Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
editorial índice
68
Parecer CDRN
12 34
Notícias
40 Vida Associativa
Disciplina
Portuguesa de Segurança e Higiene do Trabalho (APSET), levou a
cabo, com reconhecido sucesso, no passado mês de Julho. Mais Agenda
uma vez o mercado honrou a organização com uma participação
massiva, confirmando este congresso como o momento de eleição
para a melhor aprendizagem e confronto de experiências entre os
profissionais do sector.
Sendo muito importante a visão da segurança na perspectiva das
condições do trabalho, importa, porém, que não se perca de vista
que esta é apenas uma das componentes do objectivo geral de 12 34 40
segurança ou, melhor dizendo, do objectivo geral de qualidade que
deve exigir-se da intervenção de quem programa, concebe, produz,
explora, mantém e/ou desconstrói qualquer obra ou sistema de
Engenharia.
A recente e infeliz sucessão de acidentes – de trabalho, mas não só
– a que assistimos reavivou o debate não apenas sobre segurança e
Ficha Técnica
saúde no trabalho, mas também sobre a segurança em geral. A
derrocada que em Braga provocou a morte a três operários foi Propriedade: Ordem dos Engenheiros – Região Norte.
Director: Luís Ramos (director.info@oern.pt).
naturalmente catalogada como acidente de trabalho, mas assim não Conselho Editorial: Gerardo Saraiva de Menezes, Maria Teresa Ponce de Leão,
teria sido se as vítimas tivessem sido estranhas à obra – Fernando de Almeida Santos, Carlos Pedro Castro Fernandes Alves, António
Machado e Moura, Joaquim Ferreira Guedes, António Acácio Matos de
utilizadores dos prédios vizinhos ou transeuntes –, o que bem Almeida, Carlos Brito, Luís Guimarães Almeida, Carlos Neves, Francisco
podia ter acontecido. Por outro lado e por exemplo, repetidos Antunes Malcata, Pedro Jorge da Silva Guimarães, Vítor Manuel Lopes Correia,
Carlos Vaz Ribeiro, Fernando Junqueira Martins, Luís Martins Marinheiro, Luís
episódios de descargas ilegais de efluentes tóxicos para rios e Pizarro, Luís Machado Macedo, António Rodrigues da Cruz, Amílcar Lousada.
ribeiras colocam também a questão da segurança e da Redacção: Susana Branco (edição), Paula Cardoso Almeida e Sónia Resende.
Paginação: Paulo Raimundo.
responsabilidade sobre a direcção técnica do licenciamento e Imagens: Arquivo QuidNovi, Getty Images.
exploração das unidades industriais. Grafismo, Pré-impressão e Impressão: QuidNovi.
Praceta D. Nuno Álvares Pereira, 20 4.º DQ – 4450-218 Matosinhos. Tel.229 388 155.
Bem se vê que a questão não se reduz ao domínio da Engenharia www.quidnovi.pt. quidnovi@quidnovi.pt
Civil, tradicionalmente mais regulado, pois que em todas as Publicação trimestral: Jul/Ago/Set – n.º 16/2008. Preço: 2,00 euros. Tiragem: 12 500
exemplares. ICS: 113324. Depósito legal: 29 299/89.
vertentes da Engenharia se identificam facilmente intervenções que Sede: Rua de Rodrigues Sampaio, 123 – 4000-425 Porto.
Tel. 222 071 300. Fax.222 002 876. http://norte.ordemdosengenheiros.pt
pela sua complexidade técnica, pelo risco elevado ou por possuírem Delegação de Braga: Largo de S. Paulo, 13 – 4700-042 Braga.
especial interesse económico e/ou social, deveriam requerer Tel. 253 269 080. Fax. 253 269 114.
Delegação de Bragança: Av. Sá Carneiro, 155/1.º/Fracção AL. Edifício Celas
condições especiais a quem nelas pode intervir e impor um controlo – 5300-252 Bragança. Tel. 273 333 808.
exigente, formal e público dessa intervenção. Delegação de Viana do Castelo: Av. Luís de Camões, 28/1.º/sala 1
– 4900-473 Viana do Castelo. Tel. 258 823 522.
A concepção e controlo da produção industrial, incluindo a gestão Delegação de Vila Real: Av. 1.º de Maio, 74/1º dir.
dos seus resíduos e efluentes, a fiabilidade dos sistemas – 5000-651 Vila Real. Tel. 259 378 473.
Página 4 EDITORIAL info
informáticos vitais, a segurança dos produtos condição única, mas é seguramente condição
alimentares, a fiabilidade dos sistemas de transporte indispensável à garantia de padrões de eficiência
individuais ou colectivos, a utilização de produtos apropriados e à salvaguarda da segurança intrínseca de
químicos na produção agrícola, a fiabilidade dos qualquer sistema ou de quem participa na sua produção
equipamentos ou das instalações electromecânicas em ou por esta possa ser afectado.
geral ou a correcta administração e utilização dos Esta orientação para a qualidade é um desafio que a
recursos naturais são simples e rápidos exemplos de todos deve mobilizar:
áreas de intervenção com risco intrínseco considerável, • Ao Estado e seus governantes, bem como às
quase sempre com forte impacto na vida pessoal e instituições de ensino, de quem se reclama o controlo
colectiva, que nos devem levar a reflectir sobre o que e a promoção de um ensino de qualidade que a par do
se tem feito para que os requisitos exigíveis a quem as conhecimento treine para a responsabilidade;
promove ou nelas tem participação técnica relevante • Ao Legislador, a quem se exige desde logo coerência e
sejam o espelho do padrão geral da qualidade e, claro clareza na definição dos requisitos e das
está, da segurança, expectável para estas acções. responsabilidades associadas às intervenções de risco
É precisamente esta preocupação com a qualidade das ou de especial relevância económica ou social, mas
intervenções, premissa iniludível da segurança dos também o discernimento de requerer competência para
sistemas, e com a defesa do interesse colectivo, que poder reclamar responsabilidade;
tem norteado a intervenção da Ordem dos Engenheiros • À Ordem dos Engenheiros, de quem se espera
no sentido de sensibilizar o legislador para a continuado empenhamento no apoio à estruturação da
necessidade de definir para a intervenção técnica, mas formação de base mais adequada ao desenvolvimento
não só, em matérias e sistemas de interesse público, do mercado, no estímulo à qualificação dos seus
um enquadramento legal inequivocamente orientado membros, na promoção e defesa da melhor prática
para a exigência de maiores competências técnicas, profissional, na clarificação dos actos de Engenharia e
naturalmente adaptadas à natureza da intervenção, e dos requisitos para o seu exercício e na
para a clarificação de quem é quem e de quem faz o regulamentação e normalização desses actos, com
quê nestes processos. particular atenção àqueles que, por opção ou por
Sendo evidentemente muitos e diversos os eventos laxismo, o Legislador tarda em tratar;
externos e internos que podem levar um sistema à • A todos nós, os engenheiros, de quem se espera um
ineficiência ou ao acidente, é inegável que a melhor e exercício profissional responsável.
primeira política de prevenção é a exigência de Uma acção concertada entre todos os interessados
qualificação aos técnicos chamados a intervir. seria com certeza a melhor via para a construção de
Subestimar, esbater ou mesmo ignorar exigências de um modelo de intervenção mais adequado ao interesse
competência a quem pode responsabilizar-se pela da sociedade, todavia, visões distintas ou a simples
concepção ou condução técnica das diferentes fases do falta delas têm impedido a concretização de tal
ciclo de vida de um sistema é inevitavelmente um desiderato. Em todo o caso, esta especial dificuldade
primeiro e dramático passo no sentido da de articulação não exime cada parte das suas
sobreexposição à ineficiência e por conseguinte ao obrigações e responsabilidades.
risco. Ao invés, pugnar pela correcta e inequívoca Apenas e só quando interiorizarmos que o problema é
identificação dos actos que requerem confiança pública, de todos, e não apenas dos outros, seremos capazes
pugnar pela especificação de qualificação técnica de olhar com outros olhos para as derrocadas que nos
especial a quem pode intervir e responsabilizar-se por assolam, substituindo a tentação da rápida atribuição
esses actos, pugnar pela regulamentação destas de responsabilidade aos outros por uma reflexão
profissões e pugnar por um sistema de ensino exigente, cuidada, afinal a única que nos permitirá transformar
capaz de dotar o mercado de profissionais competentes os erros e/ou as desgraças em oportunidades de
e por isso responsáveis e responsabilizáveis não será melhoria.
info Página 5
Adolfo Roque
Adolfo Roque faleceu no passado dia 22 de Porto – desde a época de 1983/84. O seu
Setembro, aos 73 anos, vítima de doença carácter multifacetado e o seu espírito aberto
prolongada. O homem da Revigrés levaram-no ainda a incentivar a criatividade no
(reconhecida fábrica de revestimentos e design – promovendo concursos com os
pavimentos), como era conhecido, foi melhores artistas, como Júlio Resende – e a
pioneiro em vários sectores e um modelo de escolher Siza Vieira para projectar o Edifício
empreendedorismo. A actividade de provedor Comercial da Revigrés e Tomás Taveira para o
da Misericórdia de Águeda, a ligação Centro Cívico do Barrô.
institucional ao Futebol Clube do Porto, como O sucesso nos negócios de Adolfo Roque foi
presidente do Conselho Fiscal, e a fundação proporcional ao seu altruísmo com aplicações
da Exponor, durante a direcção da AIP, são práticas, por exemplo, na fundação dos
alguns exemplos do dinamismo deste bombeiros e o Conservatório de Águeda e no
engenheiro de Minas nascido na aldeia de financiamento de inúmeras obras públicas na
Barrô, no concelho de Águeda. Com uma forte aldeia onde nasceu e na Universidade de Coimbra.
personalidade, o presidente da Associação Regional do Contributos que lhe valeram o reconhecimento e a distinção
Centro da Ordem dos Engenheiros concluiu o secundário como empresário por parte de várias instituições e algumas
em Coimbra e licenciou-se na Universidade do Porto em condecorações presidenciais.
