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AO E ENSINO RTE DO BRASIL Copyright) Josemie Almeida Barros, Marcelo Fro, Suly Dulce de Casio, 2018, A reprodugio nio autorizada desta publicacio, por qualquer meio, sja total ou parcial, constitui violacao da Lei n°9.610/98. ‘A Edufimt segue o acordo ortogrifico da Lingua Portuguesa de 1990, em vigor no Brasil, desde 2009. A accitagio das alteragdes textuais e de normalizagio bibliogrifica sugeridas pelo revisor é uma decisio do autor/organizador Dados Internacionais de Catalogagio na Publicacto (CIP) Ficha Catlogsfendaborada pelo iotcso Jordan Antonio de Sours ~CRBI/2099 Coordenagio da EUFMT: Renilson Rosa Ribeiro Supervisiio Técnica: Ana Claudia Pereira Rubio Revisio Textual e Normalizago: Jorge Alberto Lago Fonseca, Blizandra de Siqueira Diagramagio: Kenny Kendy Kawaguchi Imagem da Capa: Marcelo Velasco Grafica: Grifica 3Pinti ditora da Universidade Federal de Mato Grosso Fone: (65) 3313-7155 a tas erst Aas familiares, amigas ¢ amigos q aprendizagem, do ensino, da pesquis. re TeRRITORIO QuILOMBOLA VAo GraNDe: Aspects Historicos Francisca Ed Barbosa de Andrade Carvalho Suely Due de Casto Tetrodugao Ao longo da histétia do Brasil, os saberes relacionados as comuni ces quilombolas foram silenciados, com dor e correntes. Para fazer calar @participacio dos homens, mulheres e criancas que, como afirma Castilho R011, p.6 |, “implementaram ind eras aces cotidianas, cujos feitos ¢ no- es a Hist6ria oficial quase nunca registrou”. No entanto a resisténcia negra marcada por atos de coragem, demostrados por meio de insubmissio ealigdes de trabalho, revoltas, organizacées religiosas, fugas ¢ organizacio % sociedades alternativas como 0s mocambos ou quilombos, mecanismos & oposigio a estrutura escravocrata que se estabeleceu no Brasil Este estudo apresenta um recorte da pesquisa qualitativa, de cunho ogrifico, inttulada “Educacio Escolar Quilombola na Comunidade Bai- Barra do Bugr: s/MT: avangos ¢ desafios” vinculada a linha de pesquisa imentos Sociais, Politica e Educagio Popular do Programa de Pés-Gra sacio em Educacio (PPGE) da Universidade Federal de Mato. Grosso MT), cujo principal objetivo consiste em analisar em que medida e como «Escola Estadual José riano Bento realiza um projeto pedagégico alinha. stra em Educagio no Programa de Pés-Graduacio em Edueagio da Universidade al de Mato Grosso/UFMT. Membro do Niiclco de Educagio e Diversidade - NEED, NEMAT. Pesquisadora do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educagio Quilombola PEQ SProfessora do Departamento de ‘Teoria e¢ Fundamentos da Educagio ¢ do Progeama Pés.Graduagio em Educagio, crsidade Federal de Mato tuas afto-brasi mbola - GEPEQ inha de Pesquisa Movimentos Sociais e Educagio da 80. Pesquisidora sobre Quilombos contemporineos ras. Coordenadora do Grupo de Estudo e Pesquisa em Ealucagio do com a histéria das comunidades do territ6rio quilombola Vio. isendo comunicado, No pré: O recorte da pesquisa sobre o qual este estudo pretende se debrugs Saco do Territério Quill como objetivo refletit sobre os marcos de formacio da Comunidade B Quanto a organizacio textual, este estudo esté dividido em g S Quilombola Vao Gran artes, a primeira parte descreve os aspectos metodologicos nos qual Pp Ps P PS a q BS Territério Quilombola Vik Gas Araras, ha 80km da sed lamente 240km de Cui quisa foi realizada, a segunda parte apresenta uma breve contextual do Territério Quilombola Vio Grande, descreve ¢ analisa sua fo quarta e iltima parte apresenta as consideragdes finais das ideias e di . © ox Territério Quilombola s6es apresentadas neste estudo. cinco comunidades: Baix "© Retiro. E assim conhecida, Aspectoe Mesodolégieos pela comunidade externa, se Os trilhos de investigacio exigidos pela pesquisa qualitativa * Beiniciaram os processos d cacio Escolar Quilombola na Comunidade Baixio - Barra do Bugres pdacio Palmares (CARVALI avangos € desafios” se delineiam a partir da descricio densa da ethogs proposta por Clifford Geertz (2008). As “A Fe¥i0, onde esti localizada cenicas e procedimentos de @ Hadas belezas cénicas do Est tas de dados utilizados na pesquisa estio de acordo com os pressuposte SPescentes, ¢ plantas nativas. A Liidke e André (1986). 