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LM77 Ce
LM77 Ce
Diretor Geral
Rafael Peregrino da Silva
Iniciativas criativas
rperegrino@linuxmagazine.com.br
Editores
Em tempos de computação em nuvem e computação móvel, confor-
Flávia Jobstraibizer me já escrevi alhures, há uma enxurrada de oportunidades para estabele-
fjobs@linuxmagazine.com.br
cer negócios bem sucedidos no mercado – algo que não se restringe ao
EDITORIAL
Kemel Zaidan
kzaidan@linuxmagazine.com.br mercado nacional, inclusive. Empresas “de garagem” nunca foram tão
Editora de Arte
Larissa Lima Zanini requisitadas como hoje. Há um gigantesco déficit na cadeia de produção
llima@linuxmagazine.com.br
de programas para dispositivos móveis, ao mesmo tempo que vários con-
Colaboradores
Alessandro Faria, Alexandre Borges, Alexandre Santos,
juntos de ferramentas e lojas de aplicativos bem estruturadas estão dispo-
Augusto Campos, Daniel Kottmair, Marcel Hilzinger,
Markus Junginger, Karsten Günther, Petros Koutoupis,
níveis (gratuitamente) para quem quiser criar e comercializar aplicativos.
Sebastian Kummer, Stefan Wintermeyer, Tim Schürmann. Seguindo o mantra do mercado capitalista moderno, a tônica de ini-
Tradução
Emersom Satomi e Michelle Ribeiro
ciativas em torno do desenvolvimento desses aplicativos é: procure uma
necessidade e atenda-a com excelência. Simples assim. O homem ho-
Editores internacionais
Uli Bantle, Andreas Bohle, Jens-Christoph Brendel, dierno, entretanto, NÃO sabe realmente quais são as suas necessidades,
Hans-Georg Eßer, Markus Feilner, Oliver Frommel,
Marcel Hilzinger, Mathias Huber, Anika Kehrer, especialmente no que tange a software. Assim, cabe ao desenvolvedor e/ou
Kristian Kißling, Jan Kleinert, Daniel Kottmair,
Thomas Leichtenstern, Jörg Luther, Nils Magnus.
ao empreendedor observar atentamente o comportamento de grupos de
usuários: eles vivem dando dicas sobre recursos que gostariam de ver em
Anúncios:
Rafael Peregrino da Silva (Brasil) seus sistemas, gadgets, celulares, smartphones, tablets etc., em redes sociais
anuncios@linuxmagazine.com.br
Tel.: +55 (0)11 3675-2600 e fóruns especializados em tecnologia. Muitas vezes, entretanto, eles não
Penny Wilby (Reino Unido e Irlanda) sabem o que querem, mas quando se deparam com “a coisa” funcionando,
pwilby@linux-magazine.com imediatamente alegam que era isso que “sempre” quiseram. Para quem
Amy Phalen (América do Norte)
aphalen@linuxpromagazine.com vive de tecnologia, como saber qual ideia vai “pegar”? Como identificar as
Hubert Wiest (Outros países) necessidades que nem mesmo os próprios clientes estão cientes de existir?
hwiest@linuxnewmedia.de
Diretor de operações Infelizmente (ou não), não há uma resposta definitiva para essa ques-
Claudio Bazzoli
cbazzoli@linuxmagazine.com.br
tão, mas existem várias “pistas”: primeiramente, vale a pena considerar
as necessidades básicas do ser humano no que tange à obtenção de
Na Internet:
www.linuxmagazine.com.br – Brasil informações. Como fazer para acessar o serviço de home banking para
www.linux-magazin.de – Alemanha
www.linux-magazine.com – Portal Mundial pagar aquela conta que vence hoje? Como obter os dados do balanço
www.linuxmagazine.com.au – Austrália
www.linux-magazine.es – Espanha
da empresa para aquela reunião em outro continente, quando os dados
www.linux-magazine.pl – Polônia armazenados no pendrive USB foram corrompidos durante o transporte?
www.linux-magazine.co.uk – Reino Unido
www.linuxpromagazine.com – América do Norte É meia-noite e as fraldas acabaram (em uma cidade de 10 mil habitantes);
Apesar de todos os cuidados possíveis terem sido tomados existe um serviço de disque-fraldas com entrega expressa nessa região?
durante a produção desta revista, a editora não é responsável
por eventuais imprecisões nela contidas ou por consequên- Se observarmos os exemplos acima, cada um deles é um proble-
cias que advenham de seu uso. A utilização de qualquer ma-
terial da revista ocorre por conta e risco do leitor.
ma clamando por uma solução simples de usar, confortável, intuitiva,
Nenhum material pode ser reproduzido em qualquer meio, flexível, sempre disponível e de baixo custo. Mais importante ainda,
em parte ou no todo, sem permissão expressa da editora.
Assume-se que qualquer correspondência recebida, tal como temos que nos despir de preconceitos e ideias preconcebidas, e pensar
cartas, emails, faxes, fotografias, artigos e desenhos, sejam
fornecidos para publicação ou licenciamento a terceiros de
de maneira criativa para resolvê-los.
forma mundial não-exclusiva pela Linux New Media do Brasil, Por outro lado, ocorre frequentemente que aplicativos despretensio-
a menos que explicitamente indicado.
Linux é uma marca registrada de Linus Torvalds. sos, que podem mesmo ser classificados na categoria dos “inutilitários”,
Linux Magazine é publicada mensalmente por: acabem por emplacar estrondosamente. Um exemplo clássico disso
Linux New Media do Brasil Editora Ltda.
Rua São Bento, 500
é um aplicativo simples para o Android e o iPhone chamado Talking
Conj. 802 – Sé Tom Cat, no qual um gato é capaz de repetir tudo que se fala para ele
01010-001 – São Paulo – SP – Brasil
Tel.: +55 (0)11 3675-2600 com uma voz engraçada, pode arranhar a tela do aparelho, tomar lei-
Direitos Autorais e Marcas Registradas © 2004 - 2011–:
Linux New Media do Brasil Editora Ltda.
te e receber carinho. Apesar de não ter nenhuma utilidade prática, o
Impressão e Acabamento: RR Donnelley programa é muito divertido, e sua versão paga já foi comprada milha-
Distribuída em todo o país pela Dinap S.A.,
Distribuidora Nacional de Publicações, São Paulo. res de vezes! Investir no desenvolvimento de aplicativos diferentes e
Atendimento Assinante divertidos, mesmo que aparentemente inúteis, é pensar criativamente.
www.linuxnewmedia.com.br/atendimento
São Paulo: +55 (0)11 3675-2600 São iniciativas como essa, que fazem o diferencial e podem levar ao
Rio de Janeiro: +55 (0)21 3512 0888
Belo Horizonte: +55 (0)31 3516 1280
sucesso. Aproveite a enxurrada de dispositivos móveis para dar asas à
ISSN 1806-9428 Impresso no Brasil sua criatividade: isso pode render mais do que você imagina!
