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Realização:
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
(Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)
Inclui bibliografia.
Prefixo Editorial: 67782
ISBN: 978-85-67782-00-3
CDU: 597.2/.5
Os autores apresentam tanto à população do estado do Espírito Santo quanto à comunidade científica o conhecimento desenvolvido e acumulado
ao longo dos anos, conferindo contornos práticos e ganhos objetivos em prol do Meio Ambiente.
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Apresentação
A origem desse Guia está relacionada diretamente a importância e elevado interesse na divulgação científica dos dados levantados durante o
Programa de Monitoramento da Ictiofauna da Pequena Central Hidrelétrica de São Joaquim, instalada no trecho médio da bacia do rio Benevente,
município de Alfredo Chaves. A importância de tornar esses dados ampla e facilmente acessíveis culminou com a solicitação do IEMA, em
18 de novembro de 2012, explicitada na Condicionante 11. b da renovação da Licença de Operação nº 299/2012, cuja redação é dada por:
“Realizar a publicação dos dados anteriores deste monitoramento em revista científica e divulgação desses via catálogo
educativo para as entidades e organizações de interesse (comunidades científica, do entorno da PCH São Joaquim e agentes
sociais atuantes na Bacia do Rio Benevente)”.
Embora a Condicionante 11. b fosse muito clara em relação à abrangência geográfica do “catálogo” a ser elaborado, nos valemos da
receptividade e interesse técnico científico dos profissionais do setor de Meio Ambiente da São Joaquim Energia S.A. e propusemos ampliar
e transformar os esforços em uma publicação bem mais abrangente. Foi desse esforço conjunto que surgiu o “Guia Ilustrado dos Peixes da
Bacia do Rio Benevente - ES”, o qual trás informações sobre 55 espécies de peixes registradas até o presente momento em toda a bacia. A
maioria dessas espécies, incluídas nativas e exóticas, habita os diferentes ambientes de água doce da bacia. As espécies de origem marinha,
embora com menor representatividade numérica, são encontradas por todo o baixo curso do rio Benevente, e algumas como o robalo e a tainha
se distribuem até pouco acima da sede municipal de Alfredo Chaves.
Apesar das limitações normais que uma publicação desse tipo apresenta, acreditamos que o objetivo de tornar a fauna de peixes do rio
Benevente melhor conhecida foi plenamente alcançado, fato que certamente irá auxiliar na conservação desse importante componente da biota
estadual. Por último, desejamos que o uso do Guia seja útil e tão prazeroso para os futuros leitores como foi para nós trabalharmos durante a
sua elaboração. Boa leitura!
Os autores
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Introdução
Os peixes constituem um grupo bastante diversificado de vertebrados com mais de 32.000 espécies, incluindo marinhas, estuarinas e de água
doce (Froese & Pauly, 2013; Eschmeyer & Fong, 2013). Para a região Neotropical as estimativas disponíveis apontam entre 6.000 e 8.000
espécies de peixes de água doce (Schaefer, 1998; Reis et al., 2003), número que permitiu considerá-la uma região megadiversa (Junk, 2007).
O Brasil é o maior país do Neotrópico e também o que abriga a maior diversidade de peixes de água doce do mundo, algo próximo de 10%
(± 3.000) de todas as espécies conhecidas (Kottelat & Whitten, 1996; McAllister et al., 1997; Froese & Pauly, 2013). Essa imensa diversidade de
peixes de água doce está relacionada diretamente a sua localização geográfica na região tropical, às suas dimensões territoriais e a quantidade
e tamanho de suas bacias hidrográficas.
Muito conhecimento foi produzido desde a publicação do “Estado da sistemática dos peixes de água doce da América do Sul” (Böhlke et al.,
1978), o que contribuiu para um melhor entendimento da ictiofauna continental brasileira. À época, a necessidade de estudos faunísticos foi
um dos principais problemas levantados. Foi sugerido que esses estudos deveriam culminar com a publicação de catálogos, livros e guias para
a ictiofauna de determinadas regiões, lacuna essa que tem sido progressivamente preenchida (e.g. Britski et al., 1988; Costa, 2002; Oyakawa
et al., 2006; Britski et al., 2007; Menezes et al., 2007). Esse tipo de conhecimento é imprescindível para que ações de conservação sejam
efetivamente adotadas, visto que o conhecimento da biodiversidade de determinada área é o passo inicial desse processo.
O Espírito Santo representa pouco mais de 0,5% do território brasileiro, com 46.077 km2 de área (IBGE, 2013), e é drenado por rios que compõem
12 bacias hidrográficas (IEMA, 2013). Nessas drenagens existem indicativos de ocorrer um número bastante elevado de espécies de peixes,
sendo que duas listagens amplas foram publicadas (Ruschi, 1965; Paiva, 2004). Na primeira, que foi publicada há quase meio século, foram
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relacionadas 435 espécies (marinhas e de água doce), enquanto a segunda relata 154 espécies somente para ambientes de águas doces.
Entretanto, conforme discutido por Vieira & Gasparini (2007), ambas as publicações apresentam diversos problemas, o que culminou com
listagens que não podem ser usadas como estimadores confiáveis para o número total de espécies que ocorrem no estado.