Engenharia de Minas, em 1958. Dez anos depois voltaria à A grande visão profissional, aliada a uma constante
mesma universidade para frequentar os primeiros dois anos preocupação social, contrasta com os seus prazeres
do curso de Economia, tendo mesmo investido na Bolsa simples: gostava de ler e de viajar ou de assistir a concertos
com sucesso. Entre 1962 e 1968, e depois de uma breve ao vivo. Mas um outro hobby tornaria mais uma vez
passagem por uma fábrica de cerâmica, ingressou na famoso Adolfo Roque. O gosto por coleccionar saca-rolhas
Companhia de Diamantes de Angola onde exerceu vários tornou-o num exclusivo membro português do International
cargos técnicos e de gestão. De regresso a Portugal com o Correspondence of Corkscrew Addicts – um clube
intuito de ser empresário, Adolfo Roque trabalhou ainda na internacional único que integra uma lista de 50 sócios de
direcção da Dyrup. Mas foi na sua terra natal que a sua diversas nacionalidades.
ambição ganhou forma com a fundação, em 1977, da Pelo homem – de ideias fortes e gostos humildes – e pelo
Revigrés. O êxito da fábrica levou-o a fundar e a ser profissional – figura indelével do meio económico e socio-
accionista do BCP e da Companhia de Seguros Global. -cultural português – a Região Norte da Ordem dos
Adolfo Roque foi ainda pioneiro no patrocínio empresarial a Engenheiros expressa aqui as sentidas condolências à
uma equipa da 1ª Divisão de futebol – o Futebol Clube do família e aos colegas da Região Centro.
Página 6 PARECER CDRN info
Responsabilidade técnica
na condução de obras
Por solicitação do Ministério Público de uma das normas legais e regulamentares aplicáveis, mormente as
comarcas desta região, o Conselho Directivo Regional, disposições administrativas e técnicas associadas ao
ouvido o Conselho Regional Norte do Colégio de processo de licenciamento da construção e da utilização e
Engenharia Civil, deliberou, na sua reunião de 13 de Maio as disposições técnicas imperativas em matéria de
de 2008, emitir um parecer do qual se dá público responsabilidade pela elaboração de projectos e
conhecimento atento o interesse geral das questões a que definição das suas alterações, que a obra se encontra
responde: concluída em conformidade com a utilização prevista no
alvará de licença e, também, verificar, validar e registar
1. Definições todos os factos relevantes da execução da obra, mormente
Por engenheiro responsável pela obra, para além do que datas de início e fim da obra, factos que originem
aos projectistas diz respeito, pode entender-se uma de paragens ou suspensões da obra e alterações ao projecto
três hipóteses: licenciado.
Atentas as funções de fiscal, em especial de fiscal de
1.1. Director da obra – engenheiro habilitado e integrado matérias de evidente interesse público, entende este
no quadro de pessoal e no quadro técnico da empresa de Conselho Directivo que, à semelhança do que se passa
construção responsável pela execução da obra, titular de com a Coordenação de Segurança no regime de Segurança
alvará, nos termos e para os efeitos do Decreto-Lei n.º e Higiene no Trabalho na Construção, esta função não
12/2004, de 9 de Janeiro, e da Portaria n.º 16/2004, de 10 deve ser exercida por técnico ao serviço do empreiteiro,
de Janeiro, a quem incumbe assumir a direcção efectiva devendo isso sim ser assumida por técnico independente,
do estaleiro, assegurando a execução da obra em ou ao serviço do dono de obra, devidamente habilitado.
conformidade com o contrato, estabelecendo, por si só ou
integrado no sistema de decisão da empresa, as 2. Questões
metodologias e abordagem dos trabalhos, o seu
planeamento temporal e económico, a gestão dos 2.1. É possível que durante a execução de uma obra de
recursos necessários, incluindo os recursos humanos construção civil se efectue a mudança do engenheiro
(corresponde ao “director técnico de empreitada” previsto responsável pela mesma?
no regime da contratação pública); Sim; situação aliás prevista no n.º 9 do artigo 9º do
Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de Dezembro (Regime
1.2. Engenheiro fiscal – engenheiro habilitado, designado Jurídico da Urbanização e Edificação ou RJUE), que
pelo dono de obra, a quem compete, pelo menos, estabelece que “a substituição do requerente ou
fiscalizar a execução da obra e a actividade do empreiteiro, comunicante, do responsável por qualquer dos projectos
assegurando ao dono de obra a conformidade da obra apresentados ou do director técnico da obra deve ser
executada com o contratualmente estabelecido; comunicada ao gestor do procedimento para que este
proceda ao respectivo averbamento no prazo de 15 dias a
1.3. Director técnico da obra – engenheiro habilitado, contar da data da substituição”.
designado pelo dono da obra (cf. n.º 1 do art.º 76º do Esta possibilidade de substituição aplica-se a qualquer um
RJUE, conjugado com a alínea c) do n.º 1 do art.º 3º da dos casos identificados em 1.
portaria n.º 1105/2001 de 18 de Setembro), a quem
incumbe certificar que a obra foi executada de acordo com 2.2. Qual deverá ser o procedimento a adoptar para se
o projecto aprovado, que a obra foi executada de acordo operar a mudança do engenheiro responsável?
com as condições do licenciamento, que as alterações O procedimento a adoptar para se operar a mudança
efectuadas ao projecto estão em conformidade com as diferirá consoante o caso:
info PARECER CDRN Página 7
i. se a substituição se refere ao director da obra (cf. 1.1.), sem 2.3. Quais as consequências para o não cumprimento
prejuízo da nota no final da resposta a esta questão, o do procedimento de substituição?
procedimento desenrola-se apenas no âmbito das relações Quanto às consequências do incumprimento do
entre o dono de obra e o empreiteiro, devendo seguir o que disposto naquele n.º 9 do artigo 9º do RJUE, a primeira
estiver contratualmente estabelecido entre as partes; será de âmbito administrativo, uma vez que, por força
do disposto na alínea o) do n.º 1 e no n.º 7 do artigo
ii. se a substituição for a do engenheiro fiscal (cf. 1.2.), com a 98º do RJUE, a falta do requerimento a solicitar à Câmara
mesma ressalva, tratar-se-á de uma decisão da exclusiva municipal o averbamento da substituição do autor
competência do dono de obra; do projecto ou do director técnico de obra origina
uma contra-ordenação, punível com coima graduada
iii. já no caso da substituição ser a do director técnico de obra de € 100,00 a € 2500,00, no caso de pessoa singular, ou
(cf. 1.3.), precisamente por estar em causa o exercício de de € 1.000,00 até € 10.000,00, no caso de pessoa
funções de fiscal em matérias que interessam à Administração colectiva.
(respeito pelo projecto aprovado, cumprimento das condições Uma segunda consequência do incumprimento dos
do licenciamento, alterações efectuadas ao projecto em procedimentos acima descritos poderá ser a prática de
conformidade com as normas legais e regulamentares uma infracção disciplinar por parte do engenheiro
aplicáveis, obra concluída em conformidade com a utilização substituto, caso viole culposamente a norma do n.º 5 do
prevista no alvará de licença, etc.), entendemos que esta artigo 89º do Estatuto da Ordem dos Engenheiros, nos
substituição deve passar pelo envio, pelo dono de obra, de um termos da qual “um engenheiro deve recusar substituir
requerimento de substituição ao presidente da Câmara outro engenheiro, só o fazendo quando as razões dessa
Municipal competente, justificando a necessidade da substituição forem correctas e dando ao colega a
substituição, anexando o termo de responsabilidade do novo necessária satisfação”.
técnico e fazendo prova de que este obteve o acordo do Por último, deverá ser apreciado se, num caso concreto, a
engenheiro substituído (n.º 5 do art.º 89º do estatuto da Ordem substituição feita sem o consentimento do engenheiro
dos Engenheiros). A obrigação do engenheiro substituto dar a substituído teve como objectivo ou foi uma acção
devida satisfação ao colega substituído, assegurando-se de que necessária para produzir um certo resultado típico que
as razões da substituição são correctas, imposta pelo n.º 5 do preencha um tipo legal de crime, caso em que a conduta
artigo 89º do Estatuto da Ordem dos Engenheiros, deve do engenheiro substituto poderá ter, também,
aplicar-se a qualquer dos casos de substituição. consequências criminais.
