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Material Teórico
Fundamentos da Eletricidade
Revisão Textual:
Profª. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Fundamentos da Eletricidade
· A Estrutura da Matéria
· A Carga Elétrica
· Lei de Coulomb
· Potencial Elétrico
· Corrente Elétrica
Leia atentamente o conteúdo desta unidade, que lhe possibilitará conhecer as dimensões da
estrutura da matéria, da eletrostática e da eletrodinâmica.
Você também encontrará nesta unidade uma atividade composta por questões de múltipla
escolha, relacionadas com o conteúdo estudado. Além disso, terá a oportunidade de trocar
conhecimentos e debater questões no fórum de discussão.
É extremante importante que você consulte os materiais complementares, pois são ricos em
informações, possibilitando-lhe o aprofundamento de seus estudos e o enriquecimento de
informações sobre este assunto.
Bons estudos!
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Unidade: Fundamentos da Eletricidade
Contextualização
De modo a iniciarmos os nossos estudos nesta unidade, convido você a refletir a respeito da
situação ilustrada a seguir. Trata-se de uma representação de todos os elementos envolvidos
na geração e distribuição de energia elétrica pelo que convencionamos chamar de fontes de
energia convencionais ou não renováveis. A figura aborda as várias etapas que a eletricidade
apresenta desde a sua geração numa usina até chegar às nossas residências.
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A Estrutura da Matéria
Se pararmos por um breve instante e observarmos o mundo que nos rodeia, veremos que
estamos diante de uma série de diferentes formas de matéria: temos o ar que respiramos, a água
que bebemos, o chão em que pisamos e andamos. Todos esses exemplos são manifestações de
diferentes formas de matéria:
Thinkstock/Getty Images
Fig. 1. As três principais formas de matéria: gasosa, líquida e sólida.
Se verificarmos o nosso estado atual de evolução tecnológica, veremos que temos formas
ainda mais abrangentes de matéria e que não se encontram nas formas básicas como os estados
sólido, líquido e gasoso.
(a) Globo de plasma, utilizado em decoração de (b) Sistema industrial de corte de chapas
ambientes; metálicas utilizando o plasma;
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Unidade: Fundamentos da Eletricidade
Contudo, o que todas essas formas de matéria possuem em comum? Todas elas são
constituídas por partículas fundamentais, que são chamadas de ÁTOMOS (CALLISTER, 2008,
p. 7-12). Então, o que é um átomo?
A Fig 3 mostra a estrutura de um átomo: um núcleo constituído de subpartículas, prótons e
nêutrons, sendo estes rodeados por um grupo de elétrons em órbita. Como já deve ser do seu
conhecimento, provavelmente da época do ensino médio, os elétrons possuem carga elétrica
negativa (-) e os prótons, carga elétrica positiva (+). Cada átomo, no que se considera estado
normal, possui um número igual de prótons e elétrons, e como as suas cargas elétricas são iguais
em módulo e opostas eletricamente, elas se anulam, o que torna o átomo eletricamente neutro,
ou seja, com uma carga total NULA. Todavia, a carga elétrica do núcleo é positiva, uma vez
que ele é composto de prótons com carga positiva e nêutrons (que não possuem carga elétrica).
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O número de elétrons em qualquer camada depende do elemento. Por exemplo, o átomo de
sódio: possui 11 elétrons – estando todas as 2 camadas internas completas; porém, a camada
mais externa (N) tem somente 1 elétron (Fig. 5).
A camada mais externa é conhecida como camada de valência, e o elétron que nela se
localiza é denominado como elétron de valência (ATKINS, 2012, p. 1-20).
Nenhum elemento tem mais do que 8 elétrons de valência porque quando a camada atinge esse
número, ela está completa. Esse é o fundamento da conhecida Regra do Octeto e ela se associa à
estabilidade energética de um átomo. Como será visto em breve, o número de elétrons de valência
de um elemento afeta diretamente suas propriedades elétricas (CALLISTER, 2008, p. 7-12).
