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Electrónica de Potência e

Aplicações

Módulo 11
Prof. Inês Patrocínio Silva

Disciplina:
Electricidade e Electrónica
Electrónica de Potência e Aplicações 2011

A electrónica de potência, embora tenha uma amplitude


vasta, abrange no entanto basicamente o estudo das
transformações e controlo da energia eléctrica através de
sistemas conversores estáticos.

Pode assim sintetizar-se um sistema electrónico de potência


em dois blocos básicos:

 Circuito de potência – estabelece a ligação entre a


potência fornecida ao sistema e a potência disponível
(transformada);
 Circuito de comando – realiza o controlo dessa
transformação ou conversão de energia, com potências
reduzidas;

Na concepção de conversores de potência eléctrica, assume


grande importância o tirístor (Rectificador controlado de
silício SDR), na função básica de comutar, funcionando
em regime de tudo ou nada.

 Bloqueado – não deixa passar a corrente apesar das


tensões por vezes elevadas aplicadas aos terminais
(impedância infinita);

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 Condução – deixa passar corrente originando nos seus


terminais uma tensão quase desprezável (impedância
nula).

TIRÍSTOR

1. Constituição e Princípio de Funcionamento

Tirístor que actua com um único sentido de condução da


corrente eléctrica (unidireccional). Caracteriza-se pela
comutação entre dois estados o estado de condução ou o
estado de corte ou bloqueio. A corrente aplicada nos seus
terminais pode se proveniente de uma fonte CC ou CA. A
sua estrutura básica parte de quatro camadas
semicondutoras, sendo duas de material semicondutor tipo
"P" e duas de semicondutor tipo "N", conforme mostra a
estrutura abaixo.

Os SCR não são construídos para funcionar com tensão de


avalanche directa, são projectados para conduzir por meio
de disparo e bloquear através da diminuição de corrente. por
outras palavras, um SCR permanece bloqueado até que um
disparo accione sua porta (gate). Então o SCR fecha e
permanece fechado (conduzindo) mesmo que o disparo
desapareça. A única forma de bloquear um SCR é por meio
de um bloqueio pela diminuição de corrente. Na prática é
feito desligando-se a alimentação entre o ânodo ou fazendo-
se com que esta tensão resulte a um valor menor que o
necessário para proporcionar a existência da corrente
mínima de manutenção. Por exemplo: o SCR TIC 106D tem
uma corrente de manutenção (IH) de 8 mA, abaixo desse
valor ele subitamente deixará de conduzir e irá tornar-se um
circuito aberto, mesmo que a tensão entre o ânodo e cátodo

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seja restabelecida. Só irá conduzir novamente se houver um


novo disparo.

Observando-se o circuito equivalente, fazendo-se uma


análise da polarização dos transístores, chega-se a
conclusão que após um pulso na gate (porta), o transístor
que satura condiciona o outro a permanecer saturado
mesmo que o pulso que provocou o disparo seja retirado.

2. Formas de disparar um tirístor

Podemos considerar 3 maneiras de fazer com que o tirístor


entre em condução:

a) Tensão

Quando polarizado directamente, no estado bloqueado, a


tensão de polarização é aplicada sobre a junção J2. O

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aumento da tensão Uak leva a uma expansão da região de


transição tanto para o interior da camada da gate como para
a camada N adjacente. Mesmo na ausência de corrente de
gate, por efeito térmico, sempre existirão cargas livres que
penetram na região de transição as quais são aceleradas
pelo campo eléctrico presente em J2. Para valores elevados
de tensão (e, consequentemente, de campo eléctrico), é
possível iniciar um processo de avalanche, no qual as cargas
aceleradas, ao chocarem-se com átomos vizinhos,
provoquem a expulsão de novos portadores, os quais
reproduzem o processo. Tal fenómeno, do ponto de vista do
comportamento do fluxo de cargas pela junção J2, tem efeito
similar ao de uma injecção de corrente pela gate, de modo
que, se ao se iniciar a passagem de corrente for atingido o
limiar de IL (corrente de arranque), o dispositivo manter-se-
á em condução.

