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1. O sistema internacional tem três principais definições. Seguindo uma delas, podemos
citar o pensamento de Raymond Aron, que dizia que o sistema poderia ser descrito
como um conjunto de unidades políticas independentes que interagem entre si, e que
consistiria basicamente nas regras tácitas fundamentais que os Estados seguiriam
quando confrontados com a necessidade de se relacionar com outros. Estas regras
seriam influenciadas pelas diferentes relações de poder e, consequentemente, pelas
implicações de tal diferença na capacidade de imposição e submissão entre eles.
Tendo em vista a anarquia do sistema, a dinâmica de relação entre os países não sofre
regulação por parte de nenhuma força externa ou superior – como é o Estado em
relação à sociedade -, apenas de suas condições históricas e econômicas de poder no
cenário internacional.
O que entendemos hoje como medidas de segurança coletiva começou a ser discutido
no Concerto Europeu. No Congresso de Viena, nações se uniram para estabelecer regras
internas que as fizeram reconhecer-se mutuamente como grandes potências e convergir no
propósito de evitar concentrações hegemônicas do poder e, principalmente, o conflito militar
como meio de conquistá-las. Anos depois, a Liga das Nações retomava, pós Primeira Guerra,
a ideia de formalizar a segurança e suas medidas. Mas falhava, uma vez que, ainda sem o
sistema de vetos, a desorganização estrutural da Liga e o conflito de interesses entre as
nações não as permitiram entrar em um acordo definitivo a respeito. Foi apenas com a ONU e
o Conselho de Segurança, décadas depois, que obtiveram os primeiros êxitos na direção de
seu objetivo. A introdução do sistema de vetos e do P5, juntamente com a criação dos
capacetes azuis e das missões das Forças de Manutenção da Paz das Nações Unidas, foram os
principais fatores desse êxito, apesar de as missões terem sofrido mudanças em sua maneira
de agir ao longo dos últimos anos. No início elas eram muito limitadas em sua capacidade de
ação, pois a carta de princípios da ONU não se mostrava clara quanto à possibilidade do uso
da força para minimizar os conflitos nem quanto ao prejuízo à soberania dos países
intervenções desta natureza poderiam causar. A ONU sempre discutiu o quanto seria possível
intervir em assuntos de nações independentes, tema que até hoje gera conflito e divide
opiniões nacionais em relação às intervenções das missões de paz – desaprovadas por muitos
países. Ainda assim, atualmente, as Nações Unidas têm mais liberdade para intervir, tanto
com a força quanto com a diplomacia, prezando fundamentalmente pela segurança dos civis
durante e depois do conflito e pelos encaminhamentos políticos locais que, atualmente,
também são fiscalizados pelas Nações Unidas.