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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA FEDERAL DA

SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE IMPERATRIZ/MA

URGENTE – PEDIDO DE LIMINAR

JOANA ALMEIDA DE SOUSA, brasileira, menor impúbere,


nascida em 22.02.2018, contando pois 2 ( dois ) anos de idade,
representada por sua genitora, SEVERINA ALMEIDA DE SOUSA, solteira,
operaria em uma fábrica de cerâmica, residente e domiciliada na Rua
Beta, n. 000, bairro vila zenira, nesta cidade, CEP: 65916-100, por
intermédio de seu advogado e bastante procurador (procuração em
anexo-doc.01), com escritório profissional na Avenida Bebedouro Nª 15
Camaçari, Imperatriz/MA CEP: 65.909-152, onde recebe notificações e
intimações, vem a ínclita presença de Vossa Excelência propor

MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO COM PLEITO LIMINAR

Em face do Sr. JOSE JORGE PEREIRA DA SILVA, Secretário de Educação


em exercício da Secretária de Educação – SEMED, do MUNICIPIO DE
IMPERATRIZ - MARANHÃO, localizada na Rua Urbano Santos, nª 1657, entre
as ruas paraíba e Pernambuco, pelos fatos e fundamentos a seguir
esposados:

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Com amparo na Lei nº. 1.060/50, requer a Impetrante o benefício


da justiça gratuita, tendo em vista não ter condições financeiras de
arcar com as despesas processuais, já que se trata de uma operaria de
fábrica de cerâmica e recebe a quantia mensal de 900,00 ( novecentos
reais ).

Nesse sentido, a Impetrante também invoca o art. 5º.


Inciso LXXIV da Carta Magna, que estabelece como obrigação do
Estado o oferecimento de assistência jurídica integral e gratuita, não
limitando tal assistência aos pobres na acepção legal, e sim, aos que
declarem insuficiência de recursos financeiros.

DOS FATOS

A Impetrante hoje é operária em uma fábrica de cerâmica,


laborando das 08:00 as 17:00h, com intervalo de uma hora para o
almoço, ocupando o carco de serviços gerais, recebe por seu trabalho,
a quantia de 900,00 (novecentos reais). É mãe de JOANA, que hoje
conta com 2 (dois) anos de idade e não dispõe de ninguém que possa
auxilia-la nos cuidados de sua filha.

Em razão do baixo salário que recebe, não dispõe de recursos


para contratar alguém para cuidar de sua filha, tampouco possui
condições de matricula-la em uma creche particular; necessita,
portanto, deixa-la em uma creche pública para que possa trabalhar
durante o dia e, dessa forma, prover a mantença de sua família.

Diante disso, procurou todos os órgãos municipais de sua cidade


para conseguir uma vaga em uma creche pública, entretanto, suas
investidas restaram infrutíferas, sempre obtendo como justificativa, para
inexistência de vaga, que o município de Imperatriz- MA não
disponibilizou mais vagas nas creches já existentes e não há qualquer
indicativo de que novas vagas serão criadas ainda este ano, SEVERINA
protocolizou um requerimento direcionado ao Secretário Municipal de
Educação, obtendo, em 29 de Agosto do corrente ano, a resposta por
escrito, de que não existe mais vaga disponível em nenhuma creche
municipal.

Contudo, a justificativa do Município contraria a Constituição


Federal em seu artigo (211, §2º) e a Lei de Diretrizes Bases da Educação,
em seu artigo, 11, V, além dos artigos (208, IV CF) e o ECA (ARTIGO 54,
IV).

A Constituição Federal (artigo 211, §2º) e a Lei


de Diretrizes e Bases da Educação, em seu artigo 11, V,
rezam que é do município o dever de proporcionar essa
etapa da Educação Básica. Então, a Constituição Federal
(artigo 208, IV) e o ECA (artigo 54, IV) garantem o direito
a creche indiscriminadamente a todas as crianças na
correspondente idade e a própria Constituição e Lei de
Diretrizes e Bases da Educação atribuem essa obrigação
ao município, ressaltando-se que inexistem critérios
sociais, de renda e nem mesmo se exige que os pais
estejam trabalhando, basta que seja criança e esteja em
idade de creche que o município tem de garantir a vaga.

DO DIREITO

O artigo 208, IV, da Constituição Federal, assegura às crianças de


zero a seis anos de idade o efetivo acesso e atendimento em creches e
unidades de pré-escola. Coaduna-se a este dispositivo o artigo 227 do
texto Constitucional que ressalta o direito à educação, notadamente às
crianças.
Enfatiza-se, ainda, que, nos termos do artigo 211, §2º da CF,
compete prioritariamente aos Municípios atuar no ensino fundamental
e infantil.

