Você está na página 1de 92

U NIVERSIDADE F EDERAL DO R IO G RANDE DO N ORTE

C ENTRO DE T ECNOLOGIA
P ROGRAMA DE P ÓS -G RADUAÇÃO EM E NGENHARIA E LÉTRICA E
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

DE C OMPUTAÇÃO

Conversor Sigma-Delta Térmico com ajuste


automático da faixa de operação para medição
de radiação incidente.

Bruno Augusto Ferreira Vitorino

Orientador: Prof. Dr. Sebastian Yuri Cavalcanti Catunda

Tese de Doutorado apresentada ao Pro-


grama de Pós-Graduação em Engenharia
Elétrica e de Computação da UFRN (área de
concentração: Automação e Sistemas) como
parte dos requisitos para obtenção do título
de Doutor em Ciências.

Número de ordem do PPgEEC: D230


Natal, RN, 06 de setembro de 2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Vitorino, Bruno Augusto Ferreira.


Conversor Sigma-Delta Térmico com ajuste automático da faixa
de operação para medição de radiação incidente / Bruno Augusto
Ferreira Vitorino. - 2018.
90f.: il.

Tese (Doutorado)-Universidade Federal do Rio Grande do Norte,


Centro de Tecnologia, Programa de Pós-graduação em Engenharia
Elétrica e de Computação, Natal, 2018.
Orientador: Dr. Sebastian Yuri Cavalcanti Catunda.

1. Sensores termoresistivos - Tese. 2. Modulação sigma-delta


- Tese. 3. Piranômetros - Tese. 4. Bolômetros - Tese. 5.
Termistores - Tese. I. Catunda, Sebastian Yuri Cavalcanti. II.
Título.

RN/UF/BCZM CDU 621.3

Elaborado por Raimundo Muniz de Oliveira - CRB-15/429


Aos meus pais, Julio e Vanderleia,
minha esposa, Jordana e minha
irmã, Ana Beatriz, pelo apoio
incondicional.
Agradecimentos

Ao meu orientador, professor Yuri Catunda, agradeço pelo apoio e pelas relevantes con-
tribuições à pesquisa.

Ao professor Diomadson Belfort, pela ajuda desde o início do trabalho nas mais diversas
atividades. Ao amigo, professor Antônio Wallace, pelo apoio e conhecimento comparti-
lhado ao longo do doutorado.

Aos colegas do LIME: Jadilson, Yang e Luiz Henrique que acompanharam a luta até o
final. Assim como aos colegas ex-LIME: José Sales, Gabriel, Carlos e Leonardo, que
apoiaram e me inspiraram nos momentos mais difíceis.

Aos colegas do IFRN, que me incentivaram a nunca desistir, em especial aos amigos
Moisés Souto e Max Silveira, parceiros em diversos projetos.
Resumo

A medição de radiação térmica incidente, entre elas as radiações infravermelho e so-


lar, tem diversas aplicações e demanda crescente. Na medição de radiação infravermelho
(IR) os microbolômetros resistivos são os sensores mais utilizados, sendo aplicados em
sistemas complexos de detecção e imagens térmicas. Algumas pesquisas buscam aumen-
tar a sensiblidade dos sistemas de detecção IR, assim como integrar novas funções, como
a conversão analógico-digital, junto aos sensores. A medição de radiação solar tem como
principais aplicações a meteorologia, as plantas de energia fotovoltaica e estudos para
agricultura, sendo o principal instrumento utilizado o piranômetro. Os sensores termo-
resistivos vêm sendo utilizados para medição de temperatura, velocidade e direção de
fluidos e radiação. Em diversas arquiteturas o sensor opera em malha-fechada, com o ob-
jetivo de aumentar a sensibilidade, diminuir o tempo de resposta ou linearizar a resposta
dos sistemas. Entre os circuitos mais utilizados estão a ponte de Wheatstone realimentada,
os sistemas de controle, a realimentação com acoplamento capacitivo e os moduladores
Sigma-Delta térmicos. O modulador Sigma-Delta Térmico (Σ∆T) é um método de medi-
ção em malha-fechada onde o elemento sensor executa parte das funções da modulação
Σ∆ no domínio térmico. Neste trabalho de tese é proposta uma nova arquitetura para me-
dição de radiação incidente usando o modulador Σ∆T e sensores termoresistivos, na qual
a faixa de operação do modulador é automaticamente ajustada para ser igual a faixa de
radiação térmica. A arquitetura proposta é comparada a uma anterior, que usa o mesmo
circuito porém com a faixa de operação fixa, abrangendo toda a faixa de temperatura am-
biente. O circuito proposto é validado experimentalmente com um piranômetro comercial
como referência. A principal vantagem do Σ∆T com auto-ajuste de faixa de operação é
ter sensibilidade e relação sinal-ruído independentes da faixa de temperatura ambiente.
Os resultados experimentais para faixa de temperatura ambiente de 45 ◦ C mostram um
ganho de relação sinal-ruído de 13 dB sobre a arquitetura considerada estado da arte.

Palavras-chave: Sensores termoresistivos, Modulação sigma-delta, Sigma-delta tér-


mico, Piranômetros, Bolômetros, Termistores.
Abstract

The incident thermal radiation measurement, including infrared and solar radiation,
has several applications and increasing demand. In the infrared (IR) radiation measure-
ment, resistive microbolometers are the most used sensors, being applied in complex ther-
mal imaging and detection systems. Some researches aim to increase the sensitivity of IR
detection systems, as well as to integrate new functions such as analog-to-digital conver-
sion, together with sensors. The measurement of solar radiation has as main applications
the meteorology, photovoltaic plants and studies for agriculture, being the pyranometer
the most used instrument. Thermoresistive sensors have been used to measure tempera-
ture, fluid speed and direction and radiation. In several architectures the sensor operates
in closed loop, increasing the sensitivity, decreasing the response time and linearizing
the system‘s response. The most used closed-loop architectures are the Wheatstone fe-
edback bridge, control systems, capacitive coupling feedback and Thermal Sigma-Delta
Modulator (TΣ∆M). TΣ∆M is a closed-loop measurement approach where the sensing
element performs part of the Σ∆ modulation in the thermal domain. A new architecture
is proposed in this work for measuring thermal incident radiation using TΣ∆M and ther-
moresistive sensors, where the modulator input range is automatically adjusted to fit the
complete thermal radiation range. The proposed architecture is compared with a similar
one, which uses the same transducer interface circuit but without range adjustment, and
is validated experimentally with a reference pyranometer. The proposed architecture has
the main advantage of presenting a signal-to-noise ratio, and sensitivity, which are inde-
pendent of the ambient temperature range definition. Experimental results for ambient
temperature range of 45 ◦ C show a signal-to-noise ratio gain of 13 dB over the state of
the art architecture.

Keywords: Thermal Sigma-Delta, Sigma-Delta Modulation, Thermoresistive sen-


sors, Bolometers, Infrared Images.
Sumário

Sumário i

Lista de Figuras iii

Lista de Tabelas v

Lista de Símbolos e Abreviaturas vii

1 Introdução 1
1.1 Organização do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2 Fundamentação Teórica e Estado da Arte 7


2.1 Sensores termoresistivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.1.1 Princípio da Equivalência Elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.2 Arquiteturas de malha fechada para sensores térmicos . . . . . . . . . . . 11
2.2.1 Ponte de Wheatstone com realimentação negativa . . . . . . . . . 13
2.2.2 Controle realimentado para sensores à temperatura constante . . . 15
2.2.3 Bolômetros operando em malha fechada . . . . . . . . . . . . . . 17
2.3 Modulador Sigma-Delta Térmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3.1 Modulação Sigma-Delta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3.2 Sigma-Delta Térmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3 Modulador AR-Σ∆T: Arquitetura Proposta 27


3.1 Arquitetura convencional do modulador Σ∆T de 1a ordem . . . . . . . . 27
3.1.1 Medição de radiação com modulador de 1a ordem . . . . . . . . 29
3.2 Modulador Σ∆T com auto-ajuste da faixa de operação . . . . . . . . . . . 31
3.2.1 Medição de radiação com AR-Σ∆T . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.3 Simulações e comparação de desempenho entre Σ∆T e AR-Σ∆T . . . . . 34

4 Ambiente Experimental e Resultados 39


4.1 Descrição dos sistemas e ambiente experimental . . . . . . . . . . . . . . 39

i
4.2 Resultados experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

5 Conclusões 45

Referências bibliográficas 47

Lista de Publicações 52

A Sistema Digital em Verilog 55


A.1 Módulo Top Level . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
A.2 Parte digital do modulador AR-Σ∆T . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
A.3 Estimação da temp. ambiente e cálculos para AR-Σ∆T . . . . . . . . . . 58
A.4 Filtro SINC Decimador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

B Códigos MATLAB 63
B.1 Características dos sensores e parâmetros do Σ∆T . . . . . . . . . . . . . 63
B.2 Simulações e geração da Figura 3.8 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
B.3 Simulações e geração da Figura 3.9 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
B.4 Simulações e geração da Figura 3.10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Lista de Figuras

1.1 Matrizes de Bolômetros de VOx em um wafer de 200 mm (ROGALSKI,


2012). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Piranômetro baseado em termopilha para medição de radiação solar. . . . 3

2.1 Formatos convencionais de RTDs (à esquerda) e termistores NTC (à direita). 8


2.2 Estrutura física de um microbolômetro (DENOUAL et al., 2012). . . . . . 8
2.3 Sensor termoresistivo e as grandezas que influenciam no balanço térmico. 9
2.4 Detalhes construtivos de um anemômetro à fio quente e de um piranômetro. 10
2.5 Sensor à temperatura constante (Sensor em malha-fechada) . . . . . . . . 12
2.6 Ponte de Wheatstone com sensor termoresistivo e realimentação via Ampop. 14
2.7 Anemômetro à temperatura constante com compensação da temperatura
do fluido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.8 Radiômetro utilizando dois sensores para compensação da temperatura
ambiente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.9 Implementação de controle realimentado com excitação por corrente mo-
dulada por pulsos (OLIVEIRA et al., 1998). . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.10 Bolômetro realimentado pelo método CCES com conversor Σ∆. . . . . . 18
2.11 Modulador Sigma-Delta de 1a ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.12 Conversor A/D Sigma-Delta de 1a ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.13 Diagrama de blocos do modulador Σ∆ de 1a ordem. . . . . . . . . . . . . 21
2.14 Sigma-Delta Térmico Diferencial. Fonte:(MAKINWA; HUIJSING, 2002a) 24
2.15 Sigma-Delta Térmico Diferencial de 2a ordem. Fonte:(WU et al., 2011b) 25

3.1 Circuito do modulador Σ∆T de 1a ordem. . . . . . . . . . . . . . . . . . 28


3.2 Faixas de operação do Σ∆T de 1a ordem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.3 Diagrama de tempo com a lógica do Σ∆T de 1a ordem. . . . . . . . . . . 30
3.4 Diagrama de blocos do sistema para medição de radiação utilizando mo-
dulador Σ∆T. (ROSA et al., 2016) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.5 Circuito do modulador AR-Σ∆T. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.6 Diagrama térmico do AR-Σ∆T. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

iii
3.7 Diagrama de blocos do sistema para medição de radiação incidente utili-
zando AR-Σ∆T. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.8 Simulações do Σ∆T e AR-Σ∆T, para sinal de entrada com -3 dBFS em 1
Hz e OSR de 64. Superior: Espectros de Potência Normalizados; Centro:
bitstream de saída do Σ∆T (vermelho) e sinal de entrada normalizado pela
escala completa (preto); Inferior: bitstream de saída do AR-Σ∆T (azul) e
sinal de entrada normalizado pela escala completa (preto). . . . . . . . . 36
3.9 SNR como função do OSR para a arquitetura AR-Σ∆T comparada aos
valores teóricos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.10 SNR em função de PH : teórico, Σ∆T e AR-Σ∆T. . . . . . . . . . . . . . . 37

4.1 Diagrama de blocos do ambiente experimental. . . . . . . . . . . . . . . 39


4.2 Protótipo do conversor AR-Σ∆T para medição de radiação solar. . . . . . 41
4.3 Estimação da radiação incidente usando o Σ∆T convencional, a arquite-
tura proposta AR-Σ∆T e o piranômetro de referência SR05-DA2, para três
valores de radiação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.4 Radiação solar medida pelo AR-Σ∆T e piranômetro de referência SR05-
DA2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

A.1 Visualização dos módulos do sistema digital do AR-Σ∆T pelo Quartus II. 55
Lista de Tabelas

2.1 Resumo das implementações de Sigma-Delta Térmico . . . . . . . . . . 23

3.1 Especificações do NTC e do Σ∆T para medição de radiação solar. . . . . 34

v
Lista de Símbolos e Abreviaturas

AO Ganho em malha aberta

APH Valor de pico de sinal senoidal de potência de radiação

B Parâmetro dos termistores

Bw Largura de banda passante

CT H Capacitância térmica do sensor

GT H Condutância térmica do sensor para o ambiente

H Radiação incidente

Hmax Radiação máxima a ser medida

Is Corrente elétrica no sensor

IREF Corrente de referência

PSD Densidade espectral de potência

PH Potência de radiação incidente

Pe Potência elétrica

R0 Resistência do sensor na temperatura de 0 graus Celsius

R25 Resistência do sensor na temperatura de 25 graus Celsius

RREF Resistência do sensor na temperatura de referência

RV Responsividade do sensor

Rs Resistência elétrica do sensor

S Área do sensor exposta à radiação

vii
T25 Temperatura de 25 graus Celsius

TREF Temperatura de referência do sensor

Ta Temperatura ambiente

Ts Temperatura do sensor

VOx Óxido de Vanádio

Vs Tensão elétrica no sensor

VOS Tensão de offset

VO Tensão de saída

VREF Tensão de referência

∆TM0 Faixa de operação do modulador Σ∆T

∆TM Faixa de operação do modulador AR-Σ∆T

∆Ta Faixa de temperatura ambiente

Tˆa Temperatura ambiente estimada

Σ∆ Sigma-Delta

Σ∆T Sigma-Delta Térmico

α Coeficiente de absorção de radiação

βx Parâmetros dos sensores RTD

Ĥ Radiação incidente estimada

PˆH Potência de radiação incidente estimada

VoH Média da saída do Σ∆T referente ao sensor de radiação

VoT Média da saída do Σ∆T referente ao sensor protegido

σ Desvio padrão

τs Constante de tempo do sensor


ε Erro de quantização

ϑ Velocidade do fluido

c Calor específico do sensor

fs Frequência de amostragem

h Coeficiente de transferência de calor

m Massa do sensor

tH Tempo de nível alto do sinal de clock

tL Tempo de nível baixo do sinal de clock

tclk Período do clock

A/D Analógico-digital

AR-Σ∆T Sigma-Delta térmico com auto-ajuste da faixa de medição

BiCMOS Bipolar-CMOS

BJT Transistor bipolar de junção

CCES Substituição elétrica por acoplamento capacitivo

CMOS Complementary metal-oxide-semiconductor

D/A Digital-analógica

dB Decibél

DC Corrente contínua

DHI Irradiância difusa horizontal

DNI Irradiância direta normal

ENOB Número efetivo de bits

FPA Matriz de plano focal (Focal plane array)

FPGA Field Programmable Gate Array


GHI Irradiância global horizontal

HTA Anemômetro à transistor quente

IR Infravermelho

NTC Coeficiente de temperatura negativo

OSR Taxa de sobreamostragem

PEE Princípio da equivalência elétrica

PT100 Detector RTD de 100 ohm

PTC Coeficiente de temperatura positivo

PWM Modulação por largura de pulso

ROIC Circuito integrado de leitura

RTD Detector resistência-temperatura

SMU Source and Measurement Unit

SNR Relação sinal-ruído

SoC Sistema on Chip

TCR Coeficiente térmico da resistência


Capítulo 1

Introdução

A radiação térmica é a radiação eletromagnética emitida por toda matéria com tempe-
ratura acima do zero absoluto, cuja faixa de comprimento de onda inclui infravermelho,
luz visível e ultravioleta. A radiação infravermelho (IR) e a radiação solar são exemplos
de radiação térmica as quais a medição é muito importante em diversas áreas.
Os detectores infravermelho são utilizados para obter imagens térmicas, medir pa-
drões ou simplesmente detectar a presença de radiação IR, emitida por qualquer objeto ou
ser vivo. Existem dois grandes grupos de detectores IR: fotônicos e térmicos. Os detec-
tores fotônicos tem resposta muito rápida e alta relação sinal ruído (SNR), mas são muito
caros, pois necessitam de um sistema de resfriamento complexo para funcionar adequa-
damente. Os detectores IR térmicos utilizam, em sua maioria, sensores termoresistivos
chamados bolômetros. A versão integrada em escala micrométrica é chamada de micro-
bolômetro. Os microbolômetros resistivos não-resfriados (uncooled) são os sensores mais
utilizados em sistemas de imagem IR.
Em aplicações de imagem térmica, centenas (ou milhares) de microbolômetros são
fabricados em matrizes chamadas focal plane array (FPA). Na Figura 1.1 é mostrada
uma FPA com 2048×1536 pixels, com microbolômetros de óxido de Vanádio (VOx ),
fabricados em um wafer de 200 mm de diâmetro, cada pixel com 17 µm de lado. Os
circuitos integrados de leitura (ROIC) são fabricados geralmente no mesmo circuito inte-
grado, abaixo das FPAs. Muitos estudos têm como objetivo implementar melhorias nos
ROIC, incluindo o aumento da sensibilidade dos bolômetros e a integração de funcio-
nalidades adicionais como a conversão analógico-digital (A/D) (TEZCAN et al., 2003),
(ROGALSKI, 2012).
A medição de radiação solar (irradiância) tem importantes aplicações, como em me-
teorologia, nas plantas de energia fotovoltaica (PV) e em agricultura. Existem dois ins-
trumentos principais para medição de irradiância: os pireliômetros e os piranômetros. Os
pireliômetros medem apenas a irradiância direta normal (DNI - Direct Normal Irradi-
2 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

Figura 1.1: Matrizes de Bolômetros de VOx em um wafer de 200 mm (ROGALSKI,


2012).

ance), enquanto os piranômetros medem a irradiância global horizontal (GHI - Global


Horizontal Irradiance), que é uma composição da DNI com a irradiância difusa horizon-
tal (DHI - Diffuse Horizontal Irradiance). A versão comercial de ambos os instrumentos
pode ser baseada em termopilhas (conjunto de termopares) ou em fotodiodos, porém não
existem instrumentos comerciais para medição de radiação solar utilizando termoresis-
tores. Os instrumentos baseados em termopilhas são os únicos incluídos no padrão ISO
9060:1990, referência na área (MUKARO; CARELSE, 1999), (KIPPZONNEN, ). Na
Figura 1.2 é mostrado um piranômetro baseado em termopilha.
Os sensores termoresistivos podem ser utilizados para medição de diversas grande-
zas, como temperatura, velocidade e direção de fluidos e radiação térmica. Os sensores
termoresistivos mais empregados nestas aplicações são os termistores com coeficiente de
temperatura negativo (NTC) e os RTDs (resistance temperature detectors) que possuem
coeficiente de temperatura positivo. Além dos sensores de aplicação geral, os bolômetros,
já citados anteriormente também são sensores termoresistivos.
Para melhorar o desempenho dos sensores termoresistivos, algumas arquiteturas fo-
ram propostas, nas quais o sensor opera em malha fechada, à temperatura constante.
Algumas arquiteturas de malha fechada utilizadas foram: as pontes de Wheatstone re-
alimentadas, com saída analógica ou modulada em largura de pulso (PWM); o controle
3

