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HIDROLOGIA
Capítulo 8 – Água subterrânea
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Importância da água subterrânea
● Grandes reservas, menor variabilidade
temporal, grande extensão geográfica.
● Importante para o abastecimento doméstico,
sobretudo rural mas também em algumas
cidades: Xai-Xai, Chokwè, Tete, Quelimane,
Pemba.
● Importante em problemas de construção
(fundações, estabilidade de taludes, drenagem
de fossas sépticas e aterros sanitários,
infiltração de águas pluviais na origem).
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Comparação com água superficial
● PRÓS
− Beneficia de filtragem natural, melhor qualidade
biológica, não tem sedimentos.
− É uma reserva que perde pouca água por
evaporação.
− Estende-se por áreas geográficas mais vastas.
● CONTRAS
− Acesso é mais difícil.
− Estudos são mais complexos.
− Caudais são muito mais pequenos.
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Definições e conceitos fundamentais
● Geohidrologia vs Hidrogeologia
● Zonas de aeração (não saturada) e de
saturação (saturada)
● Lençol / toalha / nível freático
● Aquífero / aquicludo / aquitardo
● Tipos de aquíferos:
− Confinado
− Semi-confinado
− Freático
− suspenso
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Tipos de aquíferos
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Características dos aquíferos
● Armazenamento de água
− Porosidade n: primária e secundária
● Diminui com o aumento do diâmetro das partículas.
● Diminui com a compactação do solo.
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Porosidade predominante
Tipo de rocha Porosidade primária Porosidade Porosidade secundária
(predominante) primaria e (predominante)
secundária
Rochas ígneas rocha meteorizada granito, diorito, gabro
intrusivas
(plutónicas)
Rochas ígneas cinza, ejecções tufo vulcânico, riolito, basalto, andesito
extrusivas vulcânicas escória, pomes
(vulcânicas)
Rochas quartzito, gneisse, xisto,
metamórficas filito, micaxisto, mármore
Carbonatos calcário calcário, dolomite
oogénico,
calcário oolítico,
grés calcário
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Rendimento específico
Material Rendimento específico
(%)
areão grosseiro 22 - 23
areão médio 23 - 24
areão fino 25
areia grossa 27
areia média 26 - 28
areia fina 21 - 23
silte 8
argila arenosa 7
argila 2-3
grés 21 - 27
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calcário 14
Relação entre porosidade, rendimento
específico e retenção específica
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Características dos aquíferos
● Armazenamento de água
− Armazenamento específico Ss: volume de água
libertado por unidade de volume do aquífero para
um abaixamento unitário da altura piezométrica.
− Coeficiente de armazenamento S: volume de água
libertado por uma coluna de aquífero de secção
transversal unitária para um abaixamento unitário
da altura piezométrica.
− S = h x Ss, no caso dum aquífero confinado, sendo
h a espessura do aquífero.
− S = h x Ss + Sy, no caso dum aquífero freático,
sendo h a espessura saturada do aquífero.
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Características dos aquíferos
● Condutividade da água
− Permeabilidade ou condutividade hidráulica K:
capacidade do aquífero de escoar água
subterrânea. Determinação de K em laboratório
com permeâmetro ou no campo através de ensaios
de bombagem.
− Transmissividade T: produto da permeabilidade K
pela espessura do aquífero H.
− Resistência hidráulica c dum aquitardo (camada
semi-permeável): c = H / K
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Permeabilidade
Material Permeabilidade
(m/dia)
Areão 100 - 1000
Areia grossa 20 - 100
Areia média 5 - 20
Areia fina 1-5
Silte 0,1 - 1
Argila (superfície) 0,01 - 0,2
Argila (profunda) 10-8 - 0,1
Grés 0,2 - 3
Calcário 1
Dolomite 0,001
Basalto 0,01
Granito meteorizado 1,5
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Granito não meteorizado 0,2
Permeâmetro
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Características dos aquíferos
● Homogeneidade – características não variam
de ponto para ponto.
● Isotropia – características não variam com a
orientação à volta de um ponto.
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Homogeneidade e isotropia
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Recarga e ressurgência
● Recarga R: fracção da precipitação que se
infiltra e percola até ao lençol freático. Depende
de:
− características da zona superficial não saturada.
− zona de recarga.
− forma como ocorre a precipitação.
● Fontes de recarga: precipitação, rios e lagos,
irrigação.
● Recarga anual média é fracção pequena da
precipitação anual média (menos de 20%).
● Rendimento seguro – 40-80% da recarga.
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Recarga e ressurgência
● Em termos médios, recarga é igual à saída
(para um rio, lago, fonte ou oceano ou para a
atmosfera por evaporação em aquíferos perto
da superfície do terreno).
● Extracção de água do aquífero diminui a
descarga (exº caudal do rio Incomati em
Marracuene).
● Não contar duas vezes a mesma água.
