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Completos Comunicacoes Cristianesantos
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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
O que é ler?
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Em sala de aula
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nham seu rendimento, menos ainda, estimulam a leitura. Os alunos
consideram que ficar em frente ao computador ‘navegando na net’
pode ser mais atraente que ler um livro. Ao passo que a escola dei-
xou de fazer leituras obrigatórias, já que sob a ótica capitalista preci-
sam adaptar-se aos alunos que, sozinhos, dificilmente se interessarão
por livros.
A pesquisa
Decidi fazer uma pesquisa entre meus alunos de 5a. a 8a. para
verificar seus hábitos de leitura. Foram pesquisados 85 alunos (47
meninos e 38 meninas), de 5a. a 8a. séries, assim divididos: 22 alunos
da 5a. série, com idade média de 11 anos; 26 alunos da 6a. série, com
idade média de 12 anos; 23 alunos da 7a. série, com idade média de
13 anos e 14 alunos da 8a. série, com idade média de 14 anos.
Veja a seguir o resultado da pesquisa realizada entre os dias 19
e 21 de setembro de 2006, com o foco na freqüência com que eles
lêem livros, quais são as principais fontes de informação e o hábito
de visitar bibliotecas. Em um segundo momento os alunos se auto-
avaliaram em relação à capacidade de compreensão textual que acre-
ditam ter.
Quando perguntamos quantos livros eles leram neste ano para
algum trabalho escolar, dispensando os que serviram apenas para
pesquisa didática (ou seja, aqueles que eles somente consultaram
algum capítulo para desenvolver o trabalho), o resultado foi o se-
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guinte: 50,59% dos alunos não leram qualquer livro; 28,23% leram
um livro; 8,24% leram dois livros; 3,53% leram três livros e 9,41%
leram quatro livros ou mais.
Perguntados sobre a quantidade de livros extras que leram este
ano, considerando-se aqui aqueles lidos por prazer, sem fins escola-
res, obtivemos o seguinte resultado: 22,35% não leram qualquer
livro; 21,18% leram apenas um livro; 21,18% leram dois livros;
16,47% leram três livros e 29,41% leram quatro livros ou mais.
Questionados sobre as outras fontes de leitura e informação
que possuem, responderam: 47% lêem jornais; 72% lêem revistas;
58% lêem HQ (histórias em quadrinhos); 72% lêem artigos na inter-
net e 30% têm outras fontes também.
Foram abordadas também as visitas à biblioteca com o seguin-
te resultado: 81,18% dos alunos não foram à biblioteca da escola
neste ano; 5,88% foram uma única vez; 2,35% foram duas vezes;
3,53% foram três vezes ou mais e 7,06% não responderam. Se a
visita foi à outra biblioteca – de outra escola, municipal, entre outras
– o resultado muda um pouco: 55,29% dos alunos não foram a ne-
nhuma biblioteca neste ano; 12,94% foram uma única vez; 10,59%
foram duas vezes; 15,29% foram três vezes ou mais e 5,89% não
responderam.
Por último, perguntamos se eles se consideram bons leitores e
explicamos que um bom leitor é aquele que não somente lê muito
como também é capaz de compreender e interpretar um texto. Ve-
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jamos o resultado: 72% dos alunos responderam que sim, são bons
leitores e 28% deles disseram não.
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escola. Acreditamos que a falta desse contato colabora muito para
que esses alunos não se habituem à leitura.
Surpreendeu-nos a resposta de alguns alunos no quesito leitura
por prazer, em que 29,41% afirmam ter lido quatro ou mais livros
este ano sem fins escolares. É claro que não podemos deixar de con-
siderar o percentual daqueles que não leram um livro sequer
(22,35%) por prazer ou para trabalhos escolares (50,59%), como um
índice altíssimo se desejarmos formar leitores conscientes e críticos.
Gostaríamos de destacar também a opinião de os alunos em re-
lação à própria capacidade de leitura e compreensão. Na presente
pesquisa, encontramos 72% dos alunos dizendo-se bons leitores e, na
prática, o que constatamos não é essa a realidade. Inúmeras vezes
encontramos alunos com dificuldade de interpretar um simples enun-
ciado ou, ainda, incapazes de correlacionar sinonímias simples, devi-
da à falta de variedade vocabular dos mesmos. Um bom exemplo é
se trabalharmos sempre em sala de aula com um enunciado do tipo:
“Retire do texto...” e na avaliação substituirmos por: “Transcreva do
texto...”, muitos alunos não conseguem compreender o enunciado e
alegam que o professor nunca trabalhou tal conteúdo em sala de aula.
Provavelmente sua pouca experiência com os livros os impede de
adquirir um vocabulário mais extenso.
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Algumas sugestões
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Aos diretores e coordenadores escolares cabe a tarefa de in-
centivar, não só os alunos, mas também os professores, em ativida-
des que desenvolvam a interpretação, a compreensão, a criatividade e
também a produção de textos. Acreditamos que a partir da leitura
constante o aluno será capaz de produzir textos melhores, mais con-
cisos, coerentes e criativos.
Bons resultados podem surgir com a criação de eventos comu-
nitários como: feiras, saraus, oficinas de leitura e criação textual,
exibição de peças teatrais de grandes escritores como também as de
autoria dos próprios alunos, visitas a bibliotecas públicas, entre ou-
tros. Por que não transformar a escola em um grande espaço criativo,
estimulando a leitura, interpretação e produção de textos literários,
científicos, jornalísticos e tantos outros mais? Acreditamos que es-
timular a participação da família e da comunidade no processo edu-
cacional pode dar excelentes resultados.
Outra atitude simples é incentivar os alunos a freqüentar a bi-
blioteca da escola, dando-lhes oportunidade de conhecer o espaço,
visualizar as obras, tatear o material e pegar livros literários empres-
tados. Cremos que este tipo de incentivo é de fundamental importân-
cia para desenvolver o hábito da boa leitura. O contato visual e o tato
são importantes, assim como a possibilidade de ler pequenos trechos,
resumos e resenhas sobre as obras no sentido de auxilia-los na esco-
lha do que ler.
Acreditamos que a leitura constante de livros extraclasse tam-
bém faz falta. Tal leitura não se faz com o objetivo de obrigar o alu-
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no a ler para uma avaliação, mas de desenvolver sua capacidade de
compreensão e de recontar a história sob sua ótica. Uma prática que
pode produzir excelentes trabalhos e despertar o gosto pela leitura.
Sabemos que aquele que possui o hábito de ler sabe mais, tem
mais facilidade para compreender os textos e o mundo, adquire co-
nhecimentos globais e cultura, viaja por lugares onde talvez nunca
tenha condições de conhecer pessoalmente, transforma indivíduos e
cria cidadãos conscientes de seu papel na sociedade. Mas, não nas-
cemos leitores. Precisamos de estímulos para que o leitor floresça
dentro de cada um.
Transformar analfabetos funcionais em exímios leitores, e tal-
vez em grandes escritores, é uma tarefa árdua para nós educadores e
pais; mas com um resultado que valerá cada esforço positivo em prol
da educação.
Muito ainda deve ser investigado sobre o assunto. Iniciamos
apenas um ponto de discussão sobre um assunto tão importante e
amplo nos dias de hoje, pois acreditamos que muitas soluções podem
surgir a partir do engajamento de escola e comunidade.
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Referências Bibliográficas
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