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Livro Produção e Manejo de Culturas Agrícolas
Livro Produção e Manejo de Culturas Agrícolas
Organizador
Maringá – Paraná
2019
2019 Uniedusul Editora
Conselho Editorial
Alexandra Fante Nishiyama – Faculdade Maringá
Aline Rodrigues Alves Rocha – Pesquisadora
Ana Lúcia da Silva – UEM
André Dias Martins – Faculdade Cidade Verde
Brenda Zarelli Gatti – Pesquisadora
Carlos Antonio dos Santos – Pesquisador
Cleverson Gonçalves dos Santos – UTFPR
Constanza Pujals – Uningá
Delton Aparecido Felipe – UEM
Fabio Branches Xavier – Uningá
Fábio Oliveira Vaz – Unifatecie
Gilmara Belmiro da Silva – UNESPAR
João Paulo Baliscei – UEM
Kelly Jackelini Jorge – UNIOESTE
Larissa Ciupa – Uningá
Lourival Domingos Zamuner – UNINGÁ
Marcio Antonio Jorge da Silva – UEL
Márcio de Oliveira – UFAM
Pâmela Vicentini Faeti – UNIR/RM
Ricardo Bortolo Vieira – UFPR
Rodrigo Gaspar de Almeida – Pesquisador
Sâmilo Takara – UNIR/RM
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APRESENTAÇÃO
O organizador
SOBRE O ORGANIZADOR
Carlos Antônio dos Santos: Engenheiro-agrônomo formado pela Universidade Federal Rural
do Rio de Janeiro (UFRRJ), Seropédica, RJ; Especialista em Educação Profissional e Tecnológica
pela Faculdade de Educação São Luís, Jaboticabal, SP; Mestre em Fitotecnia (Produção Vegetal)
pela UFRRJ. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Produção Vegetal, atuando
principalmente nos seguintes temas: Olericultura, Cultivos Orgânicos, Manejo de Doenças de Plantas,
Tomaticultura e Produção de Brássicas. E-mail para contato: carlosantoniokds@gmail.com
SUMÁRIO
CAPÍTULO I.......................................................................................................................................7
O DECLÍNIO DA GOIABEIRA: DESAFIOS E NOVAS PERSPECTIVAS PARA O MANEJO
Arêssa de Oliveira Correia
Márcia Varela da Silva
Patricia Alvarez Cabanez
Fabio Ramos Alves
Adilson Vidal Costa
Vagner Tebaldi de Queiroz
André da Silva Xavier
Dilson da Cunha Costa
CAPÍTULO II...................................................................................................................................18
INCIDÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE PATOLOGIAS DE SOJA (GLYCINE MAX (L.)
MERRILL) EM PARAGOMINAS-PA
Marcela Oliveira Mattos
Gustavo Antonio Ruffeil Alves
Luciana da Silva Borges
Luana Keslley Nascimento Casais
Núbia de Fátima Alves dos Santos
Marcio Roberto da Silva Melo
Luis de Souza Freitas
Jade Cristynne Franco Bezerra
CAPÍTULO III..................................................................................................................................28
REGULADORES VEGETAIS UTILIZADOS NA PROPAGAÇÃO POR ESTAQUIA
Patricia Alvarez Cabanez
Ruimário Inácio Coelho
José Augusto Teixeira do Amaral
CAPÍTULO IV..................................................................................................................................34
PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DA JABUTICABEIRA POR ESTACAS
Patricia Alvarez Cabanez
Ruimário Inácio Coelho
José Augusto Teixeira do Amaral
CAPÍTULO V....................................................................................................................................44
INFLUÊNCIA DA CALAGEM NO PLANTIO DE ESPÉCIES ARBÓREAS
Alessandra de Lima Machado
Thamara Peixoto Mendonça
Jorge Jacob Neto
CAPÍTULO VI..................................................................................................................................55
LEVANTAMENTO DA PERDA DE SOLO POR EROSÃO HÍDRICA DOS CULTIVOS DE CAFÉ
DO MUNICÍPIO DE CASTELO, ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
Caio Henrique Ungarato Fiorese
Herbert Torres
Jander Abrita de Carvalho
Paloma Osório Carvalho
Isabelly Marvila Leonardo Ribeiro
Jefferson Gonçalves Batista
Gabriel Gonçalves Batista
Antônio Marcos da Silva Batista
CAPÍTULO VII................................................................................................................................65
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA ATUALIDADE
Diego da Silva
CAPÍTULO VIII...............................................................................................................................73
DIRETRIZES PARA ENSAIOS TOXICOLÓGICOS IN VIVO: UMA REVISÃO
Luane Aparecida do Amaral
Rodrigo Juliano Oliveira
Elisvânia Freitas dos Santos
CAPÍTULO I
A goiabeira (Psidium guajava L.) é uma planta pertencente à família Myrtaceae, originária das
regiões tropicais americanas e está amplamente distribuída em todo o mundo. Apresenta excelentes
condições para exploração em escala comercial, em função de seus frutos atingirem bons preços no
mercado e serem muito apreciados pelas suas características tanto para o consumo de mesa como para
a fabricação de produtos industrializados (POMMER et al., 2013).
O declínio da goiabeira se instalou no Brasil há alguns anos e tem sido responsável pela
erradicação de inúmeros pomares (GOMES et al., 2011). Segundo os autores, os sintomas do declínio
são atribuídos à ação sinergética entre Meloidogyne enterolobii Yang and Eisenback, 1983, e Fusarium
solani (Mart.) Sacc., sendo que o parasitismo inicial do nematoide predispõe as plantas à degeneração
radicular subsequente pelo fungo, tornando assim o manejo da doença complexo.
Essa doença, até o momento, já foi responsável pela erradicação de mais de 5.000 ha de
pomares de goiabeira em âmbito nacional, o que resultou em perda econômica aos produtores de
aproximadamente US$ 70 milhões de dólares (GOMES et al. 2011; GOMES et al., 2012; POMMER
et al., 2013; IBGE, 2019).
Várias medidas de manejo do declínio da goiabeira têm sido pesquisadas, porém sem resultados
satisfatórios, como por exemplo, a utilização de nematicidas convencionais, plantas resistentes,
microrganismos antagonistas, rizobacterias e adição de materiais orgânicos ao solo (CARNEIRO et
al., 2011; ALMEIDA et al., 2011; CRUZ, 2014).
2. DECLÍNIO DA GOIABEIRA
A C
B D C
Figura 1. Sintomas do declínio da goiabeira. (A e B) Sistema radicular infectado por M. enterolobii e F. sola-
ni. (C e D) Bronzeamento do limbo foliar de P. guajava. Fotos: Fábio Ramos Alves.
Além disso, os frutos atingem sua maturidade fisiológica prematuramente com tamanho
reduzido e abaixo do padrão de comercialização (MOREIRA; HENRIQUE NETO, 2001).
Os sintomas de degeneração do sistema radicular têm início com o escurecimento das raízes
mais novas, que progridem para as mais velhas. No final do processo, as raízes atacadas apresentam
coloração marrom escura ou totalmente negra. Os sintomas de escurecimento são acompanhados
pelo processo de decomposição, com morte rápida do tecido atacado, devido à produção de toxinas e
enzimas (AMORIM et al., 2011), o que culmina com a morte das plantas no campo (Figura 2).
Figura 2. Plantas com sintomas do declínio da goiabeira sendo arrancadas e destruídas em um campo de cul-
tivo comercial em Pedro Canário, ES. Foto: Fábio Ramos Alves.
Fusarium solani foi descrito por Snyder e Hansen em 1941 como um fitopatógeno pertencente
à família Tuberculariaceae (Hyphomycetes). O fungo apresenta variação em sua morfologia, fisiologia
e patogenicidade. A tradicional classificação e identificação de espécies no gênero Fusarium é baseada
em características morfológicas, tais como: morfologia da colônia de cultura monospórica de isolados
em meios de cultura específicos, pigmentação e taxa de crescimento, especificidade de hospedeiros e
perfil de metabólitos secundários. Portanto, podem ser parasitos facultativos, principalmente em solos,
e são responsáveis por
doenças como o tombamento de várias espécies de plantas e apodrecimento de
raízes, caules, frutas e legumes (LESLIE; SUMMERELL, 2006; LUGINBUHL, 2010).
O fungo possui hifas extensas, felpudas e septadas que formam micélio que variam entre as
cores rosa, roxo, amarelo a branco-acinzentado, variando de esparso a denso. O fungo possui ainda
dois tipos de esporos assexuados, denominado de microconídios e macroconídios (AMORIM et al.,
2011).
Cruz (2014), afirma que muitas tentativas de manejo do declínio da goiabeira não têm se
mostrado eficientes e destaca que talvez esse insucesso de manejo se deva ao fato da comunidade
científica desconhecer, até poucos anos atrás, que o declínio da goiabeira não é causado simplesmente
pelo parasitismo de M. enterolobii sobre as plantas, mas que se trata uma doença complexa na qual
Esse novo conhecimento muda o foco do manejo, pois a partir dessa descoberta o alvo passa
a ser não apenas o nematoide, mas também o fungo. Isso ressalta a importância de se estudar a
eficiência do manejo não apenas contra M. enterolobii, mas também contra F. solani (CRUZ, 2014).
As doenças de plantas sempre foram motivo de grande preocupação em todo o mundo por
reduzirem a produção de alimentos. Inúmeras culturas dependem do controle químico para que
sua produtividade e qualidade sejam mantidas. Nesse sentido, a Organização das Nações Unidas
para a Agricultura e Alimentação (FAO) diz que o controle químico, principalmente com o uso
de fungicidas, é importante e imprescindível para a produção mundial de alimentos, pois, além da
função de manutenção do potencial produtivo das culturas também contribuem para a germinação e
o vigor das sementes e para o prolongamento de vida dos frutos em pós-colheita (JESUS JUNIOR;
ZAMBOLIM, 2007).