b) Taxa de crescimento da tensão directa

Quando directamente polarizado, se a taxa de variação da


tensão for suficientemente elevada, a corrente que
atravessa a junção pode ser suficiente para levar o tirístor à
condução. Neste caso, não existe qualquer tipo de controlo
no tirístor. Esta possibilidade de condução deve ser evitada,

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pois, para além da falta de controlo, os valores de tensão


são muito altos e poderão danificar o componente.

c) Temperatura

A altas temperaturas, a corrente de fuga numa junção PN


inversamente polarizada dobra aproximadamente com o
aumento de 8ºC. Assim, a elevação da temperatura pode
levar a uma corrente através de J2 suficiente para levar o
tiristor à condução.

d) Corrente positiva na gate

É o método mais utilizado de disparo do SCR. Sendo o


disparo através da corrente de porta a maneira mais
habitual de ser ligado o tirístor, é importante ter
conhecimento dos limites máximos e mínimos para a tensão
Ugk e a corrente Ig, como mostra a figura.

O valor Ugm indica a mínima tensão de gate que garante a


condução de todos os componentes de um dado tipo, na
mínima temperatura especificada.

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O valor Ugo é a máxima tensão de gate que garante que


nenhum componente de um dado tipo entrará em condução,
na máxima temperatura de operação.
A corrente Igm é a mínima corrente necessária para garantir
a entrada em condução de qualquer dispositivo de um certo
tipo, na mínima temperatura.
Para garantir o funcionamento correcto do componente, a
recta de carga do circuito de accionamento deve garantir a
passagem além dos limites Ugm e Igm, sem exceder os
demais limites (tensão, corrente e potência máximas).

3. Parâmetros importantes do Tirístor

 Corrente mínima de arranque (latching current IL)

Valor mínimo necessário da corrente directa no final do


impulso de gate para que o tirístor fique em condução.

 Corrente mínima de manutenção (holding current


IH)

Valor mínimo necessário da corrente directa para que o


tirístor permaneça em condução.

latching current > holding current

Atrito estático > Atrito dinâmico

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4. Em que consiste a realimentação positiva?

O comportamento do tirístor pode ser explicado como a


associação de 2 transístores bipolares complementares, um
do tipo PNP e outro do tipo NPN.

Injectando corrente na gate (correspondente à base do PNP)


provoca condução de uma corrente de colector no NPN,
NPN vezes maior.
Esta corrente, sendo a corrente de base do PNP dá origem a
uma corrente de colector de PNP vezes maior que a do
colector do NPN, fazendo com que a corrente de colector
seja muito maior.

Este tipo de montagem coloca os 2 transístores em


saturação, eliminando a necessidade de fornecer uma
corrente de comando continuamente.

Isto chama-se realimentação positiva.

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NOTA: A figura b) indica que não existe corrente a circular


na carga, por isso a tensão aos terminais do interruptor é a
tensão de alimentação.

A figura c) representa os transístores saturados


comportando-se como curto - circuitos, sendo a tensão aos
terminais do interruptor nula.

5. Resumo dos modos de funcionamento do tirístor

 VAK negativa  tirístor bloqueado; corrente de fugas iA


< 0; não se deve ultrapassar a tensão inversa máxima.

 VAK positiva  o tirístor continua bloqueado; corrente de


fugas iA > 0; não se deve ultrapassar a tensão directa
máxima de bloqueio.

 VAK positiva; impulso positivo de corrente entre a gate e


o cátodo (impulso de disparo IG)  o tirístor torna-se
condutor; iA > 0 com amplitude dependente da carga; a
duração do impulso de disparo deve ser suficiente para
que a corrente iA atinja o valor da corrente mínima de
arranque (iA > iL)

 Se iA < iH (corrente mínima de manutenção)  o tirístor


bloqueia.

6. Características dos tirístores

As características dos tirístores podem ser estáticas ou de


comando. As características estáticas referem-se ao

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comportamento da zona ânodo-cátodo e a de comando


refere-se ao comportamento da junção gate-cátodo.

