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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

Curso de Engenharia Civil

HIDROLOGIA
Capítulo 10 – Cheias

11
Importância das cheias
 Cheia – fenómeno hidrológico extremo causado por
precipitação intensa de duração mais ou menos
prolongada numa bacia hidrográfica ou em parte dela,
originando caudais que excedem a capacidade de
vazão do leito menor do rio.
 Grandes cheias em Moçambique desde 1975
• 1976 – Incomati, Pungoé 1977 – Limpopo 1978 – Zambeze
• 1981 – Limpopo • 1984 – Maputo, Umbeluzi, Incomati
• 1985 – Incomati 1996 – Limpopo• 1997 – Pungoé, Zambeze
1999 – Movene • 2000 – Incomati, Limpopo, Govuro, Save, Buzi

• 2001 – Pungoé, Zambeze 2007,2008 – Zambeze

2013 – Limpopo, Licungo 2015 - Licungo


2
Impactos negativos das cheias
 Perda de vidas humanas
 Dezenas de mortes nas cheias de 1977, 1978,
1984, 2007, 2013, 2015.
 700 mortos nas cheias de 2000.
 Grandes prejuízos materiais e sociais
 Destruição de infra-estruturas e propriedades.
 Ruína de pontes, cortes de estradas.
 Paralisação da economia.
 Evacuação de pessoas, reassentamento.
3
4
Medidas de mitigação de cheias
 Medidas estruturais
 albufeiras - permitem encaixar uma parte do
volume da cheia afluente, diminuindo os caudais
máximos para jusante;
 diques de protecção de áreas inundáveis;
 regularização fluvial - permite escoar um maior
caudal para um mesmo nível de água;
 zonas de encaixe de cheias - áreas para onde
parte do escoamento é dirigida e cuja inundação
não provoca danos materiais apreciáveis,
reduzindo assim os caudais para jusante.
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Medidas de mitigação de cheias
 Medidas não estruturais
 sistemas de aviso de cheias;
 ordenamento físico das bacias hidrográficas, em
particular o controle da ocupação dos leitos de
cheias, da cobertura vegetal e da conservação das
linhas de drenagem.

6
Probabilidade e risco
 Estruturas dimensionadas para um nível de
risco socialmente aceitável.
 Menor risco → menor probabilidade de
ocorrência / maior período de retorno → custo
mais elevado.
 Quando não há risco para vidas humanas: T =
5-50 anos; quando há risco, T min = 100 anos.
 Grandes barragens – rotura pode provocar
cheias catastróficas, T min = 1,000 – 10,000
anos.
7
Risco hidrológico
 Risco hidrológico – probabilidade de que o
acontecimento (χ ≥ x) ocorra pelo menos uma
vez em N anos sucessivos.

R ( x, N)  1  F( x )
1 N
N
 1  (1  )
T

8
Risco hidrológico
T= 5 T = 10 T = 25 T = 50 T = 100

1,0
0,9
0,8
0,7
0,6
R (T,N)

0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
0 10 20 30 40
N (anos)
9
Período de retorno no Regulamento de
segurança de barragens de Moçambique

Betão Aterro Classes I e II Classe III

h ≥ 100 h ≥ 50 5 000 2000

100 > h ≥ 50 50 > h ≥ 15 2 000 1000

50 > h ≥ 15 15 > h 1 000 500

15 < h − 500 200

T a ser considerado no dimensionamento da capacidade de vazão da barragem.

10
Norma Sul-africana de projecto de
barragens (SANCOLD)
Dimensão Nível de risco
da
barragem
Baixo Significativo Elevado

Pequena I II II
5 –12 m
Média II II III
12 – 30 m
Grande III III III
> 30 m
11
Norma Sul-africana de projecto de
barragens (SANCOLD)
 Dependendo da informação hidrológica
utilizada
 Regional: capacidade do descarregador = caudal
de ponta da cheia afluente.
 Específica do local da barragem: capacidade do
descarregador considera amortecimento da ponta
de cheia na albufeira.
 Cheia de projecto recomendada RDF: garantir
a folga mínima.
 Cheia de avaliação de segurança SEF:
barragem não deve ser galgada.
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Norma Sul-africana de projecto de
barragens (SANCOLD)
• Períodos de retorno recomendados (anos)
Categoria I Categoria II Categoria III
RDF 20 – 50 100 200
SEF RMF RMF PMF

