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146.04
Na década de 1960, metodologias de estudo da cidade que buscam superar a
abstracts
divisão disciplinar entre Arquitetura e Urbanismo adquirem expressão,
how to quote
quando parte da cultura arquitetônica italiana, questionando os
resultados da aplicação dos códigos redutivos do Movimento Moderno na languages
cidade, tais como o empobrecimento d oambiente urbano e a perda da
original: português
identidade cultural, postula a aplicação de novas abordagens para a
Arquitetura em conexão com a análise das estruturas urbanas, entendidas share
como relações mutáveis, mas constantes no tempo (1).
Tal abordagem inicia-se com Saverio Muratori que, em Studi per una
operante Storia Urbana di Venezia (1960), examina o tecido urbano e faz 146
do tipo, enquanto estrutura formal, o conceito básico para explicar o 146.00
desenvolvimento histórico desta cidade. Para Muratori, o tipo é a chave Arquitetura e ciência
para compreender a conexão entre os elementos individuais e as formas espaço, tempo e
urbanas; assim tanto as calli, como os campi e os cortide Veneza são conhecimento
considerados elementos tipo vinculados uns aos outros, que perdem o Eunice Helena S.
sentido se não são reconhecidos a partir da interdependência constatada. Abascal and Carlos
Esta atitude, ao destacar a relação dos elementos entre si e com o todo, Abascal Bilbao
propõe um método de análise que pode ser chamado de morfológico e que foi
a base para o desenvolvimento de numerosos estudos tipológicos.(2)Os 146.01
outros expoentes italianos que, à época, propõe uma análise da cidade a Dobras Deleuzianas,
partir da relação entre tipologia arquitetônica e morfologia urbana são: Desdobramentos de Lina
Giulio Carlo Argan, Aldo Rossi, Carlo Aymonino e Ludovico Quaroni. Ao Bo Bardi
situar historicamente este movimento, François Loyer nos dá a dimensão de Considerações sobre
sua importância: “desejo” e o “papel do
arquiteto” no espaço
(…) No início dos anos 1970, a temática adquire maior expressão projetado
por constituir um instrumento de contestação do Movimento Lutero Proscholdt
Moderno. Tratava-se de lutar contra o primado das abordagens Almeida
econômicas e sociológicas, introduzindo uma perspectiva 146.02
histórica, capaz de extrair significado do plano cultural. O Vícios do projeto
viés tipológico revelava-se como uma regra implícita mais edilício e suas
convincente do que a visão puramente plástica das ordenações consequências jurídicas
impostas pela tradição Beaux-Arts. Fascinaram-se pelo método, José Roberto Fernandes
aqueles cujo patente interesse era o de restabelecer a Castilho
continuidade cultural entre passado e presente bem como o diálogo
do patrimônio com o projeto. (3) 146.03
De quintas a parques
O planejamento urbano da época apoiava-se sobretudo em bases Visitando os Parques da
quantitativas e era dominado por disciplinas variadas tais como a Quinta das Conchas e da
sociologia, a geografia, a economia, e a engenharia de tráfego. Em Quinta dos Lilases em
oposição ao primado de tais abordagens, a Tendenza, como ficou conhecido Lisboa
o movimento na Itália, defende a insubmssão da ciência urbana e sua Carlos Smaniotto Costa
recuperação, na medida em que a cidade é estudada a partir de seus dados 146.05
formais, como uma arquitetura, uma construção ao longo do tempo, ligada à Pacificação da cidade
cultura da sociedade. versus urbanidade
O caso dos espaços
Ao tomar como ponto de partida a forma da cidade, este tipo de análise públicos do grand
não deixa de reconhecer a contribuição de outros campos disciplinares,
apenas não admite uma relação determinista em que a cidade é mero produto
dos contextos econômicos, políticos e sociais; pois considera-se que sua
forma também seja o resultado de teorias, posições estéticas e culturais
de arquitetos e urbanistas.Os estudos de morfologia urbana rompem com os
métodos do funcionalismo que reduzem o projeto e o conhecimento da cidade
aos sistemas de circulação e zoneamento. Em oposição às análises
quantitativas, a metodologia propõe o estudo de dados qualitativos como o
parcelamento do solo e as constantes tipológicas na configuração dos
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tecidos urbanos. Há também uma mudança de escala no projeto urbano, para ensemble Les
o qual, em oposição aos planos globais e às macro estruturas Minguettes, na França
funcionalistas, o fragmento volta a ter relevância.O projeto de partes da Marcele Trigueiro de
cidade deveria então encaminhar-se como desenho urbano, em consonância Araújo Morais
com parâmetros que regulassem a arquitetura dos edifícios, pois segundo
146.06
esta abordagem, a qualidade arquitetônica da cidade não se restringe à
Jean-Paul Sartre e
realização de obras isoladas, mas também à capacidade das novas
Georges Pérec
arquiteturas relacionarem-se a fatos urbanos anteriores: a outras
maneiras de descrever
arquiteturas, à paisagem, ao lugar e aos sistemas de infra-estrutura. (4)
espaços
Adson Cristiano Bozzi
Tal método de análise assume algumas classificações de caráter
Ramatis Lima
instrumental. Em termos de escala, a estrutura urbana é composta pelos
seguintes elementos: o traçado viário, o quarteirão, o lote (ou parcela 146.07
fundiária), o edifício. Um estudo morfológico é válido quando além de O tratamento do
descrever estes elementos, investiga sua interdependência. A partir daí, conforto térmico em
outros fatores são considerados: os regulamentos de construção, as lançamentos
técnicas construtivas, a cultura de profissionais como arquitetos, imobiliários na zona
engenheiros, construtores e artesãos. Tal análise é capaz de esclarecer a temperada
vigência de determinadas formas e o conceito de tipo adquire então valor a questão da
instrumental no sentido de indicar a origem dos edifícios e suas relações regionalização da
com os outros elementos operantes na forma urbana, assinalando assim sua Arquitetura
armação histórica. Aloísio Leoni Schmid,
Bárbara Alpendre da
A morfologia urbana é o estudo das formas da cidade. A tipologia Silva, Calisto
construtiva é o estudo dos tipos de construção. Ambas as Greggianin, Carla
disciplinas estudam duas ordens de fatos homogêneos; além disso, Rabelo Monich,
os tipos construtivos que se concretizam nos edifícios são o que Cristiane Baltar
constitui fisicamente a cidade. (5) Pereira, Juliana Loss,
Isabella Marchesini,
Para entender a relação entre tipologia arquitetônica e morfologia urbana Márcio Henrique
em suas implicações para a análise da estrutura das cidades ou mesmo como Carboni, Martina
metodologia de projeto, é necessário definir o conceito de tipo e suas Joaquim Chissano and
acepções ao longo do tempo. Um percurso histórico demonstra que não Renata Paulert
existe uma única definição de tipologia construtiva, ao contrário, tal
conceito é redefinido sempre em função das investigações que se pretende
realizar: o tipo é, portanto um instrumento e não uma categoria.