Para além destas características existe também a


característica de comutação.

6.1 Características estáticas

URWM – Tensão inversa máxima


UFDM – Tensão anódica directa máxima
UFT – Queda de tensão directa
IFAV e Ief – corrente média e corrente eficaz
IFD – Corrente directa de fuga
IR – corrente inversa de fuga
IH – corrente mínima de manutenção
TF – temperatura de funcionamento

A figura anterior representa todos os parâmetros referidos


anteriormente, e que podem dar uma ideia sobre o
comportamento do tirístor. O ponto A diz respeito a um
possível ponto de funcionamento, para se indicar qual seria
a corrente através do tirístor, assim como a queda de tensão
para uma determinada carga.
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Na figura anterior podem verificar-se as relações existentes


entre os diversos valores de tensão e de corrente (valores
estáticos), assim como o comportamento do tirístor na
região de avalancha com uma tensão de alimentação igual a
UFDM.

Durante o semiciclo negativo, a tensão de alimentação URWM


aparece entre ânodo e cátodo. Enquanto o tirístor conduz,
também surge uma tensão ânodo-cátodo UFT da ordem dos
0,8V.

Quando a tensão de alimentação é inferior a UFDM e na


ausência de sinal na gate, a forma de onda ânodo-cátodo do
tirístor é idêntica à representada na figura seguinte, sendo
as correntes directa de fuga IFD e inversa de fuga IR que
percorrem o tirístor praticamente iguais e independentes da
tensão de alimentação, embora dependentes da temperatura
da junção.

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6.2 Características de comando

As características de controlo determinam as propriedades


do circuito de comando do tirístor, utilizando-se também
uma série de símbolos para as correntes e tensões, tal como
acontece nas características estáticas.
Os fabricantes de tirístores indicam um conjunto de famílias
de características de controlo de forma a poder escolher-se
correctamente o circuito de disparo a utilizar.
Uma determinada família de características de controlo
apresenta:
 Curva de dispersão (B)– representa a zona na qual
qualquer tirístor pode ser disparado, correspondendo à
área de trabalho da gate;
 Limite máximo de potência (C) – corresponde aos valores
de potência situados limite para que o componente não
se destrua.

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 Zona de funcionamento mínima (A) – Zona em que o


disparo do tirístor pode ser incerto, não garantido o seu
funcionamento.

6.3 Características de comutação

- A característica de comutação refere-se aos tempos de


disparo e de bloqueio.
- O osciloscópio é colocado entre o ânodo e o cátodo do
tirístor.
- As resistências R1 e R2 têm a função de limitar
respectivamente a corrente directa através do tirístor e a
corrente inversa quando se aplica a carga do
condensador C.

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- Com I e P abertos, o tirístor está bloqueado com a


tensão da fonte U BB aplicada directamente aos terminais
do ânodo e do cátodo.
- O osciloscópio indica a tensão U FD
.
- Premindo P o tirístor entra em condução, passando a
tensão ânodo-cátodo para U FT ficando o condensador
carregado.
- O tempo que o tirístor demora a passar do valor U FD
a
U FT
é o tempo de comutação ( t ON ).
- Fechando I o condensador C aplica ao tirístor uma
tensão de polaridade contrária e aproximadamente do
mesmo valor da tensão de alimentação, anulando a
corrente de circulação (passando para o estado de
bloqueio)
- O tempo decorrido desde em que se fecha I até que a
tensão aos terminais do tirístor volte a zero designa-se
de tempo de bloqueio ( t OFF ).

7. Métodos de comutação

No projecto de circuitos com SCR é importante saber as


condições para o início da condução do tirístor, como
também os métodos para passar o tirístor da condução à
não condução – passagem para o bloqueio.
As condições para passar o tirístor do estado de condução
para o estado de bloqueio são as seguintes:

 Extinção natural – quando a intensidade da corrente


diminui para um valor inferior ao da intensidade da
corrente de manutenção
 Comutação – Inversão da tensão ânodo-cátodo.