RMF – cheia máxima regional,


calculada pela fórmula de Francou-Rodier

PMF – cheia máxima provável,


usando informação específica do local 13
Período de retorno em pontes e
aquedutos
 Depende da importância da infra-estrutura e do
tráfego.
 Norma portuguesa, drenagem longitudinal
 Estradas regionais e municipais, com tráfego médio
diário inferior a 250 – 5-10 anos.
 Estradas nacionais, estradas regionais ou
municipais com 250 < TMD < 2000 – 10 anos.
 Estradas nacionais e outras estradas com TMD >
2000 – 10-20 anos.
 Norma portuguesa, drenagem transversal
 T definido em função da importância da via e dos 14
prejuízos esperados.
Período de retorno em pontes e
aquedutos
 Norma espanhola
 TMD < 500 – 10-50 anos.
 500 < TMD < 2000 – 50-100 anos.
 TMD > 2000 – 100-200 anos.
 Pontes – 500-1000 anos.
 Pontes no Reino Unido, França, Canadá
 Auto-estradas, estradas nacionais – 100-200.
 Estradas secundárias – 50-100.
 Estradas municipais e locais – 25-50.

15
Período de retorno em pontes e
aquedutos
 Moçambique
 Guidelines da ANE, T em função do tipo de
estrutura e de Q20, pontes – 100 anos, verificação –
1000 anos.
 Novo manual de drenagem em preparação (2016).

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Precipitação útil
 Precipitação útil, precipitação efectiva ou
excesso de precipitação, Pu – a parte da
precipitação que contribui para o escoamento
directo.
 Perdas – a parte que não contribui para o
escoamento directo: perda inicial, P0; perda
acumulada até o instante t, F = P - Pu
 Método do SCS
F Pu P0  0,2 Fmax

Fmax P  P0 17
Curva da precipitação útil

18
Precipitação útil
25400
Fmax   254
NC
 Fmax em mm.
 NC – número da curva da precipitação útil (ou
número de escoamento).
 Quanto maior NC, menor é a perda e maior a
precipitação útil.
 Só há precipitação útil e escoamento directo
quando P > P0.
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Precipitação útil
1000

800

NC
100
90
600 80
70
Pu (mm)

60
50
40
400 30
20
10

200

0
0 200 400 600 800 1000 20
P (mm)
Precipitação útil
1,0

0,9

0,8 NC
100
0,7 90
80
0,6 70
Pu/P (-)

60
0,5
50
40
0,4
30

0,3 20
10
0,2

0,1

0,0
0 200 400 600 800 1000
P (mm)

21
Grupos hidrológicos de solos
 USDA–NRCS considera quatro grupos hidrológicos de
solos, A, B, C e D.
 A – solo muito permeável e com baixo potencial de
escoamento superficial, normalmente constituído por
areia grossa.
 D – solo com baixa capacidade de infiltração,
normalmente constituídos por materiais argilosos ou
siltosos, ou ainda materiais mais permeáveis mas em
que o nível freático se encontra permanentemente
próximo da superfície.
 NC – valores mais baixos para solos do tipo A e mais
altos para solos do tipo D.
22
Valores de NC
Utilização / cobertura do Grupo hidrológico do
solo solo
A B C D
Terras lavradas
não cultivadas 72 81 88 91
cultivadas 62 71 78 81
Pastagens
pobres 68 79 86 89
boas 39 61 74 80
Prados em boas condições 30 58 71 78
Florestas
pouco densas 45 66 77 83
densas 25 55 70 77
23
Valores de NC
Utilização / cobertura do Grupo hidrológico do
solo solo
A B C D
Espaços abertos, relvados,
campos de golfe,
cemitérios, etc.
mais de 75% de relva 39 61 74 80
50-75% de relva 49 69 79 84
Áreas comerciais (85%
impermeável) 89 92 94 95
Zonas industriais (72%
impermeável) 81 88 91 93
24
Valores de NC
Utilização / cobertura do Grupo hidrológico do
solo solo
A B C D
Áreas residenciais, % média
de impermeabilização
65 77 85 90 92
30 57 72 81 86
20 51 68 79 84
Parques pavimentados,
telhados, passeios, etc. 98 98 98 98