Poucos são os defensivos agrícolas registrados para a cultura da goiabeira, tanto inseticidas
quanto fungicidas e nematicidas. Em contrapartida há uma grande quantidade de doenças e pragas
que atingem a cultura. Isso reforça a necessidade de se buscar novas moléculas, como os triazóis e o
princípio ativo Fluensulfone com ação nematicida (PHILLION et al., 1999).
2.4.1 Triazóis
Os triazóis são anéis de cinco membros contendo três átomos de nitrogênio. Existem dois
tipos de anéis triazólicos: os 1,2,3-triazóis e os 1,2,4-triazóis (Figura 3).
Estes compostos são de origem sintética e não há indicações de que estes heterocíclicos
possam ser encontrados na natureza. Os triazóis são fungicidas orgânicos, na maioria de ação
sistêmica acropetal, formados pela adição de diferentes radicais à sua molécula. Apresentam elevada
fugitoxidade, rápida penetração e translocação nos tecidos vegetais (ZAMBOLIM, 2008b).
Figura 4. Fórmula estrutural das moléculas de lanosterol e ergosterol. Fonte: ZAMBOLIM, 2008b.
A ausência desta camada de proteção celular dos fungos, leva ao colapso da célula fúngica
(micélio) e à interrupção do crescimento micelial (corpo fúngico). Com a inibição da biossíntese
do ergosterol, o funcionamento da enzima demetilase a nível do carbono 14 (C14) é interrompida
totalmente, não havendo a síntese de ergosterol (ZAMBOLIM, 2008b).
Deste modo, as células fúngicas, ao entrarem em contato com fungicidas do grupo dos
triazóis, promovem o acúmulo de esteróis como o 4,4-dimetil e o 4α-metil, ambos com radical
1,4α-metil, promovendo a inativação do processo de demetilação do lanosterol até compostos
intermediários, precursores do ergosterol. Esse processo deve-se à ocupação pelo fungicida de sítios
ativos destinados à ligação da enzima 14α-demetilase ao citocromo P-450, catalizador da reação de
oxidação de 1,4α-metil até 1,4α-hidroximetil, primeiro passo no processo de demetilação (Figura 5)
(RICHARDSON; WARNOCK, 1993; ZAMBOLIM, 2008b).
DEMETILAÇÃO
Figura 5. Modelo esquemático da demetilação do C-14 no ciclo do ergosterol a partir da molécula de lanoste-
rol. Fonte: ZAMBOLIM, 2008b.
Correia (2014), avaliaram a atividade fungicida de novos triazóis derivados do glicerol, sobre
o crescimento micelial e número de esporos de F. solani. Para isso, foram sintetizadas dezessete novos
triazóis (T1 a T17) pertencentes ao grupo químico dos triazóis. Os testes foram realizados empregando-
se as concentrações de 1, 10, 100, 500 e 1.000 ppm. O triazol T12 a 1000 ppm mostrou-se como o
mais promissor por inibir totalmente o crescimento micelial, assim como eliminar completamente
os esporos de Fusarium solani. Vale ainda destacar o efeito de outros triazóis nas duas maiores
concentrações que também apresentaram efeito satisfatório em ambas as características avaliadas,
são eles: T9, T10, T11, T12, T14, T15, T16 e T17, pois demonstraram possuir efeito fungistático para
F. solani.
Alguns autores já demonstraram que o Fluensulfone tem efeito sobre Meloidogyne javanica
(KEARN et al., 2014), M. incognita e M. arenaria (CSINOS et al., 2010), Pratylenchus jaehni e
Tylenchulus semipenetrans em citros (SILVA; BENETTI, 2015) e P. zeae em cana-de-açúcar
(NOVARETTI et al., 2015).
Segundo Baños et al. (2010), a ação de agentes biológicos reduz gradativamente a população
de Meloidogyne spp. com o passar do tempo. Borges et al. (2013), concluíram que Trichoderma sp.,
aplicado ao solo, exerceu efeito significativo na redução populacional de Meloidogyne sp., impedindo
que juvenis do nematoide penetrassem nas radicelas e fêmeas estabelecessem a formação de células
gigantes em raízes de feijoeiro.
No Brasil, existem dois produtos à base de P. chlamydosporia, são eles: Rizotec® e Rizomax®
(BETTIOL et al., 2014). Esses produtos são indicados, principalmente, para culturas de característica
perene, a exemplo da cultura do café, acerola, laranja, uva, banana, goiaba, entre outras.
Alves (2016) conduziram experimentos ‘in vitro’ para: a) selecionar a dosagem de Fluensulfone
capaz de causar mortalidade de Meloidogyne enterolobii; b) verificar o efeito da Fluensulfone sobre
Pochonia chlamydosporia e Trichoderma harzianum e c) avaliar o efeito de P. chlamydosporia e
T. harzianum em doses puras e em associação com Fluensulfone na mortalidade de M. enterolobii.
A autora relatou que o Fluensulfone na dose de 2L/ha não teve efeito sobre os fungos. As doses
associadas e puras dos tratamentos tiveram efeito significativo na mortalidade do nematoide. Um
experimento de campo também foi realizado em um pomar de goiaba com ocorrência de declínio. Os
seguintes tratamentos foram testados: Fluensulfone (2L/ha); P. chlamydosporia; P. chlamydosporia
+ Fluensulfone; T. harzianum; T. harzianum + Fluensulfone; Carbofurano e a testemunha. Todos os
tratamentos reduziram a população de M.enterolobii, uma vez que a eficiência relativa foi superior
a 80%. O fluensulfone utilizado isoladamente ou em combinação com nematicidas biológicos
proporcionou aumento na produtividade de goiaba.
O uso de porta-enxertos resistentes pode ser um método promissor para controlar M. enterolobii,
desde que seja compatível com genótipos de goiabeira. Essa compatibilidade deve ser avaliada
em relação ao sucesso do enxerto e, posteriormente, deve-se considerar também o crescimento e
desenvolvimento dessas plantas no campo (ROBAINAI et al., 2015).
3. REFERÊNCIAS
ALMEIDA, A. M.; GOMES, V. M.; SOUZA, R. M. Avaliação estufa e campo de rizobactérias para controlar
o declínio de goiaba. Bragantina, v. 70, n. 4, p. 837-842, 2011.
ALVES, C. S. Eficiência de nematicidas biológicos e químicos no manejo de Meloidogyne enterolobii em
goiabeira. 2016. 48 p. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal). Centro de Ciências Agrárias e Engenha-
rias. Universidade Federal do Espírito Santo. Alegre.
ALVES, F. R.; FREITAS, L. G. Controle biológico de fitonematoides. O essencial da fitopatologia, controle de
doenças de plantas. Viçosa, MG: Editora UFV, p. 235-264, 2014.
ALVES G. C. S.; SANTOS J. M.; SOARES, P. L. M.; DE JESUS, F. G.; ALMEIDA E. J.; THULER, R. T.
Avaliação in vitro do efeito de rizobactérias sobre Meloidogyne incognita, M. javanica e Pratylenchus zeae,
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AMORIM, L.; REZENDE, J. A. M.; BERGAMIN FILHO, A. Manual de fitopatologia: princípios e concei-
tos. 4ª ed. Agronômica Ceres, Piracicaba, 2011. 704 p.
ASMUS, G. L.; VICENTINI, E. M.; CARNEIRO, R. M. D. G. Ocorrência de Meloidogyne mayaguensis em
goiabeira no Estado do Mato Grosso do Sul. Nematologia Brasileira, v. 31, n. 2, p. 112, 2007.
BAÑOS, Y. S.; CONCEPCIÓN, A. B; LAZO,R. C.; GONZÁLEZ,I. A.; MOREJÓN, L. P.Efecto de enmiendas
orgánicas y Trichoderma spp. en el manejo de Meloidogyne spp. Rev. Bras. de Agroecologia, v. 5, n. 2, p.
224-233, 2010.
BETTIOL W.; MORANDI M. A. B.; PINTO Z. V.; JÚNIOR T. G. P.; CORRÊA E. B.; MOURA A. B.; LU-
CON C. M. M.; COSTA J. C. B.; BEZERRA J. L. Produtos comerciais à base de agentes de biocontrole de
doenças de plantas Jaguariúna. SP: Embrapa Meio Ambiente, 2012.
BETTIOL, W.; MAFFIA, L. A.; CASTRO, M. L. M. P. Control biológico de enfermedades de plantas en Bra-
sil. In: BETTIOL, W.; RIVERA, M.C.; MONDINO, P.; MONTEALEGRE A.; JAIME, R.; COLMENÁREZ,
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BORGES, F. G.; BATTISTUS, A. G.; MÜLLER, M. A.; MIORANZA, T. M.; KUHN, O. G., Manejo alter-
nativo de nematoides de galha (Meloidogyne incognita) em feijoeiro (Phaseolus vulgaris), Scientia Agraria
Paranaensis, v.12, p. 425-433, 2013.
CARNEIRO, R. M. D. G.; MOREIRA, W. A.; GOMES, A. C. M. M. Primeiro registro de Meloidogyne ente-
rolobii em goiabeira no Brasil. Nematologia Brasileira. v. 25, n. 2, p. 223-228, 2001.
1. INTRODUÇÃO
A soja (Glycine max (L.) Merrill) é uma commodity agrícola de importância comercial
extremamente relevante. Esta é uma excelente fonte de proteína e óleo, podendo ser cultivada em
quase todas as regiões do mundo, justificando investimentos em tecnologias que visem o aumento da
produção e a redução dos fatores adversos à cultura (GEHLEN, 2001).