CAPA
Práticos portáteis 35
Entre os dispositivos móveis, os tablets figuram no topo da lista
de desejos de quem deseja mobilidade com praticidade.
Galáxia portátil 40
Muitos encaram o Galaxy Tab da Samsung como o único
tablet páreo para o iPad em termos de qualidade e recursos.
Colocamos esse computador de 7 polegadas à prova.
Aplicativos em alta 43
A Intel quer uma fatia do bolo das lojas online de aplicativos
com seu AppUp Center, que mantém o foco nos netbooks
Android na bandeja 46
Por meio de algumas unidades para demonstração e vídeos no YouTube
durante a Consumer Electronics Show (CES), o Google forneceu um “tira-
gosto” da próxima versão do Android. Com o lançamento do SDK dessa
versão, há finalmente informações detalhadas a respeito do sistema.
6 www.linuxmagazine.com.br
Linux Magazine 77 | ÍNDICE
COLUNAS ANÁLISE
Klaus Knopper 10 Sob o olhar da Zarafa - parte I 56
Charly Kühnast 12
Zack Brown 14
Augusto Campos 16
Kurt Seifried 18
Alexandre Borges 22
NOTÍCIAS
Geral 24
➧ Projeto GNU quer criar alternativa ao Skype
Dificuldades para implementar uma solução de email na empresa
➧ Projeto Debian anuncia primeiro mirror security.
onde trabalha? A diretoria quer recursos avançados e anda sugerindo
debian.org da América do Sul até o MS Exchange? Aprenda como deixar seu diretor feliz com Linux!
➧ HP disponibiliza versão 2.1 do SDK do WebOS
Encolhimento digital 60
➧ Microsoft abre loja virtual no Brasil
A maioria dos discos rígidos possui dados duplicados
➧ Linux 2.6.38 tem aumento de desempenho ou até mesmo triplicados. O LessFS usa um método
sofisticado para remover esses rastros do seu disco.
REDES
Macio como manteiga 72 A partir da versão 2.0 do Android, os desenvolvedores agora têm acesso
à funções multitoque. Mas é preciso cuidado ao manipular a API.
SERVIÇOS
Editorial 03
O Btrfs tem conquistado especialistas, com Emails 08
recursos avançados como subvolumes, snapshots Linux.local 78
e redimensionamento dinâmico de volume. Preview 82
ro
ne
gje
nja
Permissão
sa
CARTAS
de escrita
Coluna do Charly Open VPN GTK
Dentre muitas coisas interessantes Sou leitor da Linux Magazine e Gostaria, em primeiro lugar, de pa-
nas edições da Linux Magazine, gostaria de sugerir artigos sobre VPN, rabenizá-los pela Linux Magazine.
estou sempre ansioso para ver qual mais especificamente abordando o Sou assinante da revista e gostaria
utilitário o Charly irá apresentar em OpenVPN e o OpenSWAN, suas de fazer uma sugestão de artigos
sua coluna mensal. Das muitas já características e diferenças. relacionados à programação GTK,
apresentadas (todas muito simples, Antonio Luis Navas Rodrigues. especialmente focado em linguagem
mas que facilitam muito a vida de C com GTK.
um administrador de sistemas), a Resposta Obrigado!
ferramenta CSSH (apresentada na Antonio, agradecemos a sua sugestão! João Vieira
Linux Magazine 75) me deixou O OpenVPN em particular é uma
eufórico. Extremamente poderosa, irá ferramenta da qual gostamos muito Resposta
me ajudar muito na administração de e costumamos abordar sempre Caro João, agradecemos a sua su-
servidores, switches, roteadores etc. suas novidades, seu uso e recursos gestão. Vamos procurar, em edi-
Parabéns Charly pelos ótimos artigos. em artigos da Linux Magazine. ções futuras, publicar mais artigos
Adriano Matos Meier Como exemplo, confira o artigo contendo programação com GTK,
“Segredos sem fio”, publicado na pois diversos de nossos leitores são
Resposta Linux Magazine 07 e que aborda desenvolvedores GTK e procuram
Realmente Adriano, a ferramenta a criação de túneis criptografados por este tipo de material. Aguarde!
CSSH é tão poderosa, que com OpenVPN. Certamente vamos
pretendemos abordá-la em artigos publicar mais artigos sobre esta
mais completos e abrangentes, fantástica ferramenta!
apresentando mais dos fantásticos
recursos que ela possui. Pode
ter certeza de que já estamos
trabalhando nisso!
8 www.linuxmagazine.com.br
Coluna do Augusto
Escolhas: cada
COLUNA
um tem a sua
Quando não há uma opção nativa e livre para GNU/
Linux de um determinado software, nada como uma
solução multiplataforma para contornar a situação. Com
sorte, podemos obter boas surpresas no final.
Q
uando se trata de escolher aplicativos para ado- populares tornaram bem mais difícil (mesmo quando
tar ou mesmo para receber apoio no desktop havia boa vontade específica por parte dos desenvolve-
baseado em GNU/Linux, as alternativas em dores e estrutura de suporte) transformar em realidade
código aberto contam com a simpatia e a pre- a promessa de aplicativos interoperáveis que instalem
ferência de quase todos os usuários. e sejam executadas com facilidade.