25
Valores de NC
Utilização / cobertura do Grupo hidrológico do
solo solo
A B C D

Ruas, estradas
pavimentadas, com sarjetas e
coletores 98 98 98 98
empedradas 76 85 89 91
terra batida 72 82 87 89

26
Alteração de NC para solos mais
secos ou mais húmidos
II 100 95 90 85 80 75 70 65 60 55 50

I 100 87 78 70 63 57 51 45 40 35 31

III 100 98 96 94 91 88 85 82 78 74 70

II 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0

I 26 22 18 15 12 9 6 4 2 0

III 65 60 55 50 43 37 30 22 13 0
27
Métodos de cálculo
 Fórmulas empíricas
 Fórmulas cinemáticas
 Métodos estatísticos

 Método do hidrograma unitário


 Modelos de simulação hidrológica

 Os primeiros três métodos apenas fornecem


valores do caudal de ponta, os dois últimos dão
também o hidrograma da cheia.

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Fórmulas empíricas
 Fórmulas derivadas a partir de estudos de
cheias em diversas regiões do Mundo, definem
Q em função de área A e precipitação anual P.
 Fórmula de Francou-Rodier, envolvente de
máximos, bacias com mais de 300 km2, Q em
m3/s, A em km2.
1 0 ,1K
 A 
Q p  10  8 
6

 10 
 Máximos mundiais (Herschy, 2002)
Q  500 A 0, 43
29
30
Máximos caudais de ponta para
diversas áreas
1000000

Mundo
100000
Europa
Q (m /s)
3

10000

Reino Unido
1000

100
10 100 1000 10000 100000 1000000 10000000
2
A (km )

31
Fórmulas cinemáticas
 Entram com o processo do movimento da água na
bacia, através do tempo de concentração.
 Tempo de concentração tc - tempo necessário para
que a gota de água caída na secção cinematicamente
mais distante chegue à secção de saída.
 tc – tempo entre o fim da precipitação útil e o fim do
escoamento directo.
 Processos para determinar o tempo de concentração
 Fórmula do Soil Conservation Service.
 Fórmula de Giandotti.
 Fórmula de Kirpich.
 Fórmula de Temez.
32
tc pelo método do SCS
 Bacias rurais, A < 50 km2
0, 7
 1000 
L 
0 ,8
 9
tc  0,093  NC 
0,5
i
 tc (horas), L – distância do ponto
cinematicamente mais distante à secção de
saída (km), i – declive médio da bacia.

33
Fórmula de Giandotti
4 A  1,5L
tc 
0,8 hm

 tc - horas, A - km2, L - comprimento da principal


linha de água da bacia em km, hm - altura
média da bacia em m.
 Só deve ser usada para bacias com áreas
superiores a 300 km2.

34
Fórmulas de Kirpich e Temez
L1,155 Kirpich
t c  0,946
H 0,385

L0,95 Temez
t c 1,115
H 0,19
 tc - horas, L - km, ΔH (diferença de cotas entre
as extremidades do rio principal) – m
 Expressão geral b
L
tc  a
H c
35
Fórmulas cinemáticas
 Diversas fórmulas utilizadas
 Fórmula do Soil Conservation Service.
 Fórmula racional.
 Fórmula de Giandotti.
 Estimar com as várias fórmulas e comparar os
resultados.
 Considerar os limites de aplicação de cada
fórmula.

36
Fórmula do SCS
0,278 A Pu
Q
tc
 Pu – função de P (tc, T) e de NC
 Q – m3/s, A – km2, Pu - mm
 O factor 0,278 aparece para transformar km2 x
mm/h em m3/s.