Recentemente novos estudos foram disponibilizados para o Espírito Santo, onde a ictiofauna de diversas drenagens foi relacionada e
avaliada com relação a aspectos da distribuição, biologia, ecologia e conservação (Sarmento-Soares & Martins-Pinheiro, 2010; 2012; 2013;
Sarmento-Soares et al., 2012). Para a bacia do rio Benevente foram listadas 46 espécies, sendo três estuarinas e marinhas (Sarmento-Soares et
al., 2012). Complementando esses esforços, órgãos ambientais estaduais tem estimulado a produção de guias de identificação para organismos
encontrados na área de influência de empreendimentos licenciados no estado. Para os peixes os resultados podem ser vistos em pelo menos
três publicações já disponibilizadas para os rios Santa Maria da Vitória (Gasparini & Macieira, 2008), Doce (Gasparini & Macieira, 2009) e Jucu
(Almeida & Merlim, 2012).
Seguindo essa linha, este guia pretende ser uma contribuição abrangente para que técnicos e leigos possam reconhecer e identificar com maior
facilidade as espécies de peixes que ocorrem na bacia do rio Benevente. Adicionalmente e de forma sucinta foram incluídas informações sobre
os aspectos da ocorrência, distribuição e conservação das espécies, conteúdo esse que poderá auxiliar ações futuras para a manutenção desse
importante componente da biodiversidade do estado do Espírito Santo.
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A Bacia do Rio Benevente
A origem do nome do rio Benevente é controversa (Pessali, 2010). Segundo esse autor, os primeiros registros em mapas tratam-no como rio
Aldeia, possivelmente ligado ao aldeamento indígena criado pelos jesuítas junto à foz. Em 1º de janeiro de 1759 a “aldeia” foi elevada a condição
de vila e passa a se chamar Vila Nova de Benevente (atual Anchieta), e no século seguinte esse nome passa a ser adotado também para o rio.
Três hipóteses buscam explicar a mudança de nome. Origem no nome do italiano Domenico Benevento, que explorou a parte inferior do seu
curso. Outra seria a cidade de Benevento, na região da Campânia, no sul da Itália. Entretanto, não foi encontrado fato que ligue essa cidade a
de Benevente. Outra hipótese seria uma relação com a vila de Benavente, nas proximidades da foz do rio Tejo, a leste de Lisboa.
A bacia do rio Benevente (Figura 1) faz parte de um conjunto de sistemas hidrográficos de diferentes dimensões e cujo escoamento das águas se
faz diretamente para o oceano atlântico. Esse agrupamento é referenciado na literatura de diversas formas, entre as quais “Região Hidrográfica
Atlântico Sudeste” (ANA, 2013). Para Langeani et al., (2009), essa é uma forma arbitrária para agrupar sob uma mesma denominação todas as
bacias localizadas entre a desembocadura do rio São Francisco, no limite entre os estados de Alagoas e Sergipe, e a baía de Paranaguá, no
estado do Paraná. Abell et al., (2008) propuseram recentemente uma classificação mais detalhada e baseada em dados sobre a distribuição de
organismos aquáticos. Dentro dessa classificação a bacia do rio Benevente ficou inserida na ecorregião “Northeastern Mata Atlantica” (no. 328).
A área da bacia abrange aproximadamente 1.207 km² (IEMA, 2013) e inclui a totalidade dos municípios de Alfredo Chaves e Anchieta e parte
de Guarapari. Diversas publicações também incluem como integrantes da bacia os municípios de Iconha e Piúma (Alkimim, 2009; Pereira et
al., 2009; Petri, 2011; Sarmento-Soares et al., 2012; IEMA, 2013); Domingos Martins e Rio Novo do Sul (Vervloet, 2009) e Marechal Floriano
(LUME, 2013). Ao que tudo indica, essas diferenças parecem estar relacionadas por se considerar a “Região Hidrográfica do Rio Benevente”
como sendo também composta por bacias adjacentes (IEMA, 2013). Nesse Guia consideramos exclusivamente a drenagem do rio Benevente e
seus afluentes, excluindo assim sistemas litorâneos independentes e muito próximos (i.e. Lagoa de Maimbá).
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Figura 1 – Bacia do rio Benevente e respectivos pontos de amostragem da ictiofauna cujos dados foram usados para a confecção da lista de espécies
apresentada nesse Guia.
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A nascente está no município de Alfredo Chaves, na Serra do Tamanco, distrito de São Bento de Urânia em altitude superior a 1200 metros
(Vervloet, 2009; IEMA, 2013). O rio percorre cerca de 80 km e tem uma vazão média superior a 25.000 l/s (IEMA, 2013). Os principais afluentes
pela margem esquerda são os rios Salinas, Corindiba, Grande, Iriritimirim, Batatal e Caco de Pote, enquanto pela margem direita são o Santa Maria,
Maravilha, Crubixá, Joeba e Pongal (Alkimim, 2009; Moraes, 1974). No perfil altitudinal da bacia são reconhecidas duas unidades geomorfológicas
características: uma de relevo serrano que se inicia acima da sede municipal de Alfredo Chaves e outra que se estende até a foz e denominada baixada
litorânea (Alkimim, 2009) (Figura 2).