Figura 1.2: Piranômetro baseado em termopilha para medição de radiação solar.

realimentado de corrente I 2 (OLIVEIRA et al., 1998); e a realimentação com acoplamento


capacitivo (CCES) (DENOUAL et al., 2014). Todas as arquiteturas de malha fechada se
baseiam no princípio da equivalência elétrica (FREIRE et al., 2009).
O modulador Sigma-Delta Térmico (Σ∆T) é uma arquitetura de malha fechada que
já foi empregada com diferentes tipos de sensores térmicos e que realiza a conversão
direta de temperatura (ou grandeza associada) para digital utilizando circuito simples,
além das vantagens das outras arquiteturas de malha fechada, como a melhora na res-
posta dinâmica. Os moduladores Σ∆T de primeira ordem foram estudados para medição
de temperatura (OLIVEIRA et al., 2004) e radiação térmica (OLIVEIRA et al., 2006),
utilizando sensores termoresistivos, e implementados para medição de velocidade da ar
utilizando sensores de junção bipolar (DOMINGUEZ et al., 2002). Os Σ∆T diferenciais
foram empregados na medição de velocidade e direção de fluidos, utilizando duas reali-
mentações complementares para obter o gradiente de temperatura utilizando termopilhas
(MAKINWA; HUIJSING, 2001a, 2002a).
O modulador Σ∆T de segunda ordem, que utiliza um segundo integrador eletrônico,
pode melhorar o SNR em comparação com a arquitetura de 1a ordem. Em (VITORINO et
al., 2016) foram realizadas análises em nível de sistema para comparação entre arquitetura
de 1a e 2a ordem. O Σ∆T de 2a ordem foi implementado em trabalhos recentes para
medição de velocidade/direção do vento, usando circuitos discretos e sensores de junção
4 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

bipolar (MAKINWA; HUIJSING, 2005) e em circuito integrado (CI) com termopilhas


(WU et al., 2011b; BREVET et al., 2015). Apesar das suas vantagens, a implementação
do Σ∆T de 2a ordem requer um circuito mais complexo e com mais ajustes.
Em (ROSA et al., 2008) foi desenvolvido um circuito Σ∆T de 1a ordem intrinseca-
mente linear. onde o sensor é excitado com corrente pulsada e controlada. Este circuito
foi recentemente empregado em uma arquitetura para medição de radiação incidente utili-
zando dois sensores termoresistivos, um deles para compensação da temperatura ambiente
(ROSA et al., 2016). Nesta arquitetura os moduladores Σ∆T possuem faixa de operação
que engloba a faixa de temperatura ambiente e radiação térmica (variação de temperatura
no sensor provocada pela radiação incidente), o que limita o SNR em aplicações práti-
cas, onde a faixa de temperatura ambiente é muito maior que a faixa de radiação térmica
incidente.
Neste trabalho de tese foi proposta uma nova arquitetura para um conversor Σ∆T de
a
1 ordem para medição de radiação incidente, denominado AR-Σ∆T (Autorange Σ∆T). A
arquitetura proposta utiliza dois sensores termoresistivos excitados por fontes de corrente
controladas, assim como em (ROSA et al., 2008) e (ROSA et al., 2016). Um dos sensores
é utilizado para estimação da temperatura ambiente e não é exposta a radiação, utiliza um
Σ∆T convencional como em (ROSA et al., 2016). O sensor principal, exposto à radiação,
utiliza um AR-Σ∆T, cuja faixa de operação é ajustada automaticamente para ser igual
a faixa de radiação térmica, sendo o ajuste baseado na temperatura ambiente estimada.
Sendo assim, a saída do modulador AR-Σ∆T possui SNR e sensibilidade independentes da
faixa de temperatura adotada no sistema, vantagem em relação as arquiteturas anteriores
similares, para todas as aplicações em que a temperatura não é controlada, como no caso
dos piranômetros e detectores IR. As simulações e experimentos realizados comprovam as
vantagens do sistema proposto e são apresentados neste documento. O trabalho proposto
nesta tese foi recentemente publicado em periódico da área de instrumentação e medidas
(VITORINO et al., 2018).

1.1 Organização do trabalho


• No Capítulo 1 foi apresentada uma visão geral sobre a medição de radiação térmica
incidente, principalmente sobre a radiação infravermelho e radiação solar. Foram
resumidas as aplicações de sensores termoresistivos e as principais arquiteturas de
malha fechada, com destaque para os moduladores Σ∆T. Ao fim foi apresentada a
proposta deste trabalho de tese e suas vantagens em relação aos trabalhos anteriores.
• No Capítulo 2 é realizada uma revisão completa sobre os sensores termoresistivos,
1.1. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 5

incluindo as arquiteturas onde o sensor opera em malha fechada. São abordadas as


topologias de ponte de Wheatstone realimentada com Amplificadores operacionais,
controle realimentado e circuitos especiais para bolômetros. A Seção 2.3 trata espe-
cialmente dos moduladores Σ∆T, com uma revisão completa de todos os trabalhos
relevantes sobre o tema.
• No Capítulo 3 inicialmente é apresentada em detalhes a topologia de circuito apre-
sentada em (ROSA et al., 2016), a qual é chamada de Σ∆T convencional, utilizada
como principal referência e base de comparação para os resultados do trabalho pro-
posto. Logo após, nas Seções 3.2 e é apresentada a arquitetura AR-Σ∆T, incluindo
dimensionamentos e aplicação na medição de radiação incidente. Ao fim, na Se-
ção 3.3, são apresentados os resultados de simulação com a comparação entre o
AR-Σ∆T e o Σ∆T convencional.
• No Capítulo 4 o ambiente experimental é apresentado, incluindo a descrição dos
protótipos desenvolvidos. São apresentados os resultados experimentais da medi-
ção de radiação incidente, em experimentos controlados em laboratório, realizando
comparação entre as arquiteturas do Σ∆T, e com radiação solar em campo, utili-
zando como referência um piranômetro comercial.
• No Capítulo 5 é apresentada a conclusão incluindo os possíveis trabalhos futuros.
• No Apêndice A o sistema digital do AR-Σ∆T é detalhado e são mostrados os códi-
gos Verilog que implementam o sistema.
• No Apêndice B são apresentados os códigos MATLAB utilizados nas simulações
do sistema proposto.
6 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
Capítulo 2

Fundamentação Teórica e Estado da


Arte

2.1 Sensores termoresistivos


Um sensor termoresistivo é um dispositivo cuja resistência é dependente da tempera-
tura. Entre os diversos tipos, os mais utilizados em aplicações gerais são os termistores
e os RTD (Resistance Temperature Detector). Os termistores são fabricados com materi-
ais semicondutores ou óxidos metálicos e podem ter coeficiente de temperatura positivo,
sendo chamados PTC (positive temperature coefficient), ou coeficiente negativo, denomi-
nados NTC (negative temperature coefficient). Esse tipo de sensor tem resposta não-linear
e alta sensibilidade, quando comparado aos RTDs. Os termistores do tipo NTC são mais
comumente utilizados do que os PTC.
Os RTDs são sensores metálicos, sendo a platina o material mais utilizado, possuem
resposta praticamente linear porém possuem sensibilidade mais baixa que os termisto-
res. O coeficiente térmico dos RTDs é positivo, porém não pode ser confundido com os
termistores do tipo PTC, pelas diferenças físicas e de resposta entre os dois tipos de senso-
res. Em geral, os RTDs são muito estáveis e possuem baixíssima tolerância de fabricação,
sendo por essas características utilizados em larga escala na instrumentação industrial
(BALBINOT; BRUSAMARELLO, 2011).
Tanto os termistores quanto os RTDs são encontrados comercialmente em larga escala,
nos mais diversos formatos, alguns deles mostrados na Figura 2.1. Neste trabalho de tese
foram utilizados termistores NTC nas simulações e nos experimentos em suas versões
finais, porém também foram feitos testes anteriores com RTDs do tipo PT100.
Entre os sensores termoresistivos de aplicação específica se destacam os bolômetros,
sensores utilizados para detecção de radiação infravermelho (IR). Entre todos os tipos de
detectores IR térmicos, o microbolômetro (bolômetro em escala micrométrica) mostrado
8 CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E ESTADO DA ARTE

Figura 2.1: Formatos convencionais de RTDs (à esquerda) e termistores NTC (à direita).

na Figura 2.2, é o mais utilizado. Além dos microbolômetros, as termopilhas (conjunto


de termopares) e os detectores piroelétricos também são sensores térmicos utilizados na
medição de radiação IR.

Figura 2.2: Estrutura física de um microbolômetro (DENOUAL et al., 2012).

2.1.1 Princípio da Equivalência Elétrica

Na Figura 2.3, um sensor termoresistivo é submetido à uma corrente elétrica Is , tem-


peratura ambiente Ta , radiação H e um fluido com velocidade ϑ. O balanço de energia
relacionado às variáveis que alteram o equilíbrio térmico do sensor termoresistivo é dado
pela Equação (2.1). (FREIRE et al., 2009).
2.1. SENSORES TERMORESISTIVOS 9

v
IS
Ta

Figura 2.3: Sensor termoresistivo e as grandezas que influenciam no balanço térmico.

dTs
PH + Pe = GT H (Ts − Ta ) +CT H , (2.1)
dt
em que:

• PH = αSH, é a potência de radiação incidente (W), com α como o coeficiente de


absorção de radiação (adimensional), S a área do sensor exposta à radiação (m2 ), e
H a radiação (W/m2 );
• Pe = Vs Is = Is2 Rs , é a potência elétrica (W), sendo Vs a tensão, Is a corrente e Rs a
resistência do sensor;
• GT H = hS, é a condutância térmica do sensor para o ambiente ao redor (W/K), com
h como coeficiente de transferência de calor (W/m2 ·K);
• Ts e Ta são temperaturas do sensor e ambiente (K), respectivamente;
• CT H = mc, é a capacitância (capacidade) térmica do sensor (J/K), sendo m e c a
massa do sensor (kg) e o calor específico (J/kg·K), respectivamente; e
• dT s
dt representa a variação interna de energia do sensor.

Para os casos onde há um fluido influenciando no balanço térmico, o coeficiente de


transferência de calor h é obtido em:

h = a + bϑn (2.2)

na qual a, b e n são constantes obtidas experimentalmente.


O princípio da equivalência elétrica (PEE) se baseia na equação do balanço de energia
(Equação (2.1)), na qual a potência incidente da grandeza a ser mensurada é compensada
pela potência elétrica entregue ao sensor e pode ser estimada através dela. Nos circuitos
10 CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E ESTADO DA ARTE

que serão apresentados nas seções seguintes, o sensor opera à temperatura praticamente
constante, na maioria das aplicações usa-se a aproximação dT s
dt = 0
Em anemômetros, o sensor deve ter uma área mínima de exposição à radiação, ge-
ralmente com dimensões na faixa de µm. Assim, na Equação (2.1), o termo referente à
radiação (PH ) pode ser aproximado por zero.
Para medição de radiação, o sensor tem grande área de exposição e geralmente é
colocado dentro de uma redoma de vidro, para diminuir a troca de calor por convecção.
Dessa forma, o termo referente a troca de calor com o ambiente (GT H (Ts − Ta )) pode ser
considerado constante.
Na Figura 2.4 é mostrado um anemômetro à fio-quente (esquerda) e um piranôme-
tro, instrumento para medição de radiação solar (direita), com destaque para os detalhes
construtivos citados anteriormente.

Figura 2.4: Detalhes construtivos de um anemômetro à fio quente e de um piranômetro.

As equação característica de um sensor termoresistivo fornece a relação temperatura-


resistência do sensor. Essas equações foram utilizadas nos modelos matemáticos dos
sensores, assim como no dimensionamento do modulador proposto nesta tese. A Equação
(2.3), simplificação da equação de Steinhart-Hart, é a relação temperatura-resistência de
um termistor NTC.
 B B
Rs = R25 exp − , (2.3)
T25 Ts
onde R25 é a resistência do sensor na temperatura T25 = 298.15 K (25 ◦ C), e B (K) é um
parâmetro que depende do material do termistor.
A função de transferência dos termoresistores RTDs é dada pela Equação de Callendar-
Van Dusen.

Rs = R0 (1 + β1 Ts + β2 Ts2 + · · · ) (2.4)
2.2. ARQUITETURAS DE MALHA FECHADA PARA SENSORES TÉRMICOS 11

onde R0 é a resistência do sensor à 0 ◦ C, e β1 , β2 , · · · são constantes que dependem do


material do sensor. Para sensores RTD de platina pode-se aproximar a equação utilizando
apenas β1 .
Para os bolômetros, as equações de transferência dependem do tipo de sensor (co-
eficiente positivo ou negativo) e do material utilizado. Em (DENOUAL et al., 2014) e
(DENOUAL et al., 2012), foram desenvolvidos bolômetros com coeficiente positivo cuja
equação de transferência é dada por:

Rs = KR0 Ts (2.5)

onde K é o coeficiente térmico da resistência (TCR).


Uma das figuras de mérito mais utilizadas na caracterização dos bolômetros é a rela-
ção entre a variação de tensão no sensor (saída) e a potência da radiação infravermelho
(entrada), chamada de responsividade (RV ), dada pela Equação (2.6) (ROGALSKI, 2003).

Vs KR0 Is
RV (s)[V /W ] = = (2.6)
PH GT H (1 + τs s)
onde τs é a constante de tempo do bolômetro, dada por:

CT H
τs = (2.7)
GT H
A responsividade e a constante de tempo efetiva são duas figuras de mérito impor-
tantes nos bolômetros. Pode-se notar que ambas dependem de GT H , porém deve existir
um compromisso entre esses parâmetros ao desenvolver o sensor. Se o bolômetro for ter-
micamente isolado, ou seja, GT H pequeno, a responsividade do sensor é aumentada, por
outro lado a constante de tempo será alta, tornando o sensor lento.
Geralmente o sensor é projetado para obtenção de τs pequeno o suficiente para apli-
cações de imagem térmica. Nesses casos a responsividade geralmente não é otimizada.
Uma forma de contribuir para obtenção de menores constantes de tempo é a utilização de
realimentação, para operação do bolômetro em malha fechada (DENOUAL et al., 2012).

2.2 Arquiteturas de malha fechada para sensores térmi-


cos
Um dos problemas do uso dos sensores termoresistivos em detrimento de outros tipos
de sensores (ópticos, por exemplo) é que o tempo de resposta é geralmente maior para
12 CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E ESTADO DA ARTE

os sensores térmicos. Com o objetivo de melhorar a dinâmica do sensor termoresistivo,


diminuindo o tempo de resposta, foram estudadas diversas arquiteturas de malha fechada.
Nestas estratégias os sensores operam em temperatura constante, controlada através da
realimentação. A variação da grandeza física a ser medida provoca pequenas variações
no ponto de operação térmico do sensor, que são compensadas por um circuito especial.
Portanto, a medição é obtida a partir do sinal de compensação cuja variação é mais rápida
que a resposta natural dos sensores.
Os sensores termoresistivos podem ser utilizados para medição de outras grandezas
relacionadas a temperatura do sensor, como a radiação térmica (incluindo radiação IR e
solar), velocidade e direção de fluidos (como o vento), além da temperatura ambiente.
Na Figura 2.5 é mostrado um diagrama de blocos funcional de um sensor à tempera-
tura constante. Para manter o sensor à uma temperatura constante e igual a temperatura
de referência (TREF ), utiliza-se realimentação. O valor de TREF é definido em função da
grandeza a ser medida, do tipo de sensor e da faixa de temperatura na qual irá operar.
Quando há variação na grandeza objeto de medição, a temperatura do sensor varia tor-
nando o erro em relação a TREF diferente de zero. O compensador é ajustado de maneira
a zerar (ou minimizar) o erro automaticamente. Dessa forma a temperatura de trabalho
do sensor sempre estará em torno de TREF . A saída do compensador tem relação direta
com a grandeza medida, uma vez que as variações na temperatura do sensor provocam
automaticamente variações na saída do compensador.

TREF
Compensador
Sensor
Saída
Grandeza
medida
C

Figura 2.5: Sensor à temperatura constante (Sensor em malha-fechada)

Entre os métodos e topologias de circuito mais utilizados em instrumentos à tempera-


tura constante, podem-se destacar as pontes de Wheatstone com realimentação por ampli-
ficadores operacionais (Ampop) (KREIDER, 1973), estratégias de controle realimentado
(OLIVEIRA et al., 1998) , os moduladores Sigma-Delta (WENG et al., 2015), realimen-
tação por acoplamento capacitivo (DENOUAL et al., 2009), e os moduladores Sigma-
Delta Térmicos, detalhados na Seção 2.3. Algumas técnicas, utilizadas principalmente
2.2. ARQUITETURAS DE MALHA FECHADA PARA SENSORES TÉRMICOS 13

em modernos sensores integrados, utilizam vários dos conceitos anteriores, melhorando


o desempenho dos sensores (LEE et al., 2006), (WENG et al., 2015).
Para tornar possível a simulação dos sistemas térmicos e eletrônicos em conjunto, di-
versas técnicas de modelagem dos sensores térmicos foram empregadas. Neste sentido em
diversos trabalhos foi utilizado o principio da equivalência elétrica, no qual, através das
equações características dos sensores, a variação da potência térmica incidente (tempera-
tura, radiação solar, velocidade do vento) é substituída pela variação da potência elétrica
equivalente (FREIRE et al., 2009).

2.2.1 Ponte de Wheatstone com realimentação negativa


Uma das técnicas de realimentação mais utilizadas em sensores térmicos é baseada
na ponte de Wheatstone, ligada a um amplificador operacional, cuja saída é realimentada
(KREIDER, 1973). No circuito mostrado na Figura 2.6, um dos resistores da ponte é o
sensor termoresistivo (Rs ). Variações na grandeza medida provocam mudanças na tem-
peratura do sensor e, consequentemente, na tensão diferencial de entrada do Ampop. A
saída do amplificador varia no sentido contrário compensando a variação de temperatura
do sensor e mantendo seu valor constante. A saída do Ampop é proporcional a grandeza
medida. O funcionamento do circuito é ditado pela Equação (2.8). Neste circuito, con-
siderando Rs um sensor com coeficiente positivo, estando ligado ao terminal inversor do
Ampop, a saída VO é inversamente proporcional a Rs , por esse motivo a temperatura do
sensor é mantida constante. Se o sensor utilizado for um NTC, inverte-se as ligações nos
terminais do Ampop.
 