Ao mesmo tempo, a ausência de suporte a alguns Uma novidade relativamente recente que surgiu
aplicativos relativamente populares já foi uma expli- no radar e ainda não foi detectada por muitos, são os
cação frequente para a não adoção do desktop Linux aplicativos em Adobe AIR. O que é possível fazer com
– especialmente entre usuários que não são especial- eles é um pouco limitado, pois em sua essência um
mente sensíveis à questão da liberdade das licenças dos aplicativo AIR continua sendo uma web app (aplicativo
softwares que usam, e os escolhem com base em outras web), mas em compensação, a instalação costuma ser
demandas ou critérios de preferência. simples e o suporte ao Linux é natural, do ponto de vista
No que diz respeito ao atendimento das demandas do desenvolvedor.
deste contingente de usuários, e a sua possível adição Existem vários títulos interessantes feitos em AIR e
subsequente à fatia de mercado que representa a pla- já disponíveis para Linux. Os meus favoritos são o Twe-
taforma GNU/Linux (aumentando assim a atrativida- etDeck, um cliente para o serviço do Twitter, e o Zinio
de para mais desenvolvedores e prestadores investirem Reader, uma interessante implementação de assinatura
nela), a tendência dos últimos anos quanto a aplicati- e leitura de versões digitais de revistas impressas. Mas há
vos multiplataforma ou supra-plataforma é portanto vários outros conceitos interessantes sendo explorados:
bastante positiva. pesquise por nomes como Klok (gestão de tarefas), Sna-
Afinal, quando a camada superior da plataforma de ckr (um jeito diferente de acompanhar feeds) e outros
aplicações é o navegador web, o desktop Linux está muito títulos do AIR Marketplace.
bem servido, com versões nativas dos navegadores que Na minha opinião, nenhuma alternativa é melhor
há anos definem o conceito de aderência a padrões web, que bons aplicativos nativos – e se eles forem de código
desempenho e estabilidade. Assim, a popularização dos aberto, melhor ainda. Mas quando há ausência destes,
chamados aplicativos “da nuvem”, incluindo pacotes de a existência de suporte por modelos multiplataforma é
ferramentas para automação de escritório, comunicado- apreciada pelos usuários e, felizmente, às vezes também
res, agregadores etc., já serviu para tornar o sistema mais serve para estimular o desenvolvimento de equivalentes
palatável para uma parcela maior de usuários. em código aberto. ■
Os aplicativos Java também cumpriram em parte este
papel mas, como muitos usuários do sistema de Imposto Augusto César Campos é administrador de TI e, desde 1996, man-
tém o site BR-linux.org, que cobre a cena do Software Livre no Brasil
de Renda de Pessoa Física podem atestar, as diferenças e no mundo.
entre as configurações padrão das diversas distribuições
16 www.linuxmagazine.com.br
Coluna do Alexandre
Aprenda com o
COLUNA
boot do Linux
Entenda como o kernel Linux faz o endereçamento de
memória através das mensagens de boot do sistema.
T
alvez seja possível que o leitor nunca tenha pres- BIOS-provided physical RAM map:
tado atenção no boot do Linux e na riqueza de BIOS-e820: 0000000000000000 - 000000000009f800
(usable)
detalhes que o mesmo oferece, e que, ao mes- BIOS-e820: 000000000009f800 - 00000000000a0000
mo tempo, também apresenta algumas informações (reserved)
enigmáticas que podem não ter qualquer relevância
para a maioria dos usuários que utilizam o sistema Como o leitor já sabe através de seu auto-aprendizado,
operacional para produzir resultados. Entretanto, são processadores x86 têm dois modos de operação: Real e
muito importantes para aqueles que realizam trabalhos Protegido, sendo que no primeiro, o mesmo somente
relacionados ao kernel. pode acessar 1Mb de memória RAM e, logo em segui-
Existem muitas formas de examinar as mensagens ofere- da, esta operação é trocada para modo Protegido atra-
cidas pelo kernel durante o boot do Linux, sendo possível vés da função start_kernel() que se encontra em init/
utilizar o comando more /var/log/messages ou também main.c. Sugiro, caso não tenha o código-fonte do kernel
dmesg | more para tal. É evidente que tentar explicar todo em sua máquina, visualizar o mesmo em http://lxr.
o boot em uma coluna é algo impossível, porém podemos linux.no/linux/ ou ainda se quiser, pode obtê-lo usando
comentar um ou outro ponto aqui. Exemplos: a sequência (Debian ou Ubuntu):
# apt-get install git-core
# git clone git://git.kernel.org/pub/scm/linux/
Como o leitor já sabe através kernel/git/torvalds/linux-2.6.git linux-2.6
# git pull (apenas se estiver interessado nas
de seu auto-aprendizado, atualizações constantes do kernel)
processadores x86 têm dois Por isto, justamente enquanto o kernel está no modo
Real, ele utiliza (através do código em arch/x86/kernel/
modos de operação: Real setup.c) alguns serviços de interrupção da BIOS (no
e Protegido, sendo que no caso acima, serviço 15 e função 0xe820 – que dá nome
ao que o leitor lê na saída acima) para obter um mapa
primeiro, o mesmo somente da memória, que será utilizado pelo kernel [1]. É útil
pode acessar 1Mb de memória notar que o kernel aproveita esta passagem pelo modo
RAM e, logo em seguida, Real do processador para coletar diversas informações
e salvá-las inicialmente na primeira página física de
esta operação é trocada para memória (que é dividida, em geral 4096 bytes, defini-
modo Protegido através da do com uma macro em include/asm/page.h) para, mais
tarde, após chavear para modo Protegido, salvar estes
função start_kernel() que se dados nas estruturas de dados do kernel.
encontra em init/main.c. Por falar nas estruturas de dados do kernel, é provável
que você observe outras linhas interessantes no boot:
22 www.linuxmagazine.com.br
887MB LOWMEM available um endereçamento virtual mapeando algumas destas
Zone PFN ranges: áreas acima de 1Gb para regiões abaixo de 1Gb (neste
DMA 0x00000010 -> 0x00001000
caso já não há mais esta paridade um-pra-um com a
Normal 0x00001000 -> 0x000377fe
HighMem 0x000377fe -> 0x00080000 memória física e provavelmente seja usada as funções
kmap() ou ainda vmalloc()). Como dito antes, o uso comum
A memória é normalmente dividida em partes e jus- é para processos do usuário e não para o kernel em si.
tamente no momento do boot é que o kernel calcula Fica fácil perceber que algumas poucas linhas do
estas porções (que ele nomeia como sendo zonas). Esta boot do kernel nos trazem muitos conceitos, e destes,
zona mostrada acima (887 MB, que poderia ser qualquer surgem outros assuntos bastante reluzentes que podem
número entre 16MB e 896Mb) é utilizada pelo código trazer dicas de como o kernel funciona. No próximo
do kernel (função kmalloc()). Esta utilização é possível mês eu mostrarei outras pequenas curiosidades a res-
já que o kernel pode fazer um mapeamento um-pra-um peito do boot do Linux. Até mais. ■
do endereço físico da RAM para o endereço lógico do
kernel, apenas defasadas com um offset.