Toda a drenagem do rio Benevente se encontra inserida no bioma Mata Atlântica, formação que se encontra reduzida a 12,5 % da cobertura
original (http://www.sosma.org.br/nossa-causa/a-mata-atlantica/; Fundação SOS Mata Atlântica & INPE, 2013). Dos três municípios drenados
pelo rio Benevente, Alfredo Chaves é o que apresenta maior percentual de cobertura vegetal remanescente (Tabela 1 e Figura 3).
Junto à foz, no município de Anchieta, encontra-se um manguezal com área aproximada de 4,6 km2 e que se estende cerca de 7 km rio acima.
Embora a vegetação tenha sido suprimida em algumas áreas (Pereira et al., 2009), esse manguezal é considerado um dos mais conservados do
Espírito Santo (Vale & Ferreira, 1998; Vale, 2004).
O clima predominante nas partes mais elevadas da bacia (classificação de Köppen) é o Tropical Úmido de Altitude, enquanto nas faixas litorâneas é o
Tropical Úmido Típico (Alkimin, 2009). A pluviosidade é maior nas regiões mais altas, variando entre 1.860 e 2.020 mm anuais e diminuindo em
direção ao litoral, onde varia de 1.160 a 1.300 mm (IEMA, 2013). O período chuvoso vai de outubro a março (verão) e o seco de maio a setembro
(inverno) (Alkimin, 2009).
Tabela 1: Cobertura vegetal da bacia do rio Benevente segundo dados disponibilizados pela Fundação SOS Mata Atlântica.
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Mata
Área natural não florestal
Mangue
Restinga
Área urbana
Mapa da Lei 11.428/06
Área de Mata Atlântica segundo Lei no 11.428/2007. Área mínima mapeada 5ha.
Fonte: http://mapas.sosma.org.br
Figura 2 – Cobertura vegetal da bacia do rio Benevente segundo dados disponibilizados pela Fundação SOS Mata Atlântica (http://mapas.sosma.org.br/ -
consulta em dezembro/2013).
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1.400
Nascente
Jabaquara - BR 101
Alfredo Chaves
800
Altitude (m)
Anchieta
600
400
Foz
200
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Extensão (km)
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Material e Métodos
Para a elaboração da lista de espécies incluída nesse livro foram
utilizados dados primários (coletas realizadas pelos autores) e
secundários (trabalhos técnico-científicos publicados ou não). Os
dados primários foram em sua quase totalidade obtidos nos estudos
ambientais desenvolvidos para a PCH São Joaquim, que se iniciaram
no ano 1999 (Cepemar, 1999) e continuam até o presente. Nesses
estudos foram feitas amostragens convencionais na área de influência
da referida PCH utilizando-se redes de emalhar e de arrasto, peneiras
e tarrafas, cobrindo diversos ciclos sazonais anuais (seca e chuva).
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(16 a 30) e grande acima de 30 cm. O status de conservação seguiu a dicotômicas foram elaboradas para serem usadas em sequência,
determinação de categorias de ameaça das espécies segundo a lista tornando a identificação mais simples e rápida. Assim, a determinação
nacional (MMA, 2004) e do Espírito Santo (Vieira & Gasparini, 2007). de um espécime em particular obtido na bacia do rio Benevente
deve ser iniciada pela determinação da Ordem na chave específica.
Posteriormente é usada a chave para determinação das Famílias
Como utilizar o Guia
dentro de uma determinada Ordem. As chaves incluídas nesse Guia
foram formuladas para uso exclusivo na identificação de peixes que
Essa publicação foi estruturada para sistematizar as informações
ocorrem na bacia do rio Benevente. Assim, para identificação de
de forma mais ampla possível sobre a ictiofauna presente na bacia
peixes de outras drenagens devem ser usadas outras publicações.
do rio Benevente, facilitando aos técnicos e demais interessados
o reconhecimento e a identificação taxonômica das espécies que
Após determinação da família, a identificação em nível específico
ocorrem na região. De forma a auxiliar os futuros usuários nessa
é feita por comparação direta com o material ilustrativo para cada
tarefa, foram elaboradas chaves dicotômicas para identificação das
uma das espécies representadas no guia. Não foram elaboradas
Ordens e Famílias. Para aqueles não familiarizados com o uso de chaves para espécies em função da necessidade de usar caracteres
chaves de identificação, o procedimento básico consiste em comparar muito particulares e por vezes dependentes de preparação anatômica
características contrastantes dos peixes. Essas características são especial para visualização. Em função dessa limitação prática, para
organizadas em passos duplos e sequenciadas na chave e permitem, os futuros usuários foi incluída uma fotografia de um espécime
quando se chega ao final de uma sequência de passos, identificar representativo, o que auxiliará o reconhecimento visual da mesma.
em determinado nível taxonômico o organismo que se tem as mãos. Adicionalmente, uma breve descrição das características da mesma
também foi incluída. Essa descrição não representa uma diagnose
Devido à abrangência de uso que se pretende para esta publicação, completa, a qual poderá ser consultada no trabalho onde a espécie
tanto por leigos interessados em peixes como por técnicos, as chaves foi formalmente proposta.