7 Se dos homens e mulheres que de preservar seus saberes sodos de vida: 0 das geandes | Para refletir sobre a histéria das munidades, entrevistamos idosos considerados como Guardides da Meméria, visto que as hist6 das Comunidades, por eles narradas, contribuem para fortalecer a id Se congregam o solo sagrado tidade cultural dos mais jovens. As informacées das entrevistas, fom 1 propria “vids! trianguladas com dados apreendidos na pesquisa bibliogrifica ¢ docum ‘A meméria coletiva dos mor: tal, nas certiddes de nascimento ¢ casamentos, no Instituto de Colon Semunidade: a) a presenca de $ io ¢ Reforma Agriria/Incra, no Instituto de Terras de Mato Gross © 0 primeiro morador da regi Intermat, no Diirio Oficial de Mato Grosso, na biblioteca do Musea fugidos, que formaram qui Indio, dentre outras fontes. stepassados, membros da fami Para a realizagao da anélise dos dados, a pesquisa, associou a Ai comum”, devoluta. Etnogrifica proposta por Geertz (2008) aos paradigmas da Anilise dé A seguir, nosso esforgo se cc tetido, Para Minayo (2007), essa anilise permite caminhar na descobertag ddas etapas mencionadas; é imp que esti por tris dos contetidos manifestos, indo além das aparéncias d Ectos hist6ricos relacionados aos que esta sendo comunicado, No préximo subtitulo apresentamos uma breve contextualizagio do Territério Quilombola Vio Grande. Territério Quilombola Vao Grande O Tertitétio Quilombola Vio Grande esta localizado no Complexo Serra das Araras, ha 80km da sede do municipio de Barra do Bugres-MT © aproximadamente 240km de Cuiabé. E importante esclarecer que “Vio Grande” ou Territério Quilombola Vio Grande é a regiio geogritica que congrega cinco comunidades: Baixio, Camarinha, Morro Redondo, Vaca Morta ¢ Retiro, E sim conhecida, tanto pelos moradores da comunidade, quanto pela comunidade externa, sendo a tiltima expressio, mais usada de pois que se iniciaram os processos de certifies s (CARVALHO, 2016). .Gio das terras que o compée, la Fundagio Palma A regi mais lind: iio, onde esté localizada o Territ6rio Vao Grande, tem uma das ss belezas cénicas do Estado, cons va intactos cinions, grutas, ios, nascentes, e plantas nativas. A Regio nbém guarda histérias € me mérias dos homens ¢ mulheres que ali vivem por séculos, em um esfor¢o continuo de preservar seus saber es € suas tradigbes. A py gem contrasta dois modos de vida: o das grandes fazendas, ¢ o das comunidades tradicio nais que congregam o solo sagrado do Tertitério Quilombola Vao Grande, para quem “terra” € a propria “vida”. A meméria coletiva dos moradores indica trés marcos de formagio da comunidade: a) a presenga de Silva Velho, a quem todos se referem, como 0 primeiro morador da regiio de Vio Grande; b) a presenca dos negros fugidos, que formaram quilombos na regiio de Vio Grande; ¢) os antepassados, membros da familia, pais, avés, bisavés, que ocuparam a terra comum”, devoluta. ‘A seguir, nosso esforco se concentra na tentativa de descrever cada uma das etapas mencionadas; é importante esclarecer que, em telagio aos aspectos hist6ricos relacionados aos antepassados, ater-nos-emos ao nticleo familiar constituido pelas Comunidades Baixio, Camarinha e Morro Redon- ceu, por isso ele veio fugido da m do, a fim de compreender a historia da Comunidade Baixio, lécus desta chamada Celidénia e fez morada pesquisa, A seguir buscamos descrever ¢ analisar a formacio do Tetritério Quilombola Vao Grande. Nas narrativas dos morad tramos ninguém que se arriscasse chegou a regiio, a presenca dele F comunidade também sugere in Aspectos Histéricos em Comum © imaginatio dos moradores das Comunidades Baixio, Camatinha, Foi o Silv Morro Redondo, Retiro e Vaca Morta se referem a “Silva Velho” como sen* & Barros do “o ptimeiro que chegou” na regiio de Vio Grande. Indimeras historias 73 anos) sio contadas sobre