+ − R3 Rs
V −V = − VO (2.8)
R1 + R3 R2 + Rs
A ponte de Wheatstone realimentada foi utilizada inicialmente em medição de veloci-
dade de fluidos, nos chamados anemômetros à fio-quente (hot-wire anemometers) (JANS-
SEN et al., 1959). Em (KREIDER, 1973), foi utilizado o Ampop 741 e um transistor
bipolar em um circuito simples, de baixo-custo e considerado estável para as aplicações
da época. A variação da resistência Rs não depende só da velocidade do fluido, mas sofre
influência da sua temperatura. Algumas arquiteturas foram propostas para compensar a
influencia da temperatura na medição da velocidade do fluido. Em (FUJITA et al., 1995) e
(OLIVEIRA et al., 1997) foram utilizados 2 sensores mantidos à temperaturas diferentes
e a influência da temperatura foi compensada digitalmente.
Utilizando o princípio da equivalência elétrica, também em (OLIVEIRA et al., 1997)
foi proposto um novo método de compensação da variação da temperatura do fluido utili-
14 CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E ESTADO DA ARTE

R1 R2

V+
VO
V-

Grandeza
R3 RS Medida

Figura 2.6: Ponte de Wheatstone com sensor termoresistivo e realimentação via Ampop.

zando apenas um sensor. O método foi implementado em (FERREIRA et al., 2001) e se


baseia em uma ponte de Wheatstone modificada, mostrada na Figura 2.7. A temperatura
de operação do sensor Rs é alternada entre dois valores, através do chaveamento das re-
sistências Rx e Ry . A velocidade do fluido é calculada a partir da Equação (2.9), na qual
as temperaturas Tsx e Tsy são obtidas a partir da Equação (2.10).

   1
1 RyVsx (Vox −Vsx ) − RxVsy (Voy −Vsy ) n
ϑ= −a (2.9)
b SRx Ry (Tsx − Tsy )

i = x quando Rx for selecionada
 
1 RiVsi
Tsi = −1 (2.10)
β R0 (Voi −Vsi ) i = y quando R for selecionada.
y

na qual β, a, b, n e R0 são constantes descritas na Seção 2.1.1, Vsi , Tsi e Voi são: a tensão
do sensor, a temperatura do sensor e a tensão da saída, quando selecionada a resistência
série Ri .

Para medição de radiação utilizando equivalência elétrica geralmente são utilizados


dois sensores, um pintado de preto para absorção da radiação, e outro de branco, para
reflexão. Esse arranjo é necessário para compensar a variação na temperatura ambiente.
Os sensores, idênticos em forma e características térmicas, são realimentados, cada um
com um circuito semelhante ao da Figura 2.6. Na Figura 2.8 é mostrado o esquema de
ligação do par de sensores. A partir da equação do balanço térmico aplicada a ambos os
sensores, a radiação H pode ser estimada pela Equação (2.11).
2.2. ARQUITETURAS DE MALHA FECHADA PARA SENSORES TÉRMICOS 15

Rx Ry

Grandeza
Medida

Figura 2.7: Anemômetro à temperatura constante com compensação da temperatura do


fluido.

Vw2 −Vb2
H= (2.11)
4SR(αb − αw )
em que Vw e Vb são as tensões de saída da ponte com sensor branco e preto, respecti-
vamente. S, R e α são, respectivamente, área de absorção da radiação, resistência dos
sensores e coeficiente de absorção.

2.2.2 Controle realimentado para sensores à temperatura constante


Nas análises apresentadas na Seção 2.2.1 não foram consideradas as imperfeições do
amplificador operacional. Para os circuitos com sensores à temperatura constante, a não
idealidade que mais influencia é a tensão de desequilíbrio (offset). Idealmente, a tensão
de saída do Ampop é dada pela Equação (2.12), onde AO é o seu ganho de malha aberta e
V + e V − são as tensões nas entradas não-inversora e inversora, respectivamente.

VO = (V + −V − )AO (2.12)

A tensão de offset de entrada (VOS ) é causada por descasamentos no estágio diferencial


do Ampop, modificando a diferença de tensão entre os terminais de entrada, como segue:

VO = (V + −V − −VOS )AO (2.13)

Em (OLIVEIRA et al., 1998) foi estudado o efeito do offset em circuitos com ponte
de Wheatstone realimentada (Figura 2.6) para medição de radiação solar. Constatou-se
16 CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E ESTADO DA ARTE

R1 R2 R2 R1

V+ V+
Vb Vw
-
V V-

Processamento
R3 RSb RSw R3
H

Figura 2.8: Radiômetro utilizando dois sensores para compensação da temperatura ambi-
ente.

a influência do offset quando da variação do ponto de operação do sensor. Viu-se que,


dependendo do valor do offset, uma mesma variação na radiação incidente αSH pode
provocar diferentes variações na tensão de saída VO . Por outro lado, a tensão de offset não
pode ser totalmente cancelada, para que não haja oscilação na saída VO . A utilização da
ponte de Wheatstone tem outras desvantagens, como a relação não linear entre a grandeza
medida e a variável elétrica correspondente. Além disso, os resistores da ponte implicam
em potência consumida adicional e exigem maiores tensões de alimentação. Essas carac-
terísticas restringem o projeto de circuitos integrados utilizando esta topologia.
Ainda em (OLIVEIRA et al., 1998) foi proposta uma nova arquitetura, utilizando
controle realimentado sem o uso da ponte de Wheatstone. Foram projetadas e analisadas
duas técnicas de controle, uma com controlador Proporcional-Integral (PI) e outra com
controlador Preditivo, ambas utilizando a variável de controle Is2 . Um possível esquema
prático para implementação do controle realimentado é mostrado na Figura 2.9, utilizando
um modulador PWM no circuito de excitação do sensor. As leis de controle podem ser
implementadas digitalmente em um microcontrolador, por exemplo.
Nos resultados obtidos com a utilização do controle realimentado, observou-se que
a constante de tempo do circuito não depende da amplitude da radiação incidente. O
controle da temperatura do sensor se mostrou efetivo, mesmo com grandes variações na
radiação. A topologia mostrada na Figura 2.9 é mais adequada à tendência de integração
dos circuitos.
Em diversos outros trabalhos foi utilizada a teoria de controle realimentado clássico
em instrumentos à temperatura constante. Em (ARAUJO et al., 2014), foi proposto um
sistema de controle digital aplicado em um anemômetro à fio-quente. Neste sistema foi
2.2. ARQUITETURAS DE MALHA FECHADA PARA SENSORES TÉRMICOS 17

Circuito de excitação do sensor

IS
yr(t) Controlador u(t) Modulador
Digital PWM

y(t) S-H
(Latch)

Figura 2.9: Implementação de controle realimentado com excitação por corrente modu-
lada por pulsos (OLIVEIRA et al., 1998).

empregada uma estratégia de linearização, onde a variável de controle utilizada foi a po-
tência elétrica fornecida ao sensor, grandeza que tem relação linear com a temperatura,
ao contrário da tensão e da corrente elétrica. A relação linear possibilitou o projeto de
dois controladores clássicos, um Proporcional (P) e um Proporcional-Integral (PI). Os
resultados demostraram que a dinâmica do sensor foi melhorada em relação a arquite-
tura clássica, utilizando ponte de Wheatstone, principalmente para variações rápidas na
velocidade do fluido.

2.2.3 Bolômetros operando em malha fechada


Nos sistemas de imagem térmica IR convencionais, o microbolômetro opera em malha
aberta, ou seja, no ROIC estão presentes circuitos simples como amplificadores e filtros
(LV et al., 2013). Em alguns ROIC são incluídos conversores A/D para obtenção da
saída digital, possibilitando a ligação direta do circuito de leitura com uma unidade de
processamento (WEILER et al., 2010).
A operação de sensores em malha fechada tem várias vantagens em relação a operação
em malha aberta. Algumas das vantagens foram discutidas na Seção 2.2. No caso dos
bolômetros resistivos não resfriados, as vantagens são idênticas, já que se trata de um
sensor termoresistivo. A redução do tempo de resposta, a linearização, a possibilidade
de configuração do ponto de operação e a seleção da faixa de medição são vantagens
já discutidas. Além disso, no caso de uma FPA, uma vez que a resposta do sensor em
malha fechada é independente da sua resistência nominal, o ruído espacial provocado por
discrepâncias entre os pixels é bastante atenuado (DENOUAL et al., 2012).
Em (DENOUAL et al., 2007) foi proposta uma arquitetura com controle realimentado
para um microbolômetro fabricado sobre uma membrana polimérica, baseado no princí-
pio da equivalência elétrica. Os resultados apontaram para redução do tempo de resposta
18 CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E ESTADO DA ARTE

porém o SNR máximo obtido foi de 25 dB. Em (DENOUAL et al., 2008) foi proposto
um novo método de equivalência elétrica, chamado de Substituição Elétrica por Acopla-
mento Capacitivo (CCES-Capacitively Coupled Electrical Substitution), no qual o uso de
um resistor auxiliar para aquecimento do bolômetro é dispensado. O sinal elétrico da re-
alimentação é aplicado ao sensor através de um acoplamento capacitivo. Para isso o sinal
da realimentação é modulado em alta frequência, assim o ponto de operação térmico do
sensor é alterado sem variação do ponto de operação elétrico.
O método CCES foi validado utilizando um bolômetro fabricado com deposição de
filme de ouro sobre uma membrana de vidro, com GT H =1,25 mW/K, CT H =14,6 mJ/K e
τs =11,68 s. Na comparação com o método de equivalência elétrica tradicional, o CCES
obteve pequena redução no tempo de resposta (em ambos a constante de tempo foi menor
que 1 s) e o SNR máximo obtido foi de 31 dB. Na implementação do CCES utilizando
circuito analógico, a potência de realimentação aplicada ao sensor tem relação quadrática
(não linear) com a saída do sensor. Em (MATTHIEU et al., 2009) foi proposta a imple-
mentação digital da realimentação, utilizando modulação por largura de pulso (PWM).
As principal vantagem da implementação digital é a linearização da resposta do sistema
para toda a faixa de operação. Além disso projeto do controlador é facilitado e a saída
digital é diretamente obtida.
Nos circuitos mais recentes que implementam o método CCES, a modulação PWM
foi substituída pela modulação Sigma-Delta (DENOUAL et al., 2012), (DENOUAL et al.,
2014). Além das vantagens da implementação digital já citadas, o modulador Σ∆ aumenta
a resolução e a robustez do sistema. Na Figura 2.10 é mostrado o diagrama de blocos do
sistema apresentado em (DENOUAL et al., 2012).

PH VS
P T Controle
+
+
PJ
T V G + Analógico

V VREF
Bolômetro P

VFB
∑∆
Saída
Digital
Portadora
IC technology
fP>>BW CMOS 0,35 μm

Figura 2.10: Bolômetro realimentado pelo método CCES com conversor Σ∆.
2.3. MODULADOR SIGMA-DELTA TÉRMICO 19

Foi desenvolvido um circuito integrado composto de um modulador Σ∆, um filtro


decimador, para obtenção da saída digital de 8 bits, um circuito de modulação de alta
frequência para implementação do CCES. Além do circuito integrado, o sistema possui
outros circuitos off-chip, o circuito de conformação do sinal e o controlador. Nos ex-
perimentos de validação do sistema foi utilizado um bolômetro com GT H =550 µW/K,
CT H =60 mJ/K, resultando em τs =110 s. Estes parâmetros foram obtidos no vácuo. Na
pressão e temperatura ambiente, o sensor em malha-aberta apresentou tempo de resposta
de 40 s. Com o sistema em malha fechada o tempo foi diminuído para 20 s.

2.3 Modulador Sigma-Delta Térmico

2.3.1 Modulação Sigma-Delta


Em conversão de dados, A/D ou D/A (digital/analógica), uma das técnicas mais utili-
zadas, desde a década de1960 até os circuitos mais modernos, é a modulação Sigma-Delta
(Σ∆). Essa técnica combina sobreamostragem e modelagem do erro de quantização (noise
shaping) e, com circuitos relativamente simples, pode-se obter alta resolução e alta SNR.
Essas características fazem dos moduladores Σ∆ os circuitos mais utilizados em conver-
sores A/D em diversas aplicações, sobretudo como interface em CI‘s e SistemasOn Chip
(SoC) (ROSA, 2011), (ROSA; RIO, 2013).
Na conversão A/D, dois dos principais processos envolvidos são a amostragem e a
quantização. No primeiro processo, um circuito amostrador (S/H-sampling-and-hold)
discretiza o sinal analógico à uma frequência fs . Segundo o teorema de Nyquist, fs deve
ser pelo menos igual ao dobro da banda passante (Bw ) do sinal de entrada. Quando fs =
2Bw é dito que o A/D trabalha à taxa de Nyquist. Quando fs > 2Bw , os A/D são chamados
de sobreamostrados (oversampling). Nesse tipo de conversor tem-se fs =OSR×2Bw , onde
OSR é a taxa de sobreamostragem. A principal vantagem no uso de sobreamostragem é
o espalhamento do ruído de quantização por uma maior faixa de frequência ( fs /2).
A formatação do ruído de quantização (noise shaping) é intrínseca da estrutura do Σ∆.
O efeito do noise shaping é a filtragem do ruído de quantização, levando a potência do
ruído para as frequências mais altas, melhorando a SNR do sistema dentro da banda pas-
sante. A estrutura de um modulador Σ∆ típico é mostrada na Figura 2.11. O integrador
tem função de filtro passa-baixas, o conversor A/D de 1-bit trabalha à taxa de sobreamos-
tragem fs e introduz o erro de quantização ε.
No domínio Z, a saída Y (z) é dada pela Equação (2.14). Pode-se observar que o
sinal de entrada X(z) não é filtrado e o ruído de quantização ε(z) é cancelado nas baixas
20 CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E ESTADO DA ARTE

x[n] -1 y[n]
H(z)= Z
1 - Z -1
1-bit

ε[n]
1-bit
DAC
Figura 2.11: Modulador Sigma-Delta de 1a ordem

frequências, ou seja, é modelado por um filtro passa-altas. Este modulador é chamado


de Σ∆ de 1a ordem, pois utiliza apenas 1 integrador, aplicando um filtro de 1a ordem ao
ruído de quantização (ROSA; RIO, 2013).

Z −1
Y (z) = (X(z) −Y (z)) + ε(z)
1 − Z −1
Y (z) = X(z)Z −1 + ε(z)(1 − Z −1 ) (2.14)

Utilizando mais integradores em cascata, é possível aumentar a ordem do Σ∆ e mode-


lar o ruído de quantização de forma mais eficiente, contribuindo para o aumento do SNR
e da resolução. Moduladores Σ∆ com ordem maior que 2 podem apresentar problemas de
estabilidade, dificultando seu projeto. Em resumo, o projeto de um modulador Σ∆ envolve
a escolha adequada da OSR e da ordem do filtro de quantização para que sejam obtidos
os requisitos de SNR, faixa dinâmica e resolução.
Um conversor A/D Σ∆ (Figura 2.12) é composto por um modulador Σ∆ e um filtro
digital com decimador. O filtro digital cancela as componentes de alta frequência e a
decimação é o processo inverso da sobreamostragem, onde a taxa de amostragem do sinal
é reduzida para uma frequência menor (geralmente igual a taxa de Nyquist).

2.3.2 Sigma-Delta Térmico


Uma das estratégias para controlar a temperatura de um sensor térmico é inseri-lo na
malha de realimentação de um Σ∆. Os primeiros estudos nesse sentido foram apresen-
tados em (VERHOEVEN; HUIJSING, 1995a) e (VERHOEVEN; HUIJSING, 1995b),
sendo a técnica batizada de Sigma-Delta Térmico (Σ∆T). Em um Σ∆T parte das funções
de um modulador Σ∆ tradicional é executada pelo sensor, no domínio térmico, e outra
2.3. MODULADOR SIGMA-DELTA TÉRMICO 21

x[n] y[n]
-1 Filtro
H(z)= Z -1
1-Z Decimador
1-bit
fs fNyquist
ε[n]
fs
1-bit
DAC

Figura 2.12: Conversor A/D Sigma-Delta de 1a ordem

parte é executada por circuitos eletrônicos, no domínio elétrico. Na malha do Σ∆T, mos-
trada na Figura 2.13, o sensor térmico desempenha as funções de somador e integrador, e
no domínio elétrico apenas são executadas as conversões A/D e D/A de 1-bit, o que repre-
senta em termos de circuito eletrônico apenas um comparador de tensão e um registrador
de 1-bit (flip-flop D).

Integrador Comparador Flip-Flop


Grandeza Saída
Física Digital
 D Q

Clock
Domínio Térmico

1-bit
DAC
Domínio Elétrico

Figura 2.13: Diagrama de blocos do modulador Σ∆ de 1a ordem.

A função do somador é executada termicamente através da troca de calor do sensor


com o ambiente (perda de calor) e do aquecimento do sensor através da realimentação
(ganho de calor). A função do integrador decorre da inércia térmica (ou capacitância
térmica) do sensor, ou seja, a variação de temperatura do sensor em função do tempo tem
características semelhantes a de um integrador. Para que o integrador térmico funcione, a
constante de tempo do sensor deve ser muito maior que o período de sobreamostragem.
No domínio elétrico, o comparador e o registrador formam o conversor A/D de 1-bit.
A conversão D/A de um 1-bit, geralmente localizado na realimentação, na maioria das
aplicações práticas é desempenhada por uma fonte de corrente controlada. Em relação às
22 CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E ESTADO DA ARTE

demais arquiteturas de malha fechada apresentadas anteriormente, apesar da simplicidade


do circuito eletrônico, o Σ∆T também melhora a resposta dinâmica e lineariza a resposta
do sistema, além disso fornece na saída a representação digital da grandeza a ser medida,
em alta resolução (dependendo da taxa de sobre-amostragem) e com alta SNR.
Como visto na seção 2.1.1, com a utilização de sensores térmicos, além da medição
de temperatura, em teoria qualquer grandeza física que tenha relação com a temperatura
do sensor pode ser estimada através do princípio da equivalência elétrica. Entre as im-
plementações encontradas na literatura, o conceito do Σ∆T foi aplicado em medição de
temperatura, velocidade e direção de fluidos (como o vento) e radiação térmica.
Na Tabela 2.1 são apresentados os principais trabalhos referentes aos moduladores
Σ∆T. Apenas foram considerados os artigos que se enquadram no conceito introduzido
anteriormente, onde um sensor térmico realiza funções dentro do modulador. Outros
trabalhos que utilizam sensores térmicos e modulação Sigma-Delta, porém de forma se-
parada, são citados neste documento mas não se enquadram na Tabela 2.1.
Em (VERHOEVEN; HUIJSING, 1995a) e (VERHOEVEN; HUIJSING, 1995b) foi
introduzido o conceito do Σ∆T. Foi implementado um sensor inteligente de fluido (smart
sensor) para aplicação em controle de respiração. O circuito integrado projetado possui
um sistema microcontrolado, um sensor de temperatura para compensação do efeito das
variações da temperatura ambiente, e a malha do Σ∆T, implementada utilizando o micro-
controlador como comparador digital. Um segundo CI com smart sensor de temperatura
para aplicações domésticas foi desenvolvido em tecnologia BiCMOS.
Baseado no conceito do Σ∆T, em (MAKINWA; HUIJSING, 2001a) foi proposta uma
topologia diferencial para a malha do modulador, mostrada na Figura 2.14. No Σ∆T
diferencial, com apenas um comparador com flip-flop são realizadas duas realimentações
para aquecer os dois extremos opostos de um mesmo sensor, no caso foram integradas
termopilhas. Cada realimentação é derivada de uma saída do flip-flop, Q e Q̄, ou seja, são
complementares.
Com esse arranjo é possível medir o gradiente de temperatura do sensor. O arranjo do
circuito força a tensão diferencial de entrada do comparador para zero e as variações na
temperatura de uma das extremidades são compensadas e podem ser detectadas no trem de
pulsos da saída. Com dois Σ∆T diferenciais e sensores dispostos em cada extremidade do
chip, foi realizado um anemômetro para medição de velocidade e direção do vento, com
resultados e análises apresentados em (MAKINWA; HUIJSING, 2001b), (MAKINWA;
HUIJSING, 2002b) e (MAKINWA; HUIJSING, 2002a).
Em relação a simulação dos circuitos, em (MAKINWA et al., 2002) os autores de-
talham a metodologia utilizada para modelagem dos sensores utilizando uma ferramenta
2.3. MODULADOR SIGMA-DELTA TÉRMICO 23

