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Hidrologia - Cap 9
Hidrologia - Cap 9
HIDROLOGIA
Capítulo 9 – Escoamento superficial
11
Definição
Escoamento superficial – corresponde ao
excedente da precipitação relativamente à
retenção superficial, infiltração e evaporação.
Junto às cabeceiras – escoamento pouco
concentrado, sobre a encosta, pequena altura
do escoamento sobre uma grande superfície,
duração pouco superior à da precipitação.
Escoamento tende a concentrar-se em vales
mais ou menos profundos, constituindo cursos
de água. Persiste muito tempo depois da
ocorrência da precipitação e tem origem na
água que se encontra ainda em trânsito à
superfície e na que, tendo-se infiltrado, vai
sendo drenada ao longo do tempo.
2
Interesse da análise
3
Equações de St. Venant
Obtidas a partir da aplicação dos princípios da
conservação da massa (equação da
continuidade) e da quantidade de movimento.
Equações não são integráveis analiticamente,
integração com métodos numéricos (diferenças
finitas ou elementos finitos).
Matéria não é tratada nesta disciplina.
Regime permanente Q = K √Sf
K = Ks A R2/3 (fórmula de Manning-Strickler)
K = C A √R (fórmula de Chézy)
4
Valores de Ks (m1/3s-1)
Natureza do leito
Betão liso 75
Terra muito regular 60
Terra irregular 45
Terra irregular com vegetação, cursos de 35
água regulares em leitos rochosos
Terra em más condições, rios sobre calhaus 30
Terra em completo abandono, rios com muito 20
transporte sólido
5
Capacidade de transporte K
K1 K2 K4
K5
K3
7
Escoamento
Escoamento – volume de água que atravessa
determinada secção transversal de um curso
de água num dado intervalo de tempo.
Escoamento diário, escoamento mensal ou
escoamento anual – volume de água que se
escoa num dia, num mês ou num ano em
determinada secção.
Escoamento dividido pela área da bacia
hidrográfica – expresso como altura de água
uniformemente distribuída na bacia, permite
comparar com a precipitação ou a evaporação
no mesmo intervalo de tempo.
8
Caudal e escoamento
10
Distribuição de velocidades numa
secção transversal
1,50 V
1,00 V
1,25
11
Medição de caudal
Q Vij A ij
Medição da velocidade em muitos pontos da secção
pode ser um processo moroso.
Aproximação – ao longo de cada vertical, a
distribuição das velocidades segue uma lei
logarítmica.
Preferível usar dois pontos em cada vertical; para
grandes profundidades, usar 3 pontos.
Medição apenas da velocidade superficial dá erros
grandes para pequenas profundidades do
escoamento.
12
Cálculo da velocidade média
z
f yi
Vf Vi (0,85 a 0,90) V
0
Vi V
yi 0,6
Vi 0,5 ( V V )
0,2 0,8
Vi 0,25 (V 2V V )
0,2 0,6 0,8
V
13
Medição de caudal
Medir a largura superficial B.
Dividir B em n faixas iguais de largura b = B/n,
nmin 15-20 e bmax 10-20 m, caudal em cada
faixa não superior a 10% do caudal total Q.
Levantar a secção medindo as alturas de água
y1, y2, .... yn-1 (yo = yn = 0).
Determinar a velocidade média em cada uma
das verticais 1 a n-1.
Obter o caudal qi em cada faixa i.
O caudal total é dado por Q = ∑ qi .
14
Fórmulas para o cálculo do caudal
bi
b0
yi
b i1 b i1
Q Vi y i
2
Vi y i Vi1 y i1
Q b i b i1
2
y i1 y i V i1 V i
Q (b i1 b i )
2 2 15
Medição da velocidade com molinete
16
Medição da velocidade com molinete
v = a+bxn
v – velocidade pontual, m/s, n – nº de rotações
medido, rpm, a,b – parâmetros cujos valores
são fornecidos pelo fabricante ou resultados do
processo de calibração, periodicamente
aferidos.
Molinete mergulhado à profundidade desejada.
Canal de calibração – carro com molinete
move-se com velocidade constante num canal
com água parada – determina-se a,b.
17
Medição da velocidade com flutuador
20
Descarregadores de parede delgada
b) c) 1 a 2 mm
a) b
≥ 45º
h q h
p
p
B B
22
Condicionamentos dos
descarregadores de parede delgada
Descarregador Descarregador
rectangular triangular
Corte pela linha central Q = ( + B) h
24
Método da diluição para medição de
caudal
Injecção dum caudal q duma solução muito
concentrada dum determinado produto químico
(inexistente ou com pequena concentração na
água em condições naturais) numa secção a
montante e medição da concentração desse
produto a jusante, após se completar o
processo de difusão.
Traçadores: dicromato de potássio, cloreto de
sódio, luminóforos.
ci c f
q ci Q co ( q Q) c f Qq
c f co
25
Método da diluição para medição de
caudal
Limitações
Concentração inicial tem de ser elevada.
Traçadores têm custo elevado.
Cloreto de sódio é barato mas existe na água do
rio.
Manter injecção durante bastante tempo para
garantir regime permanente.
Impactos ambientais negativos (cor, radiação).