Entre os principais fatores que limitam a obtenção de altos rendimentos da agricultura estão
as pragas, seres nocivos aos vegetais, nos quais se incluem os agentes causais de doenças (fungos,
bactérias, vírus e nematoides), insetos e ácaros e plantas invasoras (SINCLAIR; HARTMAN, 2008).
Mais de 40 doenças causadas por fungos, bactérias, nematoides e vírus já foram identificadas
no Brasil. Esse número continua aumentando com a expansão da soja para novas áreas, como
consequência da monocultura e com a introdução de novas doenças (HENNING et al., 2014). As
doenças geralmente são mais severas sob as condições tropicais e subtropicais, em que a temperatura
é mais elevada e as chuvas são normalmente mais intensas e frequentes. A importância econômica
de cada doença varia de ano para ano e de região para região, dependendo das condições climáticas
de cada safra (YORINORI, 1997). Dentre os grandes produtores mundiais, o Brasil apresenta a
maior capacidade de multiplicar a atual produção, tanto pelo aumento da produtividade, quanto pelo
potencial de expansão da área cultivada (VENCATO, 2010).
Este trabalho teve como objetivo verificar a incidência e distribuição espacial da ocorrência
da antracnose, soja louca II e mela na cultura da soja nas safras 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017
em Paragominas – PA.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Os solos predominantes pertencem ao grande grupo Latossolo Amarelo, que são solos
profundos, bem drenados e quimicamente pobres, com textura variando de média a muito argilosa
(WATRIN; ROCHA, 1991).
Os dados utilizados neste trabalho foram fornecidos pela Agência de Defesa Agropecuária do
Estado do Pará (ADEPARÁ) e são resultantes do programa de defesa e inspeções da soja realizadas
por fiscais agropecuários nos plantios da cultura no município.
Neste estudo, foram selecionadas três doenças de importância econômica que constam na ficha
de inspeção do órgão de defesa, são elas: antracnose (Colletotrichum truncatum), mela (Rhizoctonia
solani) e soja louca II (Aphelenchoides besseyi).
Para o agrupamento dos dados foi utilizado o estimador de densidade de Kernel, assim como
descrito por Bonat e Dallazuana (2007), presente na extensão Spatial Analyst do software ArcGis
(versão 10.2). O estimador de densidade de Kernel desenha uma vizinhança circular ao redor de cada
ponto da amostra, correspondendo ao raio de influência, e então é aplicada uma função matemática
de 1, na posição do ponto, a 0, na fronteira da vizinhança. O valor para a célula é a soma dos valores
Kernel sobrepostos, e divididos pela área de cada raio de pesquisa (SILVERMAN, 1986).
A partir da densidade de Kernel, foram criados nove mapas, que correspondem às regiões de
concentração da ocorrência das três doenças nas três safras estudadas. As ocorrências foram classificadas
com níveis de densidade que variam de acordo com a cor e tonalidade sendo representados: vermelho
indica densidade muito alta; laranja densidade alta; amarela densidade média e azul significa a não
ocorrência.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O grau de incidência das doenças estudadas nas três safras é demonstrado na (Tabela 1). A
doença de maior incidência registrada nos três anos foi a antracnose, seguido de soja louca II e, em
menor quantidade, a mela.
Quando se observa o segundo mapa (Figura 2B), que compreende à safra 2015/2016, nota-se
elevação na quantidade de casos correspondentes à extensão vermelha e redução da quantidade de
casos de média e alta extensão. O mapa correspondente à safra 2016/2017 (Figura 2C), por sua vez,
manteve padrão de distribuição semelhante ao primeiro (Figura 2A). É possível verificar ainda que
em ambos os três anos esta concentração não diferiu representativamente entre as safras, mantendo o
padrão de distribuição e número de ocorrência da doença elevado.
A B
Fonte: Os autores.
Ao realizar a análise de distribuição da doença nas três safras percebe-se que a mesma se
encontra amplamente distribuída no município. Essa elevada incidência da antracnose pode estar
relacionada a vários fatores tanto bióticos quanto abióticos. Meyer e Klepker (2007), afirmaram
que as maiores reduções de produtividade da soja atribuídas à antracnose têm ocorrido quando a
cultura passa por algumas situações de estresse, provocando debilidades fisiológicas nas plantas e
favorecendo a expressão da doença. Segundos os mesmos autores os fatores de estresse mais comuns
são excesso ou falta de chuvas, baixa fertilidade de solo, ocorrência de doenças radiculares e ataque
Basseto et al. (2007) afirmaram que, de forma geral, o fornecimento equilibrado de potássio
à planta, diminui a incidência de doenças em razão do aumento da resistência à penetração e
desenvolvimento de alguns patógenos.
Outro fator que exerce influência sobre a incidência desta patologia é as condições desfavoráveis
à germinação e emergência da semente, especialmente a deficiência hídrica, tornam mais lento esse
processo, expondo esta por mais tempo a fungos do solo, que podem causar a sua deterioração ou
a morte da plântula (EMBRAPA SOJA, 2008). Segundo Sousa (2016), em estudos sobre sementes
de soja, foi observado um aumento considerável na ocorrência da doença quando as sementes eram
oriundas de lavouras que sofreram atraso na colheita, devido a chuvas, apresentando cerca de 50%
de infecção.
Além dos fatores já citados, a alta intensidade da doença nas lavouras do município pode
estar atribuída ao excesso de população de plantas, ao cultivo contínuo da soja, estreitamento nas
entrelinhas (35-43 cm), uso de sementes infectadas, infestação e dano por percevejo (YORINORI,
1997).
A B
Fonte: Os autores.
Devido ao possível agente causal da doença ter sido descoberto recentemente e a necessidade de
mais estudos para corroborar os resultados, têm-se ainda poucas informações a respeito de condições
favoráveis e desfavoráveis à sua ocorrência, bem como falta informações sobre medidas para a
prevenção e controle da mesma. No entanto, Souza (2016), falando sobre nematóides, afirmou que
seu deslocamento no solo é bastante limitado e, portanto, sua disseminação é altamente dependente
do homem, por meio de material contaminado, trânsito de máquinas de áreas afetadas para áreas
sadias, etc.
É possível inferir que o maior fluxo de pessoas, a proximidade das propriedades, o trânsito de
carros e maquinários nas regiões de maior concentração da doença pode ter influenciado na propagação
do patógeno. Além disso, o compartilhamento de máquinas e implementos agrícolas pelos produtores,
sem a devida limpeza, é também meio de disseminação de pragas e doenças, assim como descrito
por Lee et al. (2003) avaliando as possibilidades de dispersão de nematóides em campos de produção
de soja e algodão, em que verificaram a presença elevada do patógeno em partículas de solo aderido
às partes dos implementos e pneus do trator. Somado a isso, a proximidade entre as propriedades, a
falta de barreiras entre as mesmas, as enxurradas e as tempestades de poeira, que passam por áreas
infestadas e podem carregar os fitonematóides, exercem influência sobre a sua dispersão (SILVA,
2005).
A B
Fonte: Os autores.
Ao comparar a ocorrência da mela na safra 2015/2016 (Figura 4B) com a safra anterior, nota-
se que a mesma se concentrou predominantemente nas propriedades próximas às rodovias e a cidade.
Compreendendo apenas a extensão vermelha, assim como visto no mapa anterior. A doença na safra
2016/2017 (Figura 4C), diferiu visivelmente das demais concentrações de ocorrência da doença,
estando, a mesma, distribuída por todo o município, sem que houvesse algum padrão, demonstrando
que a ocorrência ou não de uma doença não está ligada a um número limitado de fatores, mas a um
sistema complexo de interações entre esses vários fatores.
De forma geral, a maior ou menor ocorrência, assim como o modo como as três patologias
estudadas encontram-se distribuídas, é dependente de vários fatores, não sendo possível atribuir
apenas a uma causa. Desse modo, estudos voltados para a identificação das causas em campo, bem
como, em um espaço temporal maior é de suma importância para que se possa trabalhar em medidas
integradas de prevenção e controle.
5. CONCLUSÃO
As propriedades com maior concentração das doenças foram as que se encontram próximas às
rodovias e a cidade. A antracnose mostrou-se amplamente distribuída no município, seguido por soja
louca II. A mela, em concentração menor, seguiu o mesmo padrão de distribuição nas duas primeiras
safras, no entanto, no último ano estudado apresentou-se dispersa. Contudo, ainda são escassas
literaturas sobre a epidemiologia das doenças de soja com ocorrência na região. Sendo assim, são
necessários mais estudos a respeito da interação hospedeiro x patógeno x ambiente x homem, para
que possamos determinar os fatores que influenciam na distribuição espacial das doenças.
1. INTRODUÇÃO
A estaquia como método de propagação associada a uma ou mais técnicas auxiliares, como
a nebulização intermitente, aplicação de fitorreguladores, anelamento, estiolamento, dobra dos
ramos, entre outras, pode proporcionar melhores resultados e tornar viável a propagação de muitas
espécies. Através da estaquia é possível a obtenção de muitas plantas a partir de uma única planta
(FACHINELLO et al., 2005).
A estaca apresenta uma ou mais gemas e uma porção de tecido diferenciado sem a presença de
raízes. A lesão do tecido de células do xilema e do floema na base da estaca oriunda do traumatismo
ocorrido pelo corte será seguida da cicatrização, que consistirá na formação de uma capa de suberina,
promovendo a redução da desidratação na área lesionada. Geralmente, nessa área ocorre a formação
do calo (FACHINELLO et al., 2005), constituído por uma massa irregular de células parenquimáticas
em vários estádios de lignificação através do processo de desdiferenciação, fase que antecede a
3. REGULADORES VEGETAIS
A citocinina é usada para estimular a formação de gemas adventícias (HARTMANN et al., 2011)
e atua como reguladora da divisão celular e da diferenciação de certos tecidos de plantas, atuando no
aumento do tamanho do meristema apical da raiz, indicando que pode desempenhar papel importante
na regulação da proliferação de células iniciais e da vascularização da raiz (FRANKENBERGER;
ARSHAD, 1995; TAIZ; ZEIGER, 2013). Outros reguladores vegetais e compostos auxiliares podem
influenciar a organogênese, mas não consistentemente o bastante para merecer o uso comercial na
propagação por estaquia (HARTMANN et al., 2011).
As auxinas sintéticas mais utilizadas para a formação do sistema radicular são o ácido
indolacético (AIA), o ácido naftalenoacético (ANA) e o ácido indol-3-butírico (AIB). As auxinas
são sintetizadas nas gemas apicais e folhas novas, sendo translocadas para a base da planta por um
mecanismo de transporte polar. Os ápices radiculares também produzem auxinas mas não ocorre
acúmulo nas raízes devido ao alto teor de substâncias inativadoras de auxinas nessa parte da planta
(FACHINELLO et al., 2005).
O AIA é a auxina natural que ocorre nas plantas. Ela induz a atividade meristemática pela
diferenciação das células na região da endoderme e periciclo adjacente ao floema (GORTER, 1968;
THORPE; PATEL, 1984). O ANA é utilizado no enraizamento de estacas, sendo mais ativo e mais
fitotóxico que o AIB e o AIA (HARTMANN et al., 2011).
O AIB é uma das auxinas mais utilizadas no enraizamento de estacas. A concentração ótima
para o enraizamento é variável entre as espécies e concentrações acima do ideal pode promover efeito
inibitório do enraizamento (CARPENTER; CORNELL, 1992). O AIB apresenta uma degradação
mais lenta na planta comparado ao ANA, acelera o poder de cicatrização do corte, a emissão e
aumento do comprimento de raízes (THORPE; PATEL, 1984; SOUZA, 1995), é menos tóxico que
os demais reguladores de crescimento (HARTMANN et al., 2011), não é tóxico para a maioria das
plantas mesmo quando utilizado em altas concentrações, é bastante efetivo para um grande número
de espécies vegetais e relativamente estável, sendo pouco suscetível à ação dos sistemas de enzimas
de degradação de auxinas (PIRES; BIASI, 2003).
4. REFERENCIAS
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1. INTRODUÇÃO
A jabuticabeira (Plinia spp.) é uma espécie frutífera originária do centro-sul do Brasil, sendo
encontrada desde o extremo sul até o extremo norte do país (MANICA, 2000). O nome jabuticaba
tem origem na palavra “iapoti’kaba”, do tupi, que significa fruta em botão (MENDONÇA, 2000).
Pertence à família Myrtaceae, da qual também fazem parte as frutíferas: guabiroba, goiaba, cambuí,
araçá, grumixama, cambucá, pitanga e pêssego-do-mato (DONADIO, 2000).
A jabuticabeira é uma árvore que apresenta como características: grande variação na altura,
podendo alcançar até 15 metros; a planta adulta possui uma copa muito densa; a floração ocorre no
tronco e nos galhos; o fruto geralmente possui tamanho reduzido, forma arredondada e cor escura, com
polpa esbranquiçada; as sementes são pequenas e arredondadas (LORENZI et al., 2006; DANNER et
al., 2007); as folhas são opostas e lanceoladas; e as flores são brancas (MATTOS, 1983).
2. MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO
2.1 ESTAQUIA
A estaquia é um dos métodos de propagação mais utilizados para as espécies frutíferas (SASSO
et al., 2010) em que ocorre indução de enraizamento adventício em segmentos destacados da planta
mãe que, em condições favoráveis, origina uma nova planta (FACHINELLO et al., 2005).
As estacas utilizadas na propagação assexuada podem ser obtidas de caules, caules modificados
(rizomas, tubérculos e bulbos), folhas ou raízes. Estacas caulinares são de fácil obtenção e há uma
maior disponibilidade de material, possibilitando a ocorrência de resultados satisfatórios (PEREIRA,
2003).
Segundo Fachinello et al. (2005) a estaquia vem sendo amplamente utilizada na fruticultura
para a produção comercial de mudas com qualidade e em menor tempo, pois garante a manutenção das
características varietais como uniformidade, produção, qualidade do fruto, precocidade e sanidade.
A estaquia como método de propagação associada a uma ou mais técnicas auxiliares, como
a nebulização intermitente, aplicação de fitorreguladores, anelamento, estiolamento, dobra dos
ramos, entre outras, pode proporcionar melhores resultados e tornar viável a propagação de muitas
espécies. Através da estaquia é possível a obtenção de muitas plantas a partir de uma única planta
matriz, em curto espaço de tempo. Além do mais, é uma técnica de baixo custo e de fácil obtenção
(FACHINELLO et al., 2005).
As estacas devem ser obtidas de ramos terminais com maturação recente, de plantas sadias e
vigorosas, visto que esses fatores são muito importantes para o enraizamento. Também se deve utilizar
plantas que não apresentam deficiência de nutrientes ou atacadas por pragas e doenças, danificadas
por geada ou seca e aquelas que não estejam em floração ou frutificação (HARTMANN et al., 1990).
O uso de estacas apicais para a obtenção de mudas vem sendo utilizado com sucesso para muitas
frutíferas da família Myrtaceae. O uso dessas estacas promove menor dano à planta matriz do que
aquelas estacas que apresentam diâmetro de 1,5 a 2,0 cm com 40 cm de comprimento (MENDONÇA,
2000).
Para obter sucesso na propagação por estaquia devem ser considerados vários aspectos,
dentre eles destaca-se: realizar a coleta de ramos nas primeiras horas do dia, acondicioná-los em
sacolas de polietileno e pulverizá-los com água, em local sombreado e arejado até o momento da
produção das estacas; realizar tratamento auxínico, quando necessário; atentar para o tipo de estaca
empregada; considerar a concentração e o tempo de aplicação do regulador vegetal empregado; e local
recomendado, com umidade elevada e temperatura variando entre 10°C e 32 ºC (ONO; RODRIGUES,
1996).
A anatomia dos ramos da espécie ou genótipo pode afetar o percentual de enraizamento das
estacas. Sasso (2009) afirma que é provável que a jabuticabeira apresente anatomia semelhante à
Quercus macrocarpa. Essa espécie apresenta menor proporção de células do parênquima (menos
lignificadas) do que células do esclerênquima (mais lignificadas) e, por isso, há uma maior dificuldade
de enraizamento dessas duas espécies. Assim, pode-se obter um maior enraizamento de jabuticabeira
quando se realiza o revigoramento das estacas (XAVIER; COMÉRCIO, 1996; SASSO, 2009).
Em plantas perenes, estacas coletadas de ramos jovens podem enraizar com maior facilidade
do que estacas coletadas de ramos maduros da mesma planta (THORPE; PATEL, 1984; HARTMANN
et al., 2011). Segundo Fachinello et al. (2005) estacas provenientes de material vegetativo juvenil
apresentam maior facilidade para a rizogênese adventícia, principalmente espécies que apresentam
dificuldades de enraizamento. Material vegetativo mais maduro apresenta maior concentração de
inibidores e menor de cofatores. Assim, recomenda-se a coleta de brotações jovens em plantas adultas,
pois mesmo estas não caracterizando uma verdadeira condição de juvenilidade têm maior facilidade
de enraizamento (FACHINELLO et al., 2005).
Verger et al. (2001); Gratieri-Sossella et al. (2008) afirmam que as técnicas de manutenção
ou de restauração do estado juvenil são importantes para o sucesso da propagação vegetativa. Uma
menor mortalidade é obtida quando utiliza-se miniestacas retiradas de materiais jovens em associação
ao AIB.
A época de coleta das estacas influencia no enraizamento. Estudos demonstram que há períodos
em que a porcentagem de enraizamento é alta e, em outros, esse percentual é baixo ou nulo. Isso ocorre
em função das temperaturas, precipitações e condições em que essas estacas são coletadas. Fachinello
et al. (2005) afirmam que estacas coletadas no período de crescimento vegetativo, ou seja, primavera/
verão apresentaram maior capacidade de enraizamento devido às suas estruturas herbáceas. Dutra
et al. (2002) observaram que estacas de pessegueiro retiradas na primavera e verão apresentaram os
maiores percentuais de enraizamento.
Zietemann; Roberto (2007), trabalhando com estacas de goiabeira, observaram que a coleta
de estacas herbáceas no meio do período de verão é mais indicada para a produção de mudas dessa
espécie.
Pode ocorrer intensa oxidação de compostos fenólicos na região do corte da estaca prejudicando
a formação de raízes, isto devido à liberação ou formação de exsudatos tóxicos no tecido da estaca
(CASAGRANDE JUNIOR et al., 1999; CAMPOS et al., 2005; FERRIANI et al., 2008). Os diferentes
tipos de fenóis nos tecidos em contato com o oxigênio iniciam reações de oxidação, cujos produtos
resultantes são tóxicos ao tecido (FACHINELLO et al., 2005). Para reduzir e/ou evitar essa oxidação
pode-se utilizar algumas substâncias como o ácido cítrico, ácido ascórbico e a polivinilpirolidona
(SATO et al., 2001; FACHINELLO et al., 2005).
Também pode-se realizar a lavagem das estacas em água, pois ocorre a lixiviação de alguns
compostos fenólicos, evitando assim as oxidações (CAMPOS et al., 2005).
Dentre os fatores externos que atuam no enraizamento das estacas tem-se a água, a temperatura
e o substrato. Pode-se realizar o controle da transpiração através da retirada das folhas basais. A
água é fundamental para o enraizamento, visto que as estacas recém colocadas para o enraizamento
no substrato não possuem raízes e, dessa forma, não têm como absorver água eficientemente para
compensar a transpiração e o crescimento de novas brotações (PREECE; READ, 1993; PEREIRA,
2003). A nebulização artificial mantém elevada a umidade relativa do ar no ambiente, reduzindo a
A temperatura deve ser mantida entre 10ºC (noturna) e 32ºC (diurna), sendo isso possível
equilibrando sombreamento com a nebulização intermitente na casa de vegetação. Temperaturas
elevadas favorecem a divisão celular para o enraizamento; entretanto, podem estimular uma maior
transpiração, induzindo o murchamento da estaca. Deve-se evitar que as estacas fiquem murchas pois
para que ocorra a divisão celular é necessário que as células se mantenham túrgidas (FACHINELLO et
al., 2005). O sistema de nebulização é empregado para controlar a perda hídrica das estacas, favorecer
a hidratação do substrato e controlar a temperatura. Recomenda-se que os tubetes com as estacas
sejam colocados nas estufas com irrigação do tipo nebulização ou microaspersão intermitente para
que a umidade interna da estufa fique acima de 80% (OLIVEIRA et al., 2001).
O substrato utilizado na produção de mudas por estaquia além de servir como suporte às
plantas também deve fornecer nutrientes e propiciar alguma retenção ou reserva de água para as
plantas, ter porosidade para permitir a entrada de oxigênio e saída de gás carbônico e etileno oriundos
da respiração das raízes. O desenvolvimento do sistema radicular depende das características físicas
e químicas do substrato, devendo o mesmo ser livre de patógenos e pragas (SOUZA, 1983; KÄMPF,
1999; OLIVEIRA, 2000; SOUZA, 2002).
3. REFERENCIAS
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1. INTRODUÇÃO
Ao longo de seu ciclo de vida, as árvores podem fornecer mais de um tipo de produto. Esses
produtos são frutos, sementes, óleos, madeira e outros, atendendo as indústrias madeireira, de
construção, têxtil, alimentícia, farmacêutica e cosmética. Ademais, a comercialização dos créditos de
carbono que as árvores poderão gerar em algumas décadas, é um mercado que tem ganhado destaque.
A exploração dos produtos florestais tem sido feita através de monocultivos (cultivo de uma única
espécie vegetal) ou em sistemas consorciados com espécies agrícolas – sistemas agrossilviculturais
ou sistemas agroflorestais. Outra forma de produção é realizada pela integração lavoura-pecuária-
floresta (sistema agrossilvipastoril), que propiciam o aumento produtividade e rentabilidade geral
da agropecuária. Esses sistemas diversificados de produção apresentam potencial para melhorar a
sustentabilidade econômica por aumentar as fontes de renda da propriedade agrícola. Recentemente
ganhou destaque o plantio e nos espaços urbanos, gerando beleza e conforto térmico para a população.
Contudo, existe uma carência de informações sobre os apectos ligados ao manejo da fertilidade
do solo e das exigências nutricionais das espécies arbóreas nativas e exóticas, cultivadas no Brasil.
Esta carência pode ser associada ao periodo vegetativo da planta, geralmente longo, e também a falta
de identificação genotípica das especies e portanto da reproducibilidade dos resultados. O ciclo de
vida longo contribui para que a maioria dos resultados de pesquisa seja associada à fase jovem, de
plantulas. A caracterização genotipica para as espécies árboreas pode ser dificil devido às formas
reprodutivas, principalmente se a reprodução for sexuada. E como se trata muitas vezes de plantas
não muito estudadas com relação ao processo reprodutivo, os pesquisadores tem usado a alternativa
de trabalhar com material genetico da mesma planta matriz, o que de certa forma garante pelo menos
50% de sua carga genetipica daquela planta nos estudos.
O objetivo deste trabalho de revisão foi discutir sobre a toxicidade do alumínio e a necessidade
de calagem em plantios de espécies arbóreas, utilizadas nas últimas décadas em território brasileiro,
para fins de reflorestamento e de produção de produtos florestais de importância econômica, agrícola
e urbana.
Os fatores relacionados à acidez dos solos (pH, saturação por bases, acidez potencial e
solubilidade de nutrientes) são os que mais interferem na produtividade agrícola (SANCHEZ e
SALINAS, 1983). A maior parte dos solos brasileiros apresentam características ácidas. Solos ácidos
possuem valor de pH em torno de 5,5, ou inferior, e ocorrem majoritariamente em regiões tropicais e
subtropicais, onde a acidificação é um processo natural. Constituem aproximadamente 30% da área
total do planeta e 50% das terras aráveis (SADE et al., 2016). São caracterizados por deficiência em
nutrientes e toxicidade por metais, como manganês (Mn) e alumínio (Al). Sendo que, a toxicidade
por Al é o principal fator que limita o crescimento das plantas nesses solos (KOCHIAN et al., 2004;
GUPTA et al., 2013; BOSE et al., 2015). Tóxico para a maioria das espécies vegetais há uma série
de sintomas causados por
toxicidade do Al associados a mudanças no sistema radicular, afentando o
desenvolvimento normal das plantas (ROSSIELLO e JACOB NETO, 2006; KOPITTKE et al., 2015).
A calagem é realizada com 3 objetivos: elevação do pH, neutralização do Al3+ e/ou fornecimento
de Ca2+ e Mg2+. Considerar cada um destes objetivos (fatores) isoladamente talvez não seja a maneira
mais correta de análise, a não ser em caso de severa deficiência de Ca+2 ou Mg+2. O conhecimento das
necessidades nutricionais das espécies arbóreas é ainda bastante limitado, bem como de suas respostas
a diferenças ambientais. Salvo para os casos de florestas plantadas (monocultivos) de Eucalyptus spp. e
Pinus spp., para os quais há inúmeras pesquisas nutricionais e de melhoramento vegetal (FERREIRA,
1984; NOVAIS et al., 1986; BINKLEY, 1989; BARROS et al., 1990; SANTANA et al., 2002; STAPE
et al., 2006; GUIMARÃES et al., 2015). Além disso, a resposta de uma mesma espécie às condições
químicas do solo pode ser diferente devido a variações intraespecíficas (KAGEYAMA et al, 2003).
Assim, toda análise feita decorre de resultados experimentais que servem como referência, mas são
bastante generalistas se considerada a diversidade vegetal.
Muitas são as espécies utilizadas em plantios com objetivos de recomposição florestal, onde são
realizados plantios mistos (duas ou mais espécies por área de plantio). Mesmo que haja recomendação
técnica para adubação e calagem para cada espécie pode ser improvável a viabilidade de atendimento
às necessidades específicas de cada planta. Assim, as recomendações de calagem, quando ocorrem,
são generalistas. No caso dos plantios florestais mistos são plantadas simultaneamente, em uma
mesma área, espécies de diferentes grupos sucessionais. Furtini Neto et al. (1999a, 2000) avaliam que
as espécies florestais nativas apresentam grande variabilidade de respostas quanto à acidez do solo,
saturação por bases e concentração de Al3+. De maneira geral, as espécies pioneiras e secundárias são
mais responsivas à calagem e mais exigentes em relação à fertilidade do solo (FURTINI NETO et al.,
1999 a,b).
Furtini Neto et al. (1999) investigaram os fatores limitantes ao crescimento inicial das espécies
nativas, utilizadas para produção de madeira e reflorestamento, Senna multijuga, Stenolobium stans,
Anadenanthera falcata e Cedrela fissilis, cultivadas em solo ácido, sem aplicação de calcário. Os
autores concluíram que a saturação por Al foi o fator que mais limitou o desenvolvimento dessas
espécies. Machado (2015) constatou que a calagem favoreceu o crescimento inicial de Bauhinia
variegata L. – espécie exótica utilizada na indústria e no paisagismo, possivelmente devido à
neutralização do Al.
Acacia mangium Wild. e Acacia auriculiformis A. Cunn. ex Benth. são espécies exóticas
cultivadas no Brasil para produção de celulose, madeira, controle de erosão, quebra-vento e
sombreamento. Silva et al. (2011), avaliaram o desenvolvimento inicial da A. mangium e da A.
auriculiformis em função da aplicação de calcário na cova de plantio. Os autores constataram que
não houve efeito significativo da aplicação de calcário nas doses avaliadas (50, 100 e 200 g/cova).
De maneira semelhante, as espécies nativas Mimosa artemisiana Heringer e Paula, Astronium
fraxinifolium Schott; Guazuma ulmifolia Lan.; Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan e Inga
edulis Martius também não responderam à aplicação de calcário na cova de plantio (SILVA et al.,
2011). O mesmo resultado foi encontrado por Mendonça (2016) e Mendonça et al. (2017) ao avaliar
diferentes doses de calcário para A. macrocarpa.
O mogno (Swietenia macrophylla King.) é uma espécie nativa da Amazônia que possui alto
valor econômico devido à qualidade da madeira. Sousa et al. (2010) realizaram um estudo para
avaliar o crescimento e o requerimento nutricional de mudas de mogno, os autores concluíram que
para o crescimento e desenvolvimento normal da planta é necessária a correção conjunta da acidez
e da fertilidade do solo para solos ácidos e de baixa fertilidade natural, mesmo que o teor de matéria
Segundo Vieira e Weber (2017), o ipê-amarelo (Tabebuia serratifolia) é uma espécie arbórea
com potencial madeireiro pouco utilizada em plantios florestais devido à escassez de informações sobre
sua produção, tanto em viveiro quanto no campo. Diante disso, os autores realizaram experimento
com o objetivo de verificar os efeitos da calagem no crescimento e na nutrição de mudas do ipê-
amarelo. Os melhores resultados foram verificados quando o calcário foi aplicado para a elevação da
saturação de bases ao nível de 70%, principalmente porque N, K, Ca e Mg foram disponibilizados
em concentrações adequadas, possibilitando o incremento em crescimento das mudas. Dessa forma,
a espécie se mostrou exigente em fertilidade do solo durante o crescimento em viveiro.
A teca (Tectona grandis L.f.) é uma espécie exótica cultivada no Brasil principalmente
para a produção de madeira. Ribeiro et al. (2006) avaliaram o potencial de estabelecimento da teca
submetida a diferentes adubações de plantio. Os resultados deste estudo indicam que os tratamentos
com aplicação de calcário proporcionaram maior sobrevivência às mudas de teca. Estudos anteriores
realizados por Takle e Mujundar (1956) e por Matricardi (1989), identificaram a teca como uma
espécie calcícola, indicando que ela necessita de uma quantidade relativamente grande de cálcio
para seu crescimento e desenvolvimento. Outra espécie exótica muito cultivada no Brasil, devido à
alta qualidade e ampla utilização de sua madeira, é o cedro-australiano (Toona ciliata M. Roem var.
australis). Braga et al. (2015) realizaram estudo com o objetivo de avaliar a influência de diferentes
níveis de saturação por bases, através da adição de diferentes doses de calcário, sobre o crescimento
e a qualidade de mudas dessa espécie. Os autores relataram a necessidade de se fazer a correção
da acidez do solo elevando o nível de saturação por bases para 50%, no intuito de maximizar a
produtividade dos plantios comerciais do cedro-australiano.
Machado et al. (2018) não encontraram resposta a adição de calagem até a dosagem de 4000
Kg ha aplicada ao solo para a planta angico vermelho e Vasconcellos Filho (2014) trabalhando em
-1
solução nutritiva, verificou que o caju-de-cerrado suportou altas doses de Al na solução nutritiva, sem
sofrer danos significativos.
Há necessidade de calagem para o plantio de espécies arbóreas? Diante do que foi exposto,
pode-se considerar que a necessidade de calagem em plantio de espécies arbóreas é uma questão
bastante ampla. A resposta correta ou ideal só pode ser data se considerada uma determinada espécie,
suas condições de plantio e características químicas do solo. Excluindo casos raros como o de espécies
do gênero Qualea, para as quais sugere-se que o Al seja necessário para o crescimento (MOREIRA,
2016; SILVA, 2017; CURY, 2017), a calagem pode oferecer melhores condições para o crescimento
Em plantas de ciclo de vida curto, como soja, trigo e feijão, o uso de soluções de baixa força
iônica tem colaborado para a seleção de cultivares tolerantes ao Al (ROSSIELO e JACOB NETO,
2006). Estas soluções também são utilizadas em estudos de alumínio na fase jovem de plantas arbóreas
(Delonix regia, Anacardium othonianum, Clitoria fairchidiana, Bauhinia variegata, Anadenanthera
macrocarpa, Schinus terebinthifolius) popularmente conhecidas como flamboyant, caju do cerrado,
sombreiro, pata-de-vaca, angico e aroeira, respectivamente (POLESE, 2013; VASCONCELOS-
FILHO, 2014; LEMOS, 2015; MENDONÇA et al, 2017; MEZZAVILLA e JACOB NETO, 2017).
Os trabalhos com soluções nutritivas auxiliam o entendimento do comportamento destas espécies na
sua fase inicial de crescimento.
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Caio Henrique Ungarato Fiorese Elevação dos espaços ocupados pela cafeicultura.
Centro Universitário São Camilo Foram estimadas informações de erosividade
Herbert Torres (considerando série histórica pluviométrica de 46
Centro Universitário São Camilo anos), erodibilidade e fator topográfico, gerando
mapas temáticos que possibilitaram a posterior
Jander Abrita de Carvalho operação da EUPS através da ferramenta “álgebra
CEEFMTI Washington Pinheiro Meirelles de mapas”. A erosão e o fator topográfico foram
Paloma Osório Carvalho interpretados conforme a literatura considerada.
CEEFMTI Washington Pinheiro Meirelles A maior parte dos cultivos agrícolas (62,99%)
apresenta fator topográfico compreendido de
Isabelly Marvila Leonardo Ribeiro 2 a 5, significando que boa parte dos cafezais
CEEFMTI Washington Pinheiro Meirelles
considerados estão localizados em áreas sob
Jefferson Gonçalves Batista condições topográficas e de relevo adversas.
CEEFMTI Washington Pinheiro Meirelles Quanto à erosão dos solos, 65,32% dos cafezais
possui tendência moderada a forte, ao passo que
Gabriel Gonçalves Batista
apenas 30,3% da área possui fraca a moderada
CEEFMTI Washington Pinheiro Meirelles
perda de solo. Significa, portanto, um agravante
Antônio Marcos da Silva Batista quanto à qualidade ambiental, sobretudo na
CEEFMTI Washington Pinheiro Meirelles presença de monocultivos. Há necessidade de
adotar práticas conservacionistas na cafeicultura
e adoção de sistemas mais sustentáveis, como
RESUMO: A compreensão da erosão dos solos os sistemas agroflorestais e agroecossistemas
em áreas agrícolas é de extrema importância, cafeeiros orgânicos, com vistas a fornecer melhor
a fim de, por exemplo, auxiliar em projetos qualidade do solo atrelada a benefícios ecológicos
ambientais visando uma produção mais e econômicos.
sustentável. Com auxílio de geotecnologias, o
PALAVRAS-CHAVE: Agricultura; Impactos
objetivo deste trabalho foi avaliar a erosão dos ambientais; Mitigação; Processos erosivos.
solos ocupados pela cafeicultura no município de
Castelo, estado do Espírito Santo, como forma de
subsidiar melhorias na área. Os procedimentos ABSTRACT: Understanding soil erosion in
foram executados no programa computacional agricultural areas is of utmost importance in
ArcGIS®, considerando a Equação Universal order, for example, to assist in environmental
de Perda de Solos (EUPS) para a estimativa projects aimed at more sustainable production.
da perda de solos e o sítio eletrônico do With the help of geotechnologies, the objective
GEOBASES e da Agência Nacional de Águas of this work was to evaluate the erosion of soils
como base de dados. No GEOBASES, foram occupied by coffee growing in the municipality
adquiridos dados de ocupação dos cafezais do of Castelo, state of Espirito Santo, as a way
município, tipos de solo e curvas de nível, sendo to subsidize improvements in the area. The
esta utilizada na geração do Modelo Digital de procedures were performed in the computer
1. INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, as atividades relacionadas ao uso e a ocupação da terra têm revelado uma
nova dinâmica de apropriação do território. Diante dessa situação, os efeitos de manejo de atividades
sem planejamento prévio alteram a paisagem e degradam os solos, em velocidade e intensidade
superiores à capacidade de renovação do sistema ambiental e à resiliência do solo (CORRÊA et al.,
2017). Com isso, alterações de ecossistemas naturais em ambientes degradados aumentam anualmente
em decorrência da necessidade de produzir alimentos (JARDIM et al., 2017).
O transporte de solo pode ocorrer em áreas cultivadas como resultado da interação de processos
erosivos a partir do escoamento superficial. A erosão hídrica, por exemplo, motiva as perdas de solo e
pode alterar as propriedades físicas do solo, reduzindo a produtividade das culturas agrícolas. O efeito
do transporte de partículas do solo associado a uma combinação dos processos erosivos aumenta a
variabilidade espacial das produções agrícolas e o declínio global da capacidade produtiva do solo
(SOUSA; MARTINS FILHO; MATIAS, 2012).
No Brasil, que é um país tropical, a erosão causa redução da fertilidade do solo, prejudicando
a produtividade agrícola, impactando qualidade e quantidade dos recursos hídricos (SANTOS;
BLANCO; PESSOA, 2015), sendo esta através da eutrofização, do assoreamento e da poluição. Isso
também favorece a elevação dos custos para o tratamento e recuperação da água (MARQUES, 2006).
Nesse contexto, é essencial melhor compreender o impacto das mudanças de uso da terra nos
padrões de erosão hídrica, visando estabelecer a tolerância de perda do solo para melhor manejá-lo
(SANTOS; BLANCO; PESSOA, 2015). Diante dessa situação, existem vários modelos que estimam
a erosão dos solos como, por exemplo, a Equação Universal de Perda de Solos (EUPS), proposta por
Wischmeier e Smith (1978).
O modelo EUPS tem como objetivo fazer estimativa da erosão do solo a médio e longo prazos,
considerando dados como práticas conservacionistas, uso do solo, podendo dar subsídios gerais ao
planejamento de práticas conservacionistas visando minimizar a perda de solos em níveis aceitáveis
2. METODOLOGIA
Este trabalho considerou como local de estudo o município de Castelo, que está localizado
na mesorregião Sul do Estado do Espírito Santo. Possui a pecuária e a cafeicultura como as
principais atividades econômicas em âmbito rural. A cafeicultura ocupa a maior área de exploração
e é de fundamental importância na geração de emprego e renda local, predominando a cafeicultura
em pequenas propriedades e sob monocultivos (INCAPER, 2010). As Figuras 1 e 2 apresentam,
respectivamente, a localização do município de Castelo e a distribuição dos cultivos de café.
Em layout do programa, o arquivo de uso e ocupação dos solos foi editado, considerando
apenas a distribuição dos cultivos de banana e café do município de Castelo. Por meio das ferramentas
de recorte de arquivos, foi gerado o Modelo Digital de Elevação (MDE) das áreas ocupadas pelos
cultivos, a partir da interpolação das curvas de nível no ícone create tin e pela posterior conversão
do arquivo para formato raster (tin to raster), considerando o valor de 10 para a resolução dos pixels.
A erosão das áreas estudadas foi estimada através da Equação Universal de Perda de Solos
(EUPS), que considera seis variáveis ambientais e de manejo, que são: erosividade, erodibilidade,
topografia, uso e ocupação dos solos e práticas conservacionistas (SILVA; PAIVA; SANTOS, 2009).
A EUPS é descrita pela equação (1):
A = R × K × L × S × C × P (1)
(2)
Sendo: EI i: média mensal do índice de erosão (MJ ha-1 mm-1); ri: precipitação pluvial média
mensal (mm); Pi: precipitação pluvial média anual (mm) (1 ≤ i ≤ 12) .
Alguns solos apresentam maior propensão à erosão que outros, mesmo quando a cobertura
vegetal, a precipitação, o declive e as práticas de controle de erosão são as mesmas. Essa diferença
é chamada de erodibilidade do solo, e ocorre devida às propriedades inerentes ao solo (BERTONI;
LOMBARDI NETO, 1999). Para a área estudada, a erodibilidade do solo foi obtida pela literatura
considerada. A determinação dos tipos de solo na área estudada ocorreu por meio da edição de um
arquivo de tipos de solos do Estado do Espírito Santo, adquirido junto ao GEOBASES.
A partir do MDE da área estudada, foi gerado o mapa de declividade local, com intuito de
determinar o chamado fator topográfico (LS) da equação, a partir da geração dos mapas de declividade
(S) e comprimento de rampa (L). O fator topográfico representa a influência do comprimento de
rampa e da declividade na intensidade de erosão hídrica em determinado solo (BUENO; ARRAES;
MIQUELONI, 2011). O mapa do fator L foi obtido com auxílio da metodologia descrita por Desmet
e Govers (1996), McCool et al. (1987) e McCool, Brown e Foster (1989), por meio das equações (3),
(4) e (5):
sin E⁄0,0896
F= (3)
0,56+3( sin E)0,8
F
m= (4)
1+F
Em seguida, foi gerado o mapa do fator S, através do algoritmo de McCool et al. (1987) e
McCool et al. (1989), partindo das seguintes condições matemáticas, considerando a declividade:
quando tan E < 0,09, adotar S = 10,8 x sin (E) + 0,03 e; quando tan E ≥ 0,09, adotar S = 16,8 sin
(E) + 0,5. O mapa do fator LS foi obtido através da multiplicação dos fatores L e S. Para auxiliar na
inteerpretação dos resultados, o fator LS foi quantificado e reclassificado para as áreas ocupadas pelos
cultivos.
A inserção dos cálculos foi feita na ferramenta denominada álgebra de mapas, no ícone “raster
calculator”. As operações foram feitas a partir da conveersão de todos os arquivos para formato raster.
A erosão potencial dos cultivos foi classificada conforme a metodologia adotada por Beskow et al.
(2009), e interpretada conforme a literatura considerada.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com Barbosa et al. (2015), valores próximos ou iguais a zero (na classe: fator LS
≤ 2,0) indicam que há menores taxas de escoamento superficial, desfavorecendo a erosão laminar.
Portanto, os cultivos de café do município possuem maiores taxas de escoamento superficial na maior
parte de sua área, sendo um fator negativo quanto à conservação dos solos, o que requer medidas de
mitigação e atenuação dos processos erosivos na cafeicultura local.
A maior parte dos cafezais (65,32%) possui perda de solos classificada como “moderada a
forte”, ao passo que apenas 30,3% possui fraca perda de solos e 0,82% da área possui erosão potencial
classificada como “muito forte”. A Tabela 3 apresenta a área dos cafezais para cada classe de erosão
potencial.
Portanto, nota-se uma tendência a perda de solos considerada mediana a alta na maior parte
dos cultivos de café. A baixa vulnerabilidade a perda de solos em 30,3% dos cafezais é um fator
positivo, indicando que essas áreas possuem condições físicas (erosividade, erodibilidade, relevo e
topografia) favoráveis à instalação das lavouras.
Outro fator agravante é o uso de pesticidas e fertilizantes químicos nos monocultivos de café.
A aplicação dos mesmos em áreas com expressiva tendência a erosão hídrica acarreta um severo
desequilíbrio ambiental (LOPES et al., 2014), devido à contaminação dos recursos hídricos e do solo.
O manejo conservacionista nas áreas cafeeiras garante conservação do solo a partir da maior
cobertura do solo, favorece a preservação da fauna e flora, promove a ciclagem de nutrientes e
proporcionam contínuo aporte de matéria orgânica (BREMAN; KESSLER, 1997). Para os cafeicultores
do município de Castelo, a adoção de sistemas de cultivos como os sistemas agroflorestais e os
agroecossistemas cafeeiros orgânicos, além de práticas conservacionistas, traria benefícios ambientais
e econômicos expressivos, além de minimizar a vulnerabilidade a perda de solos das áreas ocupadas
pelos cultivos de café.
A maior parte dos cultivos de café está localizada em áreas com vulnerabilidade de perda
de solos classificada de média a alta, significando um fator preocupante para a preservação dos
solos, sobretudo quando predominam-se monocultivos sob a ausência ou carência de práticas
conservacionistas. O fator topográfico foi considerado elevado na maior parte dos cafezais, indicando
adversidades do relevo ocupado pelos cultivos. Dessa forma, a adoção de sistemas sustentáveis de
manejo cafeeiro (agroflorestas, por exemplo), bem como trabalhos de assistência técnica por parte dos
órgãos competentes locais junto aos cafeicultores do município sobre práticas corretas na cafeicultura,
são sugestões fundamentais na conservação dos solos nos cultivos de café, proporcionando maior
sustentabilidade ambiental e rentabilidade.
5. AGRADECIMENTOS
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA
ATUALIDADE
Diego da Silva the past, present and future. The former serves
Centro Universitário Campos de Andrade as a parameter of sustainability, while the latter
requires the definition of the desirable state of
society in the future. Past political experiences that
RESUMO: O presente artigo tem por objetivo have tried to impose on the present generation the
refletir sobre o desenvolvimento sustentável na sacrifices necessary to build the future reveal the
atualidade. Para tanto, foi realizada pesquisa conflictual and complex relationship underlying
bibliográfica. Sustentabilidade também nos an apparently simple conceptual or taxonomic
remete a uma dimensão temporal pela comparação
problem. While the dominant practices in society
de características de um dado contexto
(economic, political, cultural) are determined
ecológico e sociocultural no passado, presente
by the elites of power; these same elites are
e futuro. O primeiro serve como parâmetro de
also the main references for the production and
sustentabilidade, enquanto que o último requer
dissemination of ideas, values and collective
a definição do estado desejável da sociedade
representations. Thus, the strength and legitimacy
no futuro. Experiências políticas passadas,
of sustainable development alternatives will
que tentaram impor às gerações presentes os
sacrifícios necessários para construir o futuro depend on the rationality of the arguments and
revelam o relacionamento conflituoso e complexo options presented by the social actors competing
subjacente a um problema aparentemente simples in the political and ideological areas.
conceitual ou taxonômico. Enquanto as práticas
dominantes na sociedade (econômica, política, KEYWORDS: Sustainability. Society. Ecology.
cultural) são determinadas pelas elites de poder;
essas mesmas elites são também as principais 1. INTRODUÇÃO
referências para a produção e disseminação
de ideias, valores e representações coletivas. De acordo com Pereira (2009) o
Assim, a força e a legitimidade das alternativas desenvolvimento sustentável depende do
de desenvolvimento sustentável dependerão
da racionalidade dos argumentos e opções equilíbrio dinâmico entre três pilares, o econômico,
apresentadas pelos atores sociais que competem o social e o ambiental. O desenvolvimento
nas áreas política e ideológica. econômico refere-se à geração de riqueza, a
PALAVRAS-CHAVE: Sustentabilidade. proteção ambiental diz respeito aos impactos no
Sociedade. Ecologia. sistema natural e social e a inclusão social aborda
ABSTRACT: This article aims to reflect os problemas relacionados com a má distribuição
on the current sustainable development. For de rendimento, saúde e oportunidades. O
this, a bibliographic research was carried out. conceito de desenvolvimento sustentável
Sustainability also brings us to a temporal
dimension by comparing characteristics of a surgiu a partir do termo ecodesenvolvimento,
given ecological and sociocultural context in apresentado na Conferência de Estocolmo em
• uma maior ênfase na conservação dos recursos naturais e dos sistemas de base sobre os
quais todo o desenvolvimento depende;
• Dimensão económica: deve ser avaliada mais em termos macrossociais do que apenas
por meio de critérios pontuais de lucratividade empresarial, com o intuito de promover
mudanças estruturais que atuem como estimuladores do desenvolvimento humano sem
comprometer o meio ambiente natural.
É neste cenário que o conceito de Sustentabilidade surge como requisito básico para a
sobrevivência das empresas no mercado. Ele e outros diversos termos, que normalmente são
confundidos como seus sinônimos (marketing social, cidadania corporativa e filantropia empresarial,
entre outros), têm-se instalado como um discurso que sugere a rearticulação do papel das empresas
na Sociedade. São incontáveis os exemplos de empresas que procuram demonstrar em sua gestão e
em sua comunicação o compromisso com questões sociais. De uma forma geral, os seus objetivos
estão além de simplesmente informar. Pode-se dizer que, ao comunicar ações que refletem algum
compromisso com a Sustentabilidade, as empresas procuram fazer com que ela se transforme numa
vantagem competitiva (EVANGELISTA, 2010).
Sendo assim, este manuscrito tem por objetivo refletir sobre o desenvolvimento sustentável
na atualidade.
2. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Para Torresi et al. (2010) a percepção da maioria das pessoas é que a sustentabilidade está
relacionada apenas às emissões de gases para a atmosfera como, por exemplo, o gás carbônico, e
que este é o único risco a que o planeta está exposto. Isto é um equívoco. Em realidade este é o
principal problema, mas não é o único. Desenvolvimento sustentável não se restringe apenas a uma
ação, como reduzir as emissões de gases que causam o efeito estufa. Se realizarmos apenas ações no
sentido de reduzir as emissões dos gases estufa, tememos que o planeta seja alterado de tal forma que,
possivelmente, muitas espécies como as conhecemos agora deixarão de existir.
Segundo Oliveira et al. (2012) os últimos três séculos foram marcados pelas revoluções
industriais e tecnológicas que culminaram com o surgimento de novas técnicas produtivas. Toda
essa mudança fez a capacidade de produção aumentar de maneira acelerada. No entanto, tamanha
velocidade do crescimento e a consequente necessidade de geração de riquezas acabaram culminando
numa série de efeitos colaterais para a sociedade na qual o modelo produtivo se insere, o que levou
a questões sobre a impossibilidade de subsistência. Desde então, essa sociedade passou a enfrentar
o agravamento de problemas como concentração de riquezas, desigualdade social, desemprego,
prejuízos ambientais, novas formas de abordagem em relação ao planeta, dificuldades nas relações
entre as empresas, e destas com a sociedade, além de questões relacionadas à própria possibilidade
de subsistência. Esses fatores fizeram surgir diversas correntes de pensamentos, estudos e pesquisas,
com o objetivo de gerar um modelo que permita aliar estas formas de desenvolvimento com a melhora
da interação humana com o meio ambiente e com outros seres humanos.
A complexidade deste novo contexto social exigiu uma maior cooperação entre as pessoas
para a manutenção da qualidade de vida. Nesse momento, a melhoria da qualidade de vida dava-se
em detrimento do mundo natural, pois a concepção predominante era de luta do homem contra a
natureza. No entanto, as profundas alterações que ocorreram no ambiente natural foram posteriores,
com a Revolução Industrial. Até então, a maior parte das calamidades que afligiam os homens tinham
uma origem natural. A Revolução Industrial veio alterar a situação na medida em que as ameaças
passaram sobretudo a surgir no interior das próprias sociedades (PEREIRA, 2009).
• reativar o crescimento;
Para que estes objetivos sejam alcançados, torna-se necessário a transição para um novo
sistema económico, onde haja uma relação harmoniosa entre produção e consumo em todos e entre
todos os países. Não podemos correr o risco de testar até onde o nosso planeta poderá resistir a este
modelo de desenvolvimento, pois as consequências podem ser irreversíveis. Devemos ampliar a nossa
No entanto, este paradigma mudou. Foi a emergência da equidade social como questão
central. Ela entrou na ordem do dia, influenciada pela noção de que o Desenvolvimento Sustentável
exigia a harmonização de três elementos: proteção ambiental, crescimento económico e equidade
social. De acordo com este novo modelo, uma empresa sustentável é aquela que atua nas três
dimensões: proteção ambiental, apoio e fomento ao desenvolvimento económico, quer seja local,
regional ou global, e estímulo e garantia da equidade social. Sendo assim, as empresas devem adoptar
e aprimorar seus mecanismos de gestão. Uma característica diferenciadora é a visão a longo prazo,
pois a Sustentabilidade adopta esta perspectiva. As ações que compõem este tipo de gestão requerem
algum tempo até que sua execução seja completa e os resultados possam ser identificados. De forma
distinta da filantropia, por exemplo, os programas de Desenvolvimento Sustentável incluem uma
ação conjunta entre Estado e iniciativa privada (EVANGELISTA, 2010; BIEHL E PETRYNA, 2014).
Considera-se que a conservação do meio ambiente deve ser estar inserida em uma política
de desenvolvimento do país, mas é importante enfatizar que ela não pode ser de apenas uma pessoa
ou um governo. O meio ambiente deve ser um cuidado de todos com tudo. Os cidadãos devem
estar permanentemente alertas para os perigos das ações mais indefesas que são realizadas no
meio ambiente. A implementação de ações sustentáveis envolve atos e ações simples como ir a um
supermercado, o uso racional de água nas residências, a manipulação adequada do lixo etc., mas
deve envolver também atitudes radicais quanto ao consumismo exagerado. Cada teoria, doutrina ou
paradigma sobre sustentabilidade terá diferentes implicações para a implementação e o planejamento
da ação social. Instituições e políticas relacionadas à sustentabilidade são construções sociais, o que
não significa serem menos reais. Entretanto, sua efetividade dependerá em alto grau da preferência
dada às proposições concorrentes avançadas e defendidas por diferentes atores sociais.
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Com a intenção de orientar e difundir as técnicas dos ensaios toxicológicos in vivo produzimos
este material com métodos, processos e procedimentos para a realização dos testes de toxicidade
aguda, toxicidade subaguda ou subcrônica e toxicidade crônica in vivo. A abordagem empregada
combina a praticidade da formatação e de fácil leitura e interpretação. Foram utilizadas em linhas
gerais as fontes de referências da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OECD, 1998; OECD, 2002; OECD, 2008a; OECD, 2008b).
Além disso, para testes de toxicidade são utilizados machos e fêmeas. As fêmeas consideradas
para os testes de toxicidade devem ser nulíparas e não-prenhas. Os animais não devem ter grande
variação de peso corporal (±20%).
Em relação as doses, quando se tem conhecimento prévio que determinada dose cause dor e
sofrimento, esta não deve ser testada. Os animais moribundos ou que apresentem sinais de dor devem
ser submetidos à eutanásia. O Documento de Orientação da OECD (2002) descreve alguns critérios
na tomada de decisão de eutanásia.
Ainda, o volume da dose não deve ultrapassar 1 mL/100g de peso corporal, exceto quando
a solução é aquosa, podendo chegar até 2mL/100g de peso corporal. Caso seja necessário diluir o
composto em algum veículo, a água deve ser considerada como a primeira escolha. Para compostos
solúveis em óleo deve ser utilizado óleo de milho para diluição. Caso seja necessário utilizar
outros veículos é necessário que as características toxicológicas do veículo sejam conhecidas. O
grupo controle deve receber o veículo da solução, no volume mais alto usado. As doses devem ser
preparadas pouco antes da administração a menos que a estabilidade da solução por um longo período
seja aceitável.
Todos os testes de toxicidade devem possuir um relatório final e todos os dados necessários
estão descritos no ANEXO A.
2.1 Objetivos:
2.2 Introdução
Além disso, preferencialmente são utilizadas fêmeas com idade entre 8 a 12 semanas. Alguns
estudos mostram que em geral há pouca diferença entre sexos, porém quando há diferenças as fêmeas
são mais sensíveis. Se for utilizado machos é necessário fornecer uma justificativa para tal.
Realizado quando se sabe que determinado composto não é toxico ou apresenta baixa
toxicidade. São utilizados cinco animais, testando uma dose de 2000mg/kg ou excepcionalmente
5000mg/kg. Inicialmente é testado uma dose em um animal, se esse animal morrer é realizado o
teste principal. Se o animal sobreviver são testados em mais quatro animais, totalizando cinco. Estes
cinco animais serão monitorados durante 14 dias após a administração da substância. Se três animais
morrerem durante este período é realizado o teste principal, caso mais de três animais permanecerem
vivos acredita-se que a DL50 é superior a dose teste (Figura 1).
Realizado quando não se tem nenhum dado na literatura sobre o composto ou se sabe que
determinado composto é tóxico. Nesse teste são utilizados 5 animais no total, porém cada animal recebe
uma dose a cada 48 horas. O primeiro animal recebe uma dose baixa (dificilmente é tóxica), caso esse
animal não venha a óbito ou não apresente sinais de toxicidade, após 48 horas, é administrado em um
Durante a sequência se algum animal morrer ou aparecer moribundo, o próximo animal deve
receber uma dose menor.
Durante as 48 horas cada animal deve ser observado. Caso não haja sinais de toxicidade ou
óbito com 2000mg/kg ou 5000mg/kg indica que a DL50 é superior a essas dosagens. Os resultados
desse teste permitem com um software estimar um intervalo de confiança.
É utilizada apenas quando uma dose superior a 2000mg/kg pode produz resultados benéficos
para saúde ou meio ambiente. Quando adotada é necessário justificar, visto que, pode causar dor ou
desconforto ao animal.
A dose deve ser administrada de uma única vez utilizando o método de gavagem, caso não
seja possível administrar em uma única dose ela deve ser fracionada e administrada em um período
que não exceda 24 horas.
Deve ser realizada a triagem hipocrática em cada animal durante os primeiros trinta minutos,
nas primeiras 24 horas e diariamente por 14 dias. Todas as observações devem ser registradas, bem
como aparecimentos de sinais tóxicos e período de duração.
Peso corporal deve ser aferido antes da administração da dose e no mínimo uma vez por
semana. Antes da eutanásia é necessário pesar o animal para possível cálculo de peso relativo.
A análise macroscópica deve ser realizada em todos os animais, inclusive aqueles que foram
a óbito durante os 14 dias. A análise microscópica (histologia) pode ser realizada, porém não é uma
exigência para o teste de toxicidade aguda.
A OECD não descreve quais órgãos devem ser avaliados na análise macroscópica para o teste
de toxicidade aguda. A literatura tem avaliado: coração, pulmão, baço fígado, rim, útero e ovário
direito (SOUZA et al., 2014; LIMA et al., 2017; BRANQUINHO et al., 2017).
3.1 Objetivos:
a) Verificar a segurança de doses repetidas durante um curto período de tempo (28 dias) após
a informação inicial sobre a toxicidade aguda;
3.2 Introdução
Após a realização da toxicidade aguda é realizado o teste de toxidade subaguda. Esse teste
consiste na administração diária de doses durante um período de 28 dias. Neste teste são utilizados
animais de ambos os sexos, após o desmame ou antes de completar nove semanas.
Realizado quando nenhum efeito tóxico é esperado na dose 1000mg/kg/dia. Dessa forma, são
utilizados dois grupos: a) grupo 1000mg/kg b) grupo controle. Cada grupo deve conter dez animais,
cinco fêmeas e cinco machos.
É realizado quando não há muitas informações sobre