37
Fórmula racional
 Qp = C I A, dimensionalmente homogénea.
 Qp = 0,278 C I A, I – mm/h, A – km2, Q – m3/s
 Qp - caudal de ponta, C – coeficiente de escoamento,
I - intensidade média de precipitação com duração
igual ao tempo de concentração e período de retorno
desejado, e A - área da bacia.
 Assume: precipitação uniforme sobre toda a bacia,
intensidade constante, bacia com características
fisiográficas homogéneas → pequenas bacias (até
1000 km2).
Pu
 Comparando com a fórmula racional, C  38
P
Fórmula racional
 Valores de C (DWAF, A. Sul)
 Áreas urbanas (solos, declive, ocupação).
 Áreas não urbanizadas e rurais (declive,
permeabilidade, coberto vegetal, P anual média).
 Efeito do período de retorno.
 Bacia com áreas urbanas e não urbanizadas/rurais:
obter C a partir da média pesada dos valores de C
para a zona urbana e para a zona rural.
 Valores de C (Chow, 1988) – função de
 Período de retorno.
 Zonas urbanas ou rurais.
 Tipo de cobertura.
 Declive do terreno.
39
Valores de C (Chow et al. 1988)
Características superficiais Período de retorno (ano)

2 5 10 25 50 100 500

Zonas urbanas
– Asfalto 0,73 0,77 0,81 0,85 0,90 0,95 1,00
– Betão/coberturas 0,75 0,80 0,83 0,88 0,92 0,97 1,00
– Relvados (parques, jardins
…)
Relvado em menos de 50% da
área
Declive fraco, 0-2% 0,32 0,34 0,37 0,40 0,44 0,47 0,58
Declive médio, 2-7% 0,37 0,40 0,43 0,45 0,49 0,53 0,61
Declive forte, > 7% 0,40 0,43 0,45 0,49 0,52 0,55 0,62
40
Valores de C (Chow et al. 1988)
Características superficiais Período de retorno (ano)

2 5 10 25 50 100 500

Zonas urbanas
Relvado entre 50% e 75% da
área
Declive fraco, 0-2% 0,25 0,28 0,30 0,34 0,37 0,41 0,53
Declive médio, 2-7% 0,33 0,35 0,38 0,42 0,45 0,49 0,58
Declive forte, > 7% 0,37 0,40 0,42 0,46 0,49 0,53 0,60
Relvado em mais de 75% da
área
Declive fraco, 0-2% 0,21 0,23 0,25 0,29 0,32 0,36 0,49
Declive médio, 2-7% 0,29 0,32 0,35 0,39 0,42 0,46 0,56
Declive forte, > 7% 0,34 0,37 0,40 0,44 0,47 0,51 41
0,58
Valores de C (Chow et al. 1988)
Zonas rurais Período de retorno (ano)

2 5 10 25 50 100 500

– Terra cultivada
Declive fraco, 0-2% 0,31 0,34 0,35 0,40 0,43 0,47 0,57
Declive médio, 2-7% 0,35 0,38 0,41 0,44 0,48 0,51 0,60
Declive forte, > 7% 0,39 0,42 0,44 0,48 0,51 0,54 0,61

– Pastagens
Declive fraco, 0-2% 0,25 0,28 0,30 0,34 0,37 0,41 0,53
Declive médio, 2-7% 0,33 0,36 0,38 0,42 0,45 0,49 0,58
Declive forte, >7% 0,37 0,40 0,42 0,46 0,49 0,53 0,60

– Mata/floresta
Declive fraco, 0-2% 0,22 0,25 0,28 0,31 0,35 0,39 0,48
Declive médio, 2-7% 0,31 0,34 0,36 0,40 0,43 0,47 0,56
Declive forte, > 7% 0,35 0,39 0,41 45,00 0,48 0,52 0,5842
Duração da precipitação
Duração considerada deve ser igual ao tempo de
concentração
Duração t1 < tc t2 = tc t3 > tc
Intensidade i1 = a t1n-1 i2 = a tcn-1 i1 = a t3n-1
Área A1 = Ab (t1/tc) A2 = Ab A3 = Ab
Caudal de ponta Q1 = C a Ab (t1n/tc) Q2 = c a Ab tcn-1 Q3 = c a Ab t3n-1

n n 1
Q2  t c  Q2  t c 
    1  Q2  Q1     1  Q2  Q3
Q1  t1  Q3  t 3 
43
Fórmula de Giandotti
Ah Q p   ' imed A'
Qp 
tc
 Qp - m3/s, A - km2, h - altura de precipitação em
mm correspondente a uma duração igual à do
tempo de concentração e para um período de
retorno T, tc - tempo de concentração em horas,
λ - parâmetro função da área da bacia, imed –
intensidade média em m/s, A’ – m2, λ’ = 3,6 λ
 Aplicável a bacias com mais de 300 km2
44
Valores de 
Área da < 300 300 – 500 – 1000 – 8000 – 20 000 –
bacia 500
1000 8000 20 000 70 000
(km2)
 0,346 0,277 0,197 0,100 0,076 0,055