a sua vida, Sua presenga marca imagindrio dos mora: dores da regido. As narrativas se repetem em cada comunidade reafirmando. mae a presenga lendiria dele na formacio da comunidade: Com base nas informago primeiro que abriu foi Silva Velho [..] La perto do a pane Juzimar tinha um laranjal que era do Silva Velho e ia até abeira do rio JOSE AMBROSIO, 66 anos). a érvore genealégica da familia de' as drvores genealégicas, é situar 0 Grande, ¢ as Comunidades que a, Depois desse & que nés somos dessa descendéncia, Poi ctiando gente. Até que criou 0 meu pai, criou nés e nds esti vivendo até hoje, aqui dentro (MAXIMIANO, 73 das familias. Nessa primeira image Figura, 1: Fa anos) ‘Quem abriu primeiro aqui foi Silva Velho, a tapera dele = € pra li da Salobra, no tem a ponte da Salobra? Entio © ali era tratado de Silva Velho, s6 que nem eu nio lembro, 1é, Intonsse ele abriu aqui, nfo tinha ninguém (CONS- ‘TANTINO, 90 anos). Fonte: Elaborada pela pesquisadora Nio hi, entre 0s moradores, quem nio conheca a historia de Silva Velho, ¢ 0 imenso laranjal que ele plantou. Ha quem diga que cle virava lobisomem e tinha os olhos vermelhos como fogo, Outros afirmam que ele chegou fugido, buscando esconderijo em meio as serras, nas distantes terras No entanto, apesar de todas devolutas; outros acteditam que ele tenha sido um bandeirante, que passou ‘Velho, néo encontrei registros docu nessa regiio: “Do Silva Velho, diz que ele virava lobisomem onde ele cres 0s sobrenomes “Leite” e “Silva”, s¢j que formam a constituigio familiar o Redon= cus desta Territorio marina, 5mo sen historias os motae irmando perto do 10 in até éncia. Fol nds ends. ANO, 73 pera dele 3? Entio > lembro, (CONS. de Silva le virava 1 que ele es terns ele crest ceu, por isso ele veio fugido da mae e do pai. Entio casou com uma mulher ada Celidénia e fez morada aqui” (MAXIMIANO, 73 anos). [Nas narrativas dos moradores, nas conversas informais, no encon- tramos ninguém que se arriscasse a falar do periodo ou ano que Silva Velho chegou A regiio, a presenca dele parece ser mitica. Embora o imaginério da comunidade também sugere indicios da familia, formada pot Silva Velho: Foi o Silva Velho que abriu aqui, ele veio abriu aqui ¢ teve esses trésfilhos: José Cana Barros, Anacleto Leite de Barros, Francisco Leite de Barros (MAXIMIANO, 73 anos) Da mulher do Silva Velho, a gente s6 sabe o primeiro nome: Celidénia (CONSTANTINO, 90 anos). ‘Com base nas informagées, apreendidas nas entrevistas, organizamos a drvore genealégica da familia de Silva Velho; nossa intencio, a0 apresentar as arvores geneal6gicas, é situar o leitor no universo que forma a regio Vio Grande, ¢ as Comunidades que a constitui, a fim de lancar luz a formacio das familias, Nessa primeira imagem, vé-se a familia de Silva Velho: Figura 1: Fama de Silva Velho Fonte: Elaborada pela pesquisadora No entanto, apesar de todas as entrevistas Fazerem referéncia a Silva Velho, nio encontrei registros documentais sobre ele € sua familia. Embora os sobrenomes “Leite” e “Silva”, sejam os mesmos sobrenomes das familias que formam a constituigio familiar nas Comunidades Retiro e Vaca Morta. 13 ‘Outra curiosidade relacionada aos sobrenomes dos primeiros mo- radores das Comunidades Retiro e Vaca Morta é que 0 primeiro explora: dor de poaia, que chegou ao municipio, chamava-se “Pedro Torquato Leite da Rosa” ¢, conforme as entrevistas realizadas, os sobrenomes “Leite” “Rosa” denominam os moradores mais velhos, citados nas narrativas. Cabe reiterar, no entanto, que, apesar da hist6ria das Comunidades Retiro ¢ Vaca Morta serem muito dignas de anilise, nesta pesquisa, debrugar-nos-emos mais profundamente sobre a historia da Comunidade Baixio. Os Quilombos Quanto a existéncia de quilombos na regiio Vio Grande, as narrati- vas dos entrevistados sio uninimes em afirmar que, outrora, aquela regiio deu lugar 8 morada de pessoas que foram escravizadas e encontraram abrigo entre as serras. Quando a gente morou por li tinha os buracos onde cles faziam enterro de ouro, quando