No caso em tela, a impetrante sofreu com o ato abusivo e ilegal


da autoridade coatora, na medida que não lhes foi assegurado o
atendimento em creche e pré-escola municipal, medida que afronta
brutalmente os dispositivos constitucionais apontados, além de outras
disposições conforme adiante se demonstrará.

A luz do conformação constitucional, no caso em tela, é dever do


município garantir o acesso pleno ao sistema educacional, haja vista
que se trata de atendimento em creche e pré-escola municipal ou que
lhe faça as vezes, por convênio. E ainda, não se pode olvidar que o
direito perseguido é LIQUIDO E CERTO, se refere à garantia da criança
de fluir de seu direito constitucional à educação. Neste sentido

80025020 - REMESSA EX OFFICIO E RECURSO


VOLUNTÁRIO - MANDADO DE SEGURANÇA -
RECUSA DE MATRÍCULA EM ESCOLA DE PRIMEIRO
GRAU E CRECHES PELA MUNICIPALIDADE A
ALEGAÇÃO DE FALTA DE VAGAS -
INADMISSIBILIDADE - DIREITO LÍQUIDO E CERTO
FERIDO - Conceitua-se como direito líquido e certo a
matrícula em estabelecimento de ensino público de
criança e adolescente, situado próximo a residência, por
ser dever constitucional do estado prover a educação dos
que dela necessitam, por força do estatuído no artigo 53
do Estatuto da Criança e do Adolescente e artigo 208 da
Constituição Federal. (TJES - REO 024920039542 - Rel.
Des. José Mathias de Almeida Neto - J. 21.06.1994)
(FONTE: www.iobonlinejurídico.com.br).

À vista do exposto, pode-se assegurar que o direito à educação


possui um alto relevo social e irrefutável valor constitucional, e uma de
suas faces é justamente a garantia de acesso a creche, e assim sendo,
não pode ser considerado apenas um axioma, mas deve ser posto em
prática e é dever do Estado efetivá-lo.
Acresce afirmar, ainda, que ao Município foi imposto pela
Constituição Federal e legislação extravagante o dever de propiciar o
acesso à creche e pré-escola de forma efetiva (ou seja, em instituição
próxima à residência das crianças e em período integral) para as
crianças de zero a seis anos, o que não foi efetivado no caso concreto.

Nesse sentido já se manifestou brilhantemente o Supremo Tribunal


Federal afastando qualquer dúvida no tocante a correta interpretação
e aplicação do artigo 208, inciso IV, da Constituição Federal:

“E M E N T A: RECURSO EXTRAORDINÁRIO -
CRIANÇA DE ATÉ SEIS ANOS DE IDADE -
ATENDIMENTO EM CRECHE E EM PRÉ-ESCOLA –
EDUCAÇÃO INFANTIL - DIREITO ASSEGURADO
PELO PRÓPRIO TEXTO CONSTITUCIONAL (CF,
ART. 208, IV) - COMPREENSÃO GLOBAL DO
DIREITO CONSTITUCIONAL À EDUCAÇÃO - DEVER
JURÍDICO CUJA EXECUÇÃO SE IMPÕE AO PODER
PÚBLICO, NOTADAMENTE AO MUNICÍPIO (CF,
ART. 211, § 2º) - RECURSO IMPROVIDO.

- A educação infantil representa prerrogativa


constitucional indisponível, que, deferida às
crianças, a esta assegura, para efeito de seu
desenvolvimento integral, e como primeira etapa
do processo de educação básica, o atendimento
em creche e o acesso à pré-escola (CF, art. 208,
IV).

- Essa prerrogativa jurídica, em consequência,


impõe, ao Estado, por efeito da alta significação
social de que se reveste a educação infantil, a
obrigação constitucional de criar condições
objetivas que possibilitem, de maneira concreta,
em favor das

“Crianças de zero a seis anos de idade” (CF, art.


208, IV), o efetivo acesso e atendimento em
creches e unidades de pré-escola,

Sob pena de configurar-se inaceitável omissão


governamental, apta a frustrar, injustamente, por
inércia, o integral adimplemento, pelo Poder
Público, de prestação estatal que lhe impôs o
próprio texto da Constituição Federal.

- A educação infantil, por qualificar-se como


direito fundamental de toda criança, não se expõe,
em seu processo de concretização, a avaliações
meramente discricionárias da Administração
Pública, nem se subordina a razões de puro
pragmatismo governamental.

- Os Municípios – que atuarão, prioritariamente,


no ensino fundamental e na educação infantil (CF,
art. 211, § 2º) – não poderão demitir-se do
mandato constitucional, juridicamente vinculante,
que lhes foi outorgado pelo art. 208, IV, da Lei
Fundamental da República, e que representa fator
de limitação da discricionariedade político-
administrativa dos entes municipais, cujas
opções, tratando-se do atendimento das crianças
em creche (CF, art. 208, IV), não podem ser
exercidas de modo a comprometer, com apoio em
juízo de simples conveniência ou de mera
oportunidade, a eficácia desse direito básico de
índole social.