45
Métodos estatísticos
 Amostra em Hidrologia – exº: série de valores
máximos de precipitação ou caudal.
 FDE afectada pela dimensão limitada da
amostra, extrapolação para grandes períodos
de retorno é difícil.
 Ajustamento a uma distribuição teórica de
probabilidades.

46
Metodologia de ajustamento
 Verificação da aleatoriedade da série;
 Selecção de uma distribuição teórica;
 Especificação ou ajustamento da
distribuição;
 Avaliação do ajustamento;
 Utilização da distribuição para a previsão de
valores (extrapolação).

47
Testes de aleatoriedade
 Teste do coeficiente de autocorrelação –
detecta se existe um efeito de persistência.
 Teste de Wald-Wolfowitz – teste geral de
homogeneidade da série.
 Teste de Ordenação – detecta se existe um
efeito de tendência.

48
Distribuições teóricas de
probabilidades
 Distribuições baseadas na distribuição Normal: Log-
Normal de 2 parâmetros (lei de Galton), Log-Normal
de 3 parâmetros;
 Distribuições derivadas da distribuição generalizada
de extremos ou de Fisher-Tippet (GEV – Generalized
Extreme Values): Gumbel (GEV tipo I), Weibull (GEV
tipo III) e Goodrich;
 Distribuições baseadas na função Gama: Gama de 2
parâmetros, Pearson tipo III, Log-Pearson tipo III.

 LN2, Gumbel, Weibull e Gama – 2 parâmetros


 LN3, Goodrich, Pearson tipo III, log-Pearson tipo III –
3 parâmetros 49
Especificação dos modelos /
distribuições
 Métodos de determinação dos parâmetros:
 Momentos (mais simples)
 Máxima verosimilhança (mais rigoroso)
 Mínimos quadrados

50
Avaliação do ajustamento
 Método gráfico – utilização de papel de
probabilidades
 Papel Normal e log-Normal.
 Papel Gumbel e log-Gumbel.
 Métodos analíticos
 Teste do qui-quadrado.
 Teste de Kolmogorov-Smirnov.

51
Ajustamento de uma amostra a
diversas distribuições
0,1 0,3 0,5 0,7 0,9 0,99 F(Q)
45000
40000 Amostra
35000 Normal
Galton
Caudal (m /s)

30000
Gumbel
3

25000 Goodrich
20000 Pearson III
15000 Log-Pearson III
10000
5000
0
-3,0 -2,0 -1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 Z

52
Sensibilidade do ajustamento aos
parâmetros da amostra
2 10 100 1000 T (x)
2500

2000

 1000 , s x  300 ,
xxbar,std,Ca
x, Variável aleatória

a  0,7 300, 0.7


C1000,
1500  1200 , s x  300 ,
xxbar*1.2,std,Ca
C a  0 ,7
 1000 , s x  360 ,
xxbar,std*1.2,Ca
C a  0 ,7
1000
 1000 , s x  300 ,
xxbar,std,Ca*1.2
C a  0 ,84

500

0
0,01 0,10 0,25 0,50 0,75 0,90 0,99 0,999 F (x) 53
Cheia máxima provável
 Cheia máxima provável PMF – cheia que
resulta da precipitação máxima provável PMP.
 PMP com duração não inferior ao tempo de
concentração.
 Minimizar a infiltração.
 Utilizar o método do hidrograma unitário ou
outro modelo hidrológico para transformar a
PMP em PMF.