A Carga Elétrica
Anteriormente, mencionou-se a palavra CARGA. Contudo, é necessário que se foque um
pouco mais no seu significado. A carga elétrica é uma propriedade intrínseca da matéria que se
manifesta na forma de forças – os elétrons REPELEM outros elétrons, mas ATRAEM prótons,
enquanto os prótons se REPELEM e ATRAEM os elétrons (IRWIN, 2000, p.1-10).
Ao longo de séculos de história e desenvolvimento científico e tecnológico, os cientistas
estudaram essas forças e determinaram que a carga elétrica de um elétron é NEGATIVA e a de
um próton é POSITIVA.
No entanto, a palavra “carga” representa mais do que isso. Como exemplo, vamos considerar
mais uma vez o átomo elementar da Fig. 3. Ele tem o mesmo número de elétrons e prótons,
e como as cargas são iguais e opostas, elas se anulam, deixando o átomo sem carga elétrica.
No entanto, se o átomo adquirir mais elétrons (ficando com mais elétrons do que prótons),
dizemos que ele está negativamente carregado. Por outro lado, se ele perder elétrons e ficar com
menos elétrons do que prótons, dizemos que o átomo está positivamente carregado. Ou seja,
verificamos que a palavra “carga” representa um estado de DESEQUILÍBRIO entre o número
de prótons e elétrons no átomo (CALLISTER, 2008, p. 7-12).
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Unidade: Fundamentos da Eletricidade
Perceba que toda nossa discussão, até o momento, tem se localizado no domínio
MICROSCÓPICO, uma vez que a matéria é constituída por átomos. Agora, vamos mudar
um pouco de cenário e voltar a nossa atenção para o domínio MACROSCÓPICO. Neste, as
substâncias em estado normal geralmente estão sem carga elétrica, ou seja, elas têm o mesmo
número de prótons e elétrons. Esse equilíbrio, entretanto, pode ser alterado de maneira
relativamente fácil: os elétrons podem ser retirados ou acrescentados aos seus átomos de origem
por meio de ações de ELETRIZAÇÃO (ALBUQUERQUE, 2008, p. 23). Estas, por sua vez, se
desenvolvem cotidianamente, como no ato de andar em cima de um carpete.
De modo geral, a eletrização envolve principalmente as ações de atrito, contato e indução
(HALLIDAY, 1994, p.3-4). O ATRITO desenvolvido entre diferentes materiais ou substâncias é
um fenômeno local, ou seja, o material só fica eletrizado no ponto de contato. Esse fenômeno é
conhecido desde a antiguidade, sendo um assunto relatado por várias civilizações. O processo
de CONTATO está baseado, fundamentalmente, na capacidade de uma substância poder
conduzir elétrons, ou seja, a sua condutividade elétrica. No caso, se colocarmos dois materiais
condutores com diferentes quantidades de elétrons (isso é possível no caso de um deles já estar
eletrizado) em contato físico, haverá uma tendência a equilibrar essa quantidade após o contato.
Já a ação de INDUÇÃO, diferentemente dos dois primeiros processos, não depende do
contato físico entre as substâncias. Para tanto, basta que se aproxime uma substância eletrizada
da outra, de modo que a primeira influencie a segunda provocando, inicialmente, uma separação
de cargas no que se constitui por POLARIZAÇÃO. Aqui, cargas elétricas positivas se separam
das negativas. Para concluir o processo, faz-se uma ligação elétrica do segundo corpo com a
terra, de modo a provocar o escoamento de elétrons livres, após o qual essa ligação é cortada,
deixando o segundo corpo eletrizado positivamente.
Todos esses fenômenos se relacionam com as propriedades e o comportamento das cargas elétricas
em repouso. Também consideramos uma relação do equilíbrio de cargas elétricas nos corpos, que de
alguma forma, tornam-se carregados de cargas elétricas, ou seja, eletrizados. A área que agrega todo
este conhecimento é conhecida por ELETROSTÁTICA (HALLIDAY, 1994, p.2).
O termo carga foi utilizado, pela primeira vez, pelo político e escritor norte-
americano Benjamim Franklin (1706-1790) por volta de 1750, como resultado
de seus experimentos envolvendo a eletrização de diferentes materiais por
meio do atrito.