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notas
NA
Alguns aspectos dos conceitos de morfologia urbana e tipologia constrtutiva são
abordados pela autora em: PEREIRA, Renata B. “Uma abordagem histórica dos
conceitos de morfologia urbana e tipologia arquitetônica”. In: Ímpeto. Revista
de Arquitetura e Urbanismo. PET Arquitetura- UFAL. Ano 02. Fev. 2010. pp. 21-6.
1
AYMONINO, Carlo. O significado das cidades. Lisboa: Editorial Presença, 1984,
p.7.
2
MONEO, Rafael. “Sobre la noción de tipo” (1978). In: COSTA, Xavier. Hábitats,
tectónicas, paisajes. Arquitectura española contemporánea. Barcelona: Actar,
2001.
3
LOYER, François. “Prefácio”. In: SALGUEIRO, Heliana A.. La casaque d’arlequin:
Belo Horizonte une capitale éclectique au 19e. Siècle. Paris: EEHESS, 1997,
p.X.
Além dos italianos, outras escolas trabalharam com este tipo de abordagem, a
saber: o Laboratório de Urbanismo de Barcelona, com Solà-Morales; na França os
estudos de Panerai, Castex e Depaule; e mais recentemente na Argentina,
Fernando E. Diez.
4
AYMONINO, Carlo, op. cit., p 126.
5
ROSSI, Aldo. Para una arquitectura de tendencia. Escritos: 1956-1972.
Barcelona: Editorial Gustavo Gilli S.A., 1977.
6
QUATREMÈRE DE QUINCY. “Type”. In: Encyclopédie Methodique - Architecture.
Liège : chez Panckoucke, Tome III, 1825, p.543.
7
QUATREMÈRE DE QUINCY. “Type”. Op. cit.,Tomo III, p.543.
8
QUATREMÈRE DE QUINCY. “Type”. Op. cit.,Tomo III, p.545.
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9
AZEVEDO, Ricardo Marques de. Antigos modernos: estudos das doutrinas
arquitetônicas nos séculos XVII e XVIII. São Paulo: FAU-USP, 2009, pp.75-6.
10
QUATREMÈRE DE QUINCY. “Barrière”. In: Encyclopédie Méthodique : Architecture.
Liège: chez Panckoucke, Tome I, 1788, p.216.
11
DURAND, Jean-Nicholas-Louis. Précis des leçons d’architecture données à l’École
Royale Polytechnique. Paris, 1819. (Edição facsimilar: Nördlingen: Verlag Dr.
Alfons Uhl, 1985).
12
MONEO, Rafael. “Prólogo” a la edición española. In: KAUFMANN, Emil. La
arquitectura de la ilustracion. Barcelona: Gustavo Gilli, 1974, p.XXV.
13
CERDÁ ciudad y territorio: una visión de futuro. Catálogo de la Exposition.
Barcelona: Electa, 1994, p.87.
14
LOYER, François. Paris XIXe siecle, l’immeuble et la rue. Paris: Hazan, 1987,
pp.67-70.
15
Título original: Der Städtebau nach seinen künstlerischen Grundsätzen. 1ª
edição: Viena, 1889. Tradução para o português organizada por Carlos Roberto
Monteiro de Andrade: SITTE, Camillo. A construção das cidades segundo seus
princípios artísticos. São Paulo: Ática, 1992.
16
ANDRADE, Carlos Roberto Monteiro de. “A construção da cidade segundo seus
princípios artísticos”. In: Projeto, São Paulo, n.128, p.108, dez. 1989.
17
ANDRADE, Carlos Roberto Monteiro de, Op. Cit., p.109.
18
MONEO, Rafael. “Sobre la noción de tipo”. Op cit., p.182.
19
ROWE, Colin, KOETTER, Fred. Ciudad Collage. 2.ed. Barcelona: Editorial Gustavo
Gilli, 1998, p.58.
20
ARGAN, G.C. “Sobre o conceito de tipologia arquitetônica”. In: ARGAN, G. C..
Projeto e destino. São Paulo: Editora Ática, 2000. p.67.
21
ARGAN, G. C. Op. Cit., p.69.
22
ARGAN, G. C. Op. Cit., p.70.
23
ROSSI, Aldo. A arquitetura da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1995. p. 27.
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