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RESULTADOS PRELIMINARES DA GEOCRONOLOGTA U/Pb


Nrt SERRA DO ESPINHAÇO MERIDIONAL

Nuno Machado {Royal Ontario Museum)


Alfonso Schrank (UNICAMP - Instituto de Geociêneias)
Francisco Rcbério de Abreu (UNICAMP - Instituto de Geociências)
Luiz Guilherme Knauer (UFMG/Departamento de Geologia)
Pedro Ângelo Aline ido Abreu (UFWG/Centro de Geologia Eschvege)

1 - INTRODUÇÃO
Os terrenos do Pre-Cawbriano aflorantes na Serra do E;;pinhaço
Meridional são comumer.te enquadrados dentro da chamada Província
Mantiqueira (cf. ALMEIDA & LITWINSKI, 1984). Apesar da existência
de inúmeras coiti.vovérsias, o modelo estratigráfico mais aceito pa-
ra a região inclui duas unidades do Arqueano (Complexo Basal e £u-
pergrupe Rio Paraüna}, una do Proterozóico Inferior (Supergrupo Mi-
nas ou Seqüência Itabirítica}, uma do Proterozóico Médio (Supexgru-
po Espinhaço) c uma do Proterozóico Superior (Grupo Macaúbas). A
oeste da serra ocorrem os metassedimentos de baixo grau do Grupo
BambuI e a leste o conjunto heterogêneo do chamado Complexo Gnâis-
sico-Granítico,
Tendo em vista &s principais controvérsias ainda existentes, fo
rem coletadas amostras de algumas das unidades constituintes da ser
ra para determinação geocronológica pelo método Ü/Pb. 0 tratamento
destas amostras seguiu as técnicas analíticas descritas por KROGH
(1973, 1982a, 1982b) e o programa de regressão linear proposto por
DAVIS (1982)
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" UNIDADES AMOSTRADAS E RESULTADOS PRELIMINARES
0 Complexo basal compreende granitos, migmatitos, gnaisses, res
tritoo corpos anfibolíticos a pequenas injeções pegmatíticas
(SCHÕLL & FOGAÇA, 1979), aflorando nas porções mais centrais da ser
ra, admitindo-se uma idade por volta dos 2,8 G.a. (BRITO NEVES, et
ai., 1979). Foram tratadas duas amostras de granitóide& da região
de Gouveia, e as três frações de zireões obtidas forneceram uma dis
cõrdía co>n intercepto superior em 2839+/" 14 M.a. e inferior em
1844+/- 15 M.a. .
O Suporgrupo Rio Parafina corresponde a uma seqüência composta
por metavulcanitos ultramaficos, máficos e félsicos e metassedimen-
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8os elásticos e químicos, considerados por FOGAÇA et ai (1984} coreo
xttstcs de uia "çjxeenstone belt". Foraia coletadas duas amostras de
Ktetariolitos desta unidade, uma da região de Pedro Pereira e outra
da região de Ouro Fino. Os zireões da primeira amostra forneceram
discórdia coro intercepto superior em 2971 +/- 16 M.a. e inferior
em 1844 +/- 15 M.a., enquanto cs da segunda produziram discórdia
com intercepto superior em 2049 +3/-2 M.a.
A principal unidade constituinte da serra ê o chamado Supergru
po Espinhaço, que corresponde a uma espessa seqüência predominante
mente metassedimentar dividida era oito formações por PFLUG (1968}.
Suas duas formações mais basais (São João da Chapada e Sopa-Bruma-
dinho) incluem também . metamagmatitos básicos e ácidos, estes ülti
«tos com idades por volta dos 1,77 G.a. segundo BRITO NEVES et ai.
(op. cit.).
Um corpo de metamagmatitos ácidos da região de Conceição do Ma
to Dentro, com textura porfiróide, mostrou zireões com núcleos pre
servados e sobrecrescinentos prismáticos, estes últimos definindo
uma discórdia com intercepto superior em 1711 +8/-4 M.a. . Os zir-
eões de outra amostra, main foliada, da região do Serro, fornece-
ram idade de 1715 +/-2 milhões de anos.
Muito comuns na Serra do Espinhaço são rochas'básicas metamor-
fisadas em baixo grau, constituindo "sills", "plugs" e diques de
colocação anterior ã deposição das rochas do Grupo Macaúbas. Uma
idade de 906 +/- 2 milhões de anos foi obtida através do tratamento
de duas frações de badelefta e uma zireão de um "s,ill" de metediabá
sio porfiróide da região de Pedro Lessa.
0 Grupo Macaúbas é constituído predominantemente por metassedi-
mentos de origem em parte glacial, com intercalaçóes de meta
magmatitos básicos e ácidos (KARFUNKEL & KARFUNKEL, 1976 SCHRANK
et ai., 1978). Três frações de sobrecrescimentos prismáticos de zir
cõfcb útí uín corpo de metaignea ácida da região de Desembargador
Otoni, mapeado no Grupo Macaúbas, definiram uma idade concordante
de 1752 +/- 2 milhões de anos.
A leste da serra aflora o conjunto heterogêneo do Complexo
Gnáissico-granftico, que segundo ALMEIDA * LITWINSKI (1984} inclui
desde rochas de médio e alto grau do Arqueano (predominantes) até
fragmentos de "greenstone belts" e rochas originadas ã partir de
metassedimentos proterozóicos. As análises de duas frações de sobre
crescimentos de zireões e uma de titanita retiradas de migmatito
desta unidade (região de Senhora do Porto) forneceram uma idade 512
+/- 5 Ma, que corresponde a principal fase de deformação e metamor-