Página 8 NOTÍCIAS info
Apresentação do novo Na opinião de Luís Macedo, o novo Neste âmbito, a nova legislação altera os
código "está a ser posto em prática limites quantitativos dos trabalhos a
Código de Contratos muito rapidamente", o que deverá mais e obriga a que a correcção de erros
Públicos originar "muitas dificuldades" até e omissões do projecto seja feita na fase
porque "não há ainda um conhecimento de formação do contrato e não na fase
de todos os conceitos". Além disso, de execução. Carlos Batalhão reconhece
O novo Código de Contratos Públicos critica ainda o delegado de Braga da a importância destas transformações,
(CCP) vai aumentar a transparência dos Ordem dos Engenheiros, "não há mas está convicto de que a "tentativa de
contratos públicos, empreitadas e arrumação no código, o que obriga o controlo de custos terá uma eficácia
fornecimentos. Esta é a maior certeza utilizador a percorrer todas as partes prática muito reduzida".
dos engenheiros. para se elucidar sobre um único O CCP – que entrou em vigor a 30 de
Nos seminários dedicados a este tema, aspecto". Julho – reúne, num só texto, as normas
que decorreram em Braga, em Junho, as Carlos Batalhão foi mais duro nas antes repartidas por três directivas e
dúvidas eram mais do que muitas, até críticas e afirmou que o CCP "deixa estabelece "tanto a disciplina aplicável
porque se trata de um diploma muito a desejar", sendo que "às vezes à contratação pública como o regime
"extenso" e "complexo". Por isso, o não se percebe muito bem o que o substantivo dos contratos públicos que
principal objectivo dos encontros foi legislador pretende". Este advogado revistam a natureza de contrato
mesmo estudar as novas directivas e mostra-se muito céptico em relação à administrativo". Assim, a parte II
chamar a atenção dos engenheiros para aplicação do diploma, sobretudo no que refere-se à formação dos contratos
as diferenças em relação à legislação concerne às derrapagens nas públicos, enquanto a parte III é
anterior. empreitadas de obras públicas. aplicável aos contratos que revistam a
info NOTÍCIAS Página 9
construção, e, actualmente, ainda não é assim considerada. É No caso particular do Sector da Construção a existência da
vista como uma actividade dissociada, externa, que entra no figura do dono de obra estabelece a diferença e consagra o
processo de fora para dentro, quando deveria constituir parte princípio de separação de responsabilidade entre ele, o dono
intrínseca do mesmo processo. de obra, a quem compete a coordenação, e a entidade
executante, geralmente o empreiteiro.
Esta realidade poderá encontrar justificação histórica no
desenvolvimento desordenado a que temos assistido em De forma esquemática o quadro seguinte estabelece o paralelo
Portugal. Assim aconteceu com o sector da construção civil entre a construção e outros sectores de actividade, no que
e obras públicas que conheceu um surto vigoroso de respeita à intervenção técnica especializada em SHT.
crescimento sem que o sistema nacional de ensino e de
formação tivesse, de forma planeada e articulada com as
necessidades da indústria, formado e dotado o sector das QUADRO 1
competências necessárias em matéria de SHT. A falta de
planeamento gerou necessidades de mão-de-obra que o SECTOR DA OUTROS
mercado não dispunha e entraram no sector operários CONSTRUÇÃO SECTORES
provenientes de todas as origens profissionais, sem COORDENADOR
qualificação, e, ao mesmo tempo, não existiam estruturas DE SEGURANÇA Não aplicável
DONO DE OBRA
capazes de enquadrar eficazmente o problema. E SAÚDE EM PROJECTO
E OBRA (2)
4.2.3 Revogação dos restantes diplomas 4.3. Papel da Ordem dos Engenheiros
relativos a SHT constantes na lista • Exercício da responsabilidade estatutária de garantir a
do parágrafo 2.3. revendo-os e confiança pública associada aos actos de Coordenação
agrupando-os num conjunto de normas, de Segurança, em sintonia com a proposta de revisão
designadamente: do Decreto 73/73.
• Revisão do “Regulamento de Segurança no Trabalho • Estimular e promover a formação dos membros na
da Construção Civil” (Decreto-Lei n.º 41821, de 1958) e área da STC.
do “Regulamento das Instalações Provisórias • Acompanhar atentamente as evoluções no sector,
destinadas ao pessoal empregado nas obras” (Decreto- nomeadamente através do Grupo de Reflexão, e actuar
Lei n.º 46427, de 1965). Estes regulamentos estão sempre que necessário.
obsoletos. Dada a sua natureza técnica, a revisão • Acompanhar a componente de STC integrada nos
deverá envolver profissionais da construção com currículos académicos dos cursos acreditados.
elevada experiência e competência técnica. • Certificar acções de formação.
1
Pode ser pessoa colectiva, mas neste caso existirá um responsável individual; 2 Pode ter ou não perfil de construção conforme itinerário de formação referido em 2.2 ;
3
Enquanto o âmbito da fiscalização corrente depende do âmbito e profundidade que o dono de obra entender adequados, no que respeita à STC, perante o interesse
público em jogo ela é imposta com requisitos legais; 4 Se o PSS vier a ser considerado como “projecto parcelar”, a solução desejável é acrescentá-lo ás instruções para a
elaboração de projectos e definir a sua complexidade na classificação de categorias I a IV .
Página 18 DESTAQUE info
O exercício da actividade regulada pelo presente diploma 3. Para trabalhos com riscos especiais na construção, que
compreende: contemplem exposição a radiações ionizantes, a agentes
a) Coordenação de segurança e saúde em projecto; químicos, cancerígenos, nomeadamente o amianto, ou
b) Coordenação de segurança e saúde em obra; mutagénicos de categoria 1 ou 2, ou a agentes biológicos do
grupo 3 ou 4; se o responsável pelo exercício pela
Coordenação de Segurança e Saúde não reunir as habilitações
Artigo 3º específicas necessárias deve ser coadjuvado por pessoa com
(Níveis de competência da coordenação em matéria habilitação especializada para o efeito.
de segurança e saúde)
desde que não esteja em causa a segurança ou saúde dos de nível 1. Sempre que o valor estimado da obra seja
trabalhadores ou de terceiros; superior em 300%, relativamente ao valor limite da
classe 8, é obrigatória a existência de um técnico de
f ) Preservar a confidencialidade de dados pessoais dos higiene e segurança do trabalho de apoio com afectação
trabalhadores de que tenha conhecimento no exercício da de 100%. Por cada fracção igual deste valor deverá ser
actividade; obrigatória a existência de um técnico de higiene e
segurança do trabalho de apoio adicional com idêntica
g) Consultar e cooperar com organismos envolvidos na afectação.
promoção da segurança e saúde, nomeadamente os da
rede nacional de prevenção de riscos profissionais. b) Fase de Obra
2. O disposto no número anterior não pode ser derrogado 2. O Responsável pelo Exercício da Coordenação de
por acordo ou instrumento de regulamentação colectiva Segurança e Saúde não poderá assumir a responsabilidade
de trabalho. pelo exercício da coordenação de segurança em fase de
obra se esta exceder a afectação cumulativa de 100%, em
relação às várias obras que decorram simultaneamente
Artigo 6º sob a sua responsabilidade.
Para efeitos do cálculo da afectação do responsável pelo
(Garantia mínima de exercício efectivo de coordenação em exercício da coordenação de segurança em obra, devem
projecto e em obra) ser consideradas todas as nomeações,
independentemente da existência de comunicação prévia,
a) Fase de Projecto com referência à seguinte tabela:
b) Certificado de técnico superior e segurança e higiene do 3. Os documentos a apresentar para os efeitos da alínea c) do
trabalho oriundo de licenciatura na área de segurança no n.º 1 são definidos em regulamento da entidade competente.
trabalho, e experiência profissional na direcção ou 4. A entidade competente pode, com fundamento na
acompanhamento da execução de obra ou na prevenção de documentação constante do processo, emitir autorização para
riscos profissionais em obra, durante pelo menos três anos; nível diferente do requerido.
de exercício da mesma actividade, emitida por entidade público o registo nacional dos coordenadores de segurança e
competente de Estado-membro da União Europeia, saúde autorizados.
reconhecida nos termos da legislação em vigor.