Como verificamos, a “carga” pode se referir à carga de um único elétron ou à carga associada
a um grupo de elétrons. Em ambos os casos, identifica-se a carga pela letra Q, e a unidade no
sistema internacional (SI) é o Coulomb. No geral, a carga Q associada a um grupo de elétrons é
igual ao produto do número de elétrons (n) multiplicado pela carga de cada elétron:
Q=n .e (Eq. 1)
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Lei de Coulomb
As influências mútuas existentes entre as cargas elétricas foram o foco dos trabalhos do
físico francês Charles Augustin Coulomb (1736-1806). Através de suas experiências, Coulomb
verificou que a força existente dentre duas cargas elétricas quaisquer, Q1 e Q2, era diretamente
proporcional ao produto de suas cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância
entre elas. A forma matemática dessas conclusões resulta no que ficou conhecido por Lei de
Coulomb, a qual é expressa da seguinte maneira:
Q . Q
. 1 2 2
FE = k (Eq. 1)
r
Onde Q1 e Q2 representam cargas elétricas cujos centros estão afastados um do outro por
uma distância r. A expressão se completa pela presença da Constante de COULOM, cujo valor
é: k = 8,987x109 N.m2/C2, está associado com a capacidade de formação das cargas num
determinado ambiente (ALBUQUERQUE, 2008, p.25). Uma consequência imediata da Lei
de Coulomb é a previsão da força desenvolvida tanto entre cargas iguais (de mesmo sinal)
como entre cargas opostas (de sinais diferentes), ou seja, nos processos de REPULSÃO e de
ATRAÇÃO, respectivamente, como se mostra na figura a seguir:
Fig. 6. Interações entre cargas elétricas diferentes – ATRAÇÃO – e iguais - REPULSÃO - e as forças resultantes segundo a Lei de Coulomb.
Outra consequência desse raciocínio é o efeito da distância existente entre as cargas elétricas
sobre a força resultante. No caso, a Lei de Coulomb aponta para a diminuição da força de modo
inversamente proporcional ao quadrado da distância. Logo, por consequência, quanto maior
for essa distância, menor será a força (seja de atração ou de repulsão) entre as cargas elétricas
que estivermos analisando (HALLIDAY, 1994, p.4-5).
Essa expressão, como já foi dito, aplica-se a duas cargas elétricas quaisquer, podendo ser
aplicada a um conjunto de cargas presentes num material condutor, assim como a um único
elétron dentro de um átomo.
Essa consideração tem uma implicação de extrema importância, pois devido a esse efeito, a
atração desenvolvida entre os elétrons das camadas mais externas e o núcleo de um átomo é
muito mais FRACA do que com os elétrons das camadas mais internas. Ou seja, os elétrons de
valência são muito menos atraídos pelo núcleo do que os elétrons mais próximos a ele e, caso
venham a adquirir energia suficiente, podem escapar dos átomos de origem!
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Unidade: Fundamentos da Eletricidade
Veja que os elétrons de valência não escapam do material, eles simplesmente ficam se
movimentando livremente da camada de valência de um átomo para a camada de valência
de outro aleatoriamente. Portanto, o material continua eletricamente neutro. Os elétrons de
valência que apresentam essa capacidade para se movimentarem livremente pela estrutura do
material são os chamados ELÉTRONS LIVRES e são os responsáveis diretos pela condutividade
elétrica característica de metais como cobre, ouro, alumínio, etc. A energia necessária para gerar
todo esse processo pode ser proveniente da própria temperatura ambiente.
De acordo com os cientistas, um átomo possui, em média, um tamanho da ordem de 2 a 5
angströms, onde 1 angström (1Å) equivale a 1x10-10 m. Imaginemos, então, um pequeno pedaço
de 1 cm de comprimento de fio de cobre. Nele, haverá toda uma população de átomos de cobre
com essa dimensão média, algo em torno de 1025 átomos por centímetro cúbico. A quantidade
de elétrons de valência e, portanto, aptos a serem LIVRES é proporcional, já que cada átomo de
cobre possui um elétron na camada de valência. Materiais que, como o cobre, apresentam esse
grande número de elétrons livres são conhecidos como CONDUTORES ELÉTRICOS.