Tabela 2.1: Resumo das implementações de Sigma-Delta Térmico

Tipo / Posição do
Referência Simulação Tecnologia Principais Contribuições
Sensor
(VERHOEVEN;
Termopilha / Primeiro trabalho a apresentar o con-
HUIJSING, SPICE BJT e BiCMOS
Integrado ceito de Σ∆ Térmico.
1995a)1
(MAKINWA; Obtenção da velocidade e direção do
Termopilha 2D / Thermodel e
HUIJSING, CMOS vento com o uso de dois Σ∆T diferen-
Integrado SPICE
2001a)2 ciais.
Aplicação do Σ∆ Térmico em medi-
(DOMINGUEZ et BJT array / SPICE e Componentes
ção de fluxo de ar. Estudos das não-
al., 2002)3 Externo Linguagem C Discretos
linearidades do integrador térmico.
Modelagem do termistor NTC utili-
(OLIVEIRA et al., MATLAB Somente
Termistor NTC / - zando Princípio da Equivalência Elé-
2004) Simulink Simulação
trica.
Primeiro trabalho a implementar
(MAKINWA; Componentes Σ∆T de segunda ordem, aplicado
BJT / Externo -
HUIJSING, 2005) Discretos em Anemômetro a transistor quente
(HTA).
Análise de frequência e SNR de Σ∆T
(PALMA et al., MATLAB Somente
RTD / - com RTD aplicado a medição de radi-
2006) Simulink Simulação
ação solar.
(ALMEIDA et al., MATLAB Somente Anemômetro baseado no Σ∆ Térmico
RTD / -
2007) Simulink Simulação com termoresistor RTD.
(FREITAS et al., Termômetro4 e Radiômetro5 baseados
Termistor NTC / MATLAB Componentes
2008)4 , (ROSA et no Σ∆T com termistor NTC, validados
Externo Simulink Discretos
al., 2008)5 utilizando microcontrolador.
Termistores de Aplicação em medição de fluxo. Aná-
(CERIMOVIC et Componentes
filme fino de Ge / SPICE lises da influência da frequência de
al., 2009) Discretos
Externo clock na precisão do transdutor.
Simulação do sistema em VHDL-
(ALMEIDA et al., Microsensor PTC / CMOS (Somente
VHDL-AMS AMS e implementação (leiaute)
2010) Integrado Leiaute)
CMOS com tecnologia 0,35 µm.
Medição de velocidade, direção do
(WU et al., Termopilha / vento e temperatura em único CI
- CMOS
2011b)6 Integrado CMOS, tecnologia 0,7 µm. Σ∆T de se-
gunda ordem.
Estudo da influência dos parâmetros
(ROSA; Termistor NTC / Componentes do sensor no SNR do sistema. Ar-
-
OLIVEIRA, 2014) Externo Discretos quitetura semelhante a (ROSA et al.,
2008).
(VITORINO et al., Bolômetros / MATLAB Somente Estudo e comparação entre Σ∆T de 1a
2016) Externo Simulink Simulação e 2a ordem aplicados a bolômetros.
Aplicação do Σ∆T de 1a ordem na
(ROSA et al., Termistor NTC / Componentes medição de radiação térmica. Es-
-
2016) Externo Discretos tudo detalhado das influência das não-
idealidades do circuito no SNR.
Proposta nova arquitetura AR-Σ∆T
para a medição de radiação térmica,
(VITORINO et al., Termistor NTC / MATLAB Componentes
incluindo auto-ajuste da faixa de ope-
2018) Externo Simulink Discretos
ração do modulador (trabalho desta
tese)

1 (VERHOEVEN; HUIJSING, 1995a) e (VERHOEVEN; HUIJSING, 1995b)


2 (MAKINWA; HUIJSING, 2001a) ,(MAKINWA; HUIJSING, 2001b), (MAKINWA; HUIJSING, 2002b) e (MAKINWA;
HUIJSING, 2002a)
3 (DOMINGUEZ et al., 2002) e (DOMINGUEZ; CASTANER, 1999)
6 (WU et al., 2011b) e (WU et al., 2011a)
24 CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E ESTADO DA ARTE

Figura 2.14: Sigma-Delta Térmico Diferencial. Fonte:(MAKINWA; HUIJSING, 2002a)

específica para geração de um modelo de circuito equivalente ao comportamento do sen-


sor (SZÉKELY, 1998),(SZÉKELY et al., 2001). Nesse software, o modelo é obtido a
partir da resposta do sensor ao degrau unitário e a saída da ferramenta é um circuito equi-
valente composto por redes RC. Os modelos de circuito foram utilizados para simulação
SPICE do transdutor completo.
Em (DOMINGUEZ et al., 2002) o Σ∆T foi utilizado em um medidor de fluxo de ar.
Foi realizada uma análise matemática da faixa dinâmica do modulador. Foi concluído
que, para maximizar a faixa dinâmica da saída e a sensibilidade do sensor, a tensão de
referência deve ser escolhida de forma que na presença de fluxo máximo de ar, a saída
seja próxima a 1, entre 80 e 90% do valor máximo para evitar saturação. Com o mesmo
objetivo foi realizado um arranjo na realimentação, no circuito de aquecimento do sensor.
Foram utilizadas uma fonte de potência constante e uma fonte de potência pulsada em
paralelo, a largura de pulso da fonte controlada influencia na faixa dinâmica da saída.
A modelagem de alto nível do Σ∆T, utilizando o ambiente Simulink do MATLAB, foi
apresentada pela primeira vez em (OLIVEIRA et al., 2004). O modelo de um sensor NTC
foi desenvolvido utilizando as equações do princípio da equivalência elétrica. O Σ∆T foi
utilizado para medição de temperatura, e os resultados de simulação comprovaram seu
funcionamento. Em outros trabalhos a mesma metodologia (PEE) foi empregada para
sistemas de medição de radiação em (PALMA et al., 2006), (ROSA et al., 2008) e (ROSA
et al., 2008) e velocidade de fluidos (ALMEIDA et al., 2007).
2.3. MODULADOR SIGMA-DELTA TÉRMICO 25

Em duas das implementações apresentadas na tabela 2.1 foi utilizado um modulador


Σ∆T de 2a ordem. Como já dito anteriormente, a função do integrador do modulador Σ∆T
é realizada pelo sensor, através da sua inércia térmica. O integrador térmico possui ganho
DC limitado, provocando uma degradação no desempenho do Σ∆T em relação ao mo-
dulador tradicional. Em (MAKINWA; HUIJSING, 2005), foi projetado um circuito com
componentes discretos, adicionando um integrador eletrônico na malha do Σ∆T, formando
um modulador de 2a ordem, com aplicação em um anemômetro baseado em transistores
bipolares aquecidos (hot transistor anemometer HTA).

Figura 2.15: Sigma-Delta Térmico Diferencial de 2a ordem. Fonte:(WU et al., 2011b)

Em (WU et al., 2011b) e (WU et al., 2011a) foi apresentado um anemômetro inte-
grado para medição de velocidade e direção do vento, utilizando Σ∆T de 2a ordem, em
configuração diferencial mostrada na Figura 2.15. Além da medição de fluido, o sensor
mede também a temperatura ambiente através da análise de uma oscilação presente no
modulador de 2a ordem. Algumas características deste sistema, assim como comparação
de desempenho entre 1a e 2a ordem são apresentadas abaixo.
Anemômetro CMOS ((WU et al., 2011a)):

• Tecnologia: CMOS 0,7 µm


• Área: 4x4 mm2
• Consumo: 50 mW (Boa parte devido aos resistores de aquecimento, o circuito de
interface consome 25 µA.)
• Erro máximo: ±4% (velocidade), ±2% (direção)
26 CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E ESTADO DA ARTE

• Faixa de medição: 1 a 25 m/s


• Resolução digital (com fs = 10 kHz): Σ∆T 1a ord.: 12 bits; Σ∆T 2a ord.: 15 bits.
• Resolução velocidade: Σ∆T 1a ord.: 0,08 m/s ; Σ∆T 2a ord.: 0,01 m/s.
Capítulo 3

Modulador AR-Σ∆T: Arquitetura


Proposta

3.1 Arquitetura convencional do modulador Σ∆T de 1a


ordem
Uma arquitetura de circuito, proposta em (ROSA et al., 2016), implementa um modu-
lador Σ∆T de 1a ordem, baseado em um sensor termoresistivo NTC. No circuito, mostrado
na Figura 3.1, o sensor é mantido à temperatura constante através da topologia em ma-
lha fechada. A saída do circuito (Vo ) é uma sequência binária, cuja média representa a
potência elétrica fornecida ao sensor para mantê-lo à temperatura constante, portanto Vo
também é proporcional à variação da temperatura ambiente Ta e à radiação incidente PH .
Sendo assim, a radiação PH pode ser estimada se conhecida e compensada a temperatura
ambiente.
As faixas de operação em temperatura do Σ∆T são mostradas na Figura 3.2, onde
∆TM0 é a faixa de temperatura medida e ∆Ta é a faixa de temperatura ambiente. A faixa de
temperatura medida é a soma das contribuições da temperatura ambiente com a variação
de temperatura provocada pela radiação incidente. O valor mínimo de ∆TM0 é igual ao
valor mínimo da temperatura ambiente, quando a radiação incidente for nula, ou seja,
TM0min = Tamin . O valor máximo da temperatura medida, dado pela Equação (3.1), acontece
quando a temperatura ambiente e a radiação incidente têm seus valores máximos.

PHmax
TM0max = Tamax + . (3.1)
GT H
O sensor é mantido à uma temperatura em torno do valor TREF , que deve ser maior que
TM0max . Para que o sensor opere em TREF o circuito do Σ∆T deve fornecer uma potência
elétrica mínima ao sensor, dada pelo termo ∆TM0tL /tH , onde tL e tH são, respectivamente,
28 CAPÍTULO 3. MODULADOR AR-Σ∆T: ARQUITETURA PROPOSTA

VREF Vo
D Q
clk
Vs

H , Ta I REF
Rs

Analógico Digital

Figura 3.1: Circuito do modulador Σ∆T de 1a ordem.

os períodos de tempo em nível baixo e nível alto do sinal de clock.


No diagrama de tempo da Figura 3.3 é exibido o funcionamento do circuito de excita-
ção do sensor. Em cada período de clock, ou o sensor é eletricamente aquecido (heating),
quando aplicada uma corrente IREF , ou é resfriado (cooling), quando a corrente é nula.
Para garantir a comparação da tensão do sensor (VS ) com a tensão de referência (VREF ) em
todos os períodos do clock, um pulso de retorno para nível alto é implementado, mesmo
nos períodos de resfriamento. Esta lógica é implementada pela porta NAND no circuito
de realimentação do Σ∆T, e o pulso é chamado de sensing, com duração tL .
Considerando o período de tempo de sensing, podem ser calculadas as potências elé-
tricas máxima e mínima fornecidas ao sensor, que são respectivamente:

Pemax = VREF IREF = GT H (TREF − TM0min ), (3.2)

tL
Pemin = VREF IREF = GT H (TREF − TM0max ). (3.3)
tclk
Através das Equações (3.2) e (3.3) pode-se obter a Equação (3.4) para a temperatura
TREF , sabendo que tH = tclk − tL .

tL
TREF = TM0max + ∆TM0 . (3.4)
tH
Para esta arquitetura do Σ∆T, o valor de tL pode ser escolhido aleatoriamente, porém é
3.1. ARQUITETURA CONVENCIONAL DO MODULADOR Σ∆T DE 1A ORDEM29

TREF
TM 0 t L t H
TM 0max
PH max GTH
Tamax
TM 0

Ta

TM 0min Tamin

Figura 3.2: Faixas de operação do Σ∆T de 1a ordem.

desejável um tempo pequeno, considerando que tL influencia na temperatura de referência


e na potência elétrica entregue ao sensor. Ainda utilizando as Equações (3.2) e (3.3)
podem-se obter as equações para a tensão VREF e corrente de referência IREF :
r
tL
VREF = GT H ∆TM0 (1 + )RREF (3.5)
tH
e

VREF
IREF = , (3.6)
RREF
nas quais RREF é a resistência do sensor na temperatura TREF .

3.1.1 Medição de radiação com modulador de 1a ordem


O sistema para medição de radiação é projetado definindo os parâmetros da faixa de
operação da temperatura ambiente (Tamin e Tamax ), faixa de radiação (Hmax (ou PHmax ) ) e
o ciclo de trabalho do clock (tL ). A partir desses parâmetros e usando as Equações (3.1),
(3.4), (3.5) e (3.6), pode-se calcular TM0max , ∆TM0 , TREF , VREF e IREF , em sequência.
Para medição da radiação incidente através do modulador Σ∆T é utilizado o esquema
mostrado na Figura 3.4. São utilizados dois sensores termoresistivos, um deles exposto à
radiação incidente e outro protegido, chamados de sensor de radiação e sensor protegido,
respectivamente. O sensor de radiação pode ser pintado de preto para maximizar a absor-
ção de radiação, enquanto o sensor protegido pode ser pintado de branco e coberto por
30 CAPÍTULO 3. MODULADOR AR-Σ∆T: ARQUITETURA PROPOSTA

clk
1
tH tL
0
VO
1
VS  VREF VS  VREF
0
IS
I REF
0
heating cooling sensing cooling sensing

Figura 3.3: Diagrama de tempo com a lógica do Σ∆T de 1a ordem.

um anteparo. Ambos os sensores devem estar sob as mesmas condições de temperatura


ambiente.

Sensor
radiation Modulador Filtro
SDT Decimador Ĥ
H
Ta Processador

Modulador Filtro Tˆa


SDT Decimador
Ta
Sensor
blinded

Figura 3.4: Diagrama de blocos do sistema para medição de radiação utilizando modula-
dor Σ∆T. (ROSA et al., 2016)

Cada um dos sensores é ligado à um modulador Σ∆T e ambos os circuitos são ca-
librados para operar na mesma faixa ∆TM0 . A potência da radiação pode ser calculada
por:

PˆH = GT H ∆TM0 (VoH −VoT ), (3.7)

onde VoH e VoT são as médias das saídas binárias dos Σ∆T do sensor de radiação e pro-
tegido, respectivamente. As médias dos bitstreams são obtidas utilizando filtros decima-
dores implementados no sistema digital. A radiação incidente pode ser calculada através
de:
3.2. MODULADOR Σ∆T COM AUTO-AJUSTE DA FAIXA DE OPERAÇÃO 31

PˆH
Ĥ = . (3.8)
αS

3.2 Modulador Σ∆T com auto-ajuste da faixa de opera-


ção
Como pode ser observado na Figura 3.2, no modulador Σ∆T convencional, apre-
sentado em (ROSA et al., 2016), a sensibilidade e o SNR dependem da relação en-
tre a faixa de radiação térmica (PHmax /GT H ) e a faixa de temperatura medida (∆TM0 =
∆Ta + PHmax /GT H ). Sendo assim, para os casos onde a temperatura ambiente não é con-
trolada (∆Ta > 0), por exemplo na medição de radiação solar em campo, esta relação pode
ser muito menor que 1, o que resulta em uma baixa sensibilidade e, consequentemente,
baixa SNR.
A faixa de temperatura medida ∆TM0 é definida pelos valores de VREF , IREF e tL ,
todos estabelecidos na fase de projeto. Os valores de tensão e corrente de referência
são ajustados no circuito analógico através de potenciômetros, por outro lado o valor de
tL é estabelecido no sistema digital, ou seja, pode ser automaticamente ajustado, sem
aumento da complexidade do circuito. Neste trabalho é proposta uma nova arquitetura
chamada Modulador Sigma-Delta Térmico com Auto-ajuste da faixa de operação (AR-
Σ∆T, do inglês Auto-Range Thermal Sigma-Delta Modulator), na qual a faixa de operação
é ajustada para ser igual a faixa de radiação térmica (PHmax /GT H ). O controle da faixa de
operação é realizado através do ajuste da potência entregue ao sensor, variando-se o valor
de tL como função da temperatura ambiente estimada.
O circuito do modulador AR-Σ∆T é mostrado na Figura 3.5 e o seu diagrama térmico
mostrado na Figura 3.6. A faixa de operação do modulador ∆TM é definida como sendo
igual a faixa de radiação térmica, como mostrado na Equação (3.9).

PHmax
∆TM = TMmax − TMmin = (3.9)
GT H
O valor mínimo da faixa de operação do AR-Σ∆T é igual a temperatura ambiente
estimada Tˆa , ou seja:

TMmin = Tˆa , (3.10)

A temperatura ambiente é estimada utilizando o modulador Σ∆T convencional com o


sensor blinded, segundo a Equação (3.11).
32 CAPÍTULO 3. MODULADOR AR-Σ∆T: ARQUITETURA PROPOSTA

VREF
Vo
D Q
clk
Vs

H , Ta I REF
Rs

t L1 tL 0
Analógico Digital

Figura 3.5: Circuito do modulador AR-Σ∆T.

TREF

Pe 0 GTH
Pe1 GTH
TM max
TM PH max GTH
TM min

Ta
Tamin

Figura 3.6: Diagrama térmico do AR-Σ∆T.

Tˆa = TM0min + ∆TM0VoT . (3.11)

Na realimentação do AR-Σ∆T dois valores de potência elétrica, Pe0 e Pe1 , represen-


tando os níveis lógicos ’0’ e ’1’, garantem a operação do sensor em TREF em toda a faixa
de operação ∆TM . Os valores de Pe0 e Pe1 são dados por:

Pe0 = GT H (TREF − TMmax ), (3.12)

Pe1 = GT H (TREF − TMmin ). (3.13)


3.2. MODULADOR Σ∆T COM AUTO-AJUSTE DA FAIXA DE OPERAÇÃO 33

3.2.1 Medição de radiação com AR-Σ∆T


A potência elétrica média entregue ao sensor depende do ciclo de trabalho do sinal de
clock, ou seja:

tL
Pe = Pemax . (3.14)
tclk
Utilizando as Equações (3.12), (3.13) e (3.14) obtêm-se as Equações (3.15) e (3.16)
para os valores de tL correspondentes aos níveis ’0’ e ’1’.

GT H (TREF − TMmax )
tL0 = tclk , (3.15)
Pemax
e

GT H (TREF − TMmin )
tL1 = tclk . (3.16)
Pemax
O sistema completo do AR-Σ∆T é mostrado na Figura 3.7, onde o sensor de radiação
opera no modo AR-Σ∆T, enquanto o sensor protegido, utilizado para estimação da tem-
peratura ambiente, opera no modo convencional Σ∆T. As Equações (3.9), (3.10), (3.15)
e (3.16) são implementadas no sistema digital do AR-Σ∆T a fim de manter a faixa de
operação do modulador igual a faixa de radiação térmica especificada para o sistema.

Sensor
radiation Filtro
AR-SDT
H Decimador Ĥ
Ta tL 0 t L1
Processador

Filtro Tˆa
SDT
Ta Decimador
Sensor
blinded

Figura 3.7: Diagrama de blocos do sistema para medição de radiação incidente utilizando
AR-Σ∆T.

