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ffir
O narrador
Consideraçõersobre
a obra de Nikolai Lcskov
I
D
l or mais Íamiliar que seja seu nome, o narradoanão
estâ de Íâto píeseífe entre nós, em sus atualidade viva. Ele é
alSodc distante,e que se distarÌciaainda mais, Descreverum
Lrskov* como narrador não signiÍicalrazê-lô mais perto de
nós, c siÍn, pelo contráÍio, aumentara distânciaqu€ oos se-
pâra dele. Vistos dc uma ccrta distância, os trâ{os grandes e
simplesque câraateriz&mo na!!ado! se destacamnele. Ou
meìhot,essesttaçosaparecem,comoum tostohumanoou um
corpo de Ànimâl apârcc€mnum rochedo, para um observador
localizadonuma dirtencia apropriadae nüm engulo Íavorá-
vel. Uma experiênciaquasecotidiananos impõe a exiSência
dessadistânciae desseângulode obscrvação. Ë a experiência
de quc a arte delarrar estáem vias de e{tinção.Sãocadayez
maisrarasaspessoas quesabemDarrardevidaÌneflte. Quando
',-,r,ffiãffËffitrffi
lre_mlr_o tem se
g*H*tr*ffd*Hffi
concomitenteÌnerlecom tooa uma evoluçãose.
/o€senvotvtdo
lcurârdastorçasprodutivas-
.gff*,lffiffi
,or^9 de prosa _ contosãe fada,
::-ïï t"nO"s e-rn-uìrnï
-j que ete.ncm procededa tradção
:::::
aumenE._b.lese,dktirgue. especiaimenle, oral nem a
Ìr-aÌÌado._ da n4rrativa. o
reriraa".rp".icn.l"'o qu" .]; ;;"",'
rï:";róï.;
:lTTr.3 * a relatâdâpelosoÌrtros.t :ncorpora
experiência ascorsas
::-rT"* l dosseusouvinrcs. O ,n."r";.ru-r"-
A origem
Srega-se, doromance éo
pldemais faìarexemplarlnente individuo isolaau,quenao
sobresuaspreocupaçóes mais
mpo antese que não aecebeconsejhosneíh sabedá-los.Es_
significa,.nadescriçãode urn, ,iãn
maía,ìevaÍ
*:ï::-:11""
o.income;ilà';,:"*;i(il;',i;ìlli",i"ï_ lu_
q_ueza.dessa
vjda e na descriçãodessariqueza,
a proÍundaperplexidadede quem vlve. ; ;;;;;;
a_ouncra
grandelivro do gênero.Dorr â O primejÌo
ru* ffi+*ffiru
errixori. o
j:i:-9",_"
jl,"r:.::ii;;;Ë;ï:i.ldïïXï.#..iïïï;
n-obresheróisda"lireraìrr", ; ;;id,";;;;f;'"ëH:ì,
sernoe não contêma Ínenorcentelha àï:
de sabedoria.euanjo
no_correrdos séculosse lentouocasionalmante
umnome: rncluir no ro-
sabedoria.
A mance afEumensinamento_ tztwp.
".ü;ffi,li'lï:i,';ï."1fi;ïï:ï:.1"# w,tà^"iliìï"iiiïiii,n,"'ï:ài,::ï!ï"::;il:::,:):
^ ^
wuhetm Meìskr) _, essastenrativas
fe\ulraratn semprenn
7D2 WALTERAEMAMIN
MAOIA E ÍÊCNICA' AR1E E POLITTCA
transÍoÍmaçãoda prôpriâ ÍorÍÍra roman€sca.O rornancede Mi:
Íotm ç^o (Rinduhgsrornan),por outro lado, não sê afasta vâlidamesmoquenãoÍossecontrolávelp€lae'::Í':Íiên:ia.' de
inlot."çao ãspiraa uma verlficação iÍnediata Anles
absolutamente da estruturafundamenlâldo romance.Ao in- " "em si e para si"'
tegraÍ o proc€ssoda vida social rla vida de uma pessoa,ele Ã"ii ela p-rtcisaser compreensível
üuitas ""a",
vezcsnããé maisexâta que os relatos antigosPorém'
juslifica de modoo(tremamenteÍrágil as leisque determinam ao miracu'
tal processo,A legitimação dessasleis nâda tem â ver com sua .;;;;;t" ;;;i"i;s reconis; ÍÍ€qüentementc
seja plausi'el Nissoela
realidade.No romancede Íormação,é cssainsuficiênciaque iárïlãiLirtiii"l""t quea iníor$açtro da nar'a-
ãincompatível como espíritodaoarativa Se a a'te
estána baseda acão, é decisivâmenle Íes'
tiìãì'ftó" i*"' oittsãoda informaçlo
ponsâvel "
Poressedeclíario.