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Os Peixes da Bacia do Rio Benevente
Tabela 2: Espécies de peixes registradas na Bacia do Rio Benevente - ES
ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR
Hypomasticus cf. thayeri (Borodin, 1929) timburé
Anostomidae Leporinus cf. steindachneri Eigenmann, 1907 piau
Leporinus macrocephalus Garavello & Britski, 1988 piauçu
Bryconidae Brycon amazonicus (Spix & Agassiz, 1829) matrinxã
Astyanax cf. intermedius (Jenyns, 1842) piaba, lambari
Astyanax sp. 1 (grupo “bimaculatus”) piaba, lambari
Astyanax sp. 2 piaba, lambari
Characidae
Astyanax sp. 3 piaba, lambari
Characiformes Hyphessobrycon cf. bifasciatus Ellis, 1911 piaba
Oligosarcus acutirostris Menezes, 1987 bocarra, piaba-cachorro
Crenuchidae Characidium cf. timbuiense Travassos, 1946 canivete
Curimatidae Cyphocharax gilbert (Quoy & Gaimard, 1824) sairú
Hoplerythrinus unitaeniatus (Spix & Agassiz, 1829) morobá, marobá
Erythrinidae Hoplias cf. intermedius Günther, 1864) trairão
Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) traíra
Prochilodontidae Prochilodus cf. lineatus (Valenciennes, 1837) curimatã, curimba
Prochilodus vimboides Kner, 1859 curimatã, curimba
Cypriniformes Cyprinidae Cyprinus carpio Linnaeus, 1758 carpa
Phalloceros cf. harpagos Lucinda, 2008 barrigudinho, guaru
Cyprinodontiformes Poeciliidae Poecilia reticulata Peters, 1859 guaru, lebiste, barrigudinho, guppy
Poecilia vivipara Bloch & Schneider, 1801 barrigudinho, guaru
Gymnotidae Gymnotus sp. (grupo “carapo”) sarapó, peixe-faca
Gymnotiformes
Sternopygidae Eigenmannia cf. virescens (Valenciennes, 1836) sarapó, peixe-faca
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ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR
Centropomus parallelus Poey, 1860 robalo, robalo-peba
Centropomidae
Centropomus undecimalis (Bloch, 1792) robalo, robalo-flecha
Crenicichla lacustris (Castelnau, 1855) jacundá
Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824) cará, acará
Tilapia rendalli (Boulenger, 1897) tilápia
Perciformes
Dormitator maculatus (Bloch, 1792) morêia, tição-de-fogo
Eleotridae
Eleotris pisonis (Gmelin, 1789) morêia
Gobiidae Awaous tajasica (Lichtenstein, 1822) morêia; peixe-flor
Haemulidae Pomadasys ramosus (Poey, 1860) cocoroca
Mugilidae Mugil curema Valenciennes, 1836 tainha, quira, platibú
Pleuronectiformes Achiridae Achirus declivis Chabanaud, 1940 maria-sapeba, linguado
Glanidium melanopterum Miranda-Ribeiro, 1918 ferrolho, testa-de-ferro
Auchenipteridae
Trachelyopterus striatulus (Steindachner, 1877) judeu, cumbaca
Callichthys callichthys (Linnaeus, 1758) tamoatá, tamboatá
Callichthyidae
Corydoras nattereri Steindachner, 1876 calicute
Clariidae Clarias gariepinus (Burchell, 1822) bagre-africano
Imparfinis sp. bagrinho
Heptapteridae Pimelodella sp. mandi
Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824) jundiá, bagre
Harttia cf. loricariformis Steindachner, 1877 cascudo-barata
Siluriformes
Hisonotus sp. cascudinho
Hypostomus cf. affinis (Steindachner, 1877) cascudo, caximbau
Loricariidae Neoplecostomus sp. cascudinho
Otothyris travassosi Garavello, Britski & Schaefer, 1998 cascudinho
Parotocinclus cf. maculicauda (Steindachner, 1877) cascudinho
Rineloricaria sp. cascudo
Pseudopimelodidae Microglanis parahybae (Steindachner, 1880) bagrinho
Trichomycterus cf. immaculatus (Eigenmann & Eigenmann, 1889) cambeva
Trichomycteridae
Trichomycterus sp. cambeva
Microphis lineatus (Kaup, 1856) peixe-cachimbo, peixe-agulha
Syngnathiformes Syngnathidae
Pseudophallus mindii (Meek & Hildebrand, 1923) peixe-cachimbo, peixe-agulha
Synbranchiformes Synbranchidae Synbranchus marmoratus Bloch, 1795 mussum
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Chaves de Identificação
ORDENS/FAMÍLIAS
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FAMÍLIAS
GYMNOTIFORMES
1 Nadadeira anal extensa, alcançando o final do corpo; boca voltada para cima Gymnotidae (pg. 49)
1’ Nadadeira anal menos extensa, não alcançando o final do corpo; boca terminal Sternopygidae (pg. 50)
PERCIFORMES
Linha lateral dividida em dois ramos, o anterior na metade superior do corpo e o posterior sobre a linha
2 Cichlidae (pg. 54)
mediana
4 Olhos parcialmente cobertos com uma membrana adiposa Mugilidae (pg. 61)
5 Nadadeira anal com espinhos fortes e bem desenvolvidos Centropomidae (pg. 52)
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CHARACIFORMES
1’ Com dentes de diferentes formatos, em número variável, implantados nos ossos das maxilas 3