● Ressurgência - água que sobe de um aquífero
para os estratos superficiais.
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Ocorrência de água subterrânea
● Rochas ígneas e metamórficas – aquíferos
fracos, permeabilidade e porosidade muito
baixas, zonas de fracturação e falhas
(porosidade secundária).
● Rochas sedimentares – aquíferos com
características variadas, bons aquíferos em
calcários e dolomitos carsificados.
● Sedimentos – contêm a maior parte dos
aquíferos, sobretudo com formações de areia e
areão.
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Rocha ígnea ou metamórfica
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Hidráulica do escoamento
subterrâneo
● Baseia-se na lei de Darcy e na equação da
continuidade.
● Lei de Darcy: O escoamento da água através
dum meio poroso saturado homogéneo e
isotrópico é proporcional ao gradiente
hidráulico.
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Ilustração da lei de Darcy
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Lei de Darcy
● Velocidade do escoamento subterrâneo é muito
baixa, componente cinética pode ser
desprezada, carga φ = cota piezométrica.
● (φ2- φ1)/L – gradiente hidráulico i
● v=-Ki
● K – permeabilidade (m/dia)
● v – velocidade aparente de filtração
● Lei de Darcy é válida porque o escoamento se
processa em regime laminar.
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Lei de Darcy
● q = - K H i – caudal específico (caudal por
metro de largura)
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Estratificação em direcção
paralela ao fluxo
− Gradiente hidráulico igual em todas as camadas
atravessadas.
− Para cada camada j
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Escoamento em meio estratificado
● Estratificação na direcção perpendicular ao fluxo,
resistência hidráulica é igual à soma da resistência
hidráulica das camadas.
● Estratificação na direcção paralela ao fluxo,
transmissividade é igual à soma das
transmissividades das camadas.
● Estratificação na direcção perpendicular ao fluxo ,
quase toda a perda de carga dá-se nas camadas
menos permeáveis.
● Estratificação na direcção paralela ao fluxo, quase
todo o escoamento passa pelas camadas mais
permeáveis.
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Escoamento em meio estratificado
● Escoamento através da fundação de uma
barragem
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Equação da continuidade
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Equação da continuidade
● Caudal de entrada no aquífero - caudal de
saída = variação do volume armazenado por
unidade de tempo.
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Equação geral do escoamento
subterrâneo, regime variável
● Ligando a equação da continuidade com a lei
de Darcy:
a) Aquífero homogéneo anisotrópico confinado
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Equação geral do escoamento
subterrâneo, regime variável
● Equações não são integráveis analiticamente,
tem de se usar integração numérica (por
exemplo, com o método dos elementos finitos).
● Equações podem ser simplificadas para uma
série de casos particulares.
● Vamos considerar que o meio é sempre
homogéneo.
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Simplificações da equação geral,
aquífero confinado
● Meio isotrópico, regime variável
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Simplificações da equação geral,
aquífero freático
● Meio isotrópico, regime variável
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Escoamento bi-dimensional
● Escoamento é bi-dimensional se as características do
aquífero e condições de fronteira se repetem em
planos paralelos (escoamento plano) ou em planos
todos concorrentes num mesmo eixo (escoamento
radial).
● Escoamento bi-dimensional plano (homogéneo
isotrópico)
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Rede de fluxo
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Construção duma rede de fluxo
● Desenhe os limites do domínio do escoamento à
mesma escala horizontal e vertical.
● Trace tentativamente três ou quatro linhas de
corrente, com uma transição suave entre as linhas de
corrente limitantes do problema; a distância entre
linhas de corrente adjacentes aumenta na direcção do
maior raio de curvatura.
● Trace tentativamente as linhas equipotenciais, que
devem cortar todas as linhas de corrente, incluindo as
limitantes, formando ângulos rectos e que devem
formar quadrados (excepto nas proximidades de
pontos singulares).
● Ajuste a posição das linhas de corrente e das linhas
equipotenciais até se obter a correcta ortogonalidade
e a formação dos quadrados curvilíneos, num
procedimento de aproximações sucessivas.
Atribua valores a Φ e ψ. 41
Escoamento bidimensional radial
● Aquífero confinado homogéneo isotrópico
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Escoamento plano num aquífero
confinado
43
Escoamento plano num aquífero
confinado
44
Escoamento plano num aquífero
confinado
● Constantes c1, c2 determinadas a partir das
condições de fronteira
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Escoamento plano num aquífero
confinado
● Linha piezométrica é uma recta.
● Velocidade e caudal aumentam com a
permeabilidade.
● Caudal aumenta com a espessura do aquífero.
46
Escoamento radial num aquífero
confinado
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Escoamento radial num aquífero
confinado
● Poço completo – apanha toda a espessura do
aquífero.
● Escoamento radial é dirigido da periferia para o
centro.