Capítulo III
Artigo 13º
Formação profissional
(Prazo de validade e revalidação)
Artigo 16º
1. A autorização de exercício da actividade de coordenação de
segurança em projecto ou em obra é válida pelo período de (Formação específica inicial)
cinco anos a partir da sua concessão, podendo ser renovada
por iguais períodos. 1. A formação específica inicial para o exercício da
actividade de coordenação de segurança e saúde, em
2. A revalidação da autorização de exercício da actividade de projecto ou em obra, deve ter a duração mínima de
coordenação de segurança e saúde, em projecto ou em obra, duzentas e cinquenta horas, ou o equivalente a pelo menos
depende dos seguintes requisitos: 15 créditos ECTS.
a) Exercício da actividade durante pelo menos dois anos; 2. A formação específica inicial para o exercício da actividade
de coordenação de segurança e saúde, em projecto ou em
b) Realização, com aproveitamento, de formação específica de obra, deve incluir as seguintes unidades de formação:
actualização, prevista no artº. 14º;
a) Legislação e regulamentação relevantes para o exercício
3. A formação específica de actualização deve ser realizada da actividade;
durante os últimos dois anos do período de validade da
autorização. b) Acção do coordenador de segurança e saúde em projecto
e do coordenador de segurança e saúde em obra;
4. Se o coordenador não satisfizer o requisito referido na
alínea a) do n.º 2, a respectiva autorização pode ser revalidada c) Prevenção de riscos profissionais e riscos especiais
se frequentar com aproveitamento a componente de formação inerentes à indústria da construção;
inicial prática em contexto real de trabalho, prevista nas
alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 14º. d) Especificidades inerentes à Segurança, Higiene e Saúde
do Trabalho;
(Registo)
Artigo 18º
A entidade competente mantém permanentemente
actualizado e disponibiliza electronicamente para acesso (Homologação dos cursos de formação)
Página 24 DESTAQUE info
1. A entidade formadora pode conceder equivalência em b) Renovação de certificado previsto na alínea anterior;
matérias incluídas na formação específica inicial ou de
actualização a formando que tenha frequentado com c) Homologação dos cursos de formação específica inicial
aproveitamento curso homologado pelo organismo do ou de actualização;
ministério responsável pela área laboral competente em
matéria de promoção da segurança e saúde no trabalho. e) Equivalência da frequência com aproveitamento de
curso de formação sobre coordenação em matéria de
2. O organismo do ministério responsável pela área segurança e saúde à formação específica inicial ou
laboral competente em matéria de promoção da actualização relevantes para o exercício da actividade;
segurança e saúde no trabalho pode conceder
equivalência, a pedido do formando, da frequência com d) Auditoria de avaliação de curso de formação específica
aproveitamento de curso de formação sobre coordenação inicial ou de actualização, determinada pelo organismo do
em matéria de segurança e saúde, iniciado até à entrada ministério responsável pela área laboral competente em
em vigor do presente diploma, à formação específica matéria de promoção da segurança e saúde no trabalho,
inicial referida nos artigos 7º e 8º, tendo em consideração sempre que a mesma revele anomalias no funcionamento
os respectivos conteúdos. do curso imputável à entidade formadora.
info DESTAQUE Página 25
Artigo 23º 1. O presente Decreto-Lei entra em vigor 180 dias após a data
da sua publicação.
(Regulamentação) 2. Sem prejuízo do disposto no número anterior,
a obrigatoriedade de cumprimento do requisito de
As portarias referidas nos artigos 16º e 21º devem ser autorização referido na alínea c) dos números 1, 2 e 3
publicadas nos três meses posteriores à entrada em vigor do artigo 7º e alínea c) do número 1, número 3, e alínea b) do
do presente diploma. número 4, todos do artigo 8º, só é exigível decorrido um ano
após a entrada em vigor das portarias referidas nos artigos 16º
e 21º.
Artigo 24º
3. O disposto no número anterior não é aplicável à elaboração
(Contra-ordenações) de projecto ou execução dos trabalhos em obra iniciada antes
da data nele referida.
1. Constitui contra-ordenação muito grave, imputável ao
coordenador e ao dono de obra, o exercício da actividade
de coordenação de segurança por quem não tenha Artigo 26º
autorização para o efeito.
(Regiões Autónomas)
2. Constitui contra-ordenação grave, imputável ao
coordenador e ao dono de obra: Na aplicação do presente diploma às Regiões Autónomas são
tidas em conta as competências legais atribuídas aos
a) A violação do disposto na alínea a) do n.º 1 do respectivos órgãos e serviços regionais.
artigo 5º.
aos serviços internos de segurança e saúde das empresas, promover a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho em
tendo em vista a verificação do grau de cumprimento das estaleiros da construção, onde se verifica o maior índice
obrigações legais, nomeadamente no que diz respeito à de sinistralidade em Portugal, e como tal uma legislação
execução das actividades principais previstas no âmbito que deveria ser considerada como política a implementar,
do respectivo funcionamento dos serviços. Esta actividade nesta matéria de SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO.
deverá incidir prioritariamente sobre os sectores Esta leitura poderá ser legítima, se for analisado o referido
produtivos das empresas que apresentem maiores índices Decreto-Lei numa óptica de utilizador/pagador, pois é
de sinistralidade e ter em conta a emergência dos novos evidente que o objectivo principal desta legislação foi
factores de risco. reforçar a responsabilidade, neste caso o dono de obra,
Medida n.º 9.8.: conceber e implementar um sistema de que se vê na necessidade de contratar o coordenador de
avaliação da qualidade dos serviços de segurança e saúde segurança (que até à data continu a não se saber as
no trabalho. habilitações exigidas), tendo a seu cargo diversas
(…) responsabilidades, que na sua essência, substituiem a
função da Autoridade das Condições do Trabalho (ACT),
Conforme referido nas medidas acima referidas, tanto a nível de projecto como na obra, ou seja, numa
considera-se da parte da(s) entidade(s) que as vão situação limite será “o braço direito” da ACT mas
promover a necessidade de se munirem de meios remunerado pelo utilizador.
significativos, que possivelmente vão onerar o Orçamento Ora, julga-se fundamental que esta filosofia seja extrapolada
de Estado. para as restantes áreas, nomeadamente indústria, comércio
Pois julga-se que, de certa forma, estas medidas não vão e serviços, agricultura e pescas, etc., onde deverá ser
no sentido que foi emanado através do Decreto-Lei exigido pelos responsáveis das empresas, também na
273/2003, de 29 de Outubro, que estabelece regras gerais óptica do utilizador/pagador, a existência de técnicos
de planeamento, organização e coordenação para habilitados para a implementação da SEGURANÇA
Página 28 DESTAQUE info
Comércio e Serviços
Direcção-Geral das Actividades Económicas
Direcção-Geral do Consumidor
Autoridade de Segurança Alimentar e Económica
Conselho Nacional de Defesa do Consumidor
Comissão de Segurança de Serviços e Bens de Consumo
Direcções Regionais da Economia
corresponderam quer individualmente quer associadas em desenvolvimento da cultura de segurança no nosso país
consórcio e/ou ACE, condicionadas quer pela fiscalização neste sector. De facto, a tendência, ainda que lentamente,
de obra quer pelo coordenador de segurança, quando é a de eliminar quem não tem condições legais para se
exigido. manter no mercado, como os denominados “patos
Os grandes donos de obra, nomeadamente os bravos” que, sem respeito pelos seus trabalhadores, os
concessionários de estradas e não só, criaram comissões de mantêm na ignorância das exigências legais, violando
segurança, para impor rigor absoluto aos construtores, todas as regras criadas para sua defesa na segurança,
sujeitando-os de quando em quando a auditorias de higiene, saúde e ambiente no trabalho.
verificação quanto ao cumprimento dos procedimentos Muitos afirmam que os orçamentos do concurso não
estabelecidos. Estas exigências têm vindo a crescer, por prevêem os custos da segurança!
refinação dos métodos e rigor dos controlos, implicando que De facto é um erro que os projectistas cometem, pois,
as grandes e médias empresas, que têm a obrigação legal de através do seu coordenador do projecto, deveriam prever
apresentar o seu relatório oficial anualmente, deixaram de ser e quantificar toda a envolvente da segurança,
a prioridade de fiscalização para a ACT, que mantém agora a nomeadamente as protecções colectivas e protecções
sua atenção e vigilância prioritária centradas nas pequenas individuais, necessárias à construção em causa, bem
empresas onde ainda se verificam muitos acidentes por como todos os demais equipamentos e mesmo técnicos
ausência quase total de cumprimento legal, seja das de segurança de acompanhamento, de nível V e/ou III,
protecções colectivas contra quedas em altura, seja na conforme a exigência da obra em causa!
ausência de contraventamento nos andaimes e/ou No entanto, as empresas que entram nos concursos é que
escoramento na escavação de valas como, em toda a vária têm de efectuar essa previsão diluída nos artigos ou
série de tarefas de risco, neste tipo da indústria da construção. parcelas orçamentais em concurso, já que sabem ter de
É comum, principalmente nos centros menos cumprir os preceitos legais.
desenvolvidos, encontrarmos à vista de todos o O caminho já andado mostra uma grande evolução
incumprimento total das regras legais de segurança, desde através da estatística dos acidentes, que vai apresentando
os equipamentos utilizados à ausência total de protecções uma redução de acidentes e de mortes por acidente de
quer colectivas quer individuais, ainda que à entrada do trabalho neste sector, o que anima os entusiastas
estaleiro tenham a sinalética obrigatória. especialistas nesta matéria.