- Embora resida, primariamente, nos Poderes


Legislativo e Executivo, a prerrogativa de formular
e executar políticas públicas, revela-se possível,
no entanto, ao Poder Judiciário, determinar, ainda
que em bases excepcionais, especialmente nas
hipóteses de políticas públicas definidas pela
própria Constituição, sejam estas implementadas
pelos órgãos estatais inadimplentes, cuja omissão
– por importar em descumprimento dos encargos
político-jurídicos que sobre eles incidem em
caráter mandatório – mostra-se apta a
comprometer a eficácia e a integridade de direitos
sociais e culturais impregnados de estatura
constitucional. A questão pertinente à “reserva do
possível”. Doutrina. ” (STF - Ag. Reg. No Recurso
Extraordinário 410.715-5-SP. Min. Celso de Mello).

Conclui-se, portanto, que diante da omissão do Poder Público


Municipal em não oferecer vaga na creche e pré-escola em período
integral para a impetrante, e pelo fato desta possuir direito líquido e certo
a tal serviço público, considerando as disposições constitucionais e
Infraconstitucionais, o mandado de segurança ora impetrado é a
medida judicial cabível, sendo lícito ao poder judiciário aprecia-lo, sem
que isto afronte o princípio da separação de poderes.
PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA (ANTECIPADA)

Conforme o CPC/2015:

]Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando


houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.

Para a concessão de medida liminar, se faz necessário a


comprovação de dois requisitos: PROBABILIDADE DO DIREITO (Fumus
Boni Iuris) e o PERIGO DE DANO OU RISCO AO RESULTADO ÚTIL DO
PROCESSO (Periculum in Mora). O que ficará devidamente
comprovado, senão vejamos:

Percebe-se, fatos narrados, que a probabilidade do direito


corresponde a verificação efetiva de que, realmente, a Impetrante
dispõe do direito de ação, a ser tutelado.

Já o perigo de dano/resultado útil ao processo, demonstra-se pelo


fato de que a cada dia que passa sem a criança esteja frequentando a
creche e pré-escola em período integral, respectivamente sua,
formação educacional é abalada, e enormes prejuízos são causados
para a renda familiar que já é quase miserável, de modo a desrespeitar
os ditames da Constituição Federal.3

Desta forma, faz-se necessária a concessão da medida para a


perfeita e eficaz atuação do provimento final do pleito.
DOS PEDIDOS

Em face do exposto, a impetrante requere:

a) a concessão LIMINAR da segurança, ordenando à autoridade


coatora a IMEDIATA colocação da menor, ora impetrante, na Creche e
Pré-Escola “EDUCANDARIO DO SABER ”, conveniada, localizada na Rua
TEREZA CRISTINA 136, Bairro, VILA ZENIRA, MA, ou em outra creche e pré-
escola em período integral, da rede municipal pública ou particular
conveniada, localizada o mais próximo possível da residência das ditas
crianças, com a fixação de astreintes para garantia da efetividade da
liminar, nos termos do artigo 461, §§4º e 5º do Código de Processo Civil.

b) sejam deferidos os benefícios da justiça gratuita à impetrante, uma vez


que é pobre na acepção jurídica do termo, e sua família não possui os
recursos necessários para suportar as custas e despesas judiciais, além de
verba honorária, sem que seja afetada sua própria sobrevivência digna;

c) prioridade na tramitação do processo, em atendimento ao art. 4°. Da


Lei n° 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente;

d) a notificação da autoridade coatora, para que, no prazo da lei, preste


as informações necessárias;

e) seja ouvido o Ministério Público;

f) ao final seja julgado o pedido procedente, confirmando-se a liminar


anteriormente concedida e concedendo-se a segurança em definitivo,
determinando que a autoridade coatora seja compelida a atender e
disponibilizar vaga em período integral para a menor, ora impetrante, na
Creche e Pré-Escola “EDUCANDARIO DO SABER”, conveniada, localizada
na Rua TEREZA CRISTINA, 136, Bairro, VILA ZENIRA, MA, ou em outra creche
e pré-escola da rede municipal pública - ou particular conveniada -,
localizada o mais próximo possível da residência da dita criança, por
prazo indeterminado, enquanto sua idade for compatível com a
instituição educacional.

g) arbitramento e expedição de certidão dos honorários advocatícios


com base no art. 22, §1°, da Lei n° 8.906/94 e de acordo com Convênio
de Assistência Judiciária firmado entre a Defensoria Pública deste Estado
e a Seccional de IMPERATRIZ-MA da Ordem dos Advogados do Brasil
(OABMA).

Atribui à causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais).

Nestes Termos,

Pede deferimento.

Imperatriz/MA, 22 de Setembro de 2020.

________________________
Mikael Carneiro Costa Reis
OAB/MA: xx.123

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