54
Método do hidrograma unitário
 Proposto por Sherman (EUA) em 1932.
 Permite obter o hidrograma do escoamento
directo a partir da precipitação útil.
 Simplicidade matemática, utiliza convolução
linear.
 Algumas limitações importantes.

55
Pressupostos do método do
hidrograma unitário
 A precipitação útil em cada intervalo de tempo
D tem intensidade constante.
 A precipitação útil distribui-se uniformemente
em toda a área da bacia hidrográfica.
 O tempo de base do hidrograma do
escoamento directo que resulta de
precipitações úteis com determinada duração é
constante e, portanto, o mesmo acontece com
o tempo de concentração.
 As características da bacia hidrográfica são
invariantes. 56
Precipitação útil e
escoamento directo
 Escoamento superficial que resulta
imediatamente a partir da precipitação -
escoamento directo
 Escoamento superficial alimentado por aquíferos
- escoamento de base
 Escoamento total = escoamento directo +
escoamento de base
 Componente da precipitação que origina o
escoamento directo - precipitação útil → volume
de precipitação útil = volume de escoamento
57
directo
Hidrograma da cheia
 Durante a cheia, escoamento de base é
relativamente pequeno comparado com a ponta
do hidrograma de escoamento directo.
 Tempo base = duração do escoamento directo.
 t base = t crescimento + t decrescimento.
 t base = duração da precipitação útil + tempo
de concentração (pode desprezar-se o tempo
de esvaziamento).

58
Definição e postulados
 Hidrograma unitário para uma chuvada útil com
duração tr = D e uma altura de precipitação
unitária (1 cm ou 1 mm) é o hidrograma de
escoamento directo resultante dessa chuvada
útil.
 Hidrograma unitário está sempre associado a
uma duração da chuvada útil.
 Postulados fundamentais:
 Proporcionalidade
 Sobreposição
59
Postulado da proporcionalidade
 As ordenadas/caudais do hidrograma de
escoamento directo resultantes duma chuvada
útil com a duração tr e altura h são iguais às
ordenadas de hidrograma unitário para a
mesma duração multiplicadas por h.

60
Postulado da proporcionalidade
3

Precipitação útil (mm)

tr = D
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
tc
45

40
Caudal esc. dir. (m3/s)

35
30
25
20
15
10
5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
61
Tempo / D
Postulado da sobreposição
 As ordenadas/caudais do hidrograma de
escoamento directo resultantes de diversas
chuvadas úteis são obtidas pela soma das
ordenadas dos hidrogramas correspondentes a
cada uma das chuvadas.

62
Postulado da sobreposição
4
Precipitação útil (mm)

120
Caudal Esc. Dir. (m 3/s)

100

80

60

40

20

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo /  t

63
Linearidade
 Postulados da proporcionalidade e da
sobreposição implicam uma relação de
linearidade entre precipitação útil e escoamento
directo.
 Não é válida para grandes bacias.
 Método do HU não deve ser aplicado para
bacias superiores a 1000 km2 ; pode dividir-se
uma bacia grande em sub-bacias.

64
Hidrograma em S
 Hidrograma em S, HSD – hidrograma do
escoamento directo resultante de uma
precipitação útil uniformemente distribuída
sobre a bacia hidrográfica, com duração
indefinida e com uma intensidade de uma
unidade (normalmente 1 mm) em cada intervalo
de tempo D.
 Valor máximo do hidrograma em S, Smax,
ocorre ao fim do tempo de concentração.
A
S max  0,278 A – km2, D - horas
D 65
Hidrograma em S
2

Precipitação útil (mm)

0
tr 
80 tc

70
Caudal esc. dir. (m 3/s)

60
50
40
30 
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 66
Tempo / D
Transformação de hidrogramas
unitários
 Tem interesse obter o HU de x horas a partir do
HU de y horas.
 Problema é simples se x é múltiplo de y; é mais
difícil caso contrário.
 O caso de x < y é o que tem mais interesse
prático.

