O orixá Exu é uma das entidades da religiosidade afro-brasileira
cercada por um acalorado debate teológico. Para alguns, ele é
compreendido como uma entidade desprovida de valores morais que pode fazer o bem ou o mal desde que seja previamente recompensado. Além disso, outros realizam uma interpretação rasa do seu significado, dizendo que Exu equivaleria a uma entidade de natureza diabólica. Na observação de sua mitologia, Exu seria uma entidade mensageira responsável pela relação dos homens com os orixás e dos próprios orixás entre si. Dessa forma, a sua importância ganha uma ampla dimensão ao estabelecer o diálogo entre os deuses e viabilizar a proteção de seus adoradores contra outros seres espirituais inferiores e mal-intencionados. De fato, várias religiões compreendem que nenhuma ação pode ser executada sem a ciência e a permissão desta espécie de guardião. Sendo intermediário dos acontecimentos, Exu é sistematicamente associado aos sentidos, à força de viver, à virilidade e ao sexo. Não por acaso, o ogó – instrumento de formato fálico e adornado com cabaços e búzios, que representam os testículos – é empregado na representação da entidade. Paralelamente, apesar de ser descrito como brincalhão, Exu também surge como um disciplinador e portador de um grande senso de justiça.