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fismo do conjunto.

3 - INTERPRETAÇÕES E CONCLUSÕES

Os dados apresentados anteriormente, ainda que preliminares,


permitem, através de sua interpretação, algumas conclusões, entre
as quais se destacam:
a) Confirmação das idades arqueanas do Complexo Basal e do Su-
pergrupo Rio Paraúna, que foram afetados por importantes processos
metamõrficos no Proterozóico Inferior (1844 +/- 15 M . a ) ;

b) O inicio da deposição das rochas do Supergrupo Espinhaço si-


tua-se no Proterozóico Inferior, limitado pela idade do metamorfis-
Bto das unidades pré-Espinhaço (1644 +/- 15 M.a.) e do magmatismo
ácido das suas formações basais (1715 +/- 2 M.a.);

c) Pelo menos parte do que hoje ê cartografado como Grupo Ma~


caúbas corresponde, em realidade, a fatias tectônicas do Supergrupo
Espinhaço, como demonstrado pela idade de 1752 +/- 2 M.a. obtida no
metamagmatito ácido da região de Desembargador Otoni;

d) A idade do metabasito da região de Pedro Lessa (906 +/- 2 M.a)


pode ser preliminarmente utilizada como limite inferior para a
deposição das rochas do Supergrupo Sao Francisco; e

e) A idade de512 +/- 5 M.a. obtida no migmatito de Senhora do Por


to serve como estimativa inicial para a idade da deformação que afe
tou as rochas do Supergrupo São Francisco e unidades mais antigos.

4 - AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a todas as pessoas e instituições que pos-


sibilitaram direta ou indiretamente a realização deste trabalho, etn
especial aos doutores W.S.FYFE e T. KROGH, ao pessoal do laborató-
rio geocronolõgico do Royal Ontario Museum, a C.I.D.A. (Canadá), ã
UNICAMP e ã UFMG.

5 - REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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tor Setentrional", in F.F.M. de Almeida e Y. Hasui (ed) "O Pré-
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BRITO NEVES, B.B.; KAWASHITA, K. ft DELHAL, J. (1979) - "A evolução


geocronológica da Cordilheira do Espinhaço: dados novos e inte-
gração". Rev. Bras. G e o c , 9 (1): 71 - 85.

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