67
Transformação de HU tr em HU ntr
 HU tr corresponde a uma chuvada de duração tr
e altura unitária.
 Considerar n chuvadas consecutivas cada uma
de duraçao tr e altura unitária.
 Hidrograma resultante – aplicar o postulado da
sobreposição → duração ntr, altura n.
 Dividir as ordenadas do hidrograma resultante
por n → obtém-se hidrograma de duração ntr e
altura unitária → HU ntr.
68
Transformação de HU tr em HU αtr
α<1
 Utiliza-se o hidrograma em S - hidrograma resultante
duma precipitação com intensidade constante i = 1/tr e
duração infinita.
 Consideram-se duas curvas em S, idênticas mas
desfasadas de t1 = αtr. Equivale a considerar a
segunda curva em S originada por uma chuvada que
se iniciou t1 após a primeira.
 Subtrai-se a 2ª curva em S da primeira → hidrograma
resultante duma chuvada com duração t1 e altura t1 x
1/tr.
 Dividem-se as ordenadas do hidrograma anterior por
t1/tr = α → hidrograma de duração t1 e altura unitária
→ HU t1.
69
Transformação do hidrograma
unitário com o hidrograma em S
Iu = 1/D Iu = 1/D

125 125

100 100

75 75 D'
Qd Qd
50 50
S (t) S (t – D')
25 25

0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
a) b)
t t

Pu = D'/D Pu = 1

125 125

100 100
S (t) – S (t – D') (S (t) – S (t – D')) / (D' / D)
75 75
Qd Qd
50 50

25 25

0 0
70
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
c) d)
t t
Utilização do hidrograma em S
 Hidrograma é dado de forma discreta (não
contínua) em intervalos de tempo iguais à
duração da chuvada.
 α não deve ser inferior a 0,25 porque a curva
em S começa por ser uma poligonal que tem de
ser ajustada a uma curva; quanto mais
pequeno for α maior será o erro nesse
ajustamento.

71
Obtenção do hidrograma unitário
 Dados necessários: precipitação, caudal,
características da bacia, estado de humidade
do solo.
 Interessam chuvadas intensas, isoladas, com
intensidade constante e uniformes sobre toda a
bacia.
 Fazer o estudo para diversas chuvadas com a
mesma duração aproximada, tomar a média
para o HU correspondente a essa duração.

72
Obtenção do hidrograma unitário
 Chuvada de duração tr , passos a dar
 hidrograma do escoamento total - separar o
escoamento directo do escoamento de base.
 determinar o volume do escoamento directo e, a
partir daí, a altura da precipitação útil que lhe
corresponde.
 dividir o hidrograma do escoamento directo pela
altura útil.

73
Chuvadas de intensidade variável
 Por vezes, a informação hidrométrica
disponível inclui precipitações intensas, mas
com intensidade variável ao longo do tempo,
originando hidrogramas complexos.
 Procedimento:
 separar a precipitação útil do escoamento directo;
 discretizar o hietograma da precipitação útil e o
hidrograma do caudal do escoamento directo de D
em D horas;
 determinar o hidrograma unitário, utilizando o
sistema que exprime a convolução discreta.
74
Método da convolução discreta
 Número N de ordenadas do hidrograma unitário
a estimar: û i , i  1,2,  , N
 N = tc / D
 Sistema com L equações e N incógnitas, L > N.
 M blocos de precipitação, cada um com
duração D.
 L=M+N–1
 Sistema é sobredeterminado.

75
Método da convolução discreta
 Por substituição directa, utilizando apenas as
primeiras N equações, L-N eqs não são
verificadas.
Q d1
û1 
Pu1
Q d 2  Pu 2 û1
û 2 
Pu1

min( k , M )
Q dk   Pui û k  i 1
û k  i2 (k  2, 3,  , N)
Pu1 76
Método da convolução discreta
 Introduzindo o erro em cada equação e
utilizando o método dos mínimos quadrados,
min( k , M )
Q dk   Pui û k  i 1  e k
i 1
T
Pu Qd  T
Pu ˆ
Pu U ˆ  û û  û T
U 1 2 N

ˆ 
U T
Pu Pu
1 T
Pu Q d
77
Método da convolução discreta
 Tanto o método da substituição directa como o
dos mínimos quadrados não garantem:
 Ordenadas não negativas,
 Princípio da conservação da massa,
pelo que as ordenadas podem ter de ser
manualmente ajustadas.