' notíciasde todoo mundo'E' no
6 èadamanfrarucebemos
hittóti"t tu-'""ndentes A razãoé
"nr"ì,ïïo.ã'poüÃirn
dueoslatosiá noscheBam lcompannadoc dêcxplicâções Em
I Devemosimaginãr a transÍoÍmaçãodas Íormas épicas estâa serviçodâ
;;;;;;;ì;;;, q""* nadado queacontece
lsegundoritmos comparáveisao6 que presidiÍam à tÍansfor.
ià..ati"a. e quas.t,Ooestáa seÍriçodâ iníorm-ação !!9qì:
I maçãoda cros(alerrestreno decorrerdos milênios. PoucasI em.evitar expücações Nltso ksKov e
I lorrnasde comunicaçàohumanaevoluiramrnoislentameotee I o da atte narr;tivaestá A ásuio
- ;âA;iãilÌF"n...oi em ieitos Cr.,mo A froude, an
lse€rtinguiram maislentamenle,O Íomance,cujosprimórdiosI e o múÀculoso sãonarradoscoma
remontamà AntiSuidade,pÍ€cisoude centenâsde anoi para ïioïiij o
encontraÍ, na buÍguesiâ ascendente,os elementoslavoráveis a íãúi"""tiãaó, mas o cooteío psicolôgicoda ação não é
"*tr^"rai"ório
seuflor€scimento. Qu4Ídoesseselementos surgúam,a ÍaÍaa- ìÃootto uo f"itot. pt" é liÍÍ€ paraitrterpr€tar a históÍia.como
oute,. issoo episódionarÍado aúngc uma ampll[uqe r r I
tiva começoupoucoa poucoa tornar-searcaica;sem dúvida,
" "ot
ouenãoexistena informa{ão.
ela seapÍopriou,de múltiplasfoÍmas,do noyocont€údo,maj 'ì..',1 'r''"'*'"-'
não foi determinadaverdadeirameote por ele. Por outrc lado,
verificamosquecom a consolidação da burguesia- da qual a
imprensa,no alto capitalismo,é um dos instrumento6mait 7
imporlantes- destacou-se uma lorma de comunicaçãoque,
por rnais antigas qu€ Íossemsuâsori8ens,nunca hâvia in-
kskov ÍÍeqúentoua escolâdosAntigos O pÍimeiro naÍ'
fluenciadodecisivahentea íorma épica. Agora ela exerce .aaor cieco foi Heródoto No capituloXtV do terc€irolivro de
essainfluência. Ela é tAo estaadhaà naÍrativa como o Ío- ri"i lii"rZa"t ãt.-tÍamos um relalo muilo inslrutivo seu
mance,masé lnaisameaçadorae, de resto,provocauma crise i"Ã ã i..m-.nit. Quando o rei egipcio Psammenit loi deí-
no própaioromance.Essanovaforma d€ comunicaçãoé a in- rotado € Íeduzido ao cativeiro pelo r€i persa Câmbises, este
Iormacão. que Psam-
iesot"eu hurnithar seu câtivo. Deu ordens para
Villemessant, o fundadoÍ do .F4oro, caÍacterizoü â es- passaria triuníal dos
mcnit fosseposto na rua em que o cortejo
sênciada inrormaçãocom uma fómula Íâmosa."Para meus persôs.Organizou ess€cortejo de modo que o prrslonelÍo
leitores",costumavadizer,"o incêndionum sótãodoQuartier
Itràesseverlua Íilha degadadaà condiçãode criada, indo ao
Latin é mais importanteque uma rcvoluçãoem Madri." Essa poco uÍn jarro, Para buscaÍ áÊua Enquanto todos os
Íórmula lâpidaamostm clamm€nteque o saber que vem de Psammenitíicou
-ínsetarnãnt"naócomessèespetáculo,
ãoiocios
longe encontra hoje menos ouvintes que a informação sobre síÀcioso e imóvel, com os olhos no chão; e, quândo logo em
acont€cimentos prórimos.O saber,que vinha de loíge - do caminhando no coÍtejo para ser execu'
s€ruidaviu seu Íilho,
longe espacial das terral eslÌanhas, ou do lonSe temporal taão, continuouirnóvel.Mas, quando viu um dos seÚsseÍv'
contidonâ tÍadição-, dispunhade uma autoridodeque era dores,um velhomiserâvel, na Íila dos cativos, golpeoua ca'
b4 WÀLTER BEN'ÀMIN