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outros lhes perguntando seus nomes, mas não me quiseram responder; ao perguntar à
aquele feio animal se encolheu ainda mais. Então disse a um jovem:
—Olha, vá para sacristia e diz a Dom Merlone que te dê o acetre da água benta.
O rapaz voltou logo com o que eu lhe tinha pedido, mas enquanto isso eu havia
descoberto que cada um dos jovens tinha nas suas costas um servidor tão pouco bonito
como o primeiro e que, este, também procurava passar desapercebido. Eu temia ainda
estar dormido. Tomei então o hissopo e perguntei a um daqueles gatos:
—diz-me: quem és?
O animal, que não deixava de me olhar, alargou o focinho, tirou a língua e depois
ficou a ranger os dentes como em atitude de lançar-se sobre mim.
—Diz-me imediatamente o que é o que fazes aqui besta horrivel! Podes enfurecer-te
tudo o que quiseres, que não te temo. Vês? Com esta água vou dar-te um bom banho.
O monstro me olhava como agachado; depois começou a fazer contorções com o
corpo de tal forma, que as patas de atrás lhe chegavam a tocar os ombros por diante. E
novamente quis lançar-se sobre mim. Ao o olhar atentamente vi que tinha na mão vários
laços.
—Vamos! Diz-me o que é o que fazes aqui.
E ao dizer isto, levantei o hissopo.
O bicho então pareceu resolvido a empreender a fuga.
—Não te escaparás —continuei a dizer—, eu te ordeno que fiques aqui.
Lançou uma espécie de alarido e depois me disse:
—Olha!—, e me ensinou os laços.
—Diz-me o que são esses três laços —acrescentei—, o que significam?
—Não sabes? daqui —me disse— com estes três laços obrigo aos jovens a que se
confessem mau; desta maneira levo comigo à perdição à décima parte do gênero humano.
—Como? De que maneira?
—Oh! Não to direi isso porque tu o descobrirás a eles.
—Vamos! Quero saber o que significam estes três laços.
— Fala! Do contrário te jogarei em cima a água benta.
—Por piedade, me envia para o inferno mas não me jogues essa água.
—Em nome de Jesus Cristo, fala pois.
O monstro, se contorcendo espantosamente, respondeu:
—O primeiro modo com que aperto este laço é, fazendo calar aos jovens os pecados
na confissão.
—E o segundo?
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A confissão e os laços do demônio - Sonho de Dom Bosco, 1869
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A confissão e os laços do demônio - Sonho de Dom Bosco, 1869
—Observa o fruto que os jovens tiram das confissões. O fruto principal delas deve
ser a emenda; se quiser conhecer se eu tenho aos jovens sujeitos com os laços, observa se
se emendam ou não.
Devo acrescentar que quis também que o demônio me dissesse por que ficava detrás,
sobre as costas dos jovens, e me respondeu:
—Para que não me vejam e para podê-los arrastar mais facilmente a meu reino.
Pude comprovar que os que tinham detrás aqueles monstros eram muitíssimos, mais
dos que eu tivesse suspeitado.
Dêem a este sonho o alcance que queiram, o certo é que quis observar e comprovar
se era certo quanto sonhei e tirei como conseqüência que tudo era uma verdadeira
realidade.
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