26
Método de ultra-sons para medição de
caudal
27
Método de ultra-sons para medição de
caudal
Fdoppler = -2 Fsource (V / C)
V – velocidade relativa entre a fonte e o
receptor
C – velocidade do som na água
Fdoppler – frequência no receptor
Fsource – frequência no transmissor (fonte)
28
Curva de vazão
31
Medição da altura hidrométrica
32
Medição da altura hidrométrica
33
Medição da altura hidrométrica
34
Registo contínuo de alturas
hidrométricas
Limnígrafo
b)
a)
35
Registo contínuo de alturas
hidrométricas
Medição da pressão no fundo do leito.
pleito = γh + patm →h = (pleito - patm) / γ
Registador digital, lê os valores em intervalos
de tempo pré-fixados (p.ex. 5 min).
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Escolha duma estação hidrométrica
Situada na parte média dum troço rectilíneo do
rio, com comprimento mínimo de 3 vezes a
largura da secção e inclinação constante.
Secção estável, sem vegetação e sem erosão
nem sedimentação acentuadas.
Não afectada por regolfo, marés, confluências.
Escoamento num leito bem definido.
Local sempre acessível, mesmo com mau
tempo e durante cheias.
Possibilidade de recrutar um leitor no local.
37
Extrapolação da curva de vazão para
caudais de cheia
Dificuldade de medir caudais de cheia (grandes
velocidades e alturas de água).
Não se pode extrapolar a curva de vazão para
alturas muito superiores à máxima altura
medida.
Variação brusca da forma da secção.
Variação da rugosidade quando altura ultrapassa o
leito menor.
38
Extrapolação da curva de vazão
1º processo – U(R) mantém-se constante em
papel log-log.
2º processo – fórmula de Manning-Strickler,
divide-se a secção em partes com diversas
rugosidades, toma-se J = J0.
3º processo – utilizar marcas de cheias em 2
secções suficientemente espaçadas.
39
Extrapolação da curva de vazão
h1 h2
Q K2
K2 K2 2 A2
2
L 1 (1 r )
K1 2 gA2 A1
2
40
Estimativa de escoamentos
41
Estimativa de escoamentos
precipitações que os
200
60
originam.
80
100
Decrescimento do
150
caudal a seguir à
Caudal Médio Diário (m 3/s)
44
0
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
Paiva em Castro Daire - 1954/55
Curva de decrescimento do caudal
k t t 0
Q Q0 e
k – constante de decrescimento
Gráfico é linear em papel semi-logarítimico
1000
800
600
400
300
200
100
80
60
Caudal Médio Diário (m3/s)
40
30
20
10
8
6
4
3
2
1
0,8
0,6
0,4
0,3
0,2
45
0,1
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
46
Distribuição temporal do escoamento
Séries com interesse (caudais e escoamentos):
Valores diários 365 x N
Valores mensais 12 x N
Valores anuais N
Caudais diários máximos anuais N (estudo de
cheias)
Caudais diários mínimos anuais N (estudo de
secas)
Representação com gráfico de caixas (box-
plot): média, mediana, máximo, mínimo,
quartis.
47
Séries mensais de escoamentos
48
Distribuição temporal do escoamento
1600
70
1400
60
1200
50
1000
40
800
30
600
400 20
200 10
0 0
OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET
10 157
1600 20 88
2
30 61 Área = 21544 km
1400
40 44
Caudal Médio Diário (m 3/s)
3
50 33 Qmod = 64,2 m /s
1200
60 23
3
70 14 Q50 = 55,4 m /s
1000
80 8
800 90 1
100 0
600
200
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
53
Hidrograma do escoamento superficial
Principais componentes:
escoamento directo – resulta da precipitação útil
sobre a bacia, cessa algum tempo após o fim da
precipitação;
escoamento de base – resulta da alimentação do
rio por água subterrânea, pode continuar por
longos períodos em que não há precipitação;
escoamento intermédio ou sub-superficial – água
que se escoa na camada superficial do solo, cessa
com atraso em relação ao escoamento directo;
escoamento resultante da precipitação sobre a
rede hidrográfica, cessa rapidamente após o fim da
54
precipitação.
Hidrograma do escoamento superficial
55
Escoamento de base
56
60
50
40
Precipitação (mm)
Precipitação efetiva, útil ou em excesso
Separação das 30
componentes 20
Perdas iniciais
do hidrograma 10
Perdas distribuídas
0
1-Mai 11-Mai 21-Mai 31-Mai 10-Jun 20-Jun
Dia
45
40
35
30 Escoamento direto
Caudal (m /s)
3
25
20
15
10
5
Escoamento de base
0
1-Mai 11-Mai 21-Mai 31-Mai 10-Jun
57
20-Jun
Dia
Separação das componentes do
hidrograma
1º método: N = 0,8 A0,2 com N em dias, A em
km2, dá por vezes valores excessivos.
2º método: representar o hidrograma em papel
semi-logarítmico e identificar o fim do
escoamento directo (a curva de recessão
aparece como uma recta). Este é o método
preferível.
58
Forma do hidrograma
59
Forma do hidrograma
60
Forma do hidrograma
tr - duração da precipitação útil.
tl - tempo de reposta (“time lag”), entre o centro de
gravidade da precipitação útil e o pico do hidrograma.
tc - tempo de concentração, tempo necessário para
que a gota de água caída na secção cinematicamente
mais distante chegue à secção de saída. É uma
característica importante da bacia para o estudo de
cheias.
te - tempo de esvaziamento, normalmente pequeno,
corresponde ao escoamento do volume armazenado
na rede hidrográfica.
61
Forma do hidrograma
tb t p t d tr t c t e
62
Factores que influenciam a forma do
hidrograma
Factores: características da bacia drenante e
da precipitação
Modificações do hidrograma por influência
humana:
Abstracções de água
Albufeiras de armazenamento
Alterações na cobertura vegetal
Desflorestação
urbanização
63