Esta prática é geralmente encontrada nos pequenos Continuando as melhores empresas a dar garantia do
empreiteiros que, quando procuram trabalhos de cumprimento legal, contribuem fortemente para a prática
subempreitada, nas grandes ou médias empresas, são lícita, dando confiança à inspecção do trabalho, quer pelos
confrontadas com as exigências de cumprimento por elas quadros de técnicos de segurança que possuem quer
imposto, em defesa da sua imagem e da sua credibilidade pelos seus procedimentos internos de controlo rigoroso
no mercado, muitas vezes sob os procedimentos que das condições de prevenção e segurança, que
possibilitaram a certificação da qualidade e mesmo a desenvolvem.
certificação conjunta da própria segurança, higiene e saúde Consciente deste facto, pode a ACT continuar a reduzir o
e ambiente. esforço dos seus inspectores, centrando a sua acção nos
Ainda há relativamente pouco tempo, os subempreiteiros pequenos empreiteiros e/ou pequenas obras, para que
preferiam trabalhar com as empresas que não faziam tenhamos a curto prazo um sector da Construção Civil e
exigências! Porém, a ACT tem feito enorme pressão na total Obras Públicas, trabalhando pelas mesmas regras de
legalização documental, desde o alvará à regularização da segurança, no cumprimento integral das leis do trabalho.
segurança social e fiscal, contratos do pessoal trabalhador Quantas vezes encontramos trabalhadores que fogem da
quer nacional quer estrangeiro, etc., incluindo toda a formação e das acções de sensibilização, afirmando-se já
documentação legal dos equipamentos mecânicos e dos conhecedores porque, lá no estrangeiro por onde
próprios trabalhadores. passaram, quem não cumprisse ia para a rua! Por que
As empresas que assumiram a política da segurança como será pois que o mesmo trabalhador não cumpre em
afirmação da sua política da qualidade vão além do simples Portugal, seu país natal?
cumprimento legal, mantendo técnicos experimentados, na Esperemos que as próximas gerações possam conseguir
vigilância interna com inspecções às suas obras, no rigoroso assimilar que no trabalho, qualquer que seja a profissão,
zelo pelo cumprimento legal, contratual e normativo. só pode ser bom artista aquele que assumir e praticar no
Asseguram assim um maior controlo na gestão da segurança. dia-a-dia a sua pessoal preocupação pelas condições de
Estas empresas são as que maior rigor impõem aos seus segurança no seu posto de trabalho, única garantia do seu
inúmeros subempreiteiros, contribuindo assim para o ganha-pão e bem-estar de toda a sua família.
Página 32 DESTAQUE info
uma eternidade... Perante isto o que fazer? • Verificar e garantir que os acessos às várias frentes
Os Planos de Segurança e Saúde fazem referência aos de obra estão transitáveis, nomeadamente para
Planos de Emergência, contudo este assunto, não raras ambulâncias.
vezes, é esquecido ou não passa de uma simples folha • Manter os caminhos livres e desimpedidos, sem
com os “contactos de emergência”, sem que seja equipamentos pesados a obstruir a passagem das
devidamente acautelado o que devia ter sido feito, antes ambulâncias.
de acontecer o acidente. • Ter os meios de evacuação adequados.
Para melhorar a eficácia do Plano de Emergência e • Ter no local uma manta térmica, no caso de obras
consequentemente a resposta rápida em caso de acidente, em zonas de montanha ou em época de Inverno.
aqui ficam algumas sugestões: Com as sugestões acima enumeradas, esperamos reduzir
– Elaborar uma planta com a localização dos Pontos de o tempo entre o acidente e o auxílio à vítima e assim
Encontro (PE) com o INEM/Bombeiros; estes PE ficam podermos contribuir para uma efectiva redução da
nas intersecções do empreendimento com as vias públicas sinistralidade grave ou mortal num dos sectores mais
existentes. complicados, como é o caso do sector da Construção Civil
– Contactar as autoridades de pronto-socorro e Obras Públicas.
(Protecção Civil/INEM/Bombeiros) e agendar uma
reunião e visita conjunta ao empreendimento para
aprovação da localização dos PE junto destas
entidades.
– Verificar, com elas, se o Plano de Emergência e em especial
se os Pontos de Encontro e os meios de resgate são os
suficientes e os necessários, pois por vezes torna-se
necessário adquirir na obra uma maca de resgate e
salvamento vertical (do tipo utilizado pelos helicópteros da
marinha, em operações de salvamento no mar, ver foto) para
evacuar um trabalhador de um local de difícil acesso.
– Dar formação sobre o Plano de Emergência a
todos os intervenientes na obra, elucidando sobre
como actuar em caso de acidente, como accionar o
Plano de Emergência, que tipo de informação relevante
deve ser dita ao operador que está do outro lado do
telefone e indicar qual o PE mais próximo do local do
acidente, etc.
– Promoção de um simulacro de acidente, de forma a
testar o grau de eficácia do Plano de Emergência;
– Elaborar um relatório do referido acidente e tirar as
necessárias ilações, nomeadamente corrigir o que correu
mal durante o simulacro, por forma a que não se repitam
os mesmos erros numa situação real, caso venha a
ocorrer.
Da experiência vivida em vários simulacros, e do que
correu menos bem nos mesmos, aqui ficam algumas
sugestões:
• Verificar se em todas as frentes existem plantas com
os PE e contactos de emergência.
• Verificar se a formação sobre este tema foi dada a
todas as equipas de trabalhadores.
• Garantir que existem “primeiros socorristas” em
número adequado e próximos das várias frentes de obra,
que têm um papel importante de orientar as operações e
“tranquilizar” a vítima, mas que não podem assumir actos
médicos, pois não é essa a sua função.
Página 34 VIDA ASSOCIATIVA info
IV Dia Regional Norte manifestou um desejo: “Espero que esta alargamento de fronteiras”.
do Engenheiro seja a primeira de muitas visitas ao reino O rol de intervenções da sessão de
de Miguel Torga”. abertura do Dia Regional terminou com
O distrito de Vila Real acolheu, nos dias O governador civil do distrito, António as palavras de Manuel Martins,
27 e 28 de Junho, o IV Dia Regional Martinho, mostrou-se honrado em presidente da Câmara Municipal de Vila
Norte do Engenheiro. O primeiro dia foi participar neste encontro e deixou um Real, que anunciou a doação de um
pontuado pelas passagens pela obra de elogio à Engenharia: “No distrito temos terreno pela autarquia, numa zona nobre
construção do Museu do Douro, pela motivos de sobra para homenagear a da cidade, para a construção da nova
Casa do Douro e pelo Instituto do Vinho Engenharia e os engenheiros que tanto sede regional da Ordem dos
do Porto. Visitas seguidas de um jantar, contribuíram para o desenvolvimento do Engenheiros (OE): "É preciso dar vida à
ainda no Peso da Régua, durante o qual país e da região”. A mesma gratidão parte velha da cidade e o vosso espaço
se debateu o tema Douro Alliance demonstrou Carlos Sequeira, vice-reitor tem de ser um paradigma. A casa dos
apresentado pelo engenheiro José Carlos da Universidade de Trás-os-Montes e engenheiros do Norte de Portugal tem
Fernandes. Alto Douro (UTAD), perante “a de ser um bom exemplo", afirmou.
O Teatro Municipal de Vila Real foi o Engenharia que soube dar resposta às O autarca sublinhou ainda a total
palco escolhido para a sessão solene do transformações sociais vividas ao longo disponibilidade para assegurar a
Dia Regional, cuja abertura coube ao dos tempos e aos novos desafios, como candidatura ao QREN, conjuntamente
delegado distrital Luís Pizarro que a globalização, a moeda única e o com a UTAD e com as associações
info VIDA ASSOCIATIVA Página 35
empresariais, para a construção de um binómio: eólica/hídrica; parque eólica com a hidroeléctrica, deixou
parque de Ciência e Tecnologia e hidroeléctrico em desenvolvimento alguns sinais positivos no que respeita
Agro-alimentar, "um grande desafio que (reforços de potência e novos ao crescimento da vertente eólica:
vai representar um enorme salto aproveitamentos), finalizando com uma "5 mil megawatt (MW) eólicos não é
qualitativo que Vila Real precisa", referiu. breve abordagem ao Programa Nacional miragem. Entre 2012 e 2015 podemos
Finalmente, Manuel Martins dirigiu de Barragens de Elevado Potencial estar lá muito perto", referiu. No que
algumas palavras de apreço aos Hidroeléctrico, lançado pelo Governo concerne aos reforços da potência,
engenheiros Luís Valente de Oliveira e Português. expôs o engenheiro Abílio Seca Teixeira,
Manuel Cardoso Simões, os O engenheiro da EDP começou por "estão em construção 940 MW".