● Simetria radial – as superfícies equipotenciais são
cilíndricas e concêntricas com o poço, as linhas de
corrente são semi-rectas radiais.
● À distância r do centro do poço, a cota piezométrica
φ < φ0.
● φ - φ0 = s é o rebaixamento. No poço (r = rp), a cota
piezométrica é φp e o rebaixamento é sp.
● Q0 é o caudal constante extraído do poço.
48
Escoamento radial num aquífero
confinado
● Simetria radial, espessura constante: o
escoamento é unidireccional na direcção radial.
49
Escoamento radial num aquífero
confinado
● Equação de Thiem
● Rebaixamento no poço
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Cálculo de K por ensaio de
bombagem num aquífero confinado
51
Poço de penetração parcial
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Poço de penetração parcial
● Fórmula de TNO, dá o acréscimo do
rebaixamento.
53
Valores de F(δ,ε)
55
Campo de furos
● Há interferência mútua dos furos.
● Rebaixamento num ponto do aquífero, di =
distância do ponto ao furo i.
56
Escoamento subterrâneo em
aquíferos freáticos
● Análise mais complexa que em aquíferos
confinados: espessura do aquífero varia, pode
haver recarga.
● Equação de Boussinesq (aquífero homogéneo
anisotrópico, regime permanente, recarga R).
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Hipótese de Dupuit
● Equação de Dupuit-Forcheimer, escoamento
plano
● Hipótese de Dupuit
− Numa secção transversal qualquer, a distribuição
de velocidades é uniforme;
− A componente vertical da velocidade em qualquer
ponto é desprezável, portanto vy = 0.
● Hipótese não é válida para curvatura
acentuada da toalha freática (próximo de valas
ou poços para onde se dá o escoamento). 58
Hipótese de Dupuit
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Escoamento plano num aquífero
freático sem recarga
Condições de fronteira:
h = h0 para x = 0
h = h1 para x = L
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Escoamento plano num aquífero
freático sem recarga
61
Escoamento plano num aquífero
freático com recarga
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Escoamento plano num aquífero
freático com recarga
Condições de fronteira:
x = 0, q = 0
x = L/2, h = h1
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Escoamento plano num aquífero
freático com recarga
64
Escoamento plano num aquífero
freático com recarga
● Como se resolve o problema anterior, se o
nível de água não for o mesmo nas duas
valas?
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Escoamento radial num aquífero
freático com recarga
66
Escoamento radial num aquífero
freático
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Escoamento radial num aquífero
freático
Equação de Dupuit-Forcheimer para escoamento radial
Condições de fronteira:
h = h0 para r = r0
Q = Q0 – π r2 R em qualquer superfície
equipotencial
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Cálculo de K por ensaio de
bombagem num aquífero freático
● Precaução: não haver recarga.
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Cálculo de K por ensaio de
bombagem num aquífero freático
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Curva característica do poço
Rebaixamento no poço sp
Curva característica
do poço
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Caudal máximo de um furo num
aquífero freático
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Situações particulares
● Pequenos rebaixamentos e numa zona
afastada do poço
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Problemas de exploração de
aquíferos costeiros
● Exploração deve ser cuidadosa, atender ao
interface água doce – água salgada.
● Exploração excessiva pode originar intrusão
salina (exº aquífero de Chuíba em Pemba).
● Recuperação de um aquífero contaminado
demora muito tempo por causa do longo tempo
de residência.
● Interface é estacionária em termos médios;
pequena espessura, pode ser considerada uma
transição brusca.
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Teoria de Ghyben-Herzberg
● Hipóteses:
− o escoamento da água doce é horizontal;
− não existe escoamento da água salgada;
− interface entre os dois tipos de água é uma
superfície, não existindo uma zona de mistura.
● Verifica-se que a interface aparece a uma
profundidade de cerca de 40 vezes a altura da
toalha freática acima do nível do mar.
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Teoria de Ghyben-Herzberg
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Teoria de Ghyben-Herzberg
● Equilíbrio hidrostático num ponto genérico da
interface
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Teoria de Ghyben-Herzberg
● Limitações da teoria
− Não descreve correctamente o afloramento do
aquífero no mar.
− Há aceleração do escoamento.
− Há componente vertical do escoamento.
● Escoamento processa-se através de uma faixa,
não de um ponto.
● Nível freático próximo da linha de costa tem de
ser superior ao previsto pela teoria.
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Risco de intrusão salina em
aquíferos costeiros
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Problemas de exploração de
aquíferos em ilhas marítimas
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Problemas de exploração de
aquíferos em ilhas marítimas
● Escoamento para o mar
● Conjugando com a teoria de Ghyben-Herzberg
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Problemas de exploração de
aquíferos em ilhas marítimas
● Profundidade de interface é função de:
− Recarga
− Permeabilidade
− Tamanho da ilha
● Muitas vezes, permeabilidade é alta (calcário,
areia), a interface é pouco profunda.
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