Mais informações
Como o próprio kernel, em sistemas x86, faz uma
divisão de 3Gb para processos do usuário e 1Gb para [1] Documentação sobre interrupções
ele próprio (o kernel x86 pode endereçar mais de 4Gb da BIOS: http://poli.cs.vsb.cz/
devido às extensões), esta diferença (1GB – LOWMEM) misc/rbint/ix/index.html
é justamente o quanto o kernel usa para suas estruturas
de dados (mencionadas acima).
Alexandre Borges (alex_sun@terra.com.br, twitter: @ale_sp_brazil) é Es-
A região que está abaixo dos 16Mb é para uso do pecialista Sênior em Solaris, OpenSolaris e Linux. Trabalha com desen-
DMA (Direct Memory Access) e de uso dos dispositivos volvimento, segurança, administração e análise de desempenho desses
ISA. A memória acima dos 896Mb é conhecida como sistemas operacionais, atuando como instrutor e consultor. é pesquisa-
dor de novas tecnologias e assuntos relacionados ao kernel.
HIGHMEM sendo que para o kernel utilizá-la é gerado
alternativa ao Skype
O projeto GNU anunciou planos para o GNU Free O projeto será construído sobre o GNU SIP Wi-
Call, que irá oferecer comunicação segura para o tch, um serviço de ligação e registro de protocolo
público em geral e deseja ser tão onipresente e SIP. Ao invés de utilizar qualquer provedor ou serviço
utilizável quanto o serviço de VoIP Skype. Os de- centralizado, isso permite múltiplos pontos encon-
senvolvedores afirmam que o aplicativo será livre, trarem uns aos outros e a se conectarem. O anúncio
gratuito e estará disponível em todas as plataformas, declara que atuar como uma rede VoIP organizada,
incluindo smartphones. sem nenhum controle central, permitirá que a rede
Ao contrário do Skype, este novo sistema utiliza- continue funcionando, mesmo que parte substancial
rá o protocolo peer-to-peer (ponto-a-ponto) SIP, que dela esteja isolada. O projeto está sendo coordenado
necessita apenas de uma rede simples. De acordo por Haakon Eriksen e projetado por David Sugar.
com o anúncio, ela adicionará uma dose substancial O anúncio encoraja a participação dos usuários e
de segurança à comunicação: não haverá necessida- sugere três formas de contato. A primeira é o site do
de de nenhum provedor centralizado de serviços e GNU Telephony. Há duas listas de email: a primeira
nenhum “protocolo binário secreto e inseguro que para o SIP Witch, sipwitch-devel@gnu.org, e a outra para
possa conter vulnerabilidades ocultas”. questões gerais e de projeto, a sipwitch-devel@gnu.org. ■
24 www.linuxmagazine.com.br
Gerais | NOTÍCIAS
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Você está com a cabeça nas nuvens?
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Nós também.
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Linux e a evolução
das espécies
A teoria da evolução das espécies aplicada ao Linux.
H
á algumas semanas eu estava demonstrando as brilhantes mentes trabalhando em sua evolução, mas sem
novidades do meu desktop Ubuntu 10.10 duran- dúvida, se olharmos para a árvore genealógica do Linux
te uma aula e um aluno me perguntou por que [2], veremos distribuições que entraram em extinção (Co-
cada vez que ele me encontrava eu tinha uma versão di- nectiva, Jurix, linux-ft etc.), outras que evoluíram de um
ferente de Linux instalada na minha máquina. A resposta ascendente comum como a RedHat, Suse ou Slackware e
seria bem simples se a pergunta não estivesse carregada algumas espécies que acabaram de nascer sem se basear em
com dúvidas sobre a maturidade do sistema operacional. outros sistemas como o Android, o QubesOS e o Quirky.
Não é novidade que sou um grande defensor do A beleza evolutiva do Linux se dá em razão da facilidade
GNU/Linux e, para responder a essa pergunta, não po- que cada um de nós possui em criar uma nova distribuição
deria ser diferente. A resposta é simples: assim como a que atenda a uma necessidade peculiar. O sistema ope-
evolução das espécies exige a adaptação dos seres para racional aberto, permite tanto a criação de uma interface
sobrevivência, a evolução das tecnologias também é movida a gestos, que facilitará a vida de deficientes físicos,
definida pela capacidade de resiliência do ecossistema. até a facilidade de adaptação para se trabalhar com aplica-
Se observarmos bem ao nosso redor, veremos mi- tivos multitouch ou multi-sensores sendo executados em
lhares de diferentes espécies, cada qual adaptada a um variados dispositivos conectáveis ou não a Internet. Alguns
ambiente diferente, com características diferentes, mas destes aplicativos ainda estão por existir, mas o mais fasci-
carregando códigos genéticos (kernels) muito parecidos. nante de tudo isso é a possibilidade deles mudarem vidas.
Podemos concluir que a teoria da evolução das espé- Da hereditariedade, mutação, recombinação genética e
cies de Darwin [1] nos mostra que força não é o fator transferência de código dessas distribuições surgirá, quem
essencial para a sobrevivência, muito menos inteligên- sabe em breve, uma espécie ultra-adaptável chamada Li-
cia. Para conseguir passar pela seleção natural e seguir nux-sapiens, com a única certeza de que a diversidade
em frente, a capacidade de adaptação é o que garante continuará a existir em prol da evolução darwiniana. ■
a sobrevivência das espécies.
Com o Linux, funciona da mesma maneira. O sistema
Mais informações:
operacional não é o mais forte – não do ponto de vista fi-
nanceiro – e não necessariamente precisa possuir as mais [1] Evolução: http://pt.wikipedia.
org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o
34 www.linuxmagazine.com.br
A invasão dos tablets
Práticos portáteis
CA
CAPA
APA
Entre os dispositivos móveis, os tablets figuram no topo da lista de
desejos de quem deseja mobilidade com praticidade.
por Flávia Jobstraibizer
A
evolução dos dispositivos portáteis multifuncio- Entre as opções impressionantes que o mercado de
nais cresce a olhos vistos. Desde os e-readers e tablets nos oferece atualmente, está o Samsung Galaxy
os primeiros tablets dos anos 2000, muita coisa Tab, que traz o Android – sistema operacional livre da
mudou. Nos tablets que atualmente invadiram o mer- gigante Google – como sistema operacional, e que por
cado, podemos encontrar recursos tais como: ler livros ser livre, é outro ponto decisivo no momento da compra
e revistas digitais, navegar na Internet, efetuar ligações de um destes dispositivos. Não deixe de conferir o teste
telefônicas, tirar fotos, escutar e armazenar músicas, realizado por nossa equipe neste excelente aparelho.
