?
• Estão distribuídos ao longo do período os recursos financeiros

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necessários para cumprir as atividades?

EXECUTOR

• Foi definida a instituição responsável pelo desenvolvimento do


projeto?
• Está definido o nível decisório responsável pelas medidas que
asseguram a execução do projeto?
• Estão identificados os responsáveis pelas funções técnicas,
administrativas, programáticas e de monitoria, de modo a conhecer
dentro da instituição executora que será responsável por cada uma
delas?
• Foi verificada a capacidade executiva da instituição responsável e os
eventuais reforços que deve receber para assegurar a realização do
projeto?
• Existe pleno conhecimento e comprometimento dos executores
propostos para com o projeto?

RISCOS

• Foram determinados os riscos que com o tempo poderiam aumentar,


ao ponto de impedirem ou atrasarem o projeto?
• Existe já neste momento um risco muito grande de fracasso do
projeto? Vale a pena continuar com ele nessas condições?
• Seria possível diminuir o risco de fracasso do projeto se a solução do
problema a que está orientado fosse enfocada de outra maneira?
• O exame de riscos indica que o projeto deva ter um
acompanhamento especial com exames técnicos, avaliações
periódicas ou apresentação de relatórios com maior frequência?

CONDIÇÕES GERAIS

• O projeto considerou as condições específicas de uso dos recursos


do financiador? Atende a essas condições?
• Existe algum documento legal já estabelecido entre o executor e o
financiador? Tem de ser revisto ou renovado?
• No caso de um projeto necessitar acompanhamento especial, isso foi
considerado no cronograma e no orçamento?
• Como está assegurada a sustentabilidade do projeto após o seu
término?
• Foi proposta a melhor forma de executar este projeto, considerando
as diversas modalidades de trabalho, possíveis executores e a
participação de entidades não-governamentais ou outras similares?

APRESENTAÇÃO

Além do texto e da matriz de planejamento do projeto, sugere-se que este


seja apresentado também em forma de programação, utilizando o formato
constante no GUIA DE CHEFE, o que facilita a sua análise.

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Leitura complementar

ELABORAÇÃO DE PROJETOS

1 Conceito

“Projeto é um empreendimento planejado que consiste num conjunto de


atividades inter-relacionadas e coordenadas, com o fim de alcançar objetivos
específicos dentro dos limites de um orçamento e de um período dados”.

( PROCHONW, Schaffer, 1999 apud ONU, 1984)

2 Formulação de projetos

Um projeto surge em resposta a um problema concreto. Elaborar um


projeto é, antes de mais nada, contribuir para a solução de problemas,
transformando IDÉIAS em AÇÕES.

O documento chamado projeto é o resultado obtido ao se “projetar” no


papel tudo o que é necessário para o desenvolvimento de um conjunto de
atividades a serem executadas: quais são os objetivos, que meios serão
utilizados para atingi-los, quais recursos serão necessários, onde serão obtidos
e como serão avaliados os resultados.

A organização do projeto em um documento nos auxilia sistematizar o


trabalho em etapas a serem cumpridas, compartilhar a imagem do que se quer
alcançar, identificar as principais deficiências, a superar e apontar possíveis
falhas durante a execução das atividades previstas.

Alguns itens devem ser observados na formulação de projetos:

- Estabelecimento correto do problema - deve ser significante em relação


aos fatores de sucesso no negócio; deve ter dimensão administrável; deve
ser mensurável.

- Identificação das pessoas e instituições a quem afeta resolver o


problema, buscando criar vínculos com os mesmos desde o início do
projeto;

- Busca adequada de fontes de financiamento.

3 Roteiro básico para apresentação de projetos

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Os principais itens que compõem a apresentação de um projeto


relacionam-se de forma bastante orgânica, de modo que o desenvolvimento de
uma etapa necessariamente leva à outra.

Apresentação de um projeto deve conter os seguintes itens:

a) Título do projeto

Deve dar uma ideia clara e concisa do(s) objetivo(s) do projeto.

b) Caracterização do problema e justificativa

A elaboração de um projeto se dá introduzindo o que pretendemos resolver,


ou transformar. De suma importância, geralmente é um dos elementos que
contribui mais diretamente na aprovação do projeto pela(s) entidade(s)
financiadora(s).

Aqui deve ficar claro que o projeto é uma resposta a um determinado


problema percebido e identificado pela comunidade ou pela entidade
proponente.

Deve descrever com detalhes a região onde vai ser implantado o projeto, o
diagnóstico do problema que o projeto se propõe a solucionar, a descrição dos
antecedentes do problema, relatando os esforços já realizados ou em curso
para resolve-lo.

A justificativa deve apresentar respostas a questão POR QUE?

Por que executar o projeto? Por que ele deve ser aprovado e
implementado?

Algumas perguntas que podem ajudar a responder esta questão:

- Qual a importância desse problema/questão para a comunidade?

- Existem outros projetos semelhantes sendo desenvolvidos nessa


região ou nessa temática?

- Qual a possível relação e atividades semelhantes ou


complementares entre eles e o projeto proposto?

- Quais os benefícios econômicos, sociais e ambientais a serem


alcançados pela comunidade e os resultados para a região?

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c) Objetivos

A especificação do objetivo responde as questões: PARA QUE? e PARA


QUEM?

A formulação do objetivo de um projeto pode considerar de alguma maneira


a reformulação futura, positiva das atuais condições negativas do problema.