Lábios grossos e flexíveis com numerosos dentículos (visíveis à lupa), dispostos em uma única série
2 Prochilodontidae (pg. 40)
lateralmente e em duas medialmente
Três séries de dentes no pré-maxilar e duas no dentário; a série posterior do dentário formada por um
5 Bryconidae (pg. 28)
par de dentes cônicos e diminutos visíveis junto à sínfise
5’ Duas ou três séries de dentes no pré-maxilar e uma no dentário Characidae (pg. 29)
6 Crânio com fontanela; peixes de médio a grande porte Anostomidae (pg. 25)
6’ Crânio sem fontanela; peixes de pequeno porte até 10 cm Crenuchidae (pg. 35)
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SILURIFORMES
2 Duas séries de placas em cada lado do corpo, boca terminal Callichthyidae (pg. 67)
2’ Três ou mais séries de placas em cada lado do corpo, boca inferior Loricariidae (pg. 73)
Cabeça deprimida, sua largura maior ou igual ao comprimento - exemplares adultos com tamanho
4 Pseudopimelodidae (pg. 80)
máximo de 5 centímetros
4’ Cabeça não deprimida, sua largura menor que o comprimento (exemplares adultos com tamanho variável) 5
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CHARACIFORMES
Anostomidae
25
Anostomidae
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Anostomidae
27
Bryconidae
28
Characidae
29
Characidae
30
Characidae
Astyanax sp. 2
Nome popular: piaba, lambari Diagnose: pequeno porte (até 10 cm), corpo alto e comprimido
lateralmente; olho grande. Coloração prateada com uma mancha
Distribuição: bacia do rio Benevente e provavelmente em outros escura e verticalmente alongada no flanco. Nadadeiras translúcidas.
rios costeiros do leste do Brasil. Entretanto, devido às incertezas Possui uma mancha escura e alongada no pedúnculo caudal.
taxonômicas não é possível definir a área real de distribuição.
Ecologia: é pouco comum e ocorre em diferentes ambientes da
Status de Conservação: não se aplica - táxon determinado somente drenagem do rio Benevente, mas somente nos trechos abaixo da PCH
em nível genérico. São Joaquim. Dados sobre a biologia não são conhecidos.
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Characidae
Astyanax sp. 3
Nome popular: piaba, lambari Diagnose: espécie de pequeno porte (até 10 cm), corpo mais baixo
e olho menor que em Astyanax sp. 2. Coloração prateada com uma
Distribuição: bacia do rio Benevente e provavelmente em outros mancha escura pouco conspícua e verticalmente alongada no flanco.
rios costeiros do leste do Brasil. Entretanto, devido às incertezas Nadadeiras translúcidas. Possui uma mancha escura e alongada no
taxonômicas não é possível definir a área real de distribuição. pedúnculo caudal.
Status de Conservação: não se aplica - táxon determinado somente Ecologia: pouco comum e ocorre em diferentes ambientes da
em nível genérico. drenagem do rio Benevente, mas somente nos trechos abaixo da PCH
São Joaquim. Dados sobre a biologia não são conhecidos.
32
Characidae
33
Characidae
34
Crenuchidae
35
Curimatidae
36
Erythrinidae
37
Erythrinidae
38
Erythrinidae
39
Prochilodontidae
40
Prochilodontidae
41
CYPRINIFORMES
Cyprinidae
43
CYPRINODONTIFORMES
Poeciliidae
Macho
Fêmea
45
Poeciliidae
46
Poeciliidae
47
GYMNOTIFORMES
Gymnotidae
49
Sternopygidae
50
PERCIFORMES
Centropomidae
52
Centropomidae
53
Cichlidae
54
Cichlidae
Jovem
Adulto
55
Cichlidae
56
Eleotridae
57
Eleotridae
58
Gobiidae
59
Haemulidae
60
Mugilidae
61
pleuronectiformes
achiridae
63
SILURIFORMES
Auchenipteridae
65
Auchenipteridae
66
Callichthyidae
67
Callichthyidae
68
Clariidae
69
Heptapteridae
Imparfinis sp.
Nome popular: bagrinho formato de sela no dorso. Nadadeira caudal furcada. Nadadeiras
peitoral e dorsal sem espinhos.
Distribuição: bacia do rio Benevente e provavelmente em outros
rios costeiros do leste do Brasil. Entretanto, devido às incertezas Ecologia: espécie de hábitos bentônicos que utiliza ambientes de
taxonômicas não é possível definir a área real de distribuição. corredeira com fundo de pedras ou areia. Alimenta-se de invertebrados
aquáticos. Dados sobre reprodução são desconhecidos. É pouco
Status de Conservação: não se aplica - táxon determinado somente comum no rio Benevente e ocorre somente nos trechos da drenagem
em nível genérico. abaixo da PCH São Joaquim.
Diagnose: espécie de pequeno porte atingindo até 10 centímetros.
Corpo com coloração marrom clara e com faixas transversais em
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Heptapteridae
Pimelodella sp.