fazer videoconferências e muitas outras coisas. Programar para o Android, também é uma das faci-
Para os profissionais de tecnologia, os tablets que possuem lidades abordadas nesta edição, em um artigo que irá
sistemas operacionais livres são uma fonte inesgotável de introduzi-lo no mundo da programação Android para
diversão, conhecimento e informação, pois tais dispositivos tablets, agora em sua versão 3.0.
são abertos e configuráveis, além de permitirem uma am- Para quem deseja usufruir ao máximo da capacidade
pla gama de customizações e modificações personalizadas. do seu equipamento, obter aplicativos dos mais variados
O popular iPad está ficando para trás no que diz res- tipos certamente será um dos seus principais pontos de
peito às vantagens de outros tablets “abertos” do mercado. interesse. Sendo assim, não deixe de conferir o artigo so-
Isso se deve ao fato de que o popular e pioneiro tablet bre a AppUp Center, loja de aplicativos online da Intel,
da Apple não permite grandes modificações e possui di- que possui uma imensa variedade de softwares livres e
versos bloqueios que diariamente fazem com que seus comerciais para tablets, smartphones e netbooks.
usuários procurem opções livres – e menos burocráticas Se voce é mais uma entre tantas pessoas que dese-
– no mercado. Pensando nisso, nesta edição da Linux jam arduamente um tablet, ou um fã aficcionado do
Magazine, você vai conhecer diversas alternativas ao tablet que já possui, aproveite esta invasão!
iPad, das mais simples às mais rebuscadas. Boa leitura! ■
Matérias de capa
A guerra dos tablets 36
Galáxia portátil 40
Aplicativos em alta 43
Android na bandeja 46
TUTORIAL | VoIP com Asterisk - parte VI
Asterisk descomplicado
TUTORIAL
VoIP com
Asterisk – parte VI
O sistema telefônico ultrapassado, presente até pouco tempo atrás nas empresas, é prolífico
em cobranças: cada novo recurso ativado requer uma nova ativação de serviço, com o preço
adicionado ao pagamento mensal. É hora de mudar. É hora de criar sua própria central VoIP.
por Stefan Wintermeyer
N
a edição 76 da Linux Maga- trário, há mais de 20 anos, utiliza-se com valores mais em conta, entre
zine, apresentamos recursos ISDN em larga escala, mesmo em 10 e 30 euros, em leilões de lojas vir-
como controle remoto, es- pequenos escritórios. tuais. A questão sobre qual a melhor
tacionamento de chamadas e tem- Analogamente, o novo sistema As- placa ISDN não é tão simples de
porização com includes. Nesta sexta terisk deve ser conectado não apenas se responder. Ainda mais levando-
parte do tutorial, vamos abordar o como VoIP, mas também com ISDN. se em conta que uma placa de 30
universo dos ISDNs. Mãos à obra! Ele funciona tanto com placa ISDN, euros de uma pequena loja pode
como através de um modem ISDN, ser tão boa quanto uma de 1000
Beleza americana conectado em uma entrada USB euros de um estabelecimento espe-
A conexão entre o ISDN (Integrated do computador, quanto como uma cializado. Entre tantos fabricantes,
Services Digital Network ou Rede appliance ISDN-to-SIP. Vamos nos considera-se que o melhor produto
Digital Integrada de Serviços) e o limitar neste momento à sua variante se encontra em grandes lojas ou nas
Asterisk não pode ser considerada mais empregada, que corresponde melhores embalagens.
um caso de amor. Considerando à placas ISDN. Será útil o conheci- Uma diferença objetiva se en-
principalmente que o Asterisk é mento acerca do padrão ISDN [1], contra, certamente, no grau de di-
utilizado em linhas analógicas com e em particular sobre as diferenças ficuldade na instalação do driver.
cabos de cobre. E curiosamente aí entre BRI (Basic Rate Interface) e E a tendência é de que, quanto
está a origem do software. Ainda PRI (Primary Rate Interface). mais barata uma placa ISDN, mais
hoje a principal instalação do Aste- demorada é a instalação. Produtos
risk, nos Estados Unidos, se dá em Placas ISDN entre mais caros vêm geralmente com
linhas analógicas. Isso esclarece por-
que, para esse grupo de usuários, a
10 e 1000 euros scripts de instalação relativamente
melhores, baixados da Internet, que
tecnologia VoIP significa, em geral, Infelizmente há tantas placas ISDN rapidamente atualizam e finalizam
um grande salto de qualidade. Em quanto areia no mar – placas PRI a instalação mesmo de versões mais
muitos países europeus, pelo con- a preços exorbitantes e placas BRI antigas do Asterisk.
52 www.linuxmagazine.com.br
VoIP com Asterisk - parte VI | TUTORIAL
comentadas todas as linhas e entre, Para isso, será suficiente a seguinte exten => _X.,n,Dial(SIP/2000)
ao final, com os seguintes comandos: entrada em seu arquivo de configu-
rações extensions.conf: Na próxima edição da Linux Ma-
[isdn] gazine, você irá conhecer o funcio-
ports=1 [from-isdn]
context=from-isdn exten => 1234567,1,Dial(SIP/2000) namento dos telefones analógicos e
msns=* também sobre como trabalhar com
quando, por exemplo, você desejar fax. Até lá! ■
Nesse exato momento, reinicie que seu MSN receba as chamadas
o sistema com um shutdown -r now de seu telefone interno SIP.
Mais informações
para testar se o Asterisk e os drivers Caso você queira encaminhar
da placa foram inicializados perfei- todas as chamadas provenientes [1] ISDN: http://de.wikipedia.
tamente. Os quatro leds próximos de telefones internos, no contexo org/wiki/Integrated_
à porta ISDN da placa devem se [meu-telefone], que apresenta um 0 Services_Digital_Network
acender. Logo que o cabo for co- em seu começo, coloque a seguin-
[2] Digium B410P: http://www.
nectado à primeira porta ISDN, te linha no arquivo ``/etc/asterisk/
digium.com/en/products/
deve o seu led permanecer cons- extensions.conf@: digital/b410p.php
tantemente aceso.