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A comutação do estado de condução ao estado de bloqueio


pode ser feita por dois processos:

 Comutação natural
 Comutação forçada

7.1 Comutação Natural

O tirístor dispara quando:


- a tensão ânodo-cátodo é suficiente
- recebe impulso na gate de valor e duração adequada.
A corrente pode ser interrompida por um interruptor em
série ou por um interruptor em paralelo.

 Interrupção da corrente através de um interruptor em


série

No caso do interruptor em série, este só se abrirá durante o


tempo necessário para que se produza a extinção do tirístor,
permanecendo fechado quer durante o tempo de condução,
quer durante o tempo de bloqueio.

 Interrupção da corrente através de um interruptor em


paralelo

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No caso do interruptor em paralelo, só se fechará para


provocar um curto-circuito no tirístor (entre o ânodo e o
cátodo), desviando a corrente do tirístor e provocando a sua
extinção natural. O interruptor permanecerá aberto durante
o tempo da condução.

Devido ao uso do interruptor mecânico, esta forma de


comutação é pouco utilizada. É utilizada apenas no caso de
leitura de informação com correntes fracas, como por
exemplo, circuitos de alarme e de comutação.

7.2 Comutação Forçada

Neste tipo de comutação, a corrente é obrigada a circular


através de um tirístor em sentido inverso. O tempo de
extinção é menor do que no método de comutação natural,
o que torna o método muito mais vantajoso.
Este tipo de comutação pode ser:

 Comutação forçada por autocomutação


 Comutação forçada por meios externos

o Comutação por intermédio da rede de corrente


alternada
o Comutação por tirístor auxiliar
o Comutação por gerador de impulsos
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8. Rectificação controlada com tirístores

Os circuitos rectificadores controlados constituem a principal


aplicação dos tirístores em conversores estáticos. Possuem
vasta aplicação industrial, no accionamento de motores de
corrente contínua, em estações rectificadoras para
alimentação de redes de transmissão CC, no accionamento
de locomotivas, etc.
Neste tipo de rectificação é possível controlar a potência a
fornecer à carga e como tal, é possível, por exemplo,
controlar a velocidade de um motor.

Em termos dos sinais de entrada e de saída, o resultado


depende do instante em que os tirístores entram em
condução. A figura seguinte representa a saída de tensão
para um ângulo de disparo de 30º:

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Se o ângulo de disparo for aumentado, a potência


transmitida é menor. A figura seguinte representa a saída de
tensão para um ângulo de disparo de 90º:

No caso limite, se os tirístores não forem disparados, eles


nunca vão conduzir, levando a que a potência transmitida
seja nula. É portanto possível controlar totalmente a
potência do sinal rectificado, desde zero até ao valor
máximo do sinal de entrada.

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TRIAC

O Triac é um elemento para p controlo da potência e que


uma vez disparado mantém-se em condução até que a
tensão aos seus terminais seja nula.

1. Diferença entre o tirístor e o triac

Um tirístor só pode ser disparado no semiciclo positivo,


controlando apenas meia onda.

Um triac pode ser disparado no semiciclo positivo e


negativo, permitindo um controlo de onda completa.

O disparo do triac pode ser efectuado através de sinais


unidireccionais e bidireccionais aplicados à porta.
A corrente necessária para produzir a comutação é superior
à que o tirístor necessita (cerca de 2 a 4 vezes superior).

2. Constituição e princípio de funcionamento do


Triac

- O triac é formado por seis camadas de semicondutor.

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- Os eléctrodos onde se aplica a tensão principal chamam-


se Ânodo 2 e Ânodo 1.
- O eléctrodo de controlo é a porta.
- Um triac pode ser visto como dois tirístores:

- P  N  P  N , para tensões
2 2 1 1
de A positivas
2
em
relação a A ; 1

- P  N  P  N , para tensões
1 2 2 3
de A negativas
2
em
relação a A ; 1

- N e P formam a porta
4 1
para as distintas
polaridades deste terminal.

O funcionamento do Triac consiste em:

- Polariza- se o triac com uma tensão positiva em


E 2 relativamente a E1 , sem ligar o terminal da porta.
- Aumentando o valor da tensão de polarização obtém-se
uma curva semelhante à da polarização directa do tirístor.

