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NOSSO INIMIGO

O velho ratão, que vivia no bosque, mandou o filho em busca de comida; recomendou-lhe, porém, que se guardasse do
inimigo. O ratinho, na primeira curva do caminho, esbarrou, de repente, comum galo; voltou correndo ao pé da mãe,
transido de susto, e descreveu o inimigo como um bicho soberbo, de crista arrogante e vermelha.

Não é esse o nosso inimigo - sentenciou o ratão.

E ordenou ao filho que saísse outra vez. O segundo encontro do ratinho foi com um peru, que o deixou meio morto de
pavor.

Minha mãe - lamuriou ele, arquejando - vi um demônio enorme e emproado, de olhar terrível, pronto para matar.

Também não é esse o nosso inimigo - tranqüilizou-o a mãe, com docilidade comovida -. O nosso inimigo caminha
silencioso, de cabeça baixa como uma criatura humilde, é macio, discreto, de aparência amável e deixa a impressão de
ser inofensivo e muito bondoso. Se topares com ele, tem cuidado!

Fujamos, pois, desse perigoso inimigo de aparência amável, que se finja de solícito e prestativo e que, no entanto, só
deseja a nossa ruína e a nossa perdição."

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