[meu-telefone]
exten => _0X.,1,Dial(mISDN/ [3] Cancelamento de eco:
Olá, mundo ISDN! g:isdn/${EXTEN:1}) http://en.wikipedia.org/
Após a configuração da placa, deve- wiki/Echo_cancellation
mos testá-la com um “Olá, mundo!”, Observe que, para chamadas in-
como descrito na listagem 2. Quan- ternacionais, deve-se remover o :1
do qualquer sistema do tipo MSN e substituí-lo por um zero. Com o Sobre o autor
executar uma chamada para essa zero, normalmente utilizado para
Stefan Wintermeyer é o autor do
conexão, o Asterisk será acionado, identificar chamadas de telefones Livro do Asterisk, da editora Addis-
executará a frase “Olá, mundo!”, e fixos, há, porém, um problema: a son Wesley e primeiro DCAP (Di-
fechará, em seguida, o programa. listagem de ligações de seu telefo- gium Certified Asterisk Professio-
ne. Receba uma chamada por meio nal) alemão. Ele auxilia clientes, por
de sua rede ISDN, indique correta- meio da Amooma GmbH (http://
www.amooma.de), a implementar so-
mente o número da chamada em
Listagem 2: seu telefone SIP e o grave também
luções com Asterisk.
extensions.conf em seu telefone. Ao tentar retornar
01 [from-isdn] a ligação por meio da lista de cha-
02 exten => _X.,1,Answer() madas de seu telefone, ocorrerá uma Gostou do artigo?
rtigo?
03 exten => falha. A seguinte entrada, em seu
_X.,n,Playback(hello-world) Queremos ouvir sua opinião.
arquivo extensions.conf resolverá Fale conosco em
04 exten => _X.,n,Wait(1)
05 exten => o problema: cartas@linuxmagazine.com.br
azine.com r
_X.,n,SayDigits(${EXTEN}) [from-isdn] Este artigo no nosso site:
e:
06 exten => _X.,n,Hangup() exten => _X.,1,Set(CALLERID(num) br/ar /505
http://lnm.com.br/article/5050
=0${CALLERID(num)})
54 www.linuxmagazine.com.br
NOVO GUIA DE TI 2011
VoIP com Asterisk - parte VI | TUTORIAL
GUIA de TI 2011
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Realidade aumentada
ANÁLISE
A tecnologia da realidade aumentada,
além de fascinar qualquer ser humano,
é um assunto emergente. Neste artigo,
veremos seus princípios básicos.
por Alessandro de Oliveira Faria (Cabelo)
A
tecnologia de realidade au- ➧ Interatividade e processamento tiva de trabalhos de software livre são
mentada, é definida como a em tempo real baseados ou derivados da biblioteca
sobreposição, no ambiente ➧ Ser concebida em três dimensões. ARToolKit (figura 2), uma biblioteca
real, de objetos virtuais e tridimen- Meu primeiro contato com reali- livre escrita em C, desenvolvida pelo
sionais gerados por computador por dade aumentada teve início em se- Dr. Hirokazu Kato. Atualmente utili-
meio de algum dispositivo tecnoló- tembro de 2008, quando conheci o zada por pesquisadores do Laboratório
gico de videocaptura. Esta tecno- fantástico projeto Levelhead [1] criado Tecnológico de Interface Humana,
logia disponibiliza uma interação pelo designer e programador Julian na Universidade de Washington. A
sem necessidade de treinamento, Oliver, o jogo open source é baseado biblioteca surgiu com o objetivo de
pois o usuário pode trazer para o em um cubo real que utiliza somente facilitar a construção de aplicações
ambiente real os objetos virtuais, bibliotecas de visão computacional de realidade aumentada (RA), sendo
incrementando e aumentando a de código aberto para reproduzir o assim, o seu funcionamento utiliza
visão do mundo real. Isso somente cubo virtual no monitor. Foi preci- recursos de visão computacional
é possível com técnicas de visão so um final de semana para baixar e processamento de imagens para
computacional juntamente com os códigos-fontes e compilá-los com prover os recursos de RA.
computação gráfica. todas as dependências. A jogabilida- O que encanta nesta tecnologia, e
Os objetos virtuais introduzidos de resume-se a entrar e sair de portas a complexidade do desenvolvimento
no ambiente real podem ser mani- utilizando memória e inteligência das aplicações, ou seja, calcular pre-
pulados com as próprias mãos, assim, espacial, o que o levará para outros cisamente, em tempo real, o ponto
proporcionando ao usuário uma inte- ambientes onde será necessário resol- de observação do usuário, para so-
ração inovadora e atrativa. Na figura ver alguns quebra-cabeças. mente então projetar corretamente os
1, confira uma representação gráfica objetos virtuais no mundo real. Este
do recurso e interatividade com a ARToolKit é o principal objetivo da biblioteca
tecnologia de realidade aumentada. Existem diversas bibliotecas e tecno- ARToolKit, rastrear rapidamente e
Os principais recursos da tecnologia logias tanto de código aberto, como calcular a posição real da câmera
de realidade aumentada são: proprietárias, para o uso de realidade e de seus marcadores de referência
➧ Combinar elementos virtuais com aumentada (openCV, Bazar e outras). possibilitando que o programador
o ambiente real. Entretanto, uma quantidade significa- acrescente objetos virtuais sobre es-
64 www.linuxmagazine.com.br
Real versus virtual | ANÁLISE
dos os pontos estejam visíveis. En- branca até cobrir a linha preta no
tão, clique com o botão esquerdo topo e pressione [ENTER]. A li-
do mouse para congelar a imagem. nha movimenta-se para cima ou
Após o congelamento, pressione o para baixo ao utilizar as teclas de
botão esquerdo do mouse sobre a seta para cima ou para baixo. A
imagem e desenhe um retângulo linha pode ainda ser rotacionada
em torno de todos os pontos da no sentido horário e anti-horário
imagem (segurando o botão do usando-se as teclas de setas para a
mouse pressionado). Começando direita e para a esquerda. Repita
pelo ponto localizado no canto esse processo com todas as linhas Figura 3: As linhas vermelhas devem
superior esquerdo da imagem e verticais e horizontais por 5 vezes. passar pelos pontos do
prossiga até que todos os pontos Ao terminar, informe o nome do arquivo impresso.
tenham sido desenhados. Repita arquivo (figura 4).