Considerando a potência elétrica média entregue ao sensor, o balanço térmico do sen-


sor termoresistivo pode ser escrito pela Equação (3.17).

PH + Pe = GT H (TREF − Ta ). (3.17)
34 CAPÍTULO 3. MODULADOR AR-Σ∆T: ARQUITETURA PROPOSTA

Considerando que é utilizada lógica invertida no chaveamento da fonte de corrente, a


potência elétrica média pode ser obtida em função da média (e da média do complemento)
da saída do modulador, como mostra a Equação (3.18)

Pe = Pe0 VoH + Pe1 (1 −VoH ). (3.18)

A Equação (3.19) para estimação da potência de radiação utilizando AR-Σ∆T é obtida


a partir das Equações (3.12), (3.13), (3.17) e (3.18).

P̂H = PHmax VoH . (3.19)

3.3 Simulações e comparação de desempenho entre Σ∆T


e AR-Σ∆T
As arquiteturas convencional (Σ∆T) e a proposta neste trabalho (AR-Σ∆T) foram mo-
deladas no ambiente Matlab R
/Simulink
R
para fins de comparação, utilizando termisto-
res NTC. O parâmetros do modulador Σ∆T, assim como as especificações do sensor são
mostradas na Tabela 3.1. O diagrama de blocos no Simulink foi desenvolvido para ser
totalmente parametrizado e controlado via rotinas do Matlab. Os parâmetros de entrada
do sistema são estabelecidos pelo usuário e todos os parâmetros do Σ∆T são calculados
automaticamente para que as simulações sejam executadas.

Tabela 3.1: Especificações do NTC e do Σ∆T para medição de radiação solar.


Parâmetros do Sensor Parâmetros do Σ∆T
GT H 2.8 mW/K Tamin 0 oC
CT H 29 mJ/K Tamax 45 o C
αS 17 µm2 PHmax 34 mW
B 3650 K Pemax 168.4 mW
R25 333 Ω ∆TM0 57.14 o C
TREF 60.15 o C ∆TM 12.14 o C
RREF 91.65 Ω BW 2 Hz

As primeiras simulações foram realizadas com ambas as arquiteturas para comparação


do espectro de potência e da distribuição de densidade do bitstream de saída, para OSR
3.3. SIMULAÇÕES E COMPARAÇÃO DE DESEMPENHO ENTRE Σ∆T E AR-Σ∆T35

de 64. Para todas as simulações, a temperatura ambiente foi considerada 25 o C. Como en-
trada dos sistemas foi utilizado um sinal de potência de radiação senoidal com frequência
de 1 Hz e amplitude de -3 dB em relação ao valor de escala completa (-3 dBFS), para evi-
tar a saturação do modulador. Na parte superior da Figura 3.8 são mostradas a Densidade
Espectral de Potência (PSD) do bitstream de ambas as arquiteturas, normalizadas pelo
valor máximo. O efeito de noise shaping pode ser observado em ambos os moduladores.
O SNR do Σ∆T foi de 40,5 dB, enquanto o do AR-Σ∆T foi de 54 dB, ou seja, em termos
de SNR a arquitetura proposta obteve ganho de 13,5 dB sobre a convencional.
Os gráficos do centro e inferior mostram o bitstream de saída no domínio do tempo,
durante um período do sinal de entrada, para os moduladores Σ∆T e AR-Σ∆T, respecti-
vamente. Pode-se observar que no caso do AR-Σ∆T a densidade de pulso do bitstream é
melhor distribuída, ou seja, ocupa melhor a faixa de amplitude na saída, indicando sensi-
bilidade mais alta que a arquitetura convencional.
Também foram realizadas simulações com o sistema proposto com o OSR variando
entre 16 e 4096 (24 to 212 ), com entrada de radiação senoidal com amplitude de -3 dBFS
e frequência 1 Hz. Os resultados de SNR obtidos são mostrados na Figura 3.9 junto com
o SNR teórico, calculado a partir da Equação (3.20) para um modulador sigma-delta de
1a ordem (MLADENOV et al., 2011).

SNRT = APH (dB) + 9.03 log2 (OSR) + 2.61, (3.20)

na qual APH (dB) = 20 log10 (APH /PHmax ), com APH como a amplitude de pico do sinal se-
noidal.
Pode ser observado nos resultados da Figura 3.9 que o SNR do AR-Σ∆T varia em
função do OSR com valores bastante aproximados aos valores teóricos. Com o valor de
OSR=256 (28 ) foi obtido SNR de 73 dB, sendo então escolhido para as demais simulações
e para a implementação prática do sistema.
Outro conjunto de simulações foi realizado para a obtenção dos valores de SNR em
função da amplitude do sinal de entrada do modulador, os resultados são apresentados
na Figura 3.10, junto com os valores teóricos. As duas arquiteturas foram simuladas com
OSR de 256, frequência de clock de 1024 Hz e com sinal de entrada (potência de radiação
PH ) com frequência de 1 Hz e amplitude variável. A arquitetura proposta AR-Σ∆T obteve
um ganho médio de SNR em relação ao Σ∆T convencional em torno de 10 dB. Pode
ser visto que os resultados do sistema proposto de aproximam dos valores teóricos. O
comportamento da curva do AR-Σ∆T é explicado por um efeito típico dos moduladores
sigma-delta de 1a ordem, chamado pattern noise (ruído padrão) (SCHREIER et al., 1997).
36 CAPÍTULO 3. MODULADOR AR-Σ∆T: ARQUITETURA PROPOSTA

Figura 3.8: Simulações do Σ∆T e AR-Σ∆T, para sinal de entrada com -3 dBFS em 1 Hz
e OSR de 64. Superior: Espectros de Potência Normalizados; Centro: bitstream de saída
do Σ∆T (vermelho) e sinal de entrada normalizado pela escala completa (preto); Inferior:
bitstream de saída do AR-Σ∆T (azul) e sinal de entrada normalizado pela escala completa
(preto).
3.3. SIMULAÇÕES E COMPARAÇÃO DE DESEMPENHO ENTRE Σ∆T E AR-Σ∆T37

120

100
SNR (dB)

80

60

40 Teórico
Simulação
20
4 5 6 7 8 9 10 11 12
Log 2 (OSR)

Figura 3.9: SNR como função do OSR para a arquitetura AR-Σ∆T comparada aos valores
teóricos.

80

70

60

50
SNR (dB)

40

30

20

10
Teórico
AR-Σ∆ T
0
Σ∆ T

-10
-80 -70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0
P H (dBFS)

Figura 3.10: SNR em função de PH : teórico, Σ∆T e AR-Σ∆T.


38 CAPÍTULO 3. MODULADOR AR-Σ∆T: ARQUITETURA PROPOSTA
Capítulo 4

Ambiente Experimental e Resultados

4.1 Descrição dos sistemas e ambiente experimental


Para validação experimental da arquitetura proposta e comparação entre o AR-Σ∆T
e o modulador Σ∆T convencional, foi desenvolvido um protótipo de um pirânometro,
assim como um ambiente de verificação, mostrado na Figura 4.1 e descrito ao longo deste
capítulo.

2x 10 W 2x 10 W
3000 K LED 6000 K LED

Suporte
Domo
PCI sensor
de vidro
de radiação
FPGA
PCI sensor
protegido
Sensor de Sensor
Cobertura
radiação protegido

Figura 4.1: Diagrama de blocos do ambiente experimental.

No protótipo do piranômetro foram utilizados dois termistores NTC, cada um com


área de 18 µm2 e localizados no interior de uma cúpula de vidro. Um dos sensores foi
pintado de preto e localizado no centro da cúpula, exposto diretamente a radiação inci-
dente, chamado sensor de radiação. O segundo NTC, chamado de sensor protegido, foi
pintado de branco e protegido da radiação através de uma cobertura, que não deve gerar
diferença na temperatura ambiente medida pelos dois sensores.
40 CAPÍTULO 4. AMBIENTE EXPERIMENTAL E RESULTADOS

Duas placas de circuito impresso idênticas foram produzidas, uma para cada sensor,
com o circuito analógico do modulador Σ∆T. A fonte de corrente é baseada em um am-
plificador operacional (TL082), um transistor bipolar PNP e um transistor NPN para con-
trole. O comparador de tensão (LM311) recebe a tensão de referência VREF e a tensão do
sensor VS . Os valores de referência VREF e IREF são ajustados através de potenciômetros.
Todo o circuito digital foi implementado em FPGA (Field Programmable Gate Ar-
ray), utilizando a linguagem Verilog para descrição do hardware. Para prototipação foi
utilizada placa de desenvolvimento DE1, baseada em FPGA da Altera. O sistema digital
compreende:

• A parte digital do modulador Σ∆T para ambos os sensores, ou seja, o flip-flop e a


porta lógica NAND.
• O circuito de geração do sinal de clock. A frequência de clk utilizada nos experi-
mentos foi de 1024 Hz, sendo o OSR o mesmo utilizado nas simulações (256).
• Um filtro SINC de 3a ordem com fator de decimação de 256, para estimação do
valor de temperatura ambiente.
• Um sistema para cálculo da temperatura ambiente e, baseado no valor de Tˆa , cálculo
dos valores de tL0 e tL1 , com resolução de 10 bits.

Como interface com o usuário foram utilizadas chaves para seleção entre o Σ∆T con-
vencional e o AR-Σ∆T e outras configurações do sistema. As saídas dos moduladores
Σ∆T (bitstream) foram gravadas para análise no Matlab, onde foi utilizado o mesmo fil-
tro decimador para estimação dos resultados finais. O sistema completo é mostrado na
Figura 4.2, acondicionado em uma caixa com vedação e alimentado por uma bateria para
os experimentos com radiação solar.
Como instrumento de referência foi utilizado um piranômetro second class comercial
(SR05-DA2, da Hukseflux), para comparação dos resultados. As principais especificações
do SR05 são a faixa de medição de 0 a 2000 W/m2 , incerteza de medição de 1,8% e offset
em zero máximo de 15 W/m2 (HUKSEFLUX, 2015).
Para verificação experimental em laboratório foi produzida uma fonte de luz com 4
LEDs de 10 W cada, sendo dois de luz fria (6000 K) e dois de luz quente (3000 K),
obtendo assim uma maior faixa no espectro da radiação emitida. Foram desenvolvidos
suportes para manter os LEDs fixos à mesma distância dos sensores NTC do Σ∆T e do
elemento sensor do SR05, assim como evitar interferência de luz externa. O acionamento
dos LEDs é realizado através do sistema digital no FPGA.
4.2. RESULTADOS EXPERIMENTAIS 41

Figura 4.2: Protótipo do conversor AR-Σ∆T para medição de radiação solar.

4.2 Resultados experimentais


Antes de realizar os experimentos para medição de radiação, os parâmetros dos senso-
res foram obtidos através de ensaios iniciais. Utilizando uma unidade de medição (SMU
- Source and Measurement Unit) foram aplicados pulsos de potência elétrica ao sensor e
medida sua resistência. A partir dos resultados foram identificados os valores de condu-
tância térmica (GT H ) e capacitância térmica (CT H ).
Um segundo experimento foi realizado para a obtenção do parâmetro αS, aplicando
pulsos de luz com valores de radiação conhecidos, previamente medidos com o piranôme-
tro de referência. Os parâmetros restantes (B e R25 ) foram obtidos no datasheet do sensor.
Os parâmetros obtidos na caracterização estão na Tabela 3.1 e também foram utilizados
nas simulações descritas na Seção 3.3 do Capítulo 3.
Para verificação do desempenho do conversor AR-Σ∆T e compará-lo com a arquite-
tura convencional e com o piranômetro SR05-DA2, foram realizados experimentos em
laboratório, onde foi aplicada aos sensores a seguinte sequência de pulsos de luz {0, 0;
2, 50; 4, 100; 2, 150; 0, 200}, sendo que em {x,y}, x é o número de LEDs acesos e y
é o tempo de acionamento, em segundos. Na Figura 4.3 são mostrados os resultados da
medição de radiação para as duas versões do Σ∆T e para o instrumento de referência.
O desvio padrão (σ) obtido para a radiação estimada pelo AR-Σ∆T foi de 3,2 W/m2 ,
com nível de ruído de -56 dBFS e número de bits efetivo (ENOB - Effective Number of
Bits) de 9,3 bits. Usando o Σ∆T convencional obteve-se σ de 14 W/m2 , nível de ruído de
-43 dBFS e ENOB de 7,2 bits. A redução de ruído do AR-Σ∆T em relação ao modulador
42 CAPÍTULO 4. AMBIENTE EXPERIMENTAL E RESULTADOS

700
Reference
600 TΣ∆
AR-TΣ∆

500

400
H (W/m 2 )

300

200

100

-100
0 50 100 150 200 250
Time (s)

Figura 4.3: Estimação da radiação incidente usando o Σ∆T convencional, a arquitetura


proposta AR-Σ∆T e o piranômetro de referência SR05-DA2, para três valores de radiação.

convencional foi de 4,5 vezes ou 13 dB, resultado que confirma o desempenho obtido nas
simulações.
O tempo de resposta para o AR-Σ∆T e Σ∆T convencional foi de aproximadamente
1 s, influenciado principalmente pelo tempo de resposta do filtro decimador digital. O
piranômetro de referência apresentou tempo de resposta de cerca de 16 s.
Ambos os conversores, Σ∆T e AR-Σ∆T, apresentaram pequenos valores de ultrapas-
sagem (overshoot/undershoot), principalmente nas transições de descida. O efeito foi
mais acentuado no Σ∆T convencional, e pode ser explicado pela mudança na dinâmica
do sensor protegido provocada pela cobertura que protege o sensor da radiação incidente.
Várias configurações de cobertura foram testadas e resultaram em valores diferentes de
ultrapassagem, portanto pode-se concluir que um projeto cuidadoso para a proteção do
sensor protegido pode minimizar este problema.
Também foram realizados experimentos para medição de radiação solar em campo,
usando a arquitetura AR-Σ∆T e comparando os resultados com o piranômetro de refe-
rência. No resultado de uma das medições, mostrado na Figura 4.4, foram adquiridos
dados durante 200 s, iniciando aproximadamente às 15 h 30 min. O céu estava aberto,
com poucas nuvens, porém entre 100 e 150 s a irradiância foi reduzida pela passagem
4.2. RESULTADOS EXPERIMENTAIS 43

de uma pequena nuvem, sombreando os sensores. Pode ser observado no resultado que,
no AR-Σ∆T, a variação de radiação detectada foi bem maior do que no piranômetro de
referência, o que pode ser explicado pelo menor tempo de resposta do sistema proposto.

600
AR-TΣ∆
Reference
550

500
H (W/m 2 )

450

400

350

300
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
T (s)

Figura 4.4: Radiação solar medida pelo AR-Σ∆T e piranômetro de referência SR05-DA2.

No resultado da Figura 4.4 o AR-Σ∆T apresentou incerteza de 3,15 W/m2 em rela-


ção à medição do instrumento de referência, utilizando os dados entre 0 e 100 s, quando a
intensidade da radiação variou suavemente. Esperava-se que nos experimentos em labora-
tório a exatidão das medidas fosse degradada, pois a luz emitida pelos LEDs divergem e é
refletida pelas paredes dos suportes e, além disso, as medições foram feitas em sequência,
podendo haver pequenas diferenças nas distâncias para os diferentes sensores. No en-
tanto, os resultados das medições em laboratório apresentaram desvio padrão semelhante
à medição em campo e foram importantes para a comparação entre o modulador Σ∆T e a
arquitetura AR-Σ∆T.
44 CAPÍTULO 4. AMBIENTE EXPERIMENTAL E RESULTADOS
Capítulo 5

Conclusões

Neste trabalho de tese foi apresentada uma nova arquitetura para um conversor Sigma-
Delta Térmico para medição de radiação térmica incidente, chamada AR-Σ∆T. Nesta ar-
quitetura, a faixa de medição do modulador é ajustada automaticamente, a partir do valor
de temperatura ambiente, para que seja igual a faixa de radiação térmica completa. A
principal vantagem do conversor AR-Σ∆T é que o SNR do sinal de saída e a sensibilidade
do medidor não depende da faixa de operação em temperatura, ou seja, pode ser utilizado
em um ambiente com temperatura não-controlada sem prejuízo à resolução da saída, ao
contrário das arquiteturas Σ∆T mais recentes que empregam sensores termoresistivos, e
sem aumento na complexidade do circuito.
O modulador AR-Σ∆T foi comparado com a arquitetura Σ∆T convencional da qual
a proposta foi derivada. Ambas as arquiteturas foram simuladas e implementadas expe-
rimentalmente utilizando dois sensores termoresistivos NTC idênticos, instalados dentro
de uma redoma de vidro, para medição da temperatura ambiente e radiação térmica. Para
uma faixa de temperatura ambiente de 0 ◦ C a 45 ◦ C e uma faixa de radiação térmica
de 12,14 ◦ C, com OSR de 256, o modulador proposto apresentou nos experimentos um
ENOB de 9,3 bits. O AR-Σ∆T apresentou SNR cerca de 13 dB acima da arquitetura
convencional tanto nos experimentos quanto nas simulações realizadas.
Caso seja definida uma faixa maior de temperatura ambiente, teoricamente o desem-
penho do AR-Σ∆T permanecerá o mesmo, por outro lado o Σ∆T convencional terá SNR
(e ENOB) degradado quanto maior for a faixa de temperatura ambiente definida. As ar-
quiteturas apenas poderão apresentar desempenho semelhante no caso de um ambiente
com temperatura controlada.
Os resultados experimentais obtidos com o conversor AR-Σ∆T, em laboratório utili-
zando fonte de luz controlada e no campo medindo radiação solar, foram muito próximos
aos valores do piranômetro de referência. Nos resultados experimentais em laboratório
ambos os sistemas, AR-Σ∆T e Σ∆T, apresentaram pequenos valores de ultrapassagem pro-
46 CAPÍTULO 5. CONCLUSÕES

vavelmente motivados pela cobertura de proteção utilizada no sensor blinded, que mudou
a dinâmica do sensor. Avaliando-se apenas o tempo de resposta do AR-Σ∆T é equivalente
a um piranômetro secondary standard, melhor classificação pela ISO-9060. O conver-
sor proposto apresentou tempo de resposta próximo a 1 s, enquanto o piranômetro de
referência cerca de 16 s.
Como apresentado nos Capítulos preliminares, os moduladores Σ∆T podem ser apli-
cados em medição de diversas grandezas, entre elas a radiação térmica, incluindo solar e
infravermelho. Essa arquitetura pode empregar diversos sensores térmicos, nesta tese fo-
ram utilizados termistores NTC, mas a técnica também pode ser empregada por exemplo
em microbolômetros para detecção IR. A arquitetura proposta AR-Σ∆T acumula todas as
vantagens do circuito convencional, como a simplicidade do circuito e a conversão direta
radiação/digital, com desempenho mais robusto em relação as especificações de faixa de
operação.
Os resultados experimentais obtidos não representam o desempenho máximo de um
modulador AR-Σ∆T em termos de SNR e ENOB, o objetivo principal da tese é comprovar
a eficácia da nova arquitetura em comparação com as anteriores. O desempenho intrínseco
do modulador AR-Σ∆T pode ser otimizado de diversas maneiras: utilizando circuitos ana-
lógicos menos susceptíveis a ruído, principalmente nos circuitos de referência de tensão
e corrente, utilizando valores mais altos de OSR ou utilizando sensores termoresistivos
com sensibilidade ainda maior que os termistores NTC.
Uma vez comprovado o desempenho do AR-Σ∆T na medição de radiação solar, um
possível trabalho futuro pode ser a aplicação do mesmo método na detecção IR. Expe-
rimentos iniciais poderiam ser realizados com termistores convencionais, dada a dificul-
dade na fabricação de bolômetros, e utilizando feixes de laser. Implementações futuras
em bolômetros reais podem ser também consideradas.
Pode ser desenvolvido um protótipo de piranômetro/detector IR, em um único equi-
pamento, substituindo o modelo de bancada utilizado nos experimentos da tese, de forma
a facilitar o manuseio e utilização do protótipo em campo. Neste caso, seria projetada
uma única placa de circuito impresso para abrigar os circuitos analógicos e o FPGA (ou
microcontrolador).
Outro trabalho futuro é a implementação do conversor proposto em circuito integrado,
incluindo mais funções inteligentes ao sistema. A conversão direta da grandeza medida
para digital é uma vantagem do método, sendo a função de ajuste automático da faixa de
operação uma primeira função inteligente adicionada às arquiteturas convencionais. Os
Σ∆T são, portanto, circuitos apropriados para projetos de smart sensors e para aplicações
em internet das coisas, por exemplo.
Referências Bibliográficas

ALMEIDA, W.; FREIRE, R.; CATUNDA, S.; ABOUSHADY, H. Cmos sigma-delta


thermal modulator. In: Instrumentation and Measurement Technology Conference
(I2MTC), 2010 IEEE. [S.l.: s.n.], 2010. p. 555–559. ISSN 1091-5281.