mudamos pra li cles jé tinham mudado pra outra terra, Ié tinha muito bburaco para enterrar ouro (ANA LIMA, 104 anos). Aqui, tinha os mucambos, nesse tempo era feito cerca com valeta (CONSTANTINO, 90 anos). Paula (1952), no Relatério da Comissio Rondon, escrito nos anos de 1941-1942, faz referéncia A existéncia do quilombo na regio: Este planalto estreita-se na altura da cabeceira do Jau- coara, formando na vertente oposta as escarpas onde se acham as eabeceiras do ribeiio Salobra Grande, pro- Tongando - se em cordio do lado do Jaucoata e de outro lado forma um labirinto de contrafortes 20 meio dos uais, se encontra 0 sitio chamado quilombo, nome este devido ao fato de ali terem vivido homiziados, protegidos pela inacessibilidade do terreno, muitos cativos foragidos (informes obsidos no proprio local) (PAULA p. 42, grifos meus). A Serra das Araras também bos, 0 que pode confirmar a pres de modo a influenciar a denomir serra: prime figuas do | pela linha ramal do ¥ cestende di diversos, das Arrai DON, 19 Terra em comum (Os moradores afirmam qui tuidas as comunidades, é “terra cc Meu pai nao exist mo, essa ‘meu pai q fala Berge que sai. au cexistia ni tudo com Nesse ten pai que al meu tio M com Tom abriram € (ANA, 10 Os documentos referentes tiro, no Incra ¢ na Intermat, atest nidades so devolutas, confirman s mo- plora- Leite ite” € Cabe » Vaca -emos arrati= regio abrigo s onde pra li ‘muito AA Serra das Araras também era conhecida como Serra dos Quilom- bos, o que pode confirmar a presenca de formagdes quilombolas na tegiio de modo a influenciar a denominasio, como os moradores se referiam a serra: Terra em comum © primeito desses conteafortes & aquele que separa as figuas do Rio Cuiaba das do rio Pataguay, atravessado pela linha tronco, adiante de Rosirio de Oeste, e pelo ramal do sio das Flexas, na Campina ¢ Jacobina, Elle estende de N. E. para 0 SO. tomando nomes locais diversos, como: Serra da Quitando, da Curupira, das Arras, do Quilombo, da Jacobina etc (RON DON, 1974, p. 416, grifos meus). Os moradores afirmam que a origem da terra, na qual foram consti- tuidas as comunidades, é “terra comum”, ou seja, as terras eram devolutas: Meu pai que abriu aqui, quando meu pai chegou aqui nio existia fizendeiro no mato grosso, nio tinha mes- mo, essa estrada que tem aqui que tio andando hoje, ‘meu pai que fez, entio eu fez dali da bocaina até li onde fala Berge, entio eu que abri e pra li tem outra bocaina ‘que sai atrés da serra pra li meu pai que abriu, mas nao cexistia ninguém, meu pai que abriu, aqui as terras era tudo comum (CONSTANTINO 90 anos) a Camarinha meu pai que abriu com meu avé, José Pio Rodrigues e com ‘meu tio Mané Legitio que € irmio do pai da minha mie, com Tomé dos Santos que é tudo irmandade. Fles que abriram esse trieiro até chegar pros lados de Carceres (ANA, 104 anos), Nesse tempo a terra era comum, Os documentos referentes ’is Comunidades Baixio, Vaca Morta e Re- nidades so devolutas, confirmando assim a informagio dos moradores. tiro, no Incra e na Intermat, atestam que as terras que constituem as comu: Estudos recentes afirmam que, por todo territério brasileiro, as co- munidades negras rurais se organizaram constituindo um campesinato ne ago. Silva (2015) afirma que a forma de acesso a terra, de maior protagonis- mo entre a populagio negra, foi a ocupacio de terras devolutas por familias negras durante ¢ apés a abolicio. Segundo o mesmo autor, muitas dessas comunidades negras rurais vém se autodefinindo como remanescentes qui- lombolas. De acordo com estudos recentes, a organizagio de campesinato rural é uma pritica comum principalmente no final do século XIX e inicio do século XX, como € 0 caso de 44 comunidades na Bahia (SILVA, 2015). Morro Esse parece ser 0 caso das Comunidades Baixio, Camarinha Redondo, Retiro e Vaca Morta, que se organizaram em terras devolutas, constituindo um campesinato negro no municipio de Barra do Bugres, onde vem permanecendo por mais de duzentos anos, resistindo a conflitos por ‘des que pudessem