este procedimento de 5 a 10 ve- Para utilizar o arquivo de calibra- toriamente necessário, facilitam (e
zes em vários ângulos. Termine gem recém-criado, basta copiá-lo muito) a vida do programador. Claro
a operação pressionando o botão para a pasta Data com o nome ca- que nada impede o uso do OpenGL
direito do mouse ou a tecla [ESC]. mera_para.dat ou alterar no código- junto à biblioteca ARToolKit, Open-
O programa começará a calcular fonte a variável char *cparam_name. CV ou Bazar.
os valores de distorção da câmera. Agora, para testar o funcionamento A escolha do motor (engine) de
Para se certificar dos parâmetros da realidade aumentada, execute o renderização determinará o sucesso
e cálculos da operação, pressione programa simpleTest e veja o resulta- ou o fracasso do projeto. Pois, no
o botão esquerdo do mouse para do ao apresentar o arquivo pattHiro. que tange à visão computacional,
mostrar as imagens capturadas, pdf impresso para a câmera. todo processamento deve ser bem
com as linhas vermelhas dese- O aplicativo ExView exibe a visão distribuído e projetado. Projetar
nhadas, passando pelos pontos de externa da câmera e também projeta objetos em 3 dimensões na web,
calibragem. Se tudo estiver em em tempo real seu movimento em 3 em games ou apresentações, requer
pleno funcionamento, as linhas dimensões. Para executar este apli- esforço computacional distinto. Por
deverão se cruzar no centro de cativo, digite o comando ./exview na exemplo, um motor de renderiza-
cada um destes pontos. Cada vez pasta bin (figura 5). ção para games pode apresentar
que o botão esquerdo do mouse é Para trabalhar com outros pa- uma qualidade inferior, uma vez
pressionado, a próxima imagem drões, utilize o programa mk_patt. que existem outras tarefas mate-
capturada é mostrada (figura 3). Ao executá-lo, aponte o dispositivo máticas a serem cumpridas (efeitos
Agora partiremos para o programa de captura para o padrão e rotacione abstratos como fogo e explosões re-
calib_cparam, que como mencionado até os dois lados vermelho e verde sultantes de tiros). A seguir, listo 4
anteriormente, é usado para encontrar aparecerem em torno do padrão. entre os muitos motores de renderi-
a distância focal da câmera, além de Os lados vermelhos do quadrado zação existentes.
outros parâmetros. Para continuar- devem posicionar-se no topo e à
mos, execute o programa e informe esquerda do quadrado. Logo em
as coordenadas do centro e o fator seguida, clique no botão esquerdo
de distorção disponibilizado pelo do mouse e informe o nome do ar-
aplicativo calib_dist. quivo padrão.
Coloque a impressão do arquivo
calib_cpara.pdf diante da câmera de Motores de
tal modo que a imagem fique o mais
perpendicular possível ao eixo ótico
renderização
da câmera. Nele também todas as Os motores de renderização são bi-
linhas devem ser visualizadas. bliotecas e componentes que facili-
Basta pressionar o botão es- tam a projeção em 3 dimensões de
Figura 4: O processo de calibragem,
querdo do mouse para capturar a objetos ou cenários criados em edi-
embora demorado, permite
imagem. Logo a seguir será exibi- tores tridimensionais (Blender, por ao programa calcular a
da uma linha branca horizontal exemplo). Embora o uso de motores posição do objeto virtual
na imagem. Movimente a linha de renderização não sejam obriga- em relação ao real.
66 www.linuxmagazine.com.br
Real versus virtual | ANÁLISE
Mais informações
[1] Projeto Levelhead: http://selectparks.net/~julian/levelhead/
Sobre o autor
Alessandro Faria é sócio-proprietário da NETi TECNOLOGIA, fundada em Junho de 1996
(http://www.netitec.com.br) e especializada em desenvolvimento de software e soluções
biométricas. Consultor Biométrico na tecnologia de reconhecimento facial, atuando na área de
tecnologia desde 1986. Leva o Linux a sério desde 1998 com desenvolvimento de soluções open-
source, é membro colaborador da comunidade Viva O Linux e mantenedor da biblioteca open-
source de vídeo captura, entre outros projetos.
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http://lnm.com.br/article/5049
Listagem de hardware
Visão de raio-x
ANÁLISE
Q
ualquer tipo de hardware O nome lshw é o acrônimo para
detectado pelo kernel e seus list hardware (listar hardware) e o tico se você precisar arquivar a saída
módulos deixarão traços nos aplicativo descobre todos os deta- ou processá-la automaticamente (por
arquivos de log ou nos lhes dos componentes do hardware, exemplo, filtrar e processar as linhas
pseudo arquivos de sistemas /proc e como CPU, módulos de memória ou de saída: lshw … | grep size …).
/sys. Obter essas informações ma- interfaces IDE, que podem incluir A opção -xml fornece um com-
nualmente pode ser um processo placas de som, placas gráficas ou pleto e interessante documentado
que tomará muito tempo; sendo drives externos. A ferramenta pode formatado em XML, que é útil para
assim, algumas distribuições tenta- ser executada em linha de comando arquivamento em base de dados. Pá-
ram – com sucesso variado – tirar e você precisará configurar algumas ginas HTML são preferíveis se você
esse ônus dos ombros dos usuários. opções para controlá-la (tabela 1). precisa de uma saída que seja mais
Em contraste a essas ferramentas, o O primeiro grupo de opções con- amigável para leitura, sendo assim,
lshw [1] trabalha bem em qualquer trola o formato da saída. Por padrão, a opção -html (em minúsculo) deve
plataforma e exibe os resultados de as saídas do lshw são em texto plano ser usada, nesse caso. O parâmetro
uma forma inteligente. para um terminal, a partir do qual é -X inicializa uma interface gráfica.
Para uma rápida visão geral, em
vez das incrivelmente detalhadas
informações que o lshw exibe por
padrão, você pode usar as opções
-businfo e -short.
Detalhes
Sem privilégios de root, o lshw tem ape-
nas acesso limitado as informações do
sistema, então a saída de dados é igual-
mente pobre e deixa de exibir muitos
detalhes importantes. Normalmen-
Figura 1 A interface gráfica lshw-gtk facilita o acesso à árvore de informa- te, você irá notar que será necessário
ções; no entanto, esta não oferece suporte a todas as opções alterar seu acesso para o usuário root
que estão disponíveis na ferramenta em linha de comando. (sudo lshw) para executar o comando.