Nome popular: mandi desenvolvidos, nadadeira adiposa longa. Corpo com coloração
amarelada e com uma listra longitudinal negra nos lados. Com
Distribuição: bacia do rio Benevente e provavelmente em outros espinhos serrilhados e pungentes nas nadadeiras dorsal e peitoral.
rios costeiros do leste do Brasil. Entretanto, devido às incertezas
taxonômicas não é possível definir a área real de distribuição. Ecologia: espécie de hábitos bentônicos que utiliza ambientes de
corredeira com fundo de pedras ou areia. Alimenta-se de invertebrados
Status de Conservação: não se aplica - táxon determinado somente aquáticos. Dados sobre reprodução são desconhecidos. É pouco
em nível genérico. comum no rio Benevente e ocorre somente nos trechos da drenagem
abaixo da PCH São Joaquim.
Diagnose: espécie de pequeno porte, alcançando até 15 centímetros
de comprimento. Corpo alongado, três pares de barbilhões bem
71
Heptapteridae
72
Loricariidae
Jovem
Adulto
73
Loricariidae
Jovem
Adulto
Hisonotus sp.
Nome popular: cascudinho Diagnose: espécie de pequeno porte não ultrapassando 5 centímetros
de comprimento. Corpo marrom escuro sem manchas marcantes.
Distribuição: bacia do rio Benevente e provavelmente em outros Sem nadadeira adiposa.
rios costeiros do leste do Brasil. Entretanto, devido às incertezas
taxonômicas não é possível definir a área real de distribuição. Ecologia: espécie de hábitos bentônicos que utiliza ambientes de
corredeira principalmente em locais com fundo de pedra ou areia.
Status de Conservação: não se aplica - táxon determinado somente Dados sobre a biologia são desconhecidos. É pouco comum no rio
em nível genérico. Benevente e ocorre somente nos trechos da drenagem abaixo da
PCH São Joaquim.
74
Loricariidae
Jovem
Adulto
75
Loricariidae
Neoplecostomus sp.
Nome popular: cascudinho Diagnose: espécie de pequeno porte, alcançando até 10 cm. Coloração
do corpo escura com faixas transversais. Ventre recoberto por um
Distribuição: bacia do rio Benevente e provavelmente em outros escudo formado por pequenas placas.
rios costeiros do leste do Brasil. Entretanto, devido às incertezas
taxonômicas não é possível definir a área real de distribuição. Ecologia: encontrado sempre em locais de forte correnteza e fundo
pedregoso. Sem dados disponíveis de biologia para as populações
Status de Conservação: não se aplica - táxon determinado somente conhecidas. Na drenagem do rio Benevente é registrado tanto acima
em nível genérico. como abaixo da PCH São Joaquim.
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Loricariidae
77
Loricariidae
Jovem
Adulto
78
Loricariidae
Rineloricaria sp.
Nome popular: cascudo quilha de cada lado. Cabeça lanceolada e órbita com um entalhe na
sua porção posterior. Corpo com faixas transversais escuras sobre
Distribuição: bacia do rio Benevente e provavelmente em outros fundo marrom-claro. Nadadeira caudal com uma faixa negra disposta
rios costeiros do leste do Brasil. Entretanto, devido às incertezas verticalmente.
taxonômicas não é possível definir a área real de distribuição.
Ecologia: encontrada em associação com ambientes lóticos,
Status de Conservação: não se aplica - táxon determinado somente sobre fundo de cascalho e areia. Biologia reprodutiva e alimentar
em nível genérico. desconhecidas. É relativamente rara no rio Benevente e ocorre
somente nos trechos da drenagem abaixo da PCH São Joaquim.
Diagnose: espécie de pequeno porte que atinge até 15 cm de
comprimento. Pedúnculo caudal fortemente achatado formando uma
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Pseudopimelodidae
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Trichomycteridae
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Trichomycteridae
Trichomycterus sp.
Nome popular: cambeva Corpo com coloração amarronzada e uniforme com várias manchas
ou pontuações escuras; uma faixa escura horizontal ao longo do
Distribuição: bacia do rio Benevente e provavelmente em outros corpo, nem sempre muito evidente. Nadadeira caudal ligeiramente
rios costeiros do leste do Brasil. Entretanto, devido às incertezas emarginada. Barbilhões do maxilar alcançando os espinhos operculares.
taxonômicas não é possível definir a área real de distribuição.
Ecologia: espécie ativa durante a noite e cuja alimentação é baseada
Status de Conservação: não se aplica - táxon determinado somente principalmente em larvas e ninfas aquáticas de insetos. Ocorre em
em nível genérico. ambientes lóticos de cursos d’água com substrato composto por
areia e rochas. Na drenagem do rio Benevente existem registros
Diagnose: espécie de pequeno porte alcançando até 10 centímetros.
tanto abaixo como acima da PCH São Joaquim.
Primeiro raio da nadadeira peitoral prolongado em um filamento.
