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ranroimnniosseen ttrercistnccmacne-resses FI KATHRIN HOLZERMAYR ROSENFIELD mM Estéticas classicas e critica da arte — impasses RESUMO Este artigo mostra os elos entre conceitos da estética “classica” (Hegel e Kant) e as categorias da critica moderna e contempordnea da arte (em particular Greenberg e Danto), salientando as adaptagdes de conceitos que pertencem a contextos sisteméticos bem definidos (Fenomenologia, Estética e Ciéncia da Légica de Hegel ou & Critica do Jutzo de Kant). lluminamos os novos contextos criticos que, muitas vezes, deslocam e alteramo alcance dos conceitos utilizados. PALAVRAS-CHAVE Hegel, Kant, Greenberg, Danto, modernismo e fim da arte. TEXTOS FE ese roromrerortontecre vi3,ne2 maortes TEXTOS ze nt, Art der reinea rau asia, I 1, Faiurt Safran 1977. ESTETICAS CLASSICAS E CRITICA DA ARTE - IMPASSES Accritica ea teoria da arte emanciparam-se da tutela da estética classica. E cada vez mais “normal” que as tendéncias inovadoras das artes moderna e contempordnea ignoram 05 grandes relatos” de flésofos como Kant, Hegel ou Aristételes, criando assim abordagens préprias de critica e teoria. Por mais legitimo que seja este movimento de emancipacaoe independéncia, ele pode acarretar, entretanto, uma perda quando coincide com uma ignordncia deliberada ou inconsciente dos méritos do pensamento sistematico. Entre as vVirtudes das estéticas esto as fundamentacées da atividade artistica e a abordagem de suas relagées com as demais aptidées (cognitivas e racionais, éticas e politicas) do homem. Cabe lembrar, por exemplo, que Kant foio primeiro pensador a fundamentar 0 estatuto autbnomo e a priori da experiéncia estética, fornecendo uma andlise do juizo estético sem ‘a qual seria impossivel legitimar certas reivindicagées de artistas e criticos atuais, como, por exemplo, aliberdade da criatividade ou a confianga nas suas virtudes emancipatérras. ‘Aabordagem “formalista” de Kant Diferentemente das estéticas anteriores que derivavam o prazer das belezas naturais ‘ou artisticas da sensibilidade e da experiéncia empirica, Kant concebe a experiéncia da beleza como algo originério, distinto de interesses sensiveis, cognitivos ou éticos endo dependente dos fendmenos empiricos. Surge assim a primeira andlise do prazer sui generis que distingue a experiéncia do belo e que se plasma no “juizo de gosto puro”, isto 6, num saber distinguire avaliar espontaneo, independente de determinismos alheios ao prazer estético. E a primeira vez que a imaginagio e a criatividade sao seriamente avaliadas na sua relacao com as demais aptid6es humanas. © filosofo j4 se defrontara com um aspecto deste problema ~ o do papel da imaginagao no conhecimento— na sua primeira grande obra, na Critica de Razao pura’. Nesta, Kant mostrara que o conhecimento e a razio nao nos revelam como sao as coisas nelas mesmas, porém representam tao somente a capacidade de acedermos, através das categorias e das formas puras do entendimento, aum modo especificamiente humano de ver e pensar o mundo e nés mesmos. Para tornar possivel esta atividade cognitiva de esquematizacao, precisamnos da imaginagéo que capta conjuntos dentre os KaTHRINOLERNARROSENID, Etiasclistasecracaceae-inpases FB miitiplos da sensibilidade, oferecendo-os ao entendimento que os esquematiza e subordinaa um conceito. A segunda obra, a Critica da Razéo prética* mostra que somos a priori capazes de distinguir 0 bem e o mal. Nao so padrées e normas empiricas que nos permitem a realizagao do bem, porém somente um imperativo categérico inato que se expressa numa sentenga meramente formal ‘Aja de tal maneira que tua maxima possa tornar-se valida universalmente”. Na terceira critica, Critica da faculdade de julgar’, Kant procura fornecer a pedra de toque que sustenta o arco do sistema construido nas Criticas anteriores. Ele retorna ao problema da imaginacZo, investigando o que torna possivel a liberdade de escolher e julgar independentemente de padrées e leis préexistentes. ‘Aprofundando a investigacao da liberdade da imaginacio, o filésofo percebe que 0 juizo estético ¢ ocasionado, porém nao & condicionado pelo objeto. Dizer que algo & belo indo é uma experiéncia empirica, mas um juizo que responde a um principio a priori. Este ‘manifesta-se no prazer subjetivo que imputa ao objeto uma qualidade — a de ser belo. Ocorre af uma operacio que nao é légica e que tampouco surge de uma avaliacio ética, porém to somente do prazer de um certo tipo, de uma fina e imediata discriminacéo que se distancia (sem despreza-los) do util, do agradavel, do verdadeiro e do bom. No juizo de gosto puro permanecemos num estado de abertura “desinteressado” que permite sentir prazerosamente os infinitos aspectos que nos relacionam atual e virtualmente com omundo, aspectos estes que rio fazem (ainda) parte do conhecimento e das leis éticas,biol6gicas ou ‘outras. Nao se trata de apatia ou de indoléncia, mas de uma atengio particularmente exigente que descarta os interesses que normal mente tendem a nos manipular e constranger. Neste sentido, 0 juizo de gosto puro e o belo kantiano esto intimamente relacionados com a liberdade, que representa até hoje um dos conceitos-chave no pensamento de artistas e criticos contempordneos. ‘A abordagem (meta)-histérica da arte em Hegel ‘A estética kantiana concentra-se tio somente neste nticleo intangivel e puro da experiéncia estética, delxando de lado os intimeros fatores socials, politicos, econémicos « psicolégicos que sobredeterminam nossa avaliacio do objeto de arte e as escolhas que constituem nossos cdnones histéricos. Para escapar a esse formalismo abstrato, Hegel concebe suas Licdes sobre Estética como uma abordagem (meta)histérica que ‘enquadra os fenémenos concretos da histéria da arte (dos menhirs e templos arcaicos até & poesia de Goethe) no movimento do Espirito. Fiel & idéia de Fenomenologia do Espirito e da Ciéncia da Légica’, Hegel véa evolucio histérica da arte como um movimento dialético no qual os termos opostos (matéria /espirito; contetido / forma) trabalham-se esuspendem-se mutuamente. O movimento do Espirito —cujo fulcro é efetuacéo do TEXTOS a ‘ik der pbk Vari, vob Ml a Ait er Uris, ol. EE Hegel 6. EW, Jorsonge ier de Authetit, in Werke in zwanzig Binder, (10 vol), Frantfurt, Suhrkamp, 1970, vo 13, 1415 Phinaenolge des Geis wl. 3. Wisenchal der Lagik vl. 6. Th @

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