68 www.linuxmagazine.com.br
Visão de raio-X | ANÁLISE
Teste Descrição
Listagem 1: Comando lshw
cpuid Analisa o ID da CPU
01 # lshw cpuinfo Dados da CPU
02 ...
device-tree Árvore de dispositivos OpenFirmware (PowerPC)
03 *-multimedia
04 description: Audio device dmi Extensões DMI/SMBIOS
05 product: Azalia Audio ide Dispositivos legados IDE e ATAPI
Controller
isapnp Extensões ISA PnP
06 vendor: Silicon Integrated
Systems [SiS] pci Dispositivos PCI e AGP
07 physical id: f pcmcia Extensões de cartão PCMCIA e PC
08 bus info: pci@0000:00:0f.0 memory Quantidade de memória heurética
09 version: 00
10 width: 32 bits network Interfaces de rede
11 clock: 33MHz scsi Dispositivos SCSI reais e simulados
12 capabilities: pm spd Detecção de presença de dispositivo serial [2]
bus_master cap_list
usb Todos os dispositivos USB
13 configuration: driver=HDA
Intel latency=0 Tabela 3 Testes
maxlatency=11 mingnt=52
14 resources: irq:18 suporta todos as opções de linha de O programa apenas mostrará o que
memory:d4200000-d4203fff comando e você precisa testar para o hardware revela sobre si próprio,
15 ...
localizar entradas específicas. sendo assim, os dados nem sempre
16 *-usb:1
17 description: USB Controller
estarão completos. No caso da placa
18 product: USB 1.1 Controller Conclusão ATI Radeon X1600, usada na máquina
19 vendor: Silicon Com algum conhecimento básico de em meu laboratório, por exemplo, o
Integrated Systems [SiS] hardware e um pouco de paciência, lshw informou os dados corretos do
20 physical id: 3.1 o lshw acaba sendo uma ferramenta produto para a porta padrão, mas
21 bus info: pci@0000:00:03.1 útil, pois possui controles simples. O somente a observação ATI Techno-
22 version: 0f usuário tem acesso a uma quantida- logies Inc, ou seja, o nome do fabri-
23 width: 32 bits
de enorme de informações sobre o cante, para a segunda. Novamente,
24 clock: 33MHz
hardware utilizado na máquina local você precisa interpretar os detalhes
25 capabilities: bus_master
26 configuration: e, em alguns casos, o utilitário revela corretamente se quiser obter resul-
driver=ohci_hcd latency=32 informações que as especificações do tados significativos. ■
maxlatency=80 fabricante deixaram de mencionar.
27 resources: irq:21 Além disso, ter uma boa conexão
memory:d4205000-d4205fff
Mais informações
de Internet é aconselhável para que
28 *-usb:2 você possa usá-la para preencher as
29 description: USB Controller [1] Website do lshw: http://
lacunas, mas o lshw já inclui uma ezix.org/project/
30 product: USB 2.0 Controller
generosa documentação de ajuda wiki/HardwareLiSter
31 vendor: Silicon Integrated
Systems [SiS] feita por especialistas, em suas saídas.
32 physical id: 3.3 O acesso a interface gráfica é fácil [2] Detecção de presença de
33 bus info: pci@0000:00:03.3 em um primeiro momento, mas, se dispositivo serial: http://
34 version: 00 depois você precisar executar a fer- en.wikipedia.org/wiki/
35 width: 32 bits ramenta em múltiplas máquinas, Serial_presence_detect
36 clock: 33MHz descobrirá que a linha de comando
37 capabilities: pm debug bus_ oferece uma abordagem mais ele-
master cap_list
gante e completa. Gostou do artigo?
tigo?
38 configuration: driver=ehci_
hcd latency=32 Depois de conectar um novo hard-
Queremos ouvir sua opinião.
maxlatency=80 ware, a detecção com o lshw rapida- Fale conosco em
m
39 resources: irq:22 mente criará uma nova entrada em cartas@linuxmagazine.com.br
gazine.com br
memory:d4206000-d4206fff sua base de dados de informações de
40 ... Este artigo no nosso
osso site:
e:
hardware, que não poderia ter sido
http://lnm.com.br/article/5037
br/art 503
criada se o mesmo tivesse falhado.
70 www.linuxmagazine.com.br
Visão de raio-X | ANÁLISE
Em março de 2010, a Cisco apresentou a plataforma de roteadores CRS-3, alegadamente a mais veloz do mundo
(por enquanto), com um poder de processamento de 322 Terabits por segundo (Tbps).
Este é o tipo de tecnologia que é desenvolvida a cada minuto, e que nos permite usufruir de ferramentas como
áudio e vídeos online, transmissão de televisão via Internet, computação em nuvens, e tantas outras.
Conhecer como funciona um roteador – peça chave no processo de transmissão de dados de um ponto a outro
– e saber como configurá-lo para que desempenhe sua função com eficiência pode ser um grande diferencial na
hora de lançar-se ao mercado em busca de um novo desafio. A demanda por profissionais com este conheci-
mento já está aí. O desafio agora é preparar-se adequadamente para supri-la. Este livro tem por objetivo apresen-
tar ao leitor comandos e técnicas de configuração básica de roteadores Cisco visando atingir alguns objetivos
específicos, tornando o profissional apto a instalar e configurar um roteador de maneira clara e precisa.
17 e 18 de http://events.linuxfoundation. F13 67
LinuxCon Brasil 2011 São Paulo, SP Bull 83
novembro org/events/linuxcon-brazil
Sony 84
80 www.linuxmagazine.com.br
Linux Magazine Especial
Shell Script
O Shell Script CHMOD
SSH Aprenda a usar o
continua presente na
Rsync terminal de maneira
rotina de nove entre
PASSWD fácil e descomplicada.
dez administradores
Adquira o seu
de sistemas. Ifconfig
exemplar nas bancas
Mas qualquer um Yum de todo o país
também pode Cron ou pelo site da
beneficiar-se Su/Sudo Linux Magazine.
de seu poder.
Wireless
w w w . L i n u x M a g a z i n e . c o m . b r
Linux Magazine #78
PREVIEW
Segurança
O que você pode fazer para proteger
seus dados, sua conexão e seu compu-
tador contra invasões?
A detecção de invasão em sua rede ou
sistemas, a formulação de testes espe-
cíficos e políticas internas para pre-
venção de ataques e o gerenciamento
de informações críticas que devem ser
mantidas em segurança, são os desta-
ques desta edição. ■
82 www.linuxmagazine.com.br