ALMEIDA, W.; FREITAS, G.; PALMA, L.; CATUNDA, S.; FREIRE, R.;
ABOUSHADY, H.; SANTOS, F.; OLIVEIRA, A. A constant temperature thermoresistive
sigma-delta anemometer. In: Instrumentation and Measurement Technology Conference
Proceedings, 2007. IMTC 2007. IEEE. [S.l.: s.n.], 2007. p. 1–6. ISSN 1091-5281.

ARAUJO, L.; CATUNDA, S.; DOREA, C.; FREIRE, R. A controlled-temperature


hot-wire anemometer with voltage feedback linearization. In: Instrumentation and
Measurement Technology Conference (I2MTC) Proceedings, 2014 IEEE International.
[S.l.: s.n.], 2014. p. 325–330.

BALBINOT, A.; BRUSAMARELLO, V. J. Instrumentação e Fundamentos de Medidas.


2. ed. [S.l.]: Grupo Gen - LTC, 2011. v. 1.

BREVET, W.; SEBASTIANO, F.; MAKINWA, K. A 25 mw smart cmos wind sensor


with corner heaters. In: Industrial Electronics Society, IECON 2015 - 41st Annual
Conference of the IEEE. [S.l.: s.n.], 2015. p. 001194–001199.

CERIMOVIC, S.; TALIC, A.; BEIGELBECK, R.; SAUTER, T.; KOHL, F.; SCHALKO,
J.; KEPLINGER, F. A novel calorimetric flow sensor implementation based on thermal
sigma-delta modulation. In: Sensors, 2009 IEEE. [S.l.: s.n.], 2009. p. 1923–1926. ISSN
1930-0395.

DENOUAL, M.; BROUARD, D.; VEITH, A.; SAGAZAN, O. D.; POULIQUEN, M.;
ATTIA, P.; LEBRASSEUR, E.; MITA, Y.; ALLÈGRE, G. A heat balanced sigma–delta
uncooled bolometer. Measurement Science and Technology, v. 25, n. 6, p. 065101, 2014.
Disponível em: <http://stacks.iop.org/0957-0233/25/i=6/a=065101>.

DENOUAL, M.; DELAUNAY, S.; ALLÈGRE, G.; ROBBES, D. Capacitively


coupled electrical substitution for resistive bolometer enhancement. Measurement
Science and Technology, v. 20, n. 1, p. 015105, 2009. Disponível em: <http:
//stacks.iop.org/0957-0233/20/i=1/a=015105>.

DENOUAL, M.; DELAUNAY, S.; DURANTEL, F.; GUILLET, B.; LEBARGY, S.;
ROBBES, D.; BASTIE, J. Microbolometer on polymer membrane with heat feedback

47
48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

control for non radiative applications. In: Sensors, 2007 IEEE. [S.l.: s.n.], 2007. p.
178–180. ISSN 1930-0395.

DENOUAL, M.; DELAUNAY, S.; ROBBES, D. Capacitively coupled electrical


substitution for bolometers. In: Sensors, 2008 IEEE. [S.l.: s.n.], 2008. p. 1604–1606.
ISSN 1930-0395.

DENOUAL, M.; POULIQUEN, M.; ALLÈGRE, G.; BROUARD, D.; VEITH, A.;
SAGAZAN, O. D.; ATTIA, P. Heat Balanced Bolometer with Sigma-Delta Interface.
In: Proc. of SensorDevices 2012. rome, Italy: [s.n.], 2012. p. pp56–60. Disponível em:
<https://hal.archives-ouvertes.fr/hal-00981587>.

DOMINGUEZ, M.; CASTANER, L. Bounding of thermal sigma;- delta; modulators


output for sensors. In: Circuits and Systems, 1999. ISCAS ’99. Proceedings of the 1999
IEEE International Symposium on. [S.l.: s.n.], 1999. v. 2, p. 244–247 vol.2.

DOMINGUEZ, M.; MASANA, F.; JIMENEZ, V.; BERMEJO, S.; AMIROLA, J.;
BALLESTER, J.; FUEYO, N.; CASTANER, L. Low-cost thermal sigma-delta air flow
sensor. Sensors Journal, IEEE, v. 2, n. 5, p. 453–462, Oct 2002. ISSN 1530-437X.

FERREIRA, R.; FREIRE, R.; DEEP, G.; NETO, J. de R.; OLIVEIRA, A. Hot-wire
anemometer with temperature compensation using only one sensor. Instrumentation
and Measurement, IEEE Transactions on, v. 50, n. 4, p. 954–958, Aug 2001. ISSN
0018-9456.

FREIRE, R.; CATUNDA, S.; LUCIANO, B. Applications of thermoresistive sensors


using the electric equivalence principle. Instrumentation and Measurement, IEEE
Transactions on, v. 58, n. 6, p. 1823–1830, June 2009. ISSN 0018-9456.

FREITAS, G.; SA, A.; PALMA, L.; FREIRE, R.; OLIVEIRA, A. Thermal sigma-
delta modulator: A temperature measurement application. In: Instrumentation and
Measurement Technology Conference Proceedings, 2008. IMTC 2008. IEEE. [S.l.: s.n.],
2008. p. 1198–1201. ISSN 1091-5281.

FUJITA, H.; OHHASHI, T.; ASAKURA, M.; YAMADA, M.; WATANABE, K.


A thermistor anemometer for low-flow-rate measurements. Instrumentation and
Measurement, IEEE Transactions on, v. 44, n. 3, p. 779–782, Jun 1995. ISSN 0018-9456.

HUKSEFLUX. User Manual SR-05 Digital second class pyranometer. [S.l.], 2015.

JANSSEN, J.; ENSING, L.; ERP, J. V. A constant-temperature-operation hot-wire


anemometer. Proceedings of the IRE, v. 47, n. 4, p. 555–567, April 1959. ISSN
0096-8390.

KIPPZONNEN. Pyranometers for the accurate measurement of Solar Irradiance.


Disponível em: <www.kippzonen.com/Download/70/Brochure-Pyranometers>.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 49

KREIDER, J. F. A simple stable constant-temperature hot-wire anemometer.


Instrumentation and Measurement, IEEE Transactions on, v. 22, n. 2, p. 190–191, June
1973. ISSN 0018-9456.
LEE, H.-Y.; HSU, C.-M.; LUO, C.-H. Cmos thermal sensing system with simplified
circuits and high accuracy for biomedical application. In: Circuits and Systems, 2006.
ISCAS 2006. Proceedings. 2006 IEEE International Symposium on. [S.l.: s.n.], 2006. p.
4 pp.–4370.
LV, J.; ZHONG, H.; ZHOU, Y.; LIAO, B.; WANG, J.; JIANG, Y. Model-based low-noise
readout integrated circuit design for uncooled microbolometers. Sensors Journal, IEEE,
v. 13, n. 4, p. 1207–1215, April 2013. ISSN 1530-437X.
MAKINWA, K.; HUIJSING, J. Constant power operation of a two-dimensional flow
sensor using thermal sigma-delta modulation techniques. In: Instrumentation and
Measurement Technology Conference, 2001. IMTC 2001. Proceedings of the 18th IEEE.
[S.l.: s.n.], 2001. v. 3, p. 1577–1580 vol.3. ISSN 1091-5281.
MAKINWA, K.; HUIJSING, J. A wind-sensor with integrated interface electronics. In:
Circuits and Systems, 2001. ISCAS 2001. The 2001 IEEE International Symposium on.
[S.l.: s.n.], 2001. v. 1, p. 356–359 vol. 1.
MAKINWA, K.; HUIJSING, J. Constant power operation of a two-dimensional flow
sensor. Instrumentation and Measurement, IEEE Transactions on, v. 51, n. 4, p. 840–844,
Aug 2002. ISSN 0018-9456.
MAKINWA, K.; HUIJSING, J. A smart cmos wind sensor. In: Solid-State Circuits
Conference, 2002. Digest of Technical Papers. ISSCC. 2002 IEEE International. [S.l.:
s.n.], 2002. v. 1, p. 432–479 vol.1.
MAKINWA, K.; HUIJSING, J. A 2nd order thermal sigma-delta modulator for flow
sensing. In: Sensors, 2005 IEEE. [S.l.: s.n.], 2005. p. 4 pp.–.
MAKINWA, K.; SZEKELY, V.; HUIJSING, J. Modeling and simulation of thermal
sigma-delta modulators. In: Instrumentation and Measurement Technology Conference,
2002. IMTC/2002. Proceedings of the 19th IEEE. [S.l.: s.n.], 2002. v. 1, p. 261–264
vol.1. ISSN 1091-5281.
MATTHIEU, D.; SÉBASTIEN, D.; SYLVAIN, L.; GILLES, A. Cces: a new
configuration for electrical substitution for bolometers. VIII Semetro - Seminário
Internacional de Metrologia Elétrica, 06 2009.
MLADENOV, V.; KARAMPELAS, P.; TSENOV, G.; VITA, V. Approximation formula
for easy calculation of signal-to-noise ratio of sigma-delta modulators. ISRN Signal
Processing, Hindawi Publishing Corporation, v. 2011, 2011.
MUKARO, R.; CARELSE, X. F. A microcontroller-based data acquisition system for
solar radiation and environmental monitoring. IEEE Transactions on Instrumentation
and Measurement, v. 48, n. 6, p. 1232–1238, Dec 1999. ISSN 0018-9456.
50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OLIVEIRA, A.; COSTA, A.; PALMA, L.; LIMA, A.; FREIRE, R. A constant
temperature operation thermo-resistive sigma;- delta; transducer. In: Instrumentation and
Measurement Technology Conference, 2004. IMTC 04. Proceedings of the 21st IEEE.
[S.l.: s.n.], 2004. v. 2, p. 1175–1180 Vol.2. ISSN 1091-5281.
OLIVEIRA, A.; DEEP, G.; LIMA, A.; FREIRE, R. A feedback i2-controlled constant
temperature solar radiation meter. Instrumentation and Measurement, IEEE Transactions
on, v. 47, n. 5, p. 1163–1167, Oct 1998. ISSN 0018-9456.
OLIVEIRA, A.; FREIRE, R.; DEEP, G. Compensation of the fluid temperature variation
in a hot-wire anemometer. In: Instrumentation and Measurement Technology Conference,
1997. IMTC/97. Proceedings. Sensing, Processing, Networking., IEEE. [S.l.: s.n.], 1997.
v. 2, p. 1377–1380 vol.2. ISSN 1091-5281.
OLIVEIRA, A.; PALMA, L. S.; COSTA, A. S.; FREIRE, R. C.; LIMA, A. C.
d. C. A constant temperature operation thermoresistive sigma–delta solar radiometer.
Measurement, Elsevier, v. 39, n. 4, p. 267–273, 2006.
PALMA, L.; OLIVEIRA, A.; FREIRE, R.; FONTES, A. Sigma-delta modulator with
thermoresistive sensor frequency response. In: Instrumentation and Measurement
Technology Conference, 2006. IMTC 2006. Proceedings of the IEEE. [S.l.: s.n.], 2006. p.
776–780. ISSN 1091-5281.
ROGALSKI, A. Infrared detectors: status and trends. Progress in Quantum
Electronics, v. 27, n. 2–3, p. 59 – 210, 2003. ISSN 0079-6727. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0079672702000241>.
ROGALSKI, A. History of infrared detectors. Opto-Electronics Review, SP
Versita, v. 20, n. 3, p. 279–308, 2012. ISSN 1230-3402. Disponível em: <http:
//dx.doi.org/10.2478/s11772-012-0037-7>.
ROSA, J. de la. Sigma-delta modulators: Tutorial overview, design guide, and
state-of-the-art survey. Circuits and Systems I: Regular Papers, IEEE Transactions on,
v. 58, n. 1, p. 1–21, Jan 2011. ISSN 1549-8328.
ROSA, J. M. de la; RIO, R. del. CMOS sigma-delta converters : practical design guide.
[S.l.]: Wiley-IEEE Press, 2013.
ROSA, V.; PALMA, L.; OLIVEIRA, A.; TORRES, T. An inherently linear transducer
using thermistor practical approach. In: Sensing Technology, 2008. ICST 2008. 3rd
International Conference on. [S.l.: s.n.], 2008. p. 491–495.
ROSA, V. da C.; OLIVEIRA, A. Transducer with thermal sigma-delta modulator. In:
Instrumentation and Measurement Technology Conference (I2MTC) Proceedings, 2014
IEEE International. [S.l.: s.n.], 2014. p. 119–123.
ROSA, V. da C.; OLIVEIRA, A.; GUNTHER, C. J. Thermal radiation measurement
with thermoresistive sigma–delta modulator. IEEE Transactions on Instrumentation and
Measurement, IEEE, v. 65, n. 10, p. 2254–2264, 2016.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 51

SCHREIER, R.; TEMES, G. C.; NORSWORTHY, S. R. Delta-Sigma Data Converters:


Theory, Design, and Simulation. [S.l.]: IEEE, 1997.

SZÉKELY, V. Thermodel: a tool for compact dynamic thermal model generation.


Microelectronics Journal, v. 29, n. 4–5, p. 257 – 267, 1998. ISSN 0026-2692.
Thermal Investigations of {ICs} and Microstructures {II}. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0026269297000657>.

SZÉKELY, V.; RENCZ, M.; POPPE, A.; COURTOIS, B. Thermodel: A tool for thermal
model generation, and application for mems. Analog Integrated Circuits and Signal
Processing, Kluwer Academic Publishers, v. 29, n. 1-2, p. 49–59, 2001. ISSN 0925-1030.
Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1023/A\%3A1011226213197>.

TEZCAN, D. S.; EMINOGLU, S.; AKIN, T. A low-cost uncooled infrared


microbolometer detector in standard cmos technology. IEEE Transactions on Electron
Devices, v. 50, n. 2, p. 494–502, Feb 2003. ISSN 0018-9383.

VERHOEVEN, H.-J.; HUIJSING, J. Design of integrated thermal flow sensors


using thermal sigma-delta modulation. Solid-State Sensors and Actuators, 1995 and
Eurosensors IX.. Transducers ’95. The 8th International Conference on, 1995.

VERHOEVEN, H.-J.; HUIJSING, J. Design of thermal sigma-delta modulators for smart


thermal sensors. In: Circuits and Systems, 1995. ISCAS ’95., 1995 IEEE International
Symposium on. [S.l.: s.n.], 1995. v. 1, p. 179–182 vol.1.

VITORINO, B. A. F.; BELFORT, D. R.; CATUNDA, S. Y. C.; DENOUAL, M.; FREIRE,


R. C. S. Second-order thermal sigma-delta applied to resistive bolometers on infrared
detection. In: 2016 1st International Symposium on Instrumentation Systems, Circuits
and Transducers (INSCIT). [S.l.: s.n.], 2016. p. 122–126.

VITORINO, B. A. F.; CATUNDA, S. Y. C.; BELFORT, D. R.; FREIRE, R. C. S.


Autorange thermal sigma-delta converter for incident radiation measurement. IEEE
Transactions on Instrumentation and Measurement, p. 1–8, 2018. ISSN 0018-9456.

WEILER, D.; RUSS, M.; WÜRFEL, D.; LERCH, R.; YANG, P.; BAUER, J.; VOGT, H.
A digital 25 µm pixel-pitch uncooled amorphous silicon tec-less vga irfpa with massive
parallel sigma-delta-adc readout. Proc. SPIE, v. 7660, p. 76600S–76600S–8, 2010.
Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1117/12.849839>.

WENG, C.-H.; WU, C.-K.; LIN, T.-H. A cmos thermistor-embedded continuous-time


delta-sigma temperature sensor with a resolution fom of 0.65 pj c. Solid-State Circuits,
IEEE Journal of, v. 50, n. 11, p. 2491–2500, Nov 2015. ISSN 0018-9200.

WU, J.; CHAE, Y.; VROONHOVEN, C. van; MAKINWA, K. A 50mw cmos wind
sensor with ±4% speed and ±2 ◦ direction error. In: Solid-State Circuits Conference
Digest of Technical Papers (ISSCC), 2011 IEEE International. [S.l.: s.n.], 2011. p.
106–108. ISSN 0193-6530.
52 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

WU, J.; VROONHOVEN, C. van; CHAE, Y.; MAKINWA, K. A 25mw cmos sensor
for wind and temperature measurement. In: Sensors, 2011 IEEE. [S.l.: s.n.], 2011. p.
1261–1264. ISSN 1930-0395.
Lista de Publicações

Bruno A. F. Vitorino, Diomadson R. Belfort, Sebastian Y. C. Catunda, Mathieu


Denoual e Raimundo C. S. Freire. Second-order Thermal Sigma-Delta applied
to resistive bolometers on infrared detection. 2016 1st International Symposium
on Instrumentation Systems, Circuits and Transducers (INSCIT), 2016. DOI
10.1109/INSCIT.2016.7598214.

Bruno A. F. Vitorino, Sebastian Y. C. Catunda, Diomadson R. Belfort e Raimundo C. S.


Freire. Autorange Thermal Sigma-Delta Converter for Incident Radiation Measurement.
IEEE Transactions on Instrumentation and Measurement, 2018, ISSN 0018-9456. DOI
10.1109/TIM.2018.2857899.

53
54 LISTA DE PUBLICAÇÕES
Apêndice A

Sistema Digital em Verilog

Neste apêndice encontram-se informações sobre o sistema digital do conversor AR-


Σ∆T, que foi desenvolvido na linguagem Verilog e programado em um FPGA, que compõe
o ambiente experimental junto com os sensores e circuito analógico. O dispositivo utili-
zado foi o EP3C16F484, família Cyclone III da Altera. O FPGA está incluso na placa de
desenvolvimento DE0, na qual também estão presentes algumas interfaces de entrada/-
saída, das quais foram utilizadas chaves de 2 posições, botões, leds e alguns pinos de um
terminal de expansão.
Na Figura A.1 é mostrada a visualização RTL (Register Transfer Level) dos módulos
que compõe o sistema digital, gerada pelo Quartus II, ambiente de desenvolvimento da
Altera.

