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Sistemas de iluminação
Capítulo XI
A iluminação natural tem importância crescente na Trata-se de um sistema híbrido de iluminação que
elaboração de projetos arquitetônicos, de engenharia, combina uma tecnologia baseada no aproveitamento
de sistemas de climatização, iluminação e eficiência da iluminação natural (Solatube), conjugada com a
energética. A luz natural gera bem-estar e melhoria do solução tradicional de substituição de luminárias e
conforto visual no interior das edificações. Os pontos lâmpadas por outras mais eficientes. O local escolhido
positivos da luz natural podem ser assim resumidos: para implementar o projeto foi o Ginásio Poliesportivo
na Ilha de São João no município de Volta Redonda
- A qualidade da iluminação natural é melhor e mais (doravante, Ginásio), no Estado do Rio de Janeiro.
agradável à visão humana; O projeto inicial previa uma redução no consumo
- A constante mudança da quantidade de luz natural de 75,9 MWh/ano e uma demanda retirada da ponta de
é favorável, pois proporciona efeitos estimulantes nos 35,2 kW, com um investimento de R$ 266 mil, o que
ambientes; gerava uma Relação Custo-Benefício (RCB) de 0,98,
- A luz natural permite valores mais altos de iluminação, no contexto do Programa de Eficiência Energética da
se comparados à luz elétrica; Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
- A carga térmica gerada pela luz artificial, em geral, é O projeto foi desenvolvido no período de janeiro
maior do que a da luz natural, o que nos climas frios a novembro de 2010. A iniciativa reduziu o consumo
pode ser uma solução. Entretanto, em regiões quentes de energia elétrica do ginásio em 86%, haja vista o uso
representa um problema; intenso da iluminação artificial até mesmo durante o
- Um bom projeto de iluminação natural pode fornecer dia. Cabe destacar que a prefeitura terá uma redução
a iluminação necessária durante 80% a 90% das horas anual na conta de luz de cerca de R$ 58 mil.
de luz diária, permitindo uma enorme economia de
energia em luz artificial; Desenvolvimento
- A luz natural é fornecida por fonte de energia Originalmente, o sistema de iluminação do ginásio
renovável, inesgotável e gratuita. era composto por 112 luminárias com lâmpadas a
vapor metálico de 400 W e reatores eletromagnéticos
Com base nestes benefícios, a Light desenvolveu com alto fator de potência. O nível de iluminamento
um projeto piloto que utiliza um sistema inovador médio com os refletores desligados era de 12 lux
voltado para a utilização da luz natural como medida e com os refletores ligados de 500 lux. Devido à
de eficiência energética. baixa luminosidade natural, o ginásio necessitava de
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dutos que transmitem a luz para o seu interior. O funcionamento e as O domo Solatube, ilustrado na Figura 6, tem grande capacidade
características do sistema serão detalhados no próximo item. de capturar os raios solares, adaptando-se ao movimento do sol
durante o dia, maximizando assim a captação de luz natural. A
tecnologia usada no equipamento, denominada Raybender 3000
(750 DS), possibilita um alto desempenho de captação desde as
primeiras horas da manhã até o entardecer, além de minimizar o
excesso de luz natural ao meio-dia, reduzindo o contraste e o
ofuscamento. O equipamento permite uma redução de 25% na
transmissão de calor com a filtragem dos raios UV.
Resultados
O projeto foi desenvolvido no período de janeiro a novembro
de 2010 e reduziu o consumo de energia elétrica do ginásio em
86%. Antes do projeto, o consumo do ginásio era de 280,87 MWh/
ano. Com a implementação do novo sistema híbrido, o ginásio vai
Figura 5 – Sistema Solatube. Fonte: Arquivo Light. economizar 241,98 MWh, consumindo apenas 38,89 MWh/ano,
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Na determinação dos resultados energéticos do projeto, os v) Regime de utilização das luminárias (levantado a partir
Sistemas de iluminação
procedimentos de M&V (Medição e Verificação) basearam-se de entrevistas junto aos responsáveis pelo funcionamento do
na opção A do PIMVP – Protocolo Internacional de Medição Ginásio);
e Verificação da Performance. Essa opção possibilitou a vi) Cálculo do consumo a partir do regime de utilização das
medição do sistema, proporcionando a comparação real do luminárias e da medição de potência.
