A ideia sociocultural de cada uma das profissões, bem como seu foco principal,

provavelmente irá mudar com o passar do tempo assim como suas características
peculiares. Sendo assim, é controverso recorrer às cegas o Juramento de Hipócrates em
um mundo moderno onde o médico e o paciente se aventuraram como intermediários no
mercado de saúde (PINILLA-GARCIA e PINILLA-MONSALVE, 2013).

A concepção inicial do médico como um simples analista de sintomas remete, ainda

antes da Grécia clássica, com ideias do que era conhecido como a arte de curar. Com o
passar dos tempos e com a inventividade da profissão passaram a acreditar que tais
profissionais eram iluminados por deuses a fim de conservar a energia interior do
paciente, que havia sido desgastada no corpo e na alma (PINILLA-GARCIA e
PINILLA-MONSALVE, 2013). Séculos mais tarde, Hipócrates, pai da medicina,
construiria os fundamentos da medicina ocidental. Essa medicina consistia em um
método indutivo que integrava um sistema composto por diagnóstico, prognóstico e
tratamento, tendo mais uma atitude científica do que ciência (MAGALHÃES e
NUNES, 2014).

Atualmente, porém, “ser médico” é um conjunto de fatores biopsicossociais colocados à

disposição do paciente. Ser médico é estudar o corpo e a mente em todas as suas
dimensões, é preservá-los mesmo à custa do próprio desgaste, é sacrificar a
tranquilidade do sono. É simplesmente desfrutar da própria existência moldada na
profissão. Por fim, é necessário que o médico se reconheça como profissional e se
contextualize no tempo e no lugar, ou seja, se envolva em sua profissão e vocação de
forma integral com as exigências do sistema, as necessidades do paciente e seus
próprios compromissos com isso, através de um pensamento diagnóstico específico,
mas também humano e filosófico (PINILLA-GARCIA e PINILLA-MONSALVE,
2013).

MAGALHÃES, J. L.; NUNES, R. Tradição e fundamentos éticos hipocráticos aplicáveis à

terminalidade da vida. Revista Bioética, Porto, v. 22, n. 3, p. 448-455, Dezembro 2014.

PINILLA-GARCIA, L. G.; PINILLA-MONSALVE, G. D. El ser médico: una perspectiva cimentada en

un enfoque holístico. Revista de los estudiantes de medicina de la universidad industrial de
santander, Santander, v. 26, n. 2, p. 75-79, Agosto 2013.