De maneira contrária, se um átomo possuir 8 elétrons ou próximo disso na camada de
valência, será necessário consumir muito mais energia para provocar o deslocamento dos
elétrons. Além disso, pela Regra do Octeto, átomos nessa condição estão mais estáveis, o que,
no geral, vem a afetar a disponibilidade de elétrons livres para o processo de condução elétrica.
Portanto, observa-se que nos materiais que apresentam essas características, a condução elétrica
é mais difícil. É o caso dos ISOLANTES ELÉTRICOS.
Finalmente, verifica-se também que existem materiais com comportamento intermediário
aos que apresentamos anteriormente. São substâncias que têm suas camadas de valência
parcialmente completas, não sendo nem bons condutores nem bons isolantes. Logo, são
SEMICONDUTORES. Esses materiais possuem características muito específicas, quando
devidamente trabalhados, de modo que apresentam um controle muito elevado dos seus
comportamentos elétricos, o que justifica o seu amplo uso em componentes e dispositivos que
permitiram a criação e o desenvolvimento da ELETRÔNICA.
Observa-se, portanto, que o comportamento elétrico dos materiais é TOTALMENTE
dependente da estrutura da matéria.
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Potencial Elétrico
τ=F . d (Eq. 3)
Como, pela primeira Lei de Newton, temos que uma força é dependente de uma massa que
sofre uma aceleração, podemos considerar que a força atuante sobre o saco de laranjas resulta
da ação da aceleração da gravidade (g) sobre a massa de laranjas nesse saco, o que é por
definição, o próprio peso:
F=m.a (Eq. 4)
P=m.g (Eq. 5)
Fazendo, agora, a substituição do valor da força pelo produto descrito na Eq. 5, encontramos
o valor total da energia potencial armazenada nesse saco de laranjas suspenso:
τ=m.g.d (Eq. 6)
De uma maneira muito semelhante, quando precisamos separar cargas positivas e negativas
também é necessário realizar alguma quantidade de trabalho, só que, nesse caso, de natureza
elétrica. Essa situação nos remete a um dos fenômenos naturais que, com sua beleza e perigos
singulares, fascinam a humanidade desde sempre. Veja a seguinte imagem:
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Unidade: Fundamentos da Eletricidade
Fir0002/Getty Images
Fig. 8. Relâmpago atingindo um campo durante uma tempestade.
Fig. 9. Representação esquemática do desenvolvimento de cargas elétricas e da diferença de potencial elétrico entre as nuvens e o solo.
A carga positiva desenvolvida na parte superior da nuvem acaba por exercer uma força sobre
os elétrons numa tentativa de trazê-los de volta, na medida em que são deslocados. Como há
uma força sobre as cargas separadas, para que elas retornem ao topo da nuvem, elas têm o
potencial de realizar trabalho quando forem deslocadas, ou seja, as cargas têm energia potencial.
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Foi Benjamim Franklin quem primeiro teorizou e comprovou a natureza elétrica dos
relâmpagos no seu célebre experimento com uma pipa.
Wikimedia Commons
Fig. 10. Representação artística do célebre experimento realizado por Benjamin Franklin para comprovar que as descargas atmosféricas
tinham, na verdade, natureza elétrica.
A condução das cargas elétricas que compõem o relâmpago não foi feita diretamente pela
linha de algodão utilizada para sustentar a pipa, mas sim através da chave pendurada nela.
Por ser metálica e eletricamente condutora, a chave consegue atrair ou direcionar as cargas
elétricas durante o desenvolvimento da diferença de potencial entre as nuvens e o solo. Esse
conhecimento serviu de base para o seu principal invento: o para-raios!