homenageados do IV Dia Regional Norte referir que a posição portuguesa em Quanto aos novos aproveitamentos,
do Engenheiro. matéria de potencial hidroeléctrico não destacou o do Baixo Sabor, "que vai
Antes mesmo da cerimónia protocolar é favorável, quando comparada com a mais do que duplicar a capacidade de
de homenagens, teve lugar uma palestra de outros países europeus, já que o armazenamento portuguesa na bacia do
sobre "O Futuro da Hidroelectricidade na país, apesar de ter muitos recursos Douro com a maior vantagem de criar
Região Norte" proferida pelo engenheiro hídricos, tem um grande potencial uma grande reserva de água para
Abílio Seca Teixeira. Tema que foi ainda por explorar. Mais tarde, aquando utilização em situações de emergência".
explanado nas mais diversas vertentes, da abordagem do interesse do Finalmente abordou o Programa
entre as quais o potencial hidroeléctrico; funcionamento conjunto da produção Nacional de Barragens, salientando
nomeadamente o aproveitamento de
Foz do Tua. “A meta do Programa
consiste em atingir 7 mil MW em
2020", foi outro dos aspectos
abordados, salientando a significativa
contribuição dos novos
aproveitamentos na Zona Norte de
Portugal, centrados na bacia
hidrográfica do rio Douro.
O presidente do Conselho Directivo da
Região Norte da OE, Gerardo Saraiva de
Menezes, deu início à cerimónia
protocolar, elogiando "a excelência e a
singularidade das carreiras dos
homenageados neste que é mais um
dia de afirmação da Engenharia
portuguesa. Um dia de festa ao qual se
associam os 70 anos da criação da
delegação Norte".
José Alves Ribeiro, engenheiro
agrónomo e professor emérito da UTAD,
na área de Agronomia, presidiu à
homenagem ao também engenheiro
agrónomo Manuel Cardoso Simões,
"uma das grandes figuras da Engenharia
Agrónoma portuguesa e uma pessoa de
qualidades humanas fantásticas, um
grande senhor e um grande amigo".
Já o ex-governante Arlindo Cunha
enalteceu as qualidades do seu
Página 36 VIDA ASSOCIATIVA info
ex- companheiro político Luís Valente Organização Internacional do Trabalho apoiantes, entre os quais a OIT, a
de Oliveira baseando-se em seis notas (OIT) foram assuntos centrais. Agência Europeia para a Segurança e
da sua personalidade: o espírito de O congresso realizou-se nos dias 3 e 4 Saúde do Trabalho e a Associação
rigor e aprofundamento dos de Julho, na Alfândega do Porto, e foi Internacional da Segurança Social.
problemas que trata, um dos homens organizado pela Ordem dos Os riscos psicossociais no trabalho
mais cultos do nosso tempo – “um Engenheiros – Região Norte (OERN) foram um dos temas debatidos neste
pensador” –, a descrição e a lealdade, em cooperação com a Autoridade para congresso internacional. O trabalho
a enorme visão estratégica, o grande as Condições de Trabalho (ACT) e com precário, a intensificação do trabalho, a
sentido de estado no exercício das a Associação Portuguesa para a violência e a intimidação, bem como a
suas funções públicas, o espírito de Segurança e Higiene do Trabalho incompatibilidade entre a vida privada e
cidadania e a regionalização. (APSET). a profissional são actualmente alguns
"Ninguém em Portugal se dedicou Tal como no congresso transacto, o dos fenómenos que assumem
tanto a esta causa como Luís Valente evento deste ano contou com um preponderância em termos de queixas
de Oliveira", concluiu. grande conjunto de patrocinadores e de dos trabalhadores. Neste âmbito,
Depois da recepção aos novos membros
da Ordem dos Engenheiros – Região
Norte e da distinção dos membros com
mais de 25 e 50 anos de inscrição, o
Bastonário da OE, Fernando Santo,
proferiu algumas palavras, sublinhando a
crescente afirmação da classe
profissional dos engenheiros no
desenvolvimento do país e reiterando a
marca de qualidade da OE que se
diferenciou face àquilo que o ensino não
conseguiu fazer.
Como ilustrou o delegado distrital, Luís
Pizarro, "este encontro regional, que
começou com as cores, cheiros e sons
do reino maravilhoso de Miguel Torga,
terminou com os seus sabores num
almoço convívio na Quinta de Santo
António, em Vila Real".
Garcia Pereira, advogado especialista Luís Lopes, na última sessão plenária existentes em Portugal na área da
em Direito do Trabalho, alertou para os do 8.º Congresso Internacional de Segurança e Saúde no Trabalho e dos
problemas de assédio moral, Segurança, Higiene e Saúde do principais riscos que os trabalhadores
destacando que o número de casos que Trabalho, a 4 de Julho. correm. No que diz respeito a prazos
são levados até à Justiça constitui uma Criada na sequência da aprovação, pelas para a aplicação deste inquérito, Luís
ínfima minoria da realidade. "A grande instâncias da União Europeia, de uma Lopes espera "que os seus indicadores
questão do ponto de vista jurídico-legal, nova Estratégia de Segurança e Saúde estejam identificados até ao fim deste
mais do que a prova de existência de no Trabalho para o período 2007 - 2012, ano para que, numa segunda fase,
situações de assédio e da consagração a Estratégia Nacional tem como seja feita a elaboração técnica do
formal da sua ilicitude, é a de conseguir objectivo reduzir de forma constante e mesmo, que ficará a cargo do Instituto
que os nossos tribunais conheçam e consolidada os índices de Nacional de Estatística. A partir daí o
compreendam a enorme gravidade dos sinistralidade laboral, aproximando-os inquérito será colocado no terreno e
danos que este tipo de assédio dos padrões europeus. Neste âmbito, serão tratados os dados para que se
necessariamente causa às suas vítimas a Resolução de Conselho de Ministros cumpra o compromisso de que até ao
e fixem indemnizações realmente n.º 59/2008, publicada em Diário da fim desta Estratégia tenhamos os
condignas e proporcionais àquela República, que aprova a Estratégia factos tratados, publicados e,
gravidade", defendeu o jurista. Nacional para a Segurança e Saúde no sobretudo, resultados obtidos".
A segurança rodoviária ocupacional foi Trabalho, determina, como essencial, Após a apresentação decorreu um
também tema deste congresso. Apesar "que se caminhe no sentido do debate que contou com a presença de
das diversas campanhas de desenvolvimento e consolidação de um representante dos empregadores,
sensibilização e alterações ao Código de uma verdadeira cultura nacional de Nuno Biscaya, da Confederação da
Estrada, a sinistralidade rodoviária em prevenção, entendida nos termos da Indústria Portuguesa (CIP), e de dois
Portugal envolvendo condutores Convenção 187 da OIT, como o direito representantes dos trabalhadores:
profissionais em veículos ligeiros e a um ambiente de trabalho saudável e Carvalho da Silva, da Confederação
pesados de mercadorias, tractores seguro, respeitado aos mais diversos Geral dos Trabalhadores Portugueses
agrícolas e pesados de passageiros, níveis e no qual os governos, os (CGTP), e João Proença, da União
continua a apresentar números empregadores e os trabalhadores se Geral dos Trabalhadores (UGT).
preocupantes. De acordo com vários comprometam activamente com João Proença sublinhou que os
estudos apresentados sobre as causas recurso instrumental a um sistema de trabalhadores são destinatários e
da sinistralidade, para além do veículo e direitos, responsabilidades e agentes nas medidas de saúde e
do meio, os condutores são os obrigações no qual o princípio da segurança, não deixando de apontar
principais causadores de acidentes. prevenção seja concertado ao mais também a responsabilidade a estes
alto nível". quando não cumprem as regras.
