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sem estrutura interna e sem detalhes — apenas com nós, dobraduras e cortes — ou rasgos. ...
Para acalentar seus filhos durante as terríveis viagens a bordo dos tumbeiros – navio de
pequeno porte que realizava o transporte de escravos entre África e Brasil – as mães africanas
rasgavam retalhos de suas saias e a partir deles criavam pequenas bonecas, feitas de tranças
ou nós, que serviam como amuleto de proteção. As bonecas, símbolo de resistência, ficaram
conhecidas como Abayomi, termo que significa ‘Encontro precioso’, em Iorubá, uma das
maiores etnias do continente africano cuja população habita parte da Nigéria, Benin, Togo e
Costa do Marfim.
Sem costura alguma (apenas nós ou tranças), as bonecas não possuem demarcação de olho,
nariz nem boca, isso para favorecer o reconhecimento das múltiplas etnias africanas. Inspirado
pela tradição dessa arte histórica, a artesã e arte-educadora Cláudia Muller desenvolveu um
trabalho único, e, com o objetivo de evidenciar a memória e identidade popular do povo
brasileiro, valorizando a diversidade cultural que reina na terra brasilis, criou o projeto
Matintah Pereira. A iniciativa produz versões próprias das Abayomi e promove oficinas tanto
para ensinar o processo de criação quanto para discutir a importância histórica e social
entorno das bonecas.or isso, as bonecas são associadas à resistência, ao amor de mãe, à
proteção.
As bonecas Abayomi são uma criação contemporânea de uma artesã brasileira, Lena
Martins. ... O nome veio de uma amiga, integrante dos movimentos negros, que estando
grávida disse que batizaria a criança, se fosse mulher, de Abayomi – significando “meu
presente”, ou em outras versões, “aquele/a que me traz alegria”."
A educadora Luciana Couto, que realizou a atividade, explicou que as bonecas Abayomi eram
confeccionadas em navios negreiros, por mães que não tinham nada a oferecer aos filhos além
dessas peças feitas a partir de pedaços rasgados de suas próprias vestes.