A diferença de potencial elétrico criada entre dois pontos quaisquer é denominada tensão
elétrica. Nesse caso, a quantidade de energia necessária para separar as cargas depende da
tensão gerada e da quantidade de carga deslocada. Assim, define-se que 1 volt (1 V) de tensão
é criado quando se consome 1 joule (1 J) de energia para deslocar 1 coulomb (1 C) de carga
elétrica de um ponto ao outro (HALLIDAY, 1994, p.55). Matematicamente, temos:
W
V= (Eq. 7)
Q
Corrente Elétrica
Verificamos que nos materiais condutores há uma grande quantidade de elétrons livres.
Entretanto, sob condições normais, esses elétrons se movimentam aleatoriamente.
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Unidade: Fundamentos da Eletricidade
Fig. 11. Representação esquemática do efeito de uma fonte de tensão sobre o movimento dos elétrons num condutor.
A presença da bateria cria um desequilíbrio no circuito assim criado, onde os elétrons são
repelidos pelo polo negativo e atraídos pelo polo positivo, criando um movimento ordenado
pelo circuito, o qual passa pelo fio e bateria respectivamente.
Observe que com a adição da bateria criou-se um caminho fechado, por onde as cargas
elétricas (os elétrons) circulam. Esse caminho fechado é o que chamamos de CIRCUITO
ELÉTRICO. Já o movimento ordenado de elétrons é definido como CORRENTE ELÉTRICA
(HALLIDAY, 1994, p.96). Considerando que carga é medida em coulombs, o fluxo de cargas é
medido em coulombs por segundo. No sistema internacional, a unidade coulomb por segundo
é denominada de ampère (A). Matematicamente, temos:
Q
I= (Eq. 8)
t
Sendo Q a quantidade de cargas que passa pela seção transversal de um fio condutor e t é o
intervalo de tempo (em segundos) no qual as cargas são medidas.
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Entretanto, com o avanço da ciência e da tecnologia, descobriu-se o átomo e as suas
partículas constituintes, além do fato de que a corrente elétrica, na realidade, é consequência
da movimentação de cargas elétricas negativas, os elétrons. Essas descobertas não aboliram
o conhecimento prévio, uma vez que a questão é apenas o sentido de circulação das cargas
elétricas. Portanto, o sentido real de circulação da corrente é chamado de direção do fluxo de
elétrons ou simplesmente sentido real. Sendo assim, no nosso exemplo de circuito, as cargas
elétricas saem do polo negativo e são atraídas pelo polo positivo.
Cabe enfatizar que agora temos uma situação consideravelmente diferente de quando
tínhamos cargas elétricas em repouso. Agora, temos cargas elétricas em movimento. Tem-se,
por definição, o estabelecimento da ELETRODINÂMICA (HALLIDAY, 1994, p.96-97).
Nossas atenções, por consequência, voltam-se agora para a facilidade ou dificuldade que
as cargas elétricas encontram ao se movimentarem nos materiais. De modo geral, os materiais
condutores permitem o fluxo de cargas elétricas, ou seja, a circulação de corrente elétrica.
Contudo, a intensidade de corrente não é igual para todos os condutores.
Devemos ao físico alemão George Simon Ohm (1787-1854) a compreensão da dependência
da circulação das cargas elétricas com o tipo de material. Pelo que já falamos, o estabelecimento
de uma corrente elétrica num circuito ocorre quando estabelecemos uma diferença de potencial
elétrico entre dois pontos de um condutor.
Trabalhando com a bateria desenvolvida por Alessandro Volta e com fios de materiais,
comprimentos e espessuras diferentes, Ohm desvendou que a corrente total que circula por um
condutor depende tanto da tensão que se estabelece entre seus terminais como da dificuldade de
circulação da corrente. Ohm definiu como RESISTÊNCIA ELÉTRICA (HALLIDAY, 1994, p.100-
101) a dificuldade encontrada pelos elétrons para circularem num material da seguinte maneira:
V
R= (Eq. 9)
I
Onde V é a tensão, em volts (V), a que o condutor está submetido e I é a quantidade de corrente,
em ampères (A) que circula por esse condutor. Essa é a forma da conhecida 1.ª Lei de Ohm e que
normalmente é representada assim:
O significado da resistência está associado a uma oposição que os elétrons sofrem ao longo do
seu percurso pelo condutor. Ohm verificou que, para uma resistência fixa, ao duplicar a tensão, a
corrente também duplicava; ao triplicar a tensão, também triplicava a corrente, e assim por diante.