Luís Lopes salientou que é "a primeira A falta de formação e de informação
Estratégia Nacional para a Segurança vez que o país tem uma Estratégia foi realçada como um dos problemas
e Saúde no Trabalho 2008-2012 Nacional para a Segurança e Saúde no associados ao não cumprimento
Actualmente, a prevenção dos acidentes Trabalho para vários anos" tendo sido, dessas regras de segurança.
de trabalho e das doenças derivadas da neste sentido, o terceiro Estado- "O trabalhador tem os seus direitos e
situação profissional detém uma membro a apresentar este deveres nesta matéria, embora muitas
importância estratégica no quadro das instrumento de política global de vezes não os cumpra porque não está
políticas públicas comunitárias e promoção da segurança e saúde no devidamente informado", referiu o
nacionais. Nesse ponto, assume trabalho, de médio prazo. secretário-geral da UGT.
particular importância a Estratégia Um dos pontos de relevo da Estratégia A necessidade de que a segurança e
Nacional para a Segurança e Saúde no Nacional, no âmbito da promoção da higiene do trabalho seja reconhecida
Trabalho para o período 2008 - 2012, prevenção, será a realização de um como um direito efectivo dos
apresentada pelo Coordenador inquérito nacional às condições de trabalhadores foi uma das ideias
Executivo para a Promoção da trabalho que permitirá fazer um defendidas pelo secretário-geral da
Segurança e Saúde no Trabalho da ACT, diagnóstico dos principais problemas CGTP. No âmbito da concretização
Página 38 VIDA ASSOCIATIVA info
desta Estratégia, considera ainda com vista a melhorar a saúde e a Ponte de Lima e Viana do Castelo
fulcral que as medidas sensibilizem os segurança no local de trabalho. cobrindo uma área total de mais de
empregadores e trabalhadores para A campanha Locais de Trabalho Seguros 1778 km2. Este sistema multimunicipal
esta problemática e criem uma e Saudáveis realça a necessidade da compreende um conjunto de infra-
efectiva cultura de prevenção, tendo avaliação de riscos em conformidade estruturas que permite uma melhor
como base a fiscalização e controlo do com a Estratégia Comunitária para a gestão e controlo dos resíduos urbanos.
cumprimento da lei. Saúde e a Segurança no Trabalho, que Conta com um Aterro Sanitário, um
visa reduzir em um quarto os Ecocentro e um Centro de Tratamento
"Locais de Trabalho Seguros e acidentes de trabalho em toda a UE em Vila Fria, Viana do Castelo; uma
Saudáveis. Bom para si. Bom para as durante o período de 2007 a 2012. Estação de Transferência com
empresas" Ecocentro, em Oliveira, Arcos de
Segundo estatísticas publicadas pelo Valdevez; e um conjunto de 725
Eurostat, na União Europeia (UE) Visita à empresa Resulima Ecopontos espalhados pelos seis
morrem anualmente 5720 pessoas na concelhos. Para além disso, as
sequência de acidentes relacionados No passado dia 6 de Setembro a actividades passam também pela
com o trabalho. Além disso, segundo a delegação da Ordem do distrito de promoção da recolha selectiva e
OIT, morrem ainda anualmente 159 500 Viana do Castelo organizou, tal como valorização dos subprodutos e pela
trabalhadores na UE devido a doenças foi divulgado, uma visita à empresa selagem e requalificação ambiental,
ocupacionais. Resulima, Valorização e Tratamento de aspectos essenciais para atingir os seus
A maior parte destes acidentes e Resíduos Sólidos, SA, sediada na objectivos.
doenças podem ser evitados, sendo freguesia de Chafé, concelho de Viana Nas suas instalações o engenheiro
necessário para a sua prevenção a do Castelo, associada a uma prova de Manuel Cardona, administrador
avaliação de riscos. É esta a karting, no Kartódromo da Amorosa. delegado, fez uma clara exposição da
mensagem da campanha “Locais de A Resulima é a entidade gestora do composição e actividade da empresa,
Trabalho Seguros e Saudáveis. Bom Sistema Multimunicipal do Vale do da sua estrutura, do seu
para si. Bom para as empresas”, que Lima e Baixo Cávado, que tem por enquadramento à escala nacional e
constituiu um dos principais motes do objectivo a valorização e tratamento dos dos objectivos atingidos e dos
8.º Congresso Internacional de Resíduos Sólidos Urbanos produzidos esperados a curto prazo.
Segurança, Higiene e Saúde do naquela região geográfica. Abrange os Após a comunicação houve uma
Trabalho. concelhos de Arcos de Valdevez, breve troca de perguntas e respostas
Lançada pela Agência Europeia para a Barcelos, Esposende, Ponte da Barca, com os engenheiros presentes e daí
Segurança e a Saúde no Trabalho (EU-
OSHA), a campanha conta com a
participação de uma grande variedade
de empresas e organizações em todos
os Estados-membros. Este conjunto de
esforços incide especialmente em
sectores de alto risco como a
construção, os cuidados de saúde e a
agricultura, assim como nas
necessidades das pequenas e médias
empresas, e decorrerá ao longo de
dois anos (2008-09).
De acordo com a legislação comunitária,
todos os empregadores da UE têm o
dever legal de efectuar avaliações de
riscos, que os ajudarão a compreender
melhor as medidas que têm de adoptar
info VIDA ASSOCIATIVA Página 39
Primeira mão biónica incluindo soldados norte-americanos pela contracção das fibras musculares
que perderam membros durante a do corpo. Eles são usados pelo com-
do mundo ganha guerra no Iraque. putador, nas costas da mão, que tem
Ray Edwards, que sofreu uma ampu- duas funções: interpretar esses sinais
prémio de Engenharia tação quádrupla, foi um dos primeiros e controlar a mão", explicou Stuart
beneficiários da mão biónica mais Mead.
O prémio MacRobert – o maior pré- avançada do mundo e em declarações Apesar de outras empresas e organi-
mio britânico de Engenharia – foi atri- à estação televisiva BBC mostrou-se zações, como a Agência Espacial
buído este ano à primeira mão bióni- emocionado: "Foi a primeira vez, em norte-americana e o Departamento de
ca do mundo. A distinção da Real 21 anos, que vi uma mão abrir-se. investigação militar dos EUA – Darpa
Academia de Engenharia, que todos Posso segurar numa caneta e fazer –, terem já desenvolvido próteses
os anos premeia um projecto inova- muitas coisas que antes me eram avançadas de mãos, estas não passa-
dor, foi assim atribuída à mão i-LIMB impossíveis", afirmou. ram de protótipos e, assim, a i-LIMB
– uma prótese avançada que permite Segundo Stuart Mead, administrador é a única disponível no mercado.
maior controlo e mobilidade. da Touch Bionics, a i-LIMB tem ainda Ainda assim este exemplar de alta tec-
Produzida pela empresa escocesa mais uma característica única que é o nologia, ao serviço da saúde, não é
Touch Bionic, a i-LIMB destaca-se polegar que se pode mover num acessível para todos. O custo total de
pelo facto de cada um dos cinco ângulo de 90 graus, tal qual um dedo aplicação do dispositivo ronda os 38
dedos da mão ter um motor próprio e humano. "É a primeira prótese que mil euros, quase o triplo do valor de
poder ser movido autonomamente, simula tanto a forma como a função uma prótese normal. Ainda assim, a
sendo que a bateria dos cinco moto- da mão humana", referiu. empresa escocesa que a produz abriu
res foi concebida para durar um dia e Graças a dois eléctrodos aplicados na já uma delegação nos EUA, país onde
ser recarregada durante a noite. pele, para detecção do impulso eléc- o aparelho tem tido bastante procura.
Esta inovação, segundo os seus trico do músculo, a i-LIMB não exige Portugal não tem ainda representante
inventores, faz com que esta seja a cirurgia. "Os impulsos são gerados da mão biónica.
primeira prótese a funcionar tal qual
uma mão real. Além da tecnologia
que permite a articulação múltipla
dos dedos, a chave do sucesso desta
mão biónica está ainda na sua viabili-
dade comercial – é a única que existe
no mercado – desde que foi lançada,
em Julho do ano passado. Contudo, a
sua génese remonta a 1963 quando,
na Escócia, se deu início ao desenvol-
vimento do projecto no âmbito de um
plano que visava auxiliar crianças víti-
mas de talidomida – uma doença que
se caracteriza pela atrofia e malforma-
ção dos membros.
A prótese foi desenvolvida, usando
uma cobertura de chumbo na extremi-
dade, recorrendo a tecnologias de
Engenharia Electrónica e Mecânica, e
foi produzida com plásticos
ultra-resistentes. O resultado foi um
dispositvo protésico de nova geração
leve, robusto e esteticamente apelati-
vo, quer para os pacientes, quer para
os profissionais de saúde.
A i-LIMB foi já aplicada em cerca de
200 pessoas, a título experimental,
info PERFIL JOVEM Página 41
Edgar Basto
O Cursus Publicus estradas. Os miliários balizavam a via, Existem pelo menos três percursos
A rede viária romana sustentava o assinalando as distâncias aos caput para se fazer: os percursos de média e
funcionamento do Cursus Publicus, viarum, ou seja, aos nós rodoviários. de longa duração e o percurso a
essencial ao bom governo do vasto No caso do tramo da Via Nova entre cavalo.
Império Romano. Os três pilares do Baños de Rio Caldo e Amares os
Cursus Publicus eram as mansiones, as miliários marcavam a distância a A paisagem
mutationes e os miliários. Bracara Augusta. Numa pequena extensão a Via Nova,
As mansiones eram locais de descanso, entre Amares e Lobios, atravessa
onde os viandantes podiam comer, Viajar na geira paisagens muito variadas, desde a
dormir, tomar banho e abastecer-se Percorrer a Via Nova entre Amares e zona urbana de Braga, com uma
para prosseguir a viagem. Lobios é regressar a um tempo elevada densidade construtiva, até à
As mutationes eram estações de muda, perdido, em que os meios de Mata de Albergaria, considerada uma
onde se podia trocar de cavalo. transportes e o ritmo de vida eram reserva integral do Parque Nacional da
Situados à beira da via, estes diferentes. Devido ao bom estado de Peneda-Gerês. O contexto paisagístico
equipamentos asseguravam o correio, conservação é possível caminhar, ao da Via Nova é, pois, excepcional,
a velocidade dos mensageiros, o longo da estrada romana, quase sem permitindo aos viajantes apreciar
trânsito de militares, de funcionários e interrupções, perto de 40 quilómetros, panorâmicas diversificadas, aprender a
de todos os caminhantes que, pelos o que é raro, tanto em Portugal como gostar da Natureza e conhecer a
mais variados motivos, percorriam as em Espanha. estrutura agrária da região.
