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Deixis e Referencia Deictica Alunos
Deixis e Referencia Deictica Alunos
▪ flexão verbal:
pessoa – número
A dêixis (palavra importada do grego antigo, com o significado de “acção de mostrar” ) é uma
das formas de conferir o seu referente a uma sequência linguística, situando um enunciado no espaço e/ou
no tempo em relação ao enunciador.
É uma forma de designar o tipo de relação referencial que se estabelece entre uma expressão linguística
( dita deíctica ) e um elemento da situação de enunciação. O modelo deste tipo de referência é o signo
eu, que designa, no enunciado, a pessoa que diz “ eu “.
A dêixis designa o conjunto de palavras ou expressões (expressões deícticas) que têm como função
‘apontar’ para o contexto situacional. Deste modo, essas palavras ou expressões, ao serem utilizadas num
discurso, adquirem um novo significado, uma vez que o seu referente depende do contexto. Por outras
palavras, a dêixis pode ser definida como o conjunto de processos linguísticos que permitem inscrever no
enunciado as marcas da sua enunciação, que é única e irrepetível. Assim, assinalam o sujeito que enuncia
(locutor), o sujeito a quem se dirige (interlocutor), o tempo e o espaço da enunciação.
O sujeito da enunciação/locutor é o ponto central a partir do qual se estabelecem todas as coordenadas do
contexto: eu é aquele que diz eu no momento em que fala; tu é a pessoa a quem o eu se dirige; agora é o
momento em que o eu fala; aqui é o lugar em que o eu se encontra; isto é um objecto que se encontra
perto do eu, os tempos verbais indicam um tempo anterior, simultâneo ou posterior ao momento da
enunciação (ex.: escrevi, escrevo, escreverei). Com efeito, é o sistema de coordenadas referenciais
(EU/TU—AQUI—AGORA) da enunciação que possibilita a atribuição de sentidos referenciais.
“A própria palavra dêixis, pelo seu sentido etimológico, está associada ao gesto de “apontar”.
No primeiro enunciado, eu significa Joana, enquanto, no segundo, eu significa Pedro, tal como o
pronome pessoal te do primeiro enunciado. Também o deíctico amanhã só pode ser correctamente
interpretado com conhecimento do dia em que decorreu este diálogo, uma vez que significa sempre o dia
seguinte ao da enunciação. Do mesmo modo, o advérbio aqui apenas pode ser definido conhecendo o
local da enunciação. Finalmente, sufixos flexionais de tempo-modo-aspecto e pessoa-número indicam,
neste caso, simultaneamente a pessoa e o tempo verbal: o tempo utilizado (presente do indicativo) indica
uma acção que decorrerá num futuro próximo ao do presente da enunciação.
Assim, a interpretação deste enunciado requer o conhecimento das coordenadas AGORA-AQUI, caso
contrário, a comunicação revela-se ineficaz. O mesmo acontece em relação à coordenada temporal num
cartaz em que se omitiu a data a que se refere hoje:
Os deícticos inserem-se em diversas categorias gramaticais, adquirindo sentido pleno apenas no contexto
em que se emitem. Assim, pertencem à categoria dos deícticos:
— os pronomes pessoais;
— os pronomes e determinantes possessivos;
— os pronomes e determinantes demonstrativos;
— os advérbios de lugar e de tempo;
— os tempos verbais;
— alguns vocábulos, como ir / vir (movimento de afastamento / aproximação em relação ao espaço em
que se encontra o locutor e interlocutor, respectivamente).
Dêixis espacial — assinala os elementos espaciais, tendo como ponto de referência o lugar em que
decorre a enunciação. Ou seja, evidencia a relação de maior ou menor proximidade relativamente ao lugar
ocupado pelo locutor. Cumprem esta função os advérbios ou locuções adverbiais de lugar (ex.: aqui, cá,
além, acolá, aqui perto, lá de cima, etc.), os determinantes e pronomes demonstrativos (ex.: este, essa,
aquilo, o outra, a mesma, etc.), bem como alguns verbos que indicam movimento (ex.: ir, partir; chegar;
aproximar-se; afastar-se, entrar, sair, subir, descer, etc.).
— Vamos até ali... — convidou, implorativo, o Leonel, perdido pela namorada.
— Ali, aonde? — perguntou ela, sem forças para resistir.
— Ali adiante...
(M. Torga, Novos Contos da Montanha)
Dêixis temporal — localiza, no tempo, factos, tomando como ponto de referência o “agora” da
enunciação. Desempenham esta função os advérbios, locuções adverbiais ou expressões de tempo (ex.:
amanhã, ontem, na semana passada, no dia seguinte, etc.) e sufixos flexionais de tempo-modo-aspecto
(ex.: falarei; faláveis, etc.).