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SYNGNATHIFORMES
Syngnathidae
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Syngnathidae
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SYNBRANCHIFORMES
Synbranchidae
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Conservação da
Bacia do Rio Benevente
O histórico de ocupação da bacia do rio Benevente se remete ao século XIX com a colonização portuguesa (Pessali, 2010; Câmara Municipal de
Alfredo Chaves, 2013). As mudanças efetivas em termos ambientais passaram a ocorrer após 1877, quando os imigrantes italianos subiram o rio
Benevente e fundaram o povoado de Alto Benevente. Esse povoado mais tarde passou a se chamar Alfredo Chaves em homenagem ao ministro
da Colonização Alfredo Rodrigues Fernandes Chaves (Câmara Municipal de Alfredo Chaves, 2013). O início da colonização foi extremamente
difícil, como expresso na seguinte passagem:
“Durante esse período, os italianos encontram muitas dificuldades ao chegarem na região. Coberta de matas virgens, o local era
habitado apenas por animais selvagens, como as feras. Porém, não importava a dificuldade, o que queriam era um pedaço de terra para
plantarem e sustentarem suas famílias. A Itália estava passando por dificuldades e a área para o desenvolvimento agrícola no país era
bem reduzida” (Câmara Municipal de Alfredo Chaves, 2013).
Ao longo da colonização a mudança inicial foi propiciada pela supressão da floresta para uso da madeira e cultivo, principalmente do
café. Posteriormente, amplas áreas na baixada litorânea foram drenadas através da retificação do leito dos afluentes e do próprio rio
Benevente. Essas áreas, agora quase que totalmente desprovidas de sua cobertura vegetal original, cederam lugar primeiramente a cultivos
diferenciados e posteriormente a extensas pastagens destinadas à criação de gado. O panorama ambiental resultante desse conjunto
de processos foi uma bacia de drenagem extremamente alterada e com cobertura vegetal original bastante reduzida (Tabela 1, pág. 9).
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Atualmente, entre os impactos ambientais comuns para os ambientes aquáticos da bacia se destacam: manejo inadequado do solo, com
consequente erosão e posterior assoreamento dos cursos d´água, supressão da vegetação ciliar, utilização indiscriminada de pesticidas, falta
de saneamento, barramentos e a introdução de espécies de peixes exóticos. Dessa forma, em função da frequência e intensidade com que
esses impactos ocorrem, acabam por constituir os elementos responsáveis pelo empobrecimento contínuo da biodiversidade aquática na bacia.
A perda e a simplificação de habitats é reconhecidamente uma das maiores ameaças de extinção de espécies (Allan & Flecker, 1993; Froese
& Torres, 1999; Vieira & Pompeu, 2001; Dudgeon et al., 2006; Helfman, 2006). Sob essas condições ocorre ampla perda da heterogeneidade
espacial com consequente redução da riqueza e da diversidade de peixes. Esse processo é comum na bacia do rio Benevente, notadamente nas
áreas mais baixas, onde ao longo dos estudos desenvolvidos se registra o declínio acentuado nas populações de algumas espécies de peixes.
O uso de pesticidas encontra-se amplamente disseminado em toda a bacia, seja em função da agricultura ou do controle de espécies indesejadas
nas pastagens. O manuseio inadequado desses produtos e o escoamento para os cursos d´água, possivelmente afeta negativamente a
ictiofauna em intensidade não avaliada até o momento. Métodos alternativos de controle de espécies indesejadas, redução progressiva no
uso em associação com práticas adequadas de aplicação, manuseio e armazenagem desses produtos constituem a forma de reduzir o impacto
ambiental dos mesmos.
Outra forma de mudanças para a ictiofauna são os barramentos. Esses interferem de forma negativa através interrupção de rotas de migração e
pela redução ou eliminação das espécies adaptadas à dinâmica da água corrente, ou seja, os peixes migradores e/ou reofílicos. Outro impacto
comum, que também pode ser ampliado com a formação de reservatórios, está relacionado à proliferação de espécies indesejadas no ambiente
represado, algumas das quais exóticas na drenagem (Johnson et al., 2008). Os impactos causados por peixes exóticos são bem conhecidos, de
tal forma que a introdução de espécies é considerada a segunda maior causa de extinção, atrás apenas da perda de habitat (Simberloff, 2003).
Na bacia do rio Benevente está instalado o reservatório da PCH São Joaquim e alguns outros de pequeno porte e de uso particular. Ao longo
dos trabalhos de monitoramento da ictiofauna nessa PCH foi constatado que o barramento não proporcionou impactos negativos para as
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espécies migradoras que ocorrem na bacia. Entretanto,
no reservatório foram introduzidas algumas espécies
de peixes exóticos por iniciativa de particulares,
cujas populações são objeto de constante avaliação.
Atualmente são registradas oito espécies exóticas em
toda drenagem, algumas dessas com distribuição restrita
ao reservatório da PCH São Joaquim.
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Erosão do solo devido ao manejo inadequado e supressão da mata ciliar
Utilização de pesticidas
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A foz do rio Benevente,
o manguezal e seus peixes
Embora esse Guia trate particularmente das espécies de peixes de água doce do rio Benevente, cabe ressaltar a grande importância e relevância
biológica do exuberante manguezal existente em sua foz. Esse sistema, que tem sido relatado como um dos mais conservados do Espírito
Santo (Vale & Ferreira, 1998; Vale, 2004), representa um biótopo extremamente importante para muitas outras espécies de peixes que não
foram aqui incluídas.