- Invertendo o sentido da polarização, observa-se uma


curva simétrica.

Este método não é aconselhável. Deve-se aplicar um sinal


de disparo à porta.
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- Os métodos de disparo do triac podem ser:


a. Terminal E 2 positivo em relação a E 1
e porta G
positiva (I quadrante);
b. Terminal E 2 positivo em relação a E 1
e porta G
negativa (I quadrante);
c. Terminal E 2 negativo em relação a E 1
e porta G
positiva (III quadrante);
d. Terminal E 2 negativo em relação a E 1
e porta G
negativa (III quadrante);

DIAC

O diac é elemento bidireccional, isto é, não tem polaridade.


Em comparação com o triac, o diac não tem gate.

1. Constituição e princípio de funcionamento do Diac

Quando a d.d.p. aos seus terminais atinje um valor de, por


exemplo, 30V, o diac entra em condução. Após a entrada
em condução, a tensão aos seus terminais passa para um
valor de cerca de 24V.

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2. Aplicações do Diac

A principal aplicação do diac é na realização de circuitos de


controlo, por exemplo, controlando um triac através de um
diac.

- O condensador carrega-se através de R até atingir a


tensão necessária para disparar o diac.

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- O condensador descarrega-se através do diac pela porta


do triac, que também dispara.
- O momento de disparo é controlado através da constante
de tempo RC, que varia através de R.

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O que é a Optoelectrónica?

Pertence ao campo da ciência que conjuga a óptica com a


electrónica. São os componentes optoelectrónicos, em geral,
os dispositivos que convertem a energia luminosa em
energia eléctrica, ou vice-versa.

Os componentes optoelectrónicos dividem-se em 2 grupos:


 Fotossensíveis – a partir de uma excitação luminosa,
produzem ou controlam trocas de energia, tais como:
LDR, fotodíodo, fototransístor bipolar.

 Electroluminescentes – baseiam-se em efeitos


excitadores de corrente eléctrica, provocando neles a
emissão de energia luminosa sob a forma de radiações,
visíveis ou invisíveis, tais como: díodo emissor de luz
(LED), díodo laser (LD), díodo emissor de
infravermelhos (IRED), LCD

Componentes Fotossensíveis

1. Fotodíodo de junção

Consiste basicamente numa junção PN polarizada


inversamente, de forma que s cria uma zona de difusão
desprovida de portadores e cuja largura depende da d.d.p.
aplicada.
Na ausência de radiação luminosa, os electrões não possuem
carga capaz de atravessar essa zona, pelo que a corrente é
praticamente nula.
O fotodíodo pode obter-se a partir de material de base:
silício (responde mais uniformemente à radiação visível) ou
germânio (fica mais próximo da radiação invisível).

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2. Fotodíodo PIN

O díodo PIN (positivo, intrínseco, negativo) caracteriza-se


por apresentar boa sensibilidade e grande largura de banda,
sendo a sua utilização privilegiada nos sistemas de fibra
óptica, os quais requerem para sinais débeis grandes
larguras de banda e boas sensibilidades.
É formado por três regiões, sendo duas zonas fortemente
dopadas, respectivamente do tipo P e N e uma zona
intermédia intrínseca I ligeiramente dopada, que
proporciona o alargamento da região de deplecção.

Quando a energia de um fotão é igual ou superior à energia


da banda proibida do semicondutor ao incidir na região de
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deplecção será absorvida por um electrão que irá saltar da


banda de valência para a banda de condução.
Isto resulta na formação de um par electrão-lacuna, que
impulsionado pelo campo eléctrico, desloca-se e origina uma
pequena corrente designada de fotocorrente.
Como por cada fotão incidente e absorvido é criado um par
electrão-lacuna, resultando na movimentação somente de
um electrão, para o fotodíodo PIN ter maior sensibilidade é
integrado um pré-amplificador.