Ihes garantir a perma. disputa de terra, buscando sol néncia, até que, a partir de 2005, tiveram suas terras reconhecidas pela Fun, dagio Cultural Palmares. Gomes (2006) discorre sobre a existéncia de um campesinato, pre- dominantemente negro, constituido e articulado por libertos, mascates, es- cravos, taberneiros, lavradores, vendeiros, roceios, pequenos arrendatérios ides, alguns quilombos foram praticamente € quilombolas. Em muitas 1 identificados como comunidades camponesas. De acordo com Anjos (2009) as comunidades quilombolas emergi ram estio presentes neste momento hist6rico, apresentando uma visibili- dade no movimento do campesinato brasileito e dentro das demandas po- liticas e afirmativas e de reparagio social do Pais. Para 0 referido autor, esse proceso ocorre dentro de um contexto de luta politica, sobretudo de con- quistas e reinvindicagdes do Movimento Negro ¢ da Comissio Nacional de Articulagio dos Quilombos (CONAQ) e de uma rede de entidades negras organizadas e representativas com ages desde 0s anos 1980 em todo Brasil. De acordo com Dona Ana de Lima, 104 anos, quando sua familia iio tinha esse de chegou a regio de Vao Grande, a “terra era comum”, ¢ 126 comprar a terra”, Suas palavens cionar que, nas décadas finais di mais usual de acesso a terra em que no era utilizada nenh entrevista com o Senhor Const convivio com os fazendeitos € c forma tradicional de acessar a te Quando Gross0] endeie chegaran ano). A auséncia da cerca é ler dizem os guardides da meméria zendeiros ainda “nao existia no | simbolizar um tempo de outror dividualismo, mas, sim segurang por um projeto que no atende a auséncia da cerca, ¢ das alegrias meméria fazem lembrar as palav Malditas Malditas Que nos Malditas Amanbad Para amp E fazer d E escrave (CASALL comprar a tern Suas palavras so confirmadas por Silva (2015), 20 men: cionar que, nas décadas finais do século XIX e inicio do século a forma mais usual de acesso a terra era a ocupacio de terras’devolutas, perfodo em que niio era utilizada nenhuma categoria formal de acesso a terra. Na entrevista com o Senhor Constantino, 90 anos, ele retra convivio com os fazendeiros e com as cercas por el s trazidas, a mudanga na forma tradicional de acessar a terra e de se relacionar com ela: Quando meu pai abriu aqui, Cuiabs [capital de Mato Grosso] era uns barsaciozinhos de palha Nio tinha fa zendeito no Mato Grosso, Entio ai nesse tempo eta co- ‘mum nfo tinha cerca, nio tinh: da de cerca em parte nenhum. Aj era tudo comum depois que os fazendeiros chegaram, trouxeram as cercas (CONSTANTINO, 90 A auséncia da cerca é lembrada com carinho, “era tudo comum dizem os guardides da memoria, remetendo-si um tempo em que os fa- zendeitos ainda “no existia no Mato Grosso”. A auséncia da cerca parece simbolizar um tempo de outrora que nao havia, sobretudo, ambicio ¢ in- dlividualismo, mas, sim seguranga e partilha, que, no entanto, foi rompido pot um projeto que nao atende aos interesses da comunidade. Ao lembrar a auséncia da cerca, € das alegrias que existiam nesse tempo, os guardides da meméria fazem lembrar as palavras de Dom Pedro Casaldaliga: Malditas sejam todas as cercas! Malditas tc propriedades privadas Que nos privam de viver e de amae! Malditas sejam to Ami 8 a leis, hadas por umas poucas mios, Para ampararem cercas ¢ bois BE fazer da TERRA escrava E esceavos os homens (CASALDALIGA, 1978) Durante a realizagao das entrevistas € nas conversas informais, ob- servei uma queixa constante relacionada aos ‘onflitos pela posse da terra A presenca de grandes fazendas em meio ao tertitério pode desvelar um 2014, p.59) “as Comunidades que ali se estabeleceram, desde 0 século XIX, esto quadro de abuso e de apropriagio indevida. De acordo com Sih cercadas por fazendas, pois muitos dos antigos moradotes tradicionais fo- ram perdendo suas posses”. E importante ouvir a voz dos Guardides da meméria: Muito tempo depois o fazendeiro foi entrando né, nés pobre [Suspiros]. Ai o fazendeiro achow boca né, hoje 6 fazendeiro tomou. Nés temas mesmo, mas $6 que t4 dentro da fazenda dos outeos. Foi assim que foi tomado. ‘esse tempo nés nio sabia nem, nio tinha nem estrada pra banda da cidade. Foi tomando, tomando, tomando, hoje é fazenda pea toda parte (CONSTANTINO, 90 anos) Eu briguei oito anos para comecar esse papel, ai ele fa- Jou pra mim [..] 