Página 44 DISCIPLINA info
A) RELATÓRIO:
1 – Em 24 de Maio de 2007 deu entrada na Ordem dos Engenheiros – Região Norte uma notificação, proveniente do 3.º
Juízo Criminal do Tribunal Judicial de A, comunicando à Ordem dos Engenheiros a sentença de condenação tirada no processo
n.º B, transitada em julgado em 02-02-2007, na qual a Senhora Engenheira C foi condenada, como autora material, por um
crime de falsificação de documento, na forma consumada, p. p. pelo n.º 2 do artigo 100º e al. f) n.º 1 do artigo 98º do Regime
Jurídico da Urbanização e Edificação – D.L. n.º 555/1999, de 16 de Dezembro, com a redacção introduzida pelo D.L. n.º 177/2001,
de 04/06, em conjugação com o artigo 256º n.º 1 al. b) do Código Penal.
2 – A fls 92 e 93 daquela douta sentença, já transitada em julgado, foi considerado provado que a arguida subscreveu em
03/05/2005 um termo de responsabilidade enquanto responsável pela direcção técnica de uma obra sita na avenida D, concelho
de A, consignando que a dita obra “se encontrava concluída em conformidade com o projecto aprovado e com as condicionantes da
licença de construção”, com base no qual foi emitido, em 06/05/2007, o respectivo alvará de autorização de utilização, sem a
realização de vistoria pelos serviços competentes da Câmara Municipal de A.
3 – Foi ainda considerado provado, naquela sentença judicial, que, em 30/09/2005, numa fiscalização realizada pelos
funcionários competentes da Câmara Municipal de A, estes verificaram que uns anexos existentes no local da obra não tinham
sido demolidos, embora no projecto estivesse prevista essa demolição e no alvará de construção constasse como condicionante
do licenciamento a demolição desses anexos.
4 – A sentença judicial em questão também considerou provado que a arguida, ao fazer as afirmações acima
mencionadas no termo de responsabilidade que subscreveu, bem sabia que produzia falsas declarações relativamente à
conformidade da obra com o projecto aprovado, com as condições da licença ou autorização e com as normas legais e
regulamentares aplicáveis; e actuou livre, voluntária e conscientemente, bem sabendo que a sua conduta era proibida e
juridicamente censurável.
5 – Ora, não há dúvida que os factos acima referidos, considerados provados na douta sentença proferida, acarretam
responsabilidade disciplinar para a arguida, uma vez que configuram violação do dever deontológico previsto no n.º 1 do artigo
88º do Estatuto da Ordem dos Engenheiros, que obriga os engenheiros, na sua actividade profissional, a pugnar pelo prestígio
da profissão e a adoptar uma conduta irrepreensível, usando sempre de boa fé, lealdade e isenção, bem como, do dever
deontológico previsto no n.º 6 do artigo 88º do referido Estatuto, que obriga os engenheiros a emitir os seus pareceres
profissionais com objectividade e isenção.
6 – Em face do exposto, e uma vez que a violação das normas deontológicas acima citadas teria sido perpetrada pela
arguida culposamente, foi deduzida acusação contra a arguida e esta notificada para apresentar a sua defesa.
7 – Notificada a arguida, esta apresentou, em 23 de Janeiro de 2008, a sua defesa, confessando os factos, tal como o tinha
feito em sede de audiência de julgamento, impugnando apenas a conduta dolosa de que vinha acusada, alegando que agiu de
boa fé em todo o processo de licenciamento, nomeadamente na subscrição do termo de responsabilidade de obra, já que nunca
pretendeu obter qualquer benefício, ainda que legítimo, para si ou para terceiro.
8 – A arguida alega ainda que a obra era essencialmente de conservação e que não conhecia o dono da obra, nem
estabeleceu qualquer contacto com ele, e que lhe foi garantido que os anexos iriam ser demolidos nos dias seguintes, tal como
constava no projecto entregue na Câmara Municipal, tendo sido por essa razão que assinou a declaração.
9 – A arguida alega, ainda, em sua defesa que exerce a profissão de engenheira desde 1976, sempre pautando a sua
actuação com competência diligência e enorme sentido de responsabilidade, nunca tendo sofrido qualquer sanção disciplinar.
10 – A arguida não requereu a produção de qualquer prova na sua defesa, pelo que o Relator do processo dispensou, nos
termos do disposto no n.º 3 do artigo 35º do Regulamento Disciplinar, a notificação da arguida para apresentação de alegações
finais escritas, tendo o processo seguido imediatamente para julgamento.
info DISCIPLINA Página 45
B) FUNDAMENTAÇÃO:
Em face do que acima vem relatado e com base na sentença cuja notificação deu origem ao presente processo disciplinar,
proferida pelo 3.º Juízo Criminal do Tribunal Judicial de A no Processo n.º B e transitada em julgado em 2/2/2007, este
Conselho Disciplinar considerou provados os seguintes factos, com relevo para a decisão do presente processo:
1. Que a arguida subscreveu, em 3/05/2005, um termo de responsabilidade enquanto responsável pela direcção técnica
de uma obra sita na avenida D, concelho de A, consignando que a dita obra “se encontrava concluída em conformidade com o
projecto aprovado e com as condicionantes da licença de construção”, com base no qual foi emitido, em 06/05/2007, o
respectivo alvará de autorização de utilização, sem a realização de vistoria prévia pelos serviços competentes da Câmara
Municipal de A.
2. Que em 30/09/2005, numa fiscalização realizada pelos funcionários competentes da Câmara Municipal de A, estes
verificaram que uns anexos existentes no local da obra não tinham sido demolidos, embora no projecto estivesse prevista essa
demolição e no alvará de construção constasse como condicionante do licenciamento a demolição desses mesmos anexos.
3. Que a arguida, ao fazer as afirmações acima mencionadas no termo de responsabilidade que subscreveu, bem sabia
que produzia falsas declarações relativamente à conformidade da obra com o projecto aprovado, com as condições da licença
ou autorização e com as normas legais e regulamentares aplicáveis.
4. Que a arguida actuou livre, voluntária e conscientemente, bem sabendo que a sua conduta era deontologicamente
proibida e disciplinarmente censurável.
5. Que a arguida exerce a profissão de engenheira desde 1976, nunca tendo sofrido qualquer sanção disciplinar.
C) DECISÃO:
1 – Ao prestar falsas declarações no termo de responsabilidade que subscreveu, e com base no qual foram concedidas as
licenças de utilização, dizendo que a obra “se encontrava concluída em conformidade com o projecto aprovado e com as
condicionantes da licença de construção”, quando na verdade ainda faltava demolir uns anexos cuja demolição tinha sido exigida
como condicionante da licença de construção, a arguida violou efectivamente o dever deontológico previsto no n.º 1 do artigo
88º do Estatuto da Ordem dos Engenheiros, que obriga os engenheiros, na sua actividade profissional, a pugnar pelo prestígio
da profissão e a adoptar uma conduta irrepreensível, usando sempre de boa fé, lealdade e isenção, e o dever deontológico
previsto no n.º 6 do artigo 88º do referido Estatuto, que obriga os engenheiros a emitir os seus pareceres profissionais com
objectividade e isenção.
2 – E a violação das normas deontológicas acima citadas não pode deixar de se considerar culposa, visto que a arguida tinha
a obrigação de conhecer tais normas e sabia ou devia saber que, ao prestar declarações que não correspondiam à verdade no
termo de responsabilidade que subscreveu, estava a desrespeitar aquelas normas deontológicas. Agiu, por isso, com dolo,
praticando, nos termos do disposto no artigo 67º do Estatuto da Ordem dos Engenheiros, uma infracção disciplinar.
3 – Considerando o facto da arguida exercer a profissão desde 1976 sem quaisquer antecedentes de natureza disciplinar, mas
tendo em conta as exigências de prevenção geral e de defesa do interesse público associadas ao exercício da Engenharia,
condena-se a arguida numa pena de Censura Registada, prevista na alínea b) do n.º 1 do Artigo 70º do Estatuto da Ordem dos
Engenheiros, pela prática da infracção disciplinar acima descrita, consistente na violação culposa dos deveres deontológicos
previstos no n.º 1 e n.º 6 do artigo 88º do Estatuto da Ordem dos Engenheiros.
Página 46 AGENDA info