Estrutura de um díodo PIN Formação do par electrão livre-lacuna


pela acção do fotão

3. Fotodíodo de Avalancha

Este componente apresenta como principal característica o


facto de além de detectar o sinal luminoso também o
amplifica mediante um processo de multiplicação
electrónica. Os electrões gerados pelo processo do impacto
do fotão aceleram-se devido à forte polarização, que pode
variar entre os 150V e os 200V. Pode apresentar ganhos de
corrente da ordem dos 100 a 200, detectando sinais muito
mais fracos do que o díodo PIN.

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Estrutura interna no díodo APD

4. Fototransístor

O fototransístor é o dispositivo que se pode formar pela


combinação de um fotodíodo com um transístor (fotodíodo
amplificador), sendo a junção PN de colector-base
fotossensível. Polariza-se inversamente a junção colector-
base o mais possível, com a finalidade de se obter a máxima
superfície de recepção da radiação luminosa.

a) Símbolo
b) Estrutura

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A corrente inversa que, devido à radiação luminosa actua


como corrente de base, é amplificada de acordo com o
ganho de corrente do fototransístor, resultando numa
sensibilidade elevada. A corrente de colector depende da
tensão colector-emissor e da radiação luminosa.
Quando os níveis de iluminação são muito baixos ou quando
as correntes de saída necessárias são muito elevadas
(sensibilidade elevada), pode utilizar-se a montagem
Darlington, encapsulada como elemento fotossensível,
designado de fotodarlington

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5. Células Solares

A Energia Solar Fotovoltaica é a energia da conversão


directa da luz em electricidade (Efeito Fotovoltaico). Os
sistemas fotovoltaicos produzem energia eléctrica com
elevada fiabilidade e a sua manutenção é baixa, limitando-se
essencialmente ao sistema de acumulação de energia no
caso dos sistemas autónomos.
Actualmente, o custo das células solares é um grande
desafio para a indústria e o principal obstáculo para a
difusão dos sistemas fotovoltaicos em larga escala.
A tecnologia fotovoltaica está a tornar-se cada vez mais
competitiva, por um lado porque os seus custos vão
diminuindo, e por outro porque é feita a avaliação dos
custos das outras formas de geração de energia, levando em
conta factores que eram anteriormente ignorados, como a
questão dos impactos ambientais.

Funcionamento

Pode-se transformar a luz do sol directamente em


electricidade usando células solares, também chamadas
células fotovoltaicas, que podem ser encontradas em
pequenas aplicações como máquinas de calcular ou até em
naves espaciais. Quando a pequena célula solar fica exposta
ao sol, os electrões (círculos vermelhos) libertam-se do seu
núcleo deslocando-se para a superfície da placa solar (a azul
escuro). As duas extremidades da célula solar estão ligadas
por um fio condutor eléctrico assim, o movimento dos
electrões gera uma corrente eléctrica. A energia eléctrica da
célula solar pode então ser usada directamente nas
máquinas de calcular.

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a) Secção Transversal b) Vista superior

Componentes Electroluminescentes

1. Díodo emissor de infravermelhos (IRED)

Este dispositivo é idêntico ao LED, sendo diferente no seu


espectro de radiação. O comprimento de onda situa-se na
banda de radiação infravermelho, sendo por isso utilizado se
pretende uma radiação não visível, como por exemplo, no
controlo remoto, detectores, etc.

a) Estrutura interna
b) Padrões de intensidade radiante típicos

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2. Díodo Emissor de Luz (LED)

O LED é um díodo emissor de luz, que quando precorrido por


uma corrente, a sua junção PN emite luz.
Existem led’s de diversas cores: verde, vermelho, amarelo,
branco e laranja. Em qualquer junção PN polarizada
directamente, verifica-se na sua estrutura e principalmente
próximo da junção recombinações de lacunas e electrões.
Esta recombinação requer que a energia que possui um
electrão livre não ligado se transfira a outro estado.
Em todas essas junções PN, uma parte dessa energia
converte-se em calor e outra parte converte-se na forma de
fotões.
Enquanto no silício e no germânio a maior parte da energia é
convertida em calor, no fosforeto de gálio o número de
fotões é suficiente para criar uma fonte luminosa visível,
sendo os mais utilizados no fabrico dos LED’s.
As radiações emitidas podem conduzir às diversas cores,
consoante as proporções dos elementos que fazem parte dos
compostos (gálio, arsénio, alumínio).
A superfície condutora ligada ao semicondutor tipo P é muito
menor do que a do tipo N, para permitir que liberte um
número máximo de fotões de energia luminosa.