0 caminho € um s6 com fazendeiro € perigoso morte. [.] botaram sete vezes jagungo em mim e oito vezes policia por causa da terra. Ai a lei era deles (CONSTANTINO, 90 anos). Mas passamos um pouco de dificuldade sobre fazendei 10 essas coisas [.] Os fazendeiros, querendo toma aqui cle ia toma porque a gente nio tinha maior forca né e © fazendeiro passava ali, na porta da minha casa, todo dia e passava pra ca © passava pra li (MAXIMIANO, 73 anos), Os conffitos citados pelos Guardides da Meméria marcam a hist6ria da luta pela terra, que permeiam todas as comunidades quilombolas do mu- nicipio de Barra do Bugres ¢ regio. A expulsio dos quilombolas de suas ter- as é apenas uma das estratégias do grande capital para “exterminar” aqueles que de alguma forma se opdem ao seu projeto. Os registros de conflitos podem ser verificados também nas informagGes apontadas na pagina oficial da Secretaria de Politicas de Promogio da Igualdade Racial ~ SEPRIR, que, 128 em 30 de julho de 2009, noticiou o nidades Quilombolas Voltinha eV Estrela, nas proximidades da regi A dentincia apresentada no die es da Meméria do Territério Q faces de uma mesma moeda: O « as comunidades quilombolas brasi como € 0 caso dos pov indigens mentos /acampamentos de Reform A historia escravidio, cia ao pad terra, impe cendentes. sa regio manutenci tém constr terrae ao Jtas dos m CEB, p.16, Nesse universo de ameaga ¢ trocinado pelo capital, também é p no /do campo sio sujeitos a situa Aspectos Especificos na Format Em relagio aos aspects his cleo familiar, composto pelas Com Baixio, localizadas na margem dire municipio de Barra do Bugres, on marco mais antigo, retratado pela n de duas familias: Manoel Verissime deigues e Sabino Maciel com sua es hoje ye ti nado, trada ando, 0, 90) nde Lagu todo ANO, séria ster ueles flitos ficial que, em 30 de julho de 2009, noticion o conflito fundirio envolvendo as Comu- nidades Quilombolas Voltinha e Viozinho, situadas no municipio de Porto Estrela, nas proximidades da regio de Vio Grande. A deni apresentada no site da SEPRIR e as narrativas dos Guar- dides da Meméria do Territério Quilombola Grande revelam as muitas faces de uma mesma moeda: O cenario de ameaca e morte que envolve as comunidades quilombolas brasileiras e se repetem em outros territérios, como € 0 caso dos povos indigenas ¢ dos trabalhadores rurais em assenta- mentos/acampamentos de Reforma Agritia [A historia dos quilombos nao se limita a resisténcia & escravidio, Ela esti imersa nos processos de resistén- cia a0 padrio de poder, apropriagio, expropriacio da terra, imposto aos africanos escravizados € a seus des- cendentes. Os povos quilombolas tém consciéncia des- sa relacio persistente entre sua historia ¢ as lutas pela manutengio de seus tertitérios. Nessa tensa relacio, tém construido ¢ afirmado a sua consciéncia do direito 4 terra e 20 terrtério e, nesse sentido, aproximam-se das Iuras dos movimentos sociais do campo (Parecer CNE/ CEB, p.16, N":16/2012). Nesse universo de ameaga e morte provocado pelo latifiindio e pa- trocinado pelo capital, também é possivel constatar que os povos que vivem no/do campo so sujeitos a situagdes semelhantes, Aspectos Especificos na Formagio do Nucleo Familiar Em relagio aos aspectos histéricos especificos na formagio do ni- cleo familiar, composto pelas Comunidades Camarinha, Morro Redondo Baixio, localizadas na margem direita do Rio Jauquara, que pertencem a0 municipio de Barra do Bugres, onde fica a Escola José Mariano Bento, 0 ‘marco mais antigo, retratado pela meméria dos moradores indica a chegada de duas familias: Manoel Verissimo de Lima com sua esposa, Ana Paes Ro- drigues e Sabino Maciel com sua esposa, Serafina Maria da Cruz. Figura: 2/Familia