Figura A.1: Visualização dos módulos do sistema digital do AR-Σ∆T pelo Quartus II.

Na sequência são mostrados os códigos Verilog dos principais módulos:

• Módulo Top Level: Módulo onde é feita a instanciação e a interligação entre os


blocos funcionais e deles com as entradas e saídas do sistema.
56 APÊNDICE A. SISTEMA DIGITAL EM VERILOG

• Parte digital do modulador AR-Σ∆T: Neste módulo estão presentes os componentes


digitais do modulador Σ∆T e da arquitetura proposta AR-Σ∆T, ou seja, os flip-flop
da saída do Σ∆T e a lógica para obtenção do sinal de controle da fonte de corrente
na realimentação do modulador. Além disso também consta o circuito de geração
dos sinais de clock para ambas as arquiteturas, convencional e AR-Σ∆T, segundo o
funcionamento descrito na Seção 3.2.
• Estimação da temperatura ambiente e cálculos para AR-Σ∆T: Este módulo recebe
as saídas dos filtros decimadores (VoH e VoT ), estima a temperatura ambiente e, a
partir de Tˆa , calcula os valores dos registradores referentes a tL0 e tL1 .
• Filtro SINC Decimador: Este módulo recebe o bitstream de saída do Σ∆T e calcula
sua média. O circuito é um filtro SINC com 3 estágios de integração e diferenci-
ação. Possui duas entradas de clock, para que os integradores operem na mesma
frequência do modulador Σ∆T e os estágios de diferenciação operem na taxa de
Nyquist.

A.1 Módulo Top Level


1 module f i l t e r e d _ t s d (

3 i n p u t clk_in , rst_n , r s t _ l e d , r a n g e c t r l , autozero , sw_fl , t l _ s t o p ,


input [1:0] data_in ,
5 output [1:0] dac_control ,
output [ 1 : 0 ] data_out ,
7 output clk_ff , i n t _ c t r l , flag ,
output [14:0] f_tsd_out_1 , f_tsd_out_0 ,
9 o u t p u t led_on , led2_on , n y q u i s t _ c l k , n y q u i s t _ c l k b
);
11
wire [ 2 3 : 0 ] r a d _ e s t , err_med ;
13 wire [ 9 : 0 ] Y1 , Y0 ;
wire [15:0] tlcnt1 , tlcnt2 ;
15 wire [ 2 3 : 0 ] r a d _ d i g , t e m p _ d i g , rad_med , temp_med ;
wire [ 1 0 : 0 ] env_temp , env_temp2 ;
17
/ / t h e r m a l sigma−d e l t a d i g i t a l p a r t i n s t a n c e
19 m o d u l a t o r _ d i g mod_dig ( c l k _ i n , r s t _ n , r a n g e c t r l , d a t a _ i n , d a c _ c o n t r o l , d a t a _ o u t , c l k _ f f ,
flag , tlcnt1 , t l c n t 2 ) ;
d e c i m a t i o n 2 d e c 1 ( d a t a _ o u t [ 1 ] , c l k _ f f , n y q u i s t _ c l k , ~ r s t _ n , Y1 , r a d _ d i g ) ;
21 d e c i m a t i o n 2 d e c 0 ( d a t a _ o u t [ 0 ] , c l k _ f f , n y q u i s t _ c l k , ~ r s t _ n , Y0 , t e m p _ d i g ) ;
r a d _ e q eq ( n y q u i s t _ c l k , n y q u i s t _ c l k b , r s t _ n , r a n g e c t r l , a u t o z e r o , r s t _ l e d , t l _ s t o p , Y1 , Y0
, env_temp , env_temp2 , r a d _ e s t , err_med , t l c n t 1 , t l c n t 2 ) ;
23 clk_div div_ck ( clk_ff , nyquist_clk , nyquist_clkb ) ;
leds_sw l e d ( clk_in , r s t _ l e d , led_on , led2_on ) ;
25
endmodule
A.2. PARTE DIGITAL DO MODULADOR AR-Σ∆T 57

A.2 Parte digital do modulador AR-Σ∆T


module m o d u l a t o r _ d i g (
2
input clk_in , rst_n , range_ctrl ,
4 i n p u t [ 1 : 0 ] d a t a _ i n , / / e n t r a d a d o s f l i p −f l o p s ( s a i d a d o s c o m p a r a d o r e s )
o u t p u t [ 1 : 0 ] d a c _ c o n t r o l , / / s a i d a s p a r a c o n t r o l e da f o n t e de c o r r e n t e
6 o u t p u t r e g [ 1 : 0 ] d a t a _ o u t , / / s a i d a s do m o d u l a d o r ( b i t s t r e a m )
output reg clk_ff ,
8 output flag ,
input [15:0] tlcnt1 , tlcnt2
10 );

12 reg [15:0] cnt_ff1 , cnt_ff2 , cnt_t1 , cnt_t2 , cnt_t3 , cnt_t4 ;


reg clk0 , clk1 ;
14
assign dac_control [1]= r a n g e _ c t r l ?( data_out [1]? clk0 : clk1 ) : ( data_out [1] & clk_ff ) ;
16 assign dac_control [0]= data_out [0] & clk_ff ;

18 / / f l i p −f l o p s d o s sigma−d e l t a t e r m i c o s ( r a d i a t i o n e b l i n d e d )
always @ ( posedge c l k _ f f ) begin
20 i f ( ! rst_n ) begin
d a t a _ o u t <= 2 ’ b0 ;
22 end e l s e
begin
24 d a t a _ o u t [ 1 ] <= ~ d a t a _ i n [ 1 ] ;
d a t a _ o u t [ 0 ] <= ~ d a t a _ i n [ 0 ] ;
26 end
end
28
/ / g e r a c a o do c l o c k do m o d u l a d o r a p a r t i r do c l o c k da p l a c a DE0
30
always @ ( posedge c l k _ i n ) begin / / n o v o s v a l o r e s p a r a f s =1024 Hz (OSR= 2 5 6 )
32 i f ( c n t _ f f 2 < 16 ’ d46387 ) b e g i n / / c o n t a d o r p a r a t h = ( 1 / 5 0MEG) ∗ c n t _ t 2 _ m a x
c l k _ f f <= 1 ’ b1 ;
34 c n t _ f f 2 <= c n t _ f f 2 + 1 ’ b1 ;
end
36 e l s e begin
i f ( c n t _ f f 1 < 16 ’ d2441 ) b e g i n / / c o n t a d o r p a r a t l = ( 1 / 5 0MEG) ∗ c n t _ t 1 _ m a x
38 c l k _ f f <= 1 ’ b0 ;
c n t _ f f 1 <= c n t _ f f 1 + 1 ’ b1 ;
40 end
e l s e begin
42 c n t _ f f 1 <= 16 ’ d0 ;
c n t _ f f 2 <= 16 ’ d0 ;
44 end
end
46
/ / g e r a c a o d o s s i n a i s t l 0 e t l 1 p a r a c o n t r o l e da f o n t e de c o r r e n t e no AR−SDT
48
i f ( c n t _ t 2 < ( 1 6 ’ d48828−t l c n t 1 ) ) b e g i n / / n i v e l a l t o do c l k 0
50 c l k 0 <= 1 ’ b1 ;
c n t _ t 2 <= c n t _ t 2 + 1 ’ b1 ;
52 end
58 APÊNDICE A. SISTEMA DIGITAL EM VERILOG

e l s e begin
54 i f ( c n t _ t 1 < t l c n t 1 ) b e g i n / / n i v e l b a i x o do c l k 0
c l k 0 <= 1 ’ b0 ;
56 c n t _ t 1 <= c n t _ t 1 + 1 ’ b1 ;
end
58 e l s e begin
c n t _ t 1 <= 16 ’ d0 ;
60 c n t _ t 2 <= 16 ’ d0 ;
end
62 end
i f ( c n t _ t 4 < ( 1 6 ’ d48828−t l c n t 2 ) ) b e g i n / / n i v e l a l t o do c l k 1
64 c l k 1 <= 1 ’ b1 ;
c n t _ t 4 <= c n t _ t 4 + 1 ’ b1 ;
66 end
e l s e begin
68 i f ( c n t _ t 3 < t l c n t 2 ) b e g i n / / n i v e l b a i x o do c l k 1
c l k 1 <= 1 ’ b0 ;
70 c n t _ t 3 <= c n t _ t 3 + 1 ’ b1 ;
end
72 e l s e begin
c n t _ t 3 <= 16 ’ d0 ;
74 c n t _ t 4 <= 16 ’ d0 ;
end
76 end
end
78
endmodule

A.3 Estimação da temp. ambiente e cálculos para AR-


Σ∆T
1 module r a d _ e q (
input nyquist_clk , nyquist_clkb , rst_n , rangectrl , autozero , rstled , tl_stop ,
3 / / i n p u t [ 2 3 : 0 ] rad_in , temp_in ,
i n p u t [ 9 : 0 ] rad_in , temp_in ,
5 o u t p u t r e g [ 9 : 0 ] env_temp , env_temp2 ,
o u t p u t r e g [ 2 3 : 0 ] r a d _ e s t , err_med ,
7 output reg [15:0] tlcnt1 , t l c n t 2
);
9
/ / notacao de t e m p e r a t u r a : 0 −48.8 g r a u s => 0−1023 f a t o r X (20.96) resolucao (0 ,0477)
11 parameter tamax = 8 0 5 ; / / 45 g r a u s
parameter tmin =0; / / 0 graus
13 parameter tmax = 1 0 2 3 ; / / 5 7 . 2 1 g r a u s

15 reg err_sgn ;
reg [ 2 : 0 ] cnt2 ;
17 reg [ 6 : 0 ] pre_temp ;
reg [ 7 : 0 ] cnt1 ;
19 reg [23:0] err ;
reg [ 3 0 : 0 ] temp_avg2 ;
21 reg [ 1 0 : 0 ] temp_adj , temp_adj2 , t r e f ;
A.3. ESTIMAÇÃO DA TEMP. AMBIENTE E CÁLCULOS PARA AR-Σ∆T 59

23 always @ ( posedge n y q u i s t _ c l k )
i f (~ r s t _ n ) begin
25 c n t 1 <= 8 ’ d0 ;
c n t 2 <= 2 ’ d0 ;
27 p r e _ t e m p <= 7 ’ d59 ;
env_temp <= 10 ’ d536 ; / / 30 g r a u s
29 env_temp2 <= 10 ’ d536 ; / / 30 g r a u s
t e m p _ a d j <= 11 ’ d754 ; / / t a d j = t a + 1 2 . 1 4 g r a u s ( 1 0 ’ d218 )
31 t e m p _ a d j 2 <= 11 ’ d536 ; / / t a d j 2 = t e m p e r a t u r a a m b i e n t e
t l c n t 1 <= 16 ’ d14535 ;
33 t l c n t 2 <= 16 ’ d24345 ;
t r e f <= 11 ’ d1055 ;
35 e r r _ m e d <= 24 ’ d0 ;
e r r <= 24 ’ d0 ;
37 e r r _ s g n <= 1 ’ d0 ;
r a d _ e s t <= 24 ’ d0 ;
39 end
e l s e begin
41 i f ( r a n g e c t r l ==0) b e g i n / / C a l c u l o s sem a j u s t e de f a i x a
env_temp <= t e m p _ i n ;
43 c n t 1 <= 8 ’ d0 ;
i f ( err_sgn ) begin
45 r a d _ e s t <= ( r a d _ i n −t e m p _ i n + e r r _ m e d ) ;
end
47 e l s e begin
r a d _ e s t <= ( r a d _ i n −t e m p _ i n −e r r _ m e d ) ;
49 end

51 t e m p _ a d j <= env_temp + 10 ’ d218 ; / / TMmax − novo l i m i t e s u p e r i o r do r a n g e de


medicao
t e m p _ a d j 2 <= env_temp ; / / TMmin=Ta − novo l i m i t e i n f e r i o r do r a n g e de m e d i c a o
53 t l c n t 1 <= ( t r e f −t e m p _ a d j ) ∗ 4 5 ; / / c o n t p / c l k 0 c t t e = ( Ts ∗ Gth ∗50 e6 / ( V r e f ∗ I r e f ) ) / 1 9 . 6 7
t l c n t 2 <= ( t r e f −t e m p _ a d j 2 ) ∗ 4 5 ; / / c o n t p / c l k 1
55 end
e l s e begin / / C a l c u l o s com a j u s t e de f a i x a
57 i f (~ t l _ s t o p ) begin
t l c n t 1 <= ( t r e f −(( t e m p _ i n ) + 10 ’ d218 ) ) ∗ 4 5 ; / / c o n t p / c l k 0
59 t l c n t 2 <= ( t r e f −( t e m p _ i n ) ) ∗ 4 5 ; / / c o n t a d o r p a r a o c l k 1
end
61 i f ( t l c n t 1 < 16 ’ d2441 ) b e g i n
t l c n t 1 <= 16 ’ d2441 ;
63 end
e l s e begin
65 i f ( t l c n t 1 > 46387) begin
t l c n t 1 <= 16 ’ d46387 ;
67 end
end
69 i f ( autozero ) begin
i f ( r a d _ i n > 10 ’ d52 ) b e g i n
71 end
e l s e begin
73 i f ( c n t 1 < 8 ’ d2 ) b e g i n
c n t 1 <= c n t 1 +8 ’ d1 ;
60 APÊNDICE A. SISTEMA DIGITAL EM VERILOG

75 end e l s e
begin
77 c n t 1 <= 0 ;
t r e f <= t r e f + 11 ’ d1 ;
79 end
end
81 end
i f ( err_sgn ) begin
83 r a d _ e s t <= ( r a d _ i n −t e m p _ i n + e r r _ m e d ) ;
end
85 e l s e begin
r a d _ e s t <= ( r a d _ i n −t e m p _ i n −e r r _ m e d ) ;
87 end
end
89
end
91

93 endmodule

A.4 Filtro SINC Decimador


1 / / D e c i m a t i o n f i l t e r w i t h S i n c 3 f i l t e r f o l l o w e d by
/ / D i f f e r e n t i a t o r and D e c i m a t i o n
3 module d e c i m a t i o n 2 (
DSM_i ,
5 DSM_clk_i ,
WordClk_i ,
7 Reset_i ,
DWord_ro ,
9 DWord_full ) ;

11 i n p u t DSM_clk_i ; / / DSM−r a t e c l o c k ( b i t c l o c k )
i n p u t WordClk_i ; / / O u t p u t Word−r a t e c l o c k
13 i n p u t R e s e t _ i ; / / A c t i v e −h i r e s e t
i n p u t DSM_i ; / / I n p u t from M o d u l a t o r
15 o u t p u t [ 9 : 0 ] DWord_ro ; / / 10− b i t O u t p u t Word
o u t p u t r e g [ 5 1 : 0 ] D W o r d _ f u l l ; / / 52− b i t O u t p u t Word ( f u l l l e n g h t )
17
reg [ 5 1 : 0 ] Acc1_r ;
19 reg [ 5 1 : 0 ] Acc2_r ;
reg [ 5 1 : 0 ] Acc3_r ;
21 reg [51:0] Diff1_r ;
reg [51:0] Diff2_r ;
23 reg [51:0] Diff3_r ;
reg [ 9 : 0 ] DWord_ro ;
25
w i r e [ 5 1 : 0 ] DWord_2comp_w ;
27
/ / Sinc F i l t e r
29 a s s i g n DWord_2comp_w = ( DSM_i==1 ’ b0 ) ? 52 ’ d0 : 52 ’ d1 ;

31 / / Accumulator ( I n t e g r a t o r )
A.4. FILTRO SINC DECIMADOR 61

a l w a y s @( n e g e d g e DSM_clk_i o r p o s e d g e R e s e t _ i )
33
i f ( Reset_i ) begin
35 / ∗ i n i t i a l i z e a c c r e g i s t e r s on R e s e t _ i ∗ /
Acc1_r <= 52 ’ d0 ;
37 Acc2_r <= 52 ’ d0 ;
Acc3_r <= 52 ’ d0 ;
39 end
e l s e begin
41 /∗ perform accumulation process ∗/
Acc1_r <= Acc1_r + DWord_2comp_w ;
43 Acc2_r <= Acc2_r + Acc1_r ;
Acc3_r <= Acc3_r + Acc2_r ;
45 end

47 / / D i f f e r e n t i a t o r and D e c i m a t i o n
a l w a y s @ ( p o s e d g e WordClk_i o r p o s e d g e R e s e t _ i ) b e g i n
49
i f ( Reset_i ) begin
51 D i f f 1 _ r <= 52 ’ d0 ;
D i f f 2 _ r <= 52 ’ d0 ;
53 D i f f 3 _ r <= 52 ’ d0 ;
end
55 e l s e begin
D i f f 1 _ r <= Acc3_r ;
57 D i f f 2 _ r <= Acc3_r − D i f f 1 _ r ;
D i f f 3 _ r <= Acc3_r − D i f f 1 _ r − D i f f 2 _ r ;
59 end
end
61
a l w a y s @( ∗ ) b e g i n
63 D W o r d _ f u l l <= Acc3_r − D i f f 1 _ r − D i f f 2 _ r − D i f f 3 _ r ;
DWord_ro <= D W o r d _ f u l l [ 2 3 : 1 4 ] ; / / 10− b i t o u t p u t word
65 end
endmodule
62 APÊNDICE A. SISTEMA DIGITAL EM VERILOG
Apêndice B

Códigos MATLAB

Neste apêndice estão presentes os códigos Matlab utilizados nas simulações para com-
paração do desempenho do AR-Σ∆T com o Σ∆T convencional, cujos resultados são mos-
trados na Seção 3.3. Os modelos dos Σ∆T foram desenvolvidos no Simulink e são para-
metrizados e executados nos códigos Matlab.

• Seção B.1: Neste código são estabelecidos os parâmetros do Σ∆T e as característi-


cas dos sensores termoresistivos.
• Seção B.2: Neste código são executadas simulações para obtenção do espectro de
potência (PSD) do AR-Σ∆T. Os resultados obtidos são mostrados na Figura 3.8,
onde também é mostrado o bitstream de saída do modulador.
• Seção B.3: Neste código são obtidos os valores de SNR do espectro de saída do
AR-Σ∆T para vários valores de OSR. Os resultados são mostrados na Figura 3.9.
• Seção B.4: São calculados os valores de SNR do AR-Σ∆T variando-se a potência de
radiação incidente PH , obtendo assim a faixa dinâmica do modulador. Os resultados
são mostrados na Figura 3.10.

Os resultados de cada simulação são uma média de várias execuções com pequenas
variações na amplitude do sinal de entrada. As simulações foram executadas para ambas
as versões do modulador.