78
Hidrogramas unitários sintéticos
 Para bacias onde não há dados de caudais, HU
sintéticos derivados a partir da experiência em
bacias com registos.
 Definidos a partir de características fisiográficas
das bacias.
 Diversas propostas
 Snyder
 Clarke
 SCS
 Mockus 79
HU sintéticos (SCS e Mockus)
1,2
D tc
SCS t c
1,0

0,8
u/umax (-)

Padrão
0,6 Ponto de inflexão
Triangular

0,4

0,2

0,0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0

t/tp (-)

SCS tc = 0,61 tc 80
HU sintético do SCS
t/tp u/umax t/tp u/umax
(-) (-) (-) (-)
0,0 0,000 2,6 0,107
0,2 0,100 2,8 0,077
0,4 0,310 3,0 0,055
0,6 0,660 3,2 0,040
0,8 0,930 3,4 0,029
1,0 1,000 3,6 0,021
1,2 0,930 3,8 0,015
1,4 0,780 4,0 0,011
1,6 0,560 4,2 0,009
1,8 0,390 4,4 0,006
2,0 0,280 4,6 0,004
2,2 0,207 4,8 0,002
2,4 0,147 5,0 0,000
81
HU sintético de Mockus
2

Precipitação útil (mm)


D tc

0
0 0.6 1.2 1.8 2.4 3 3.6 4.2 4.8 5.4 6 6.6 7.2 7.8 8.4 9 9.6 10.
2

1.2

umax1
u (m3/s/mm)

0.8

0.6

0.4

0.2

0 82
0 t =3a 3.6
0.6 1.2 1.8 2.4
p t 4.2 4.8 5.4 6
b tb 8.4 t9(h)9.6
6.6 7.2 7.8 10.
t (h)2
HU sintético de Mockus
0, 7
 1000 
L 
0 ,8
 9
tc  0,093  NC  D  0,133 tc
0,5
i
tb  D  tc  1,133 tc t p  1,133 a tc

5 A
u max  a
9 tp
A – km2, t - horas

83
HU sintético de Mockus
 Para ajustar ao HU SCS, α = 0,375
t p  0,405 t c
t b  2,67 t p
A
u max  0,208
tp

84
Hidrograma de cheia de Giandotti
Hidrograma de Giandotti

Q Q
max

Qmed

ta tc tb tt 85
t
Hidrograma de cheia de Giandotti
ψPA Q max  ρ Q med tt  γ tc
Q med 
tt

ρ 1 (γ  1)  ρ
ta  tc tb  tc
ρ ρ

86
Hidrograma de cheia de Giandotti
A    ρψ
γ
(km2) (-) (-) (-) (-)
]0, 300] 10 4,0 0,50 1,25
]300, 500] 8 4,0 0,50 1,00
]500, 1000] 8 4,5 0,40 0,71
]1000, 8000] 6 5,0 0,30 0,36
]8000, 20 000] 6 5,5 0,25 0,27
]20 000, 70 000] 6 6,0 0,20 0,20

87
Hietograma de projecto
 Para definir a cheia de projecto a partir do HU,
é preciso o hietograma (pluviograma) de
projecto.
 Período de retorno da cheia < período de
retorno da precipitação para T baixo.

88
Disposição dos blocos de
precipitação útil
(5) (3) (2) (1) (4) (6) (7) (8) (8) (7) (6) (4) (1) (2) (3) (5)
1 0,4
0,8
0,3
u/umax (-)

Pui/Pu (-)
0,6
0,2
0,4
0,1
0,2
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
t/D (-) t/D (-)

89
Hietograma de projecto – USCE
1975
 Obter a curva de possibilidade udométrica para
o período de retorno pretendido, P = a tn.
 Considerar uma precipitação com duração total
igual ao tempo de concentração da bacia.
 Dividir a duração total em N períodos de D
horas cada.
 Calcular um hietograma decrescente composto
por N blocos de D horas cada.

90
Hietograma decrescente
P(1)  a D n

P( 2)  a 2D n  P(1)

N 1
P( N )  a ND n   P(i)
i 1

 A partir deste hietograma decrescente, obter o


hietograma de blocos contíguos.
 Descontar as perdas para se obter o hietograma de

precipitação útil.
91

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