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4 de novembro de 2017
Resumo
Estudamos neste relatório o famoso experimento de Franck-Hertz. Foi possível verificar que os átomos
de mercúrio absorvem energia em múltiplos de aproximadamente 4, 93[eV ] apenas analisando gráficos
de corrente por tensão para temperaturas e tensões de desacelerações específicas.
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Grupo 3 (Verde) • F - 740 B • Prof. R. Urbano
K = eEl
Figura 3: Níveis de energia do mercúrio relevantes para o experi- iii. Equação de Van der Waals
mento. Fonte: [4].
Por estarmos lidando com um gás de mercúrio, a hipó-
Quando excitado, um elétron no estado 6s pode ir ao tese de gás ideal pode não ser uma boa ideia e, portanto,
estado 6p. Por conta do acoplamento spin-órbita, estes usaremos a equação de estado de Van der Waals para
estados se desdobram em 4: 3 P0 , 3 P1 , 3 P2 , 3 P3 e 1 P1 . analisar o experimento.
Os estados 1 P1 e 3 P1 são estados estáveis, com meia-
vida da ordem de 10−8 s antes de decair para o estado an2
1 S . Os estados 3 P e 3 P são estados metaestáveis, e (P + )(V − nb) = nRT
0 2 0 V2
suas meias-vidas são de 10−3 s, ou seja, 105 vezes a
de um estado normal. Portanto, a probabilidade das a Hg = 8.200[ L2 .bar.mol −2 ]
transições 3 P2 ou 3 P0 ao 1 S0 são 105 vezes menores que
as dos estados 1 P1 e 3 P1 ao 1 S0 . b Hg = 0.01696[ L.mol −1 ]
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III. Resultados, Análise de Dados e • Para uma tensão de desaceleração fixa (no nosso
Discussões caso, Vd = 1, 408[V ]) o aumento da temperatura
diminui a corrente.
Duas análises foram feitas: primeiro fixamos a tem- • A diminuição da tensão de desaceleração faz com
peratura e variamos o potencial de desaceleração Vd que haja um tipo de "off-set" na corrente, i.e., o
entre a grade e o ânodo para oito valores diferentes, gráfico não cruza mais o valor I = 0[nA];
como podemos ver na Figura 4; e numa segunda análise • O aumento da tensão de aceleração não causa um
fixamos um potencial de desaceleração e variamos a aumento monotônico na corrente.
temperatura, como podemos ver na Figura 5. • A distância entre picos é, aparentemente, cons-
tante.
• Há, aparentemente, algum tipo de transição de
fase relacionado ao movimento dos elétrons no
gás entre Vd = 0, 707[V ] e Vd = 0, 144[V ] visto
que a translação dos picos de corrente muda de
direção. Em outras palavras, de Vd = 3, 000[V ] até
Vd = 1, 249[V ] os picos transladam para a esquerda
e, a partir de Vd = 0, 707[V ], transladam para a
direita;
N
1
∆T =
N ∑ ∆j ⇒ ∆ T = 4, 93[V ]
j =1
Figura 4: Curvas de corrente por tensão de aceleração para diversas Como os valores das distâncias médias da Tabela 1
tensões de desaceleração.
são próximas ao valor da média total, isso mostra que
temos um desvio padrão baixo e, portanto, a distân-
cia entre os picos é aproximadamente constante. Isto
nos mostra uma característica quântica da matéria: não
basta apenas darmos energia para aumentarmos a cor-
rente, mas sim múltiplos de aproximadamente 4,93[eV].
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justificativa estatística disto é: estamos aumentando a (que antes eram de aproximadamente 185.91[nm] e
entropia, i.e., quanto maior a temperatura do sistema, 255.14[nm]) para valores mais próximos de 400[nm],
menos ordenado estão os elétrons e, portanto, a corrente i.e., a cor azul. Porém, espalhamento Comptom va-
líquida no ânodo é menor. Poderíamos dizer também ria o comprimento de onda incidente por, no máximo,
que há mais vapor de mercúrio em temperaturas altas, δλ ≈ 5[ pm], sendo impossível alcançar os 400[nm].
i.e., uma densidade maior, aumentando, assim, a sessão
de choque dos elétrons. Uma terceira e última explica-
ção seria a diminuição do livre caminho médio com o
aumento da temperatura:
k T V 2 (V − nb) A
l= √b 2 ∝ (1 − ) −1
2πd0 [nRTV 2 − an2 (V − nb)] T
an2 (V − nb)
A= > 0T
nRV 2
Logo:
dl −A
∝ >0 ∀T
dT ( A − T )2 Figura 6: Franjas dentro da câmara do experimento de Franck-
Hertz.
O "off-set" gerado pela diminuição de Vd é esperado
pois, novamente, mais elétrons chegam ao ânodo. De Uma outra tentativa de explicação, visto que efeito
maneira mais didática temos que para tensões de desa- Compton esta fora de questão, é aceitar que, de fato, as
celeração altas existem dois conjuntos de elétrons: os transições calculadas estejam corretas e que as franjas
que tem energia comparáveis as energias de transição azuis sejam devidas a outras transições. Portanto, as
do átomo de mercúrio e os que não tem. O primeiro franjas azuis aparentemente discretas na Figura 6 são
conjunto é o único que consegue alcançar o ânodo e na verdade contínuas, intercalando entre emissões ultra-
por isso há corrente apenas em torno dos picos. Con- violetas e visíveis. Fótons na cor azul são emitidos em
forme diminuímos a tensão de desaceleração os elétrons transições como 73 S1 ⇒ 63 P0 e 73 S1 ⇒ 63 P1 explicando,
que não tem energia para excitar o átomo de mercúrio assim, tanto as franjas quanto os comprimentos de onda
conseguem ao menos alcançar o ânodo, contribuindo, calculados [5].
assim, para o aumento da corrente.
Ao olharmos para o sistema observamos a presença
de franjas azuis, como podemos ver na Figura 6. Como IV. Conclusões
já mencionado, existem duas transições estáveis entre
Com este experimento foi possível verificar proprieda-
as quatro primeiras no átomo de mercúrio, são elas
des quânticas da matéria devido à transições eletrônicas
∆E = 6, 67eV e ∆E = 4, 86eV. O comprimento de onda
do átomo de mercúrio em múltiplos de aproximada-
do fóton emitido pelos elétrons destas transições são:
mente 4, 93eV, favorecendo o modelo atômico de Bohr.
λ(6.67eV ) ≈ 185.91[nm] λ(4.86eV ) ≈ 255.14[nm] Esses múltiplos parecem não variar de pico pra pico,
pelo menos na região medida.
Ambos os valores estão fora do espectro visível. Ten- Verificamos também que a diminuição da tensão de
tamos explicar tal discordância com o espalhamento desaceleração nos leva a um comportamento mais pró-
Compton: ximo do clássico pois as oscilações na corrente se en-
fraquecem. O mesmo não se pode concluir caso au-
h
λout = λin + (1 − cos(θ )) mentemos a temperatura, pois este apenas causa uma
me c
diminuição na corrente medida.
Os fóton emitidos pelas transições eletrônicas não Durante todo o experimento nota-se franjas azuis
chegam diretamente ao nossos olhos pois existe uma dentro da câmara devido a transições do átomo de
nuvem eletrônica ao redor deles. Esta nuvem faz com mercúrio. Verificamos que estas transições não são as
que os fótons percam energia por espalhamento e, por previstas antecipadamente, i.e., as primeiras transições
consequência, aumentem o seu comprimento de onda permitidas mas sim transições devido a elétrons menos
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