antes e depois da implementação das medidas de eficiência
energética. Na Tabela 1, obtém-se a economia verificada para a Medida
No Plano de M&V, para os períodos baseline e reporting, de Conservação de Energia (MCE) e os erros associados aos
foram considerados os seguintes parâmetros: parâmetros de consumo e demanda. Os erros calculados para
determinação das economias de energia e de demanda na
i) Número de luminárias em operação; ponta encontram-se nas faixas admissíveis pelo PIMVP.
ii) Número total de luminárias instaladas; Na tabela 2, estão sinetizados os custos de excução do
iii) Potência unitária de cada luminária (conjunto lâmpada e projeto com equipamentos, materiais e mão de obra.
reator), obtido a partir de medição; O custo total foi de R$ 261 mil reais com uma Relação Custo
iv) Cálculo da potência total correspondente ao parque de Benefício (RCB) de 0,58, bem abaixo do limite estabelecido
iluminação; pela Aneel, RCB igual a 1,0, para projetos pilotos.
Custo Total de Equipamentos e Materiais 226.720,00 Redução de Demanda na Ponta (kW) 35,2 29,99
Custo Total de Serviços (Mão de Obra e M&V) 34.972,31 Relação Custo Benefício - RCB 0,98 0,58
Total do Projeto (R$) 261.692,31 Custo Total do Projeto (R$) 266.004,40 261.692,31
Fonte: LIGHT, 2010 Fonte: LIGHT, 2010
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kW. Os custos de execução foram um pouco menores que os da Ilha de São João, 2010.
previstos, o custo original de R$ 266 mil ficou em R$ 261 mil. • LIGHT. Relatório de M&V do projeto de eficiência energética
Além disso, o prazo de execução foi menor que o esperado. da Aneel na prefeitura de Volta Redonda – Ginásio de Esportes
A relação custo-benefício do projeto também foi em um valor da Ilha de São João, 2010.
bem menor do que o previsto. • MAJOROS, András. Daylighting. PLEA Notes, Note 4. PLEA
Estes dados estão sintetizados na Tabela 3. Em síntese, o in Association with Department of Architecture, the University
projeto superou a maioria de suas metas, além de proporcionar of Queensland. Edited by S. V. Szokolay, 1998.
uma melhoria considerável na luminosidade do interior do
ginásio, beneficiando os atletas e o público. Com a redução no *Antonio Raad é engenheiro eletricista, mestre em planejamento
energético pela Coppe/UFRJ. Atualmente, é engenheiro máster,
consumo de energia do ginásio, a prefeitura terá uma economia responsável pelo Programa de Eficiência Energética da Light.
anual na conta de luz no valor de R$ 58 mil, recursos estes que
Ana Carolina Iglezias Lima Caldas é engenheira, mestre em
poderão ser aplicados em outras ações em prol da população metrologia pela PUC/RJ. É engenheira sênior da Light Esco.
local.
Paulo Mauricio de Albuquerque Senra é mestre em planejamento
energético pela Coppe/UFRJ. É gerente de estratégia e sustentabilidade da
Light.
Referências
• AMORIM, Cláudia Neves David. Iluminação natural e Vicente Guimarães é doutor em economia pelo IE/UFRJ. É
sócio-diretor da Aquarius Reef Meio Ambiente Ltda. e consultor em
eficiência energética – Parte I. Estratégias de projeto para uma planejamento, sustentabilidade e estratégia da Light
arquitetura sustentável. Periódico Eletrônico em Arquitetura e
Continua na próxima edição
Urbanismo Paranoá, v. 4, 2002. Confira todos os artigos deste fascículo em
www.osetoreletrico.com.br
• LIGHT. Relatório final do projeto de eficiência energética Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados
para o e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
da Aneel na prefeitura de Volta Redonda – Ginásio de Esportes