Nesse sistema muitas espécies marinhas, grande parte das quais típicas de áreas recifais e de grande interesse socioeconômico, passam
as fases iniciais do seu ciclo de vida, pois aí encontram diversificação de abrigos, proteção e alimento abundante. Assim, não seria exagero
afirmar que os impactos ambientais existentes ao longo da bacia do rio Benevente podem comprometer o tênue equilíbrio desse ambiente tão
característico, cujos efeitos negativos podem se estender até a área marinha adjacente.
Dada a sua inegável importância ecológica, biológica e socioeconômica, essa rica comunidade de peixes habitante do manguezal do rio
Benevente necessita de um estudo detalhado e específico, o qual certamente resultará em um guia ainda maior do que este.
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Agradecimentos
A publicação deste Guia somente tornou-se possível devido a uma nova “visão” do IEMA (Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos
Hídricos), que solicitou a sua elaboração, e a São Joaquim Energia S.A., que viabilizou e acreditou no projeto. A ambos os nossos maiores
agradecimentos.
As informações e dados aqui reunidos começaram a ser obtidos há quase 25 anos, quando em 1989, em parceria com José Luiz Helmer e Cláudio
Zamprogno foram feitas as primeiras coletas no rio Grande. Ao longo dos últimos 10 anos os estudos se aprofundaram, principalmente em função
da implantação e operação da PCH São Joaquim, que foi um marco na ampliação do conhecimento sobre peixes na bacia do rio Benevente.
Frente a esse universo temporal tão amplo, é praticamente impossível nomear todas as pessoas e instituições que direta ou indiretamente
estiveram envolvidas. Portanto, a listagem abaixo segue alfabeticamente, de forma que não se reveste de qualquer ordem de importância.
Pedimos desculpas por qualquer omissão, fato que se ocorreu, certamente não foi de forma intencional.
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Glossário
Assoreamento: processo pelo qual o solo é carreado para o interior dos cursos d´água e torna os ambientes menos profundos.
Bacia hidrográfica: é o conjunto de terras cujo relevo propicia o escoamento de águas fluviais e pluviais para um determinado curso d’água.
Bentônico: que vive ou se alimenta junto ao substrato no fundo dos cursos d´água.
Biodiversidade: compreende a totalidade de formas de vida que podemos encontrar na Terra.
Biota: conjunto de seres vivos de uma área e que inclui a flora, a fauna e demais organismos.
Biótopo: área geográfica de dimensões variáveis e com condições constantes ou cíclicas para as espécies.
Boca (tipos): superior – a abertura é voltada para cima; terminal – a abertura está alinhada com o plano transversal que passa pelo olho;
inferior – a abertura é voltada para baixo.
Dentes (tipos): cônico – pequeno e pontiagudo; canino – longo e pontiagudo; multicuspidado – com entalhes em sua ponta.
Ecorregião: conjunto de comunidades naturais e geograficamente distintas que compartilham a maioria das suas espécies e os processos ecológicos.
Espécie exótica: é a espécie que ocorre em um determinado ecossistema ou região que não faz parte da sua área de distribuição original.
Espécie nativa: é a espécie com ocorrência de forma natural em um determinado ecossistema ou região.
Fontanela: abertura na superfície do crânio.
Foz: a foz ou desembocadura é o local onde um curso d´água (rio, córrego, riacho, etc) deságua em outro corpo de água que pode ser o mar, outro rio, lago, etc.
Heterogeneidade ambiental: é a diversidade de habitats e condições disponíveis em determinada área para que um organismo possa ocupar.
Jusante/montante: Jusante e montante são pontos referenciais na visão de um observador. Dessa forma, jusante é o lado para onde se dirige o fluxo de água
e montante é direcionado para a parte onde nasce o rio.
Maxilas: conjunto de ossos da parte superior e inferior da boca. A maxila superior é formada pelos pré-maxilares. A maxila inferior é formada por três pares
de ossos, entre eles o dentário, que é o único que apresenta dentes.
Membrana adiposa: tecido de coloração branca e opaca que recobre os olhos de alguns peixes.
Nadadeira adiposa: nadadeira situada na parte superior e próxima ao final do corpo, normalmente sem raios.
Neotrópico: referente à região neotropical.
Perfil altitudinal: representação esquemática onde o curso de um rio é representado em relação a sua altitude e quilômetros percorridos desde a nascente até a foz.
Piracema: movimento realizado pelos peixes durante o período de reprodução, normalmente rio acima.
Piscívoro: que se alimenta de peixes.
Região Neotropical: é a região biogeográfica que abrange toda a América do Sul, a América Central, e parte do sul do México, da península da Baja Ca-
lifornia, o sul da Flórida e as ilhas do Caribe.
Retificação do leito: processo pelo qual o curso de um rio é tornado reto através de obras de engenharia.
Táxon: unidade taxonômica associada ao sistema de classificação científica e que pode indicar uma unidade em qualquer nível (espécie, gênero, família, etc).
Zooplâncton: organismos animais de pequeno porte (muitos microscópicos) que vivem livres e dispersos na coluna d’água.
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