B.1 Características dos sensores e parâmetros do Σ∆T


%s e n s o r
2 %RL3006−231−95−k t a u = 4 5 ; A= 5 1 . 5
%GTH = 7 . 5 e −3; CTH = 3 3 7 . 5 e −3; b e t a = 3 9 6 5 ; r 2 5 = 4 0 0 ; a l f a s = 0 . 9 5 ∗ 5 1 . 5 e −6;
4
%RL2008−187−73−D1 t a u = 3 0 ; A= 2 4 . 6 V= 6 . 2 5 I =53 s e n s = 3 . 9 <−
6 %GTH = 6 . 5 e −3; CTH = 1 9 5 . 0 e −3; b e t a = 3 4 6 8 ; r 2 5 = 3 0 0 ; a l f a s = 0 . 9 5 ∗ 2 4 . 6 e −6;
64 APÊNDICE B. CÓDIGOS MATLAB

8 %NTC 3 x1k 0805 %NCP21XQ102J03RA t a u = 1 0 . 3


GTH = 2 . 8 e −3; CTH= 0 . 0 2 9 ; b e t a = 3 6 5 0 ; r 2 5 = 3 3 3 . 3 ; a l f a s = 17 e −6;
10
%NTC 1 k 0805 %NCP21XQ102J03RA t a u = 3 . 4
12 %GTH = 2 . 6 e −3; CTH= 0 . 0 1 1 ; b e t a = 3 6 5 0 ; r 2 5 = 1 0 0 0 ; a l f a s = 17 e − 6 / 3 ;

14 %NCP21XQ471J03RA
%GTH = 2 . 6 e −3; r 2 5 = 4 7 0 ; b e t a = 3 6 5 0 ; a l f a s = 17 e − 6 / 3 ;
16
Tamin = 0 ;
18 Tamax = 4 5 ;
Hmax = 2 0 0 0 ;
20 PHmax = a l f a s ∗Hmax ;

22 Ta = 2 5 ;
TMmin = Ta ;
24 TMmax = PHmax /GTH + Ta ;
t L = 0 . 0 5 ; %minimum a l l o w e d t i m e ( modo c o n v e n c i o n a l ) ;
26 %t e o r i c o
% ( Pemax /GTH) ∗ ( 1 − tLmin / t c k ) = DTa= DTM −>
28 Pemax = ( Tamax − Tamin + PHmax /GTH) ∗GTH / ( 1 − t L ) ; %t e o r i c o
TREF = Tamin + Pemax /GTH; %T e o r i c o
30 %RREF = Rs0 ∗ ( 1 + A∗TREF ) ; %RTD
RREF = r 2 5 ∗ exp ( b e t a ∗ ( 1 / ( TREF + 2 7 3 . 1 5 ) − 1 / 2 9 8 . 1 5 ) ) ; %NTC
32 VREF = s q r t ( Pemax∗RREF ) ;
IREF = s q r t ( Pemax / RREF ) ;
34
%a u t o −r a n g e
36 Ts0 = TREF ;
t L 0 = GTH∗ ( TREF − TMmax) / Pemax ;
38 t L 1 = GTH∗ ( TREF − TMmin ) / Pemax ;

40 f0 = 1;
B = 2;
42 osrpw = 8 ;

44 OSR = 2^ osrpw ;
f s = B∗2∗OSR ;
46 ts = 1/ fs ;
d i s p l a y ( s p r i n t f ( ’ I r e f = %.2 f ; V r e f = %.2 f ; T r e f = %.2 f ; DTM = %.2 f ’ , 1 0 0 0 ∗ IREF , VREF , TREF ,
PHmax /GTH) )

B.2 Simulações e geração da Figura 3.8


1 clear
tic
3
param
5
f0 = 1;
7 B = 2;
osrpw = 6 ;
9 OSR = 2^ osrpw ;
B.2. SIMULAÇÕES E GERAÇÃO DA FIGURA 3.8 65

f s = B∗2∗OSR ;
11 ts = 1/ fs ;
Ts0 = TREF ;
13 Ta = 2 5 ;
%%
15 %a d a p t i v e
TMmin = Ta ;
17 TMmax = PHmax /GTH + Ta ;
t L 0 = GTH∗ ( TREF − TMmax) / Pemax ;
19 t L 1 = GTH∗ ( TREF − TMmin ) / Pemax ;

21 %
tmax = 2 ^ ( osrpw + 9 ) / f s −t s ;
23 t 0 = 0 : t s : tmax ;

25 g = −3;
PH = 1 0 ^ ( g / 2 0 ) ∗PHmax ;
27 x n o i s e = 0 e −6;

29 f o r k =1:8

31 x = PH / 2 ∗ c o s ( f 0 ∗2∗ p i ∗ t 0 ) ’ + PHmax ∗ 0 . 4 8 5 + PHmax ∗ 0 . 0 0 1 ∗ ( k−k / 2 ) ;


wave . t i m e = t 0 ’ ;
33 wave . s i g n a l s . v a l u e s = x ;
wave . s i g n a l s . d i m e n s i o n s = 1 ;
35
sim ( ’ t s d _ a r ’ , tmax ) ;
37 y2 = y ;

39 L = length (y) ;
[ Ys ( : , k ) , f ] = p e r i o d o g r a m ( ( y2−mean ( y2 ) ) , b l a c k m a n h a r r i s ( L ) , L , f s ) ;
41
Ysm = mean ( Ys , 2 ) ;
43 Ysd2 = 10∗ l o g 1 0 ( Ysm ) ;
figure (3)
45 s e m i l o g x ( f , Ysd2 ) ; g r i d
pause ( 0 . 1 )
47
d i s p l a y ( s p r i n t f ( ’ n=%d , t=%d ’ , k , r o u n d ( t o c ) ) ) ;
49 end

51 i x = f i n d ( a b s ( f−f 0 ) ==min ( a b s ( f−f 0 ) ) ) ;


i x = i x −3: i x + 3 ;
53 s i g p w = sum ( Ysm ( i x ) ) ;
s i g n f = sum ( Ysm ) − s i g p w ;
55 nb = f i n d ( f <=B ) ;
nb = nb ( 3 : end ) ;
57 s i g n b = sum ( Ysm ( nb ) ) − s i g p w ;
SNR = 10∗ l o g 1 0 ( s i g p w / s i g n b ) ;
59
display ( sprintf ( ’ s i g n a l power = %0.3 g dB ’ , 1 0 ∗ l o g 1 0 ( s i g p w / tmax ) ) ) ;
61 display ( sprintf ( ’ s i g n a l n o i s e = %0.3 g dB ’ , 1 0 ∗ l o g 1 0 ( s i g n f / tmax ) ) ) ;
display ( sprintf ( ’ s i g n a l n o i s e i n b a n d = %0.3 g dB ’ , 1 0 ∗ l o g 1 0 ( s i g n b / tmax ) ) ) ;
63 display ( sprintf ( ’SNR = %0.3 g dB ’ ,SNR) ) ;
66 APÊNDICE B. CÓDIGOS MATLAB

65 s e m i l o g x ( f , Ysd2 , ’ .− ’ , f ( nb ) , Ysd2 ( nb ) , f ( i x ) , Ysd2 ( i x ) ) ; g r i d


x l a b e l ( s p r i n t f ( ’SNR %.1 f ’ , SNR) ) ;
67
figure (4)
69 subplot (2 ,1 ,1)
s e m i l o g x ( f , Ysd2 ) ; g r i d
71 a x i s ( [ 2 e−2 1 . 2 e2 −110 1 0 ] )
x l a b e l ( ’ \ i t f \ rm ( Hz ) ’ )
73 y l a b e l ( ’PDS ( dB ) ’ ) ;

75 subplot (2 ,1 ,2) ;
s t a i r s ( t 0 −(tmax − 1 . 2 5 ) , y2 ) ; g r i d
77 h o l d on
p l o t ( t 0 −(tmax − 1 . 2 5 ) , x / PHmax , ’ l i n e w i d t h ’ , 2 )
79 hold off
a x i s ( [ 0 1 −0.1 1 . 1 ] )
81 x l a b e l ( ’ \ i t t \ rm ( s ) ’ )
y l a b e l ( ’ Amplitude ’ ) ;
83
s a v e t s d 2 PHmax t 0 x y2 f Ysd2 SNR OSR tmax
85
%%
87 h = figure (5) ;

89 subplot (3 ,1 ,1)
s e m i l o g x ( f , Ysd1−max ( Ysd1 ) , f , Ysd2−max ( Ysd2 ) ) ; g r i d
91 a x i s ( [ 2 e−2 1 . 2 e2 −110 1 0 ] )
x l a b e l ( ’ \ i t f \ rm ( Hz ) ’ )
93 y l a b e l ( ’PDS ( dB ) ’ ) ;
l e g e n d ( ’T \ Sigma \ D e l t a ’ , ’AR−T \ Sigma \ D e l t a ’ , ’ l o c a t i o n ’ , ’ b e s t ’ ) ;
95
subplot (3 ,1 ,2)
97 s t a i r s ( t 0 −(tmax − 1 . 2 5 ) , y1 ) ;
grid ;
99 h o l d on
p l o t ( t 0 −(tmax − 1 . 2 5 ) , x / PHmax , ’ k ’ , ’ l i n e w i d t h ’ , 1 )
101 hold off
a x i s ( [ 0 1 −0.1 1 . 1 ] )
103 x l a b e l ( ’ \ i t t \ rm ( s ) ’ )
y l a b e l ( ’ Amplitude ’ ) ;
105
subplot (3 ,1 ,3)
107 s t a i r s ( t 0 −(tmax − 1 . 2 5 ) , y2 ) ; g r i d
h o l d on
109 p l o t ( t 0 −(tmax − 1 . 2 5 ) , x / PHmax , ’ k ’ , ’ l i n e w i d t h ’ , 1 )
hold off
111 a x i s ( [ 0 1 −0.1 1 . 1 ] )
x l a b e l ( ’ \ i t t \ rm ( s ) ’ )
113 y l a b e l ( ’ Amplitude ’ ) ;
pos = h . P o s i t i o n ;
115 h . P o s i t i o n = [ 8 0 0 140 560 6 3 0 ] ;
B.3. SIMULAÇÕES E GERAÇÃO DA FIGURA 3.9 67

B.3 Simulações e geração da Figura 3.9


1 clear
tic
3
param
5
%a d a p t i v e
7 Ts0 = TREF ;
Ta = 2 5 ;
9 TMmin = Ta ;
TMmax = PHmax /GTH + Ta ;
11 t L 0 = GTH∗ ( TREF − TMmax) / Pemax ;
t L 1 = GTH∗ ( TREF − TMmin ) / Pemax ;
13
f0 = 1;
15 B = 2;
osrpw = 4 : 1 2 ;
17
g = −3. 01 ;
19 PH = 1 0 . ^ ( g / 2 0 ) ∗PHmax ;
f o r i = 1 : l e n g t h ( osrpw )
21 OSR = 2^ osrpw ( i ) ;
f s = B∗2∗OSR ;
23 ts = 1/ fs ;
dtmax = 1 0 ;
25 tmax = 2 ^ ( osrpw ( i ) + dtmax ) / f s −t s + 0 . 7 5 ;

27 t 0 = 0 : t s : tmax ;
SNRt ( : , i ) = g + 9 . 0 3 ∗ osrpw ( i ) + 2 . 6 1 ;
29 kmax = 1 ;
d i s p l a y ( s p r i n t f ( ’OSR=%d ’ ,OSR) ) ;
31 f o r j = 1 : l e n g t h ( PH )
c l e a r Ysm Ys y
33
f o r k = 1 : kmax
35
x = PH ( j ) / 2 ∗ c o s ( f 0 ∗2∗ p i ∗ t 0 ) ’ + PHmax ∗ 0 . 4 8 5 + PHmax ∗ 0 . 0 0 1 ∗ ( k−k / 2 ) ;
37 i f g ( j ) ==0
x = PH ( j ) / 2 ∗ c o s ( f 0 ∗2∗ p i ∗ t 0 ) ’ + PHmax ∗ 0 . 5 ;
39 end

41 wave . t i m e = t 0 ’ ;
wave . s i g n a l s . v a l u e s = x ;
43 wave . s i g n a l s . d i m e n s i o n s = 1 ;
sim ( ’ t s d _ a r ’ , tmax ) ;
45
y1 = y ( t 0 > = 0 . 7 5 ) ;
47 L = l e n g t h ( y1 ) ;

49 [ Ys ( : , k ) , f ] = p e r i o d o g r a m ( y1−mean ( y1 ) , b l a c k m a n h a r r i s ( L ) , L , f s ) ;

51 Ysm = mean ( Ys , 2 ) ;
68 APÊNDICE B. CÓDIGOS MATLAB

53 end
Ysd = 10∗ l o g 1 0 ( Ysm ) ;
55 i x = f i n d ( a b s ( f−f 0 ) ==min ( a b s ( f−f 0 ) ) ) ;
i x = i x −3: i x + 3 ;
57 s i g p w = sum ( Ysm ( i x ) ) ;
nb = f i n d ( f < = 1 . 9 ) ;
59 nb = nb ( 3 : end ) ;
s i g n b = sum ( Ysm ( nb ) ) − s i g p w ;
61 SNR2 ( j , i ) = 10∗ l o g 1 0 ( s i g p w / s i g n b ) ;
DTs2 ( j , i ) = max ( Ts2 )−min ( Ts2 ) ;
63
d i s p l a y ( s p r i n t f ( ’H=%.3 f , SNR=%0.3 g dB , SNRt=%0.3 g dB , t=%d ’ , 2 0 ∗ l o g 1 0 ( PH ( j ) / PHmax
) , SNR2 ( j , i ) , SNRt ( j , i ) , r o u n d ( t o c ) ) ) ;
65
end
67 end

69 P = p o l y f i t ( osrpw , SNR2 , 1 ) ;
SNR2f = p o l y v a l ( P , osrpw ) ;
71 %%
sname = s p r i n t f ( ’ snrXosr2bmh+%dx%dx%d ’ , dtmax , kmax , r o u n d ( g ) ) ;
73
fig=figure (2) ;
75
p l o t ( osrpw , SNRt , ’−−k ’ , osrpw , SNR2 , ’ o r ’ , ’ l i n e w i d t h ’ , 2 ) ; g r i d
77 x l a b e l ( ’ Log_2 ( \ i t {OSR} ) ’ )
y l a b e l ( ’SNR ( dB ) ’ )
79 legend ( ’ I d e a l ’ , ’ Simulated ’ , ’ Location ’ , ’ Best ’ )
fig . Position = [ fig . Position (1) fig . Position (2) fig . Position (3) fig . Position (4) ∗2/3];
81
%%
83 s a v e ( sname , ’SNR2 ’ , ’ SNRt ’ , ’ SNR2f ’ , ’PH ’ , ’PHmax ’ , ’ tmax ’ , ’ P ’ , ’ g ’ , ’ DTs2 ’ )
s a v e f i g ( sname )

B.4 Simulações e geração da Figura 3.10


clear
2 tic

4 param

6 %a d a p t i v e
Ts0 = TREF ;
8 Ta = 2 5 ;
TMmin = Ta ;
10 TMmax = PHmax /GTH + Ta ;
t L 0 = GTH∗ ( TREF − TMmax) / Pemax ;
12 t L 1 = GTH∗ ( TREF − TMmin ) / Pemax ;

14 f0 = 1;
B = 2;
16 osrpw = 8 ;
B.4. SIMULAÇÕES E GERAÇÃO DA FIGURA 3.10 69

18 g = −75:0;
PH = 1 0 . ^ ( g / 2 0 ) ∗PHmax ;
20 xnoise = 0;
f o r i = 1 : l e n g t h ( osrpw )
22 OSR = 2^ osrpw ( i ) ;
f s = B∗2∗OSR ;
24 ts = 1/ fs ;
dtmax = 1 0 ;
26 tmax = 2 ^ ( osrpw ( i ) + dtmax ) / f s −t s + 0 . 7 5 ;

28 t 0 = 0 : t s : tmax ;
SNRt ( : , i ) = g + 9 . 0 3 ∗ osrpw ( i ) + 2 . 6 1 ;
30 kmax = 1 ;
d i s p l a y ( s p r i n t f ( ’OSR=%d ’ ,OSR) ) ;
32 f o r j = 1 : l e n g t h ( PH )
c l e a r Ysm Ys y
34
f o r k = 1 : kmax
36
x = PH ( j ) / 2 ∗ c o s ( f 0 ∗2∗ p i ∗ t 0 ) ’ + PHmax ∗ 0 . 4 8 5 + PHmax ∗ 0 . 0 0 1 ∗ ( k−k / 2 ) ;
38 i f g ( j ) ==0
x = PH ( j ) / 2 ∗ c o s ( f 0 ∗2∗ p i ∗ t 0 ) ’ + PHmax ∗ 0 . 5 ;
40 end

42 wave . t i m e = t 0 ’ ;
wave . s i g n a l s . v a l u e s = x ;
44 wave . s i g n a l s . d i m e n s i o n s = 1 ;
sim ( ’ t s d _ a r ’ , tmax ) ;
46
y1 = y ( t 0 > = 0 . 7 5 ) ;
48 L = l e n g t h ( y1 ) ;

50 [ Ys ( : , k ) , f ] = p e r i o d o g r a m ( y1−mean ( y1 ) , b l a c k m a n h a r r i s ( L ) , L , f s ) ;

52 Ysm = mean ( Ys , 2 ) ;

54 end
Ysd = 10∗ l o g 1 0 ( Ysm ) ;
56 i x = f i n d ( a b s ( f−f 0 ) ==min ( a b s ( f−f 0 ) ) ) ;
i x = i x −3: i x + 3 ;
58 s i g p w = sum ( Ysm ( i x ) ) ;
nb = f i n d ( f < = 1 . 9 ) ;
60 nb = nb ( 3 : end ) ;
s i g n b 2 ( j , i ) = sum ( Ysm ( nb ) ) − s i g p w ;
62 SNR2 ( j , i ) = 10∗ l o g 1 0 ( s i g p w / s i g n b 2 ( j , i ) ) ;

64 d i s p l a y ( s p r i n t f ( ’H=%.3 f , SNR=%0.3 g dB , SNRt=%0.3 g dB , NB=%0.3g , t=%d ’ , . . .


20∗ l o g 1 0 ( PH ( j ) / PHmax ) , SNR2 ( j , i ) , SNRt ( j , i ) , 10∗ l o g 1 0 ( s i g n b 2 ( j , i ) ) , r o u n d ( t o c
)));
66 figure (1)
s e m i l o g x ( f , Ysd , ’ .− ’ , f ( nb ) , Ysd ( nb ) , f ( i x ) , Ysd ( i x ) ) ; g r i d
68 pause ( 0 . 1 )
end
70 end
70 APÊNDICE B. CÓDIGOS MATLAB

72 P = p o l y f i t ( ( g ( g <−3) ) , ( SNR2 ( g <−3) ) ’ , 1 ) ;


SNR2f = p o l y v a l ( P , g ) ;
74
%%
76 sname = s p r i n t f ( ’ snrXph2bmh+%dx%d−%d ’ , dtmax , kmax , OSR) ;

78 figure (2)
% PH
80 p l o t ( g , SNRt , g , SNR2 , ’ ∗ ’ , g , SNR2f ) ; g r i d
t i t l e ( sname )
82 x l a b e l ( ’ \ i t {P_H } \ rm ( dBFS ) ’ )
y l a b e l ( ’SNR ( dB ) ’ )
84 legend ( ’ I d e a l ’ , ’ Simulated ’ , ’ Location ’ , ’ Best ’ )

86 %%
s a v e ( sname , ’SNR2 ’ , ’ SNRt ’ , ’ SNR2f ’ , ’PH ’ , ’PHmax ’ , ’ tmax ’ , ’P ’ , ’g ’ , ’ signb2 ’ )
88 s a v e f i g ( sname )

Você também pode gostar