Manoel V. Lima e Ana Paes Rodrigues FFonte: Flaborado pela pesquisadora © documento mais antigo sobre a origem das familias é o registro de nascimento de Dona Serafina Maria da Cruz, feito sob ordem judicial, © documento foi feito quando Dona Serafina faleceu. Como ela nio tinha nenhum documento, foi necessirio fazer o registro de nascimento para com le fazer 0 registro de dbito. Do casamento entre Sabino Maciel e Serafina Maria da Cruz nasce- sam sete filhos ¢ trés filhas. Figuex: 3/Familia Sabino Fate: Elborada pela pesquisadora Os primeiros casamentos fica: ram realizados entre os filhos de Mar constituidos com moradores de comut propria familia de Manoel Verfssimo de filha de Tucanto, irmio de Ana Paes primeiros niicleos familiares que povc Morro Redondo. Figura: 4/Famflia Sabino Fonte: Elaborada pela pesquisadors. Sobre os casamentos, o Sen nedito Porfitio de Maciel casou co porto estrela uns 18 quilémetros”; “que é do Viozinho”; A Brigida Vi gistro dicial, tinha nasce- Figura: 3/Famifia Sabino Maciel e Serafina Maria da Cruz Fonte: Eiborada pela pesquisadon, Os primeiros casamentos ficaram assim constituidos: seis casamentos fo: ram realizados entre os filhos de Manoel Verissimo e Sabino Maciel; seis foram constituidos com moradores de comunidades préximas; um foi constituido entre a propria familia de Manoel Verissimo de Lima, pois Constantino casou com a prima, filha de Tucanto, irmio de Ana Paes Rodrigues. A figura 3 revela a formacio dos primeiros nicleos familiares que povoaram as Comunidades Baixio, Camarinha € Morto Redondo. Figuea: 4/Familia Sabino Maciel e Serafina Maria da Cruz Fonte: Elaborada pela pesquisadora, Sobre os casamentos, 0 Senhor Constantino, 90 anos, afirma que Be- nedito Porfirio de Maciel casou com Saturnina, que morava “pra diante de porto estrela uns 18 quilémetros”; O Ingricio Maciel casou com Argemira, “que é do Viozinho”; A Brigida Vitiva Lima casou com Luiz Bom “gente do lado do coqueito”; A Inacia de Lima casou com Edmundo “que era gente do lado do coqueiro, era onde Davi Correia morava”. E possivel interpretar que, na medida em que os micleos familiares cresciam, dava-se inicio 2 novo processo de ocupagio do espago, de modo que assim se constitufram cada comunidade: Morro Redondo, Camarinha ¢ Baixio. Conforme assinala 0 Senhor Maximiano, 73 anos, a Comunidade Bai- xio foi formada, quando seu pai, José Mariano Bento casou com Maria Ei lilia de Lima e construfram a primeira casa do lugar que hoje é denominado Comunidade Baixio, A casa que abrigou o casal ¢ os filhos deles, também acolheu a escola, onde muitos ensaiaram as primeiras letras; ¢ depois de tes- temunhar tantos cantos ¢ encantos a casa se fez templo, lugar de adoracio. © casal morou por toda a vida na Comunidade Baixio, criou os filhos, ‘que foram casando € povoando essa parte da regiio de Vio Grande. Na ‘Comunidade Baixio, todos os moradores sito descendentes de José Mariano Bento ¢ Maria Eulélia de Lima, ¢ consequentemente sio também descen- dentes do casal Sabino Maciel Serafina Maria da Cruz; e do casal Manoel Verissimo de Lima ¢ Ana Paes Rodrigues. © Senhor Maximiano Bispo Bento, 73 anos, é morador da Comu- nidade Baixio, é casado com Dona Benedita, na Comunidade Baixio criou seus onze filhos. Muitos dos fillhos dele moram na Comunidade, alguns fo- sam embora para estudar e trabalhar, De acordo com ele, seu sobrenome € “Bento”, porque quando 0 seu pai, José Mariano Bento, foi registrado ele rio recebeu o sobrenome dos pais, Sabino Maciel ¢ Serafina Maria da Cruz, sendo ele 0 tinico dos onze filhos do casal que niio se chamou Maciel, devi- do a uma promessa. Dessa forma, os filhos de José Mariano Bento também receberam o sobrenome “Bento”. No siléncio da noite, 0 imaginario dos homens e mulheres quilombo- las vai se constituindo e fornece elementos essenciais para compreender as representagdes que cles tém do tertit6rio, As histérias que constituem esse imaginario coletivo também poden para garantir a permanéneia no lug: Consideragdes Os