Os objetivos devem ser formulados sempre como a solução de um


problema e o aproveitamento de uma oportunidade. Estes objetivos são mais
genéricos e não podem ser assegurados somente pelo sucesso do projeto,
dependem de outras condicionantes.

É importante distinguir dois tipos de objetivos:

- Objetivo Geral: Corresponde ao produto final que o projeto quer


atingir. Deve expressar o que se quer alcançar na região a longo prazo,
ultrapassando inclusive o tempo de duração do projeto. O projeto não
pode ser visto como fim em si mesmo, mas como um meio para alcançar
um fim maior.

- Objetivos específicos: Corresponde às ações que se propõe a


executar dentro de um determinado período. Também podem ser
chamados de resultados esperados e devem se realizar até o final do
projeto.

d) Metas

A metas, que muitas vezes são confundidas com os objetivos específicos,


são os resultados parciais a serem atingidos e neste caso podem e devem ser
bastante concretos expressando quantidades e qualidades dos objetivos, ou
QUANTO será feito. A definição de metas com elementos quantitativos e
qualitativos é conveniente para avaliar os avanços.

Ao escrevermos uma meta, devemos nos perguntar: o que queremos? Para


que o queremos? Quando o queremos?

Quando a meta se refere a um determinado setor da população ou a um


determinado tipo de organização, devemos descreve-los adequadamente. Por
exemplo, devemos informar a quantidade de pessoas que queremos atingir, o
sexo, a idade e outras informações que esclareçam a quem estamos nos
referindo.

Cada objetivo específico deve ter uma ou mais metas. Quanto melhor
dimensionada estiver uma meta, mais fácil será definir os indicadores que
permitirão evidenciar seu alcance.

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Nem todas as instituições financiadoras exigem a descrição de objetivos


específicos e metas separadamente. Algumas exigem uma forma ou outra.

e) Metodologia

A metodologia deve descrever as formas e técnicas que serão utilizadas


para executar o projeto.

A especificação da metodologia do projeto é a que abrange número de


itens, pois responde, a um só tempo, as questões COMO? COM QUE? ONDE?
QUANTO?

A Metodologia deve corresponder às seguintes questões:

a) Como o projeto vai atingir seus objetivos?

b) Como começarão as atividades?

c) Como serão coordenadas e gerenciadas as atividades?

d) Como e em que momentos haverá a participação e envolvimento


direto do grupo social?

Deve se descrever o tipo de atuação a ser desenvolvida: pesquisa, diagnóstico,


intervenção ou outras; que procedimentos (métodos, técnicas e instrumentos,
etc.) serão adotados e como será sua avaliação e divulgação.

É importante pesquisar metodologias que foram empregadas em projetos


semelhantes, verificando sua aplicabilidade e deficiências, e é sempre oportuno
mencionar as referências bibliográficas.

Um projeto pode ser considerado bem elaborado quando tem metodologia


bem definida e clara. É a metodologia que vai dar aos avaliadores/pareceristas,
a certeza de que os objetivos do projeto realmente têm condições de serem
alcançados. Portanto este item deve merecer atenção especial por parte das
instituições que elaborarem projetos.

Uma boa metodologia prevê três pontos fundamentais: a gestão


participativa, o acompanhamento técnico sistemático e continuado e o
desenvolvimento de ações de disseminação de informações e de
conhecimentos entre a população envolvida.

f) Cronograma

O cronograma responde a pergunta QUANDO?

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Os projetos, como já foi comentado, são temporalmente bem definidos


quando possuem datas de início e término preestabelecidas. As atividades que
serão desenvolvidas devem se inserir neste lapso de tempo.

O cronograma é a disposição gráfica das épocas em que as atividades vão


se dar e permite uma rápida visualização da sequência em que devem
acontecer.

g) Orçamento

Respondendo à questão COM QUANTO? O orçamento é um resumo ou


cronograma financeiro do projeto, no qual se indica como o que e quando
serão gastos os recursos e de que fontes virão os recursos. Facilmente pode-
se observar que existem diferentes tipos de despesas que podem ser
agrupadas de forma homogênea como por exemplo: material de consumo;
custos administrativos, equipe permanente; serviços de terceiros; diárias e
hospedagem; veículos, máquinas e equipamentos; obras e instalações.

No orçamento as despesas devem ser descritas de forma agrupada, no


entanto, as organizações financiadoras exigem que se faça uma descrição
detalhada de todos os custos, que é chamada memória de cálculo.

h) Revisão Bibliográfica

Referências bibliográficas que possam conceituar o problema, ou servir de


base para a ação, podem e devem ser apresentadas. Certamente darão ao
financiador uma noção de quanto o autor está inteirado ao assunto, pelo menos
ao nível conceitual/teórico.

Referências

IACZINSKI SOBRINHO, Antônio. Elaboração e execução de projetos.


Florianópolis:UFSC/

http://www.bu.ufsc.br/cac/projetos.html

SEPLAN/COPROJ,[199]. (Apostila de curso)

LAKATOS, Eva M ; MARCONI, Marina de Andrade.Fundamentos de


Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 1991.270p.

PROCHNOW, Miriam; SCHAFFER, W.B.Pequeno manual para elaboração de


projetos. Rio do Sul: APREMAVI7AMAVI7FEEC, 1999,( Apostila de curso).

http://www.ibama.gov.br/siucweb/guiadechefe/guia/f-7corpo.htm#B

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