A unidade de resistência é o ohm (Ω), em homenagem ao físico alemão de mesmo nome.
No caso de fixar a tensão, Ohm observou que a resistência era diretamente proporcional ao
comprimento (l) do fio e inversamente proporcional à área (A) da sua seção transversal:
1
R=ρ (Eq. 11)
A
Soma-se a este o efeito da resistividade elétrica (ρ). Essa é uma propriedade característica de
cada material e é medida em ohm-metro (Ω-m) no sistema internacional. A seguir, apresentamos
uma tabela com os dados de resistividade elétrica de alguns materiais:
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Unidade: Fundamentos da Eletricidade
MATERIAL ρ - 20 ºC (Ω-m)
Ouro 2,443x10-8
Cobre 1,723x10-8
Ferro 12,30x10-8
Germânio 20 – 2300*
Silício ~500*
Madeira 108 - 1014
Vidro 1010 – 1014
Teflon 1x1016
Assim, Ohm conseguiu definir a resistência de um fio e demonstrar que a corrente era
inversamente proporcional à resistência.
Pelo que foi exposto anteriormente e mostrado na Tabela 1, a resistência de um condutor não
se apresenta constante em todas as temperaturas. Na medida em que a temperatura aumenta,
mais elétrons escapam das suas órbitas, o que ocasiona mais colisões dentro do condutor. Na
maioria dos materiais condutores, o aumento desse número de colisões se apresenta como um
aumento relativo da resistência, como se mostra a seguir.
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A taxa em que a resistência de um material varia de acordo com a variação da temperatura
depende do coeficiente de temperatura do material, o qual é identificado pela letra grega alfa
(α). Alguns materiais exibem muito pouca diferença na resistência, enquanto outros demonstram
mudanças muito fortes na resistência de acordo com a variação da temperatura.
Assim, dizemos que um material possui um coeficiente de temperatura positivo (PTC –
Positive Temperature Coeficient) quando a sua resistência aumentar de acordo com a elevação
da temperatura. Na Tabela 2 são apresentados os coeficientes de temperatura a por grau Celsius,
de vários materiais nas temperaturas de 20 e 0 ºC.
Tomando como exemplo o metal cobre e cujo valor da resistência elétrica varia de acordo
com o comportamento apresentado na Fig. 12, notamos que, na medida em que a temperatura
diminui em direção ao zero absoluto (T = -273,15 ºC), a resistência aproxima-se do zero.
O ponto em que a porção linear da linha é extrapolada para cruzar o eixo da temperatura é
chamado interseção da temperatura ou temperatura absoluta inferida do material.
Ao verificarmos a parte da linha reta do gráfico, vemos que existem dois triângulos semelhantes,
um com o vértice no ponto 1 e o outro com o vértice no ponto 2. Assim, podemos aplicar a
seguinte relação aos triângulos:
R2 R1 (Eq. 13)
=
T2 - T T1 - T
Alternativamente, pode-se determinar a resistência R2 de um condutor a uma determinada
temperatura T2 utilizando o coeficiente de temperatura do material, α. Como os dados da Tabela
2 confirmam que o coeficiente não é constante para todas as temperaturas, podemos obtê-lo do
seguinte modo:
m
α= (Eq. 14)
R1
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Unidade: Fundamentos da Eletricidade
Material Complementar
Explore
• Ciência e Engenharia de materiais: uma introdução, de William D. Callister Jr.;
• Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente, de Peter W. Atkins.
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Referências
ATKINS, P. W.; JONES, L. Átomos: o mundo quântico. In: Princípios de química: questionando
a vida moderna e o meio ambiente. 5.ª ed. Porto Alegre, Brasil: Bookman do Brasil, 2012. 1048p.
HALLIDAY, D; RESNICK, R.; MERRIL, J. In: Fundamentos de Física. V.3, 3.ª ed. Rio de
Janeiro, Brasil: LTC Editora Ltda., 1994. 335p.
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Unidade: Fundamentos da Eletricidade
Anotações
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