resultados da pesquisa de historia do Tetritério Quilombola venham permanecendo por mais de conflitos por disputa de terra, busca tira permanéncia, A histéria da con dos Guardides da meméria, que a fortalecem a identidade cultural dos os Guardides, quanto com as pesso de saber a hist6ria da comunidade. Quanto a formacio das com lam que o imaginitio dos morador comum, entre as cinco comunidade cespecificos, em cada uma delas. (Qu cinco comunidades, o imaginétio de va Velho, como primeiro morador « ©) a forma de quilombos na regi do em terra devoluta, Quanto aos aspectos espectfi Vio Grande, a meméria dos morad familiares, um em cada lado do Rio ponsével pela criagio das Comunic responsivel pela fundagio das Co Redondo. Em relagio aos aspectos his cleo familiar, composto pelas Com Baixio, © marco mais antigo, retrat ra gente imiliares le modo, arinha € ade Bai- aria Eu- minadé ambérn sde test oracio, s fithos, ide. Na Mariano descen- Manoel uns for fenome ado ele a Cruz, 1, devi- ambém ombo- nder as m esse imaginério coletivo também podem ser compreendidas como explicagdes para garantir a permanéncia no lugar e justificar sua formacio. Consideragdes Os resultados da pesquisa desvelam a auséncia de registro escrito da histéria do Tetritétio Quilombola Vio Grande, embora, seus moradores venha permanecendo por mais de duzentos anos nesta regio, resistindo a conflitos por disputa de terra, buscando solugdes que pudessem Ihes garan- tir a permanéncia. A historia da comunidade é preservada por meio da acio dos Guardides da memé s que a0 recontar a histéria das comunidades, fortalecem a identidade cultural dos mais jovens. Nas entrevistas tanto com os Guardi6« quanto com as pessoas mais jovens afirmam da importincia de saber a histéria da comunidade. Quanto a formagio das comunidades, em suma, os resultados re Jam que o imaginirio dos moradores, sugere que hi aspectos hist6ricos em comum, entre as cinco comunidades ¢ que ha, também, aspectos histéricos esp cinco comunidades, o imagindrio dos moradores indica: a) a presenga de Sil- ificos, em cada uma delas. Quanto 90s aspectos em comum entre as va Velho, como primeiro morador da regiio de Vio Grande; b) a existéncia de quilombos na regiio; ¢) a formacio de um campesinato negro organiza- do em terra devoluta, Quanto aos aspectos especificos entre as Comunidades da regiio de Vio Grande, a meméria dos moradores sugere a existéncia de dois nicleos familiares, um em cada lado do Rio Jauquara, sendo que o primeiro foi res- ponsivel pela criac io das Comunidades Retiro e Vaca Morta e 0 segundo, responsivel pi Redondo, fundacio das Comunidades Baixio, Camarinha e Morro Em relacio aos aspectos hist6ricos especificos na formagio do nt cleo familiar, composto pelas Comunidades Camarinha, Morro Redondo Baixio, 0 marco mais antigo, retratado pela meméria dos moradores indica a chegada de duas familias: Manoel Verissimo de Lima com sua esposa, Ana Paes Rodrigues ¢ Sabino Maciel com sua esposa, Serafina Maria da Cruz. Os filhos e filhas destes dois casais povoaram a regido iniciaram a formacio dos micleos familiares, composto pelas Comunidades Baixio, Camarinha ¢ Morro Redondo. A formacio da comunidade Baixio tem inicio, quando, José Mariano Bento (filho de Sabino Maciel e Serafina Maria da Cruz) e Maria Bulilia (fx Iha de Manoel Verissimo de Lima e Ana Paes Rodrigues de Lima) casaram e construiram a primeira casa do lugar que hoje € denominado Comunidade Baixio. Referéncias ANJOS, Rafael Sanzio Araijo dos. Tertitérios étnicos: 0 espaco dos quilom: bos no Brasil. In: SANTOS, Renato Emerson dos. Diversidade, espago ¢ relagdes étni- co-raciais: 0 negro na geografia do Brasil. 2. ed. Belo Horizonte: Editora Gutenberg, 2009. BRASIL. Parecer 16/2012 da CEB/CNE — Diretrizes Opetacionais para a Educagio Basica nas Escolas do Campo. Brasilia, DE. CARVALHO, Francisca Edilza Barbosa de Andrade. Educagio Escolar Quilombola na Comunidade Baixio - Barra do Bugres/MT: avangos ¢ desafios. 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