3. Díodo Laser

O díodo Laser (LD) é um díodo em que os raios de luz são


paralelos e não se dispersam na sua radiação.
É um componente bastante recente e por isso é menos
utilizado que o LED. Utiliza-se uma tecnologia diferente do
LED, mas é também um componente de arsenieto de gálio.
O arsenieto de gálio é dopado com pequenas quantidades de
Telúrio (tipo N) e por zinco (tipo P), originando uma junção
PN. Ao polarizar directamente o díodo, gera-se um número
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de electrões e lacunas na junção, que se concentram numa


região muito estreita denominada de cavidade óptica.

Estrutura interna de um laser

A energia absorvida pelos átomos faz aumentar o nível


energético de um determinado número de electrões para
além do nível de equilíbrio.
Se o nº de electrões > nº de electrões em equilíbrio ->
produz-se o efeito laser, que consiste na amplificação de
luz por emissão estimulada de radiação através da cavidade
óptica.
O efeito luminoso é produzido quando os electrões excitados
retornam ao seu nível energético inicial, emitindo energia
luminosa – fotões. Por sua vez, esses fotões podem excitar
outros electrões de nível energético superior, produzindo
mais fotões e assim dá-se o efeito multiplicativo em cadeia
de fotões.
A luz emitida pelo díodo LASER é aproximadamente
monocromática, possuindo uma faixa de comprimento de
onda estreita, mas altamente direccionada e portanto com
pequena dispersão, enquanto o LED emite luz com vários
comprimentos de onda, aumentando a largura espectral da
luz emitida e grande dispersão.
Relativamente à potência óptica, o LD, enquanto opera com
correntes inferiores à de limiar, emite uma potência inferior
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em relação ao LED. Quando opera com correntes mais


elevadas, a potência óptica emitida é muito superior à do
LED.

a) Largura espectral da luz emitida


b) Dispersão da luz

4. Visualizador de Cristais Líquidos

O cristal líquido é considerado como o quarto estado da


matéria, apresentando-se entre o líquido e o sólido, que só
se observa em corpos orgânicos entre dois pontos-limite de
temperatura, fluindo como um líquido mas cuja estrutura
molecular tem algumas propriedades semelhantes às dos
sólidos.
A junção das moléculas dá lugar a diferentes estruturas do
cristal líquido, das quais a designada neumática tem
especial aplicação na construção de visualizadores de cristal
líquido (LCD – Liquid Cristal Display).
No cristal líquido neumático as moléculas podem alterar a
sua estrutura, mediante a acção de campos eléctricos. Na
ausência de tensão de polarização, todas as moléculas estão
orientadas perpendicularmente à superfície, pelo que a luz
incidente passa sem se reflectir, aparecendo clara a
estrutura do cristal líquido (o cristal é do tipo transparente,
havendo outro tipo designado de reflexão, o qual contém
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uma lâmpada de alumínio na parte inferior que reflecte a luz


que incide nele).

Cristal líquido neumático sem polarização

Aplicando uma tensão entre as superfícies condutoras (óxido


de índio), verifica-se que para valores bem determinados
(entre 6 e 20V) distorce-se o arranjo molecular, pelo que
resultam regiões com diferentes níveis de refracção.

Cristal líquido neumático com polarização

A luz incidente reflecte-se em diferentes direcções de acordo


com as regiões de índice de refracção distintas (dispersão
dinâmica). A luz dispersada tem a aparência de um vidro
opaco somente nas superfícies de condução que se opõem
uma à outra. O resto da superfície (sem tensão de
polarização) continua translúcido.

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Fibra Óptica

Constituição

Uma fibra óptica é constituída por sílica ou plástico em


forma cilíndrica, transparente e flexível, de dimensões
microscópicas comparáveis às de um fio de cabelo. Esta
forma cilíndrica é composta por uma zona central com um
elevado índice de refracção, chamado núcleo (core), e uma
zona periférica onde o índice de refracção é menor, chamado
casca (cladding).

Funcionamento

O sinal luminoso é transmitido para a fibra óptica sob a


forma de impulso '0'/'1' representando uma sequência de
símbolos binários. As ondas passam através do núcleo do
cabo, que é coberto por uma camada chamada cladding. A
refracção do sinal é cuidadosamente controlada pelo
desenho do cabo, os receptores e os transmissores. O sinal
luminoso não pode escapar do cabo óptico porque o índice
de refracção no núcleo é superior ao índice de refracção do
cladding. Deste modo, a luz viaja através do cabo num
caminho todo espelhado.

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Os transmissores ópticos são responsáveis por converter


os sinais eléctricos em sinais ópticos que irão circular na
fibra. A fonte óptica é modulada pela intensidade do sinal,
através da variação da corrente eléctrica injectada no
gerador óptico. A fonte óptica é um semicondutor que pode
ser o laser ou um led.
Os detectores de luz também chamados de foto detectores
são responsáveis pela conversão dos sinais ópticos recebidos
da fibra em sinais eléctricos correspondentes aos originais
que são usados no terminal, computador ou modem. Os
detectores mais utilizados são os fotodiodos, e os mais
comuns são PIN e APD (Avalanche Photo Diode).

Comparação da fibra óptica com o condutor de cobre

A fibra óptica tem muitas vantagens. Ela pode garantir


larguras de banda muito mais largas do que o cobre. Apenas
essa característica justificaria o seu uso nas redes de última
geração. Devido à baixa atenuação, os repetidores só são
necessários a cada 30Km de distância, o que em
comparação com o cobre, representa uma economia
significativa. A fibra óptica também tem a vantagem de não
ser afectada por picos de voltagem, interferência magnética
ou quedas no fornecimento de energia. Ela também está
imune à acção corrosiva de alguns elementos químicos que
pairam no ar e, consequentemente, adapta-se muito bem a
áreas industriais.

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Por exemplo, um cabo de dois fios tem um parâmetro de


distância de largura de banda de 1Mhz/Km, um cabo coaxial
tem 20 Mhz/Km, e a fibra óptica tem 400 Mhz/Km.

A razão para que a fibra óptica seja melhor do que o cobre é


inerente às questões físicas subjacentes a esses dois
materiais. Quando os electrões se movem dentro de um fio,
eles afectam-se uns aos outros e, além do mais, são
afectados pelos electrões existentes fora do fio. Os fotões de
uma fibra não se afectam uns aos outros (não têm carga
eléctrica) e não são afectados pelos fotões dispersos
existentes do lado de fora da fibra.

Utilização

As fibras ópticas são utilizadas em muitos e diversificados


sectores tais como os operadores de telecomunicações, as
infraestruturas de transporte (auto-estradas e caminhos de
ferro), os distribuidores de programas de TV, em grandes
redes industriais, em redes informáticas e em redes
militares.

Vantagens

Na construção e exploração das redes e telecomunicações, a


fibra óptica apresenta imensas vantagens, tais como grande
capacidade de transmissão, insensibilidade às perturbações
electromagnéticas, atenuações muito reduzidas, permitindo
ligações e dezenas de quilómetros sem amplificadores,
cabos com diâmetros menores, mais leves e flexíveis, o que
conduz a uma diminuição dos custos de colocação e
montagem.
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Desvantagens

 Fragilidade das fibras ópticas: deve-se ter cuidado ao


trabalhar com as fibras ópticas pois elas partem com
facilidade.

 Dificuldade de ligações das fibras ópticas: por serem de


pequeníssima dimensão, exigem procedimentos e
dispositivos de alta precisão na realização de ligações e
junções.

 Alto custo de instalação e manutenção.

 As interfaces de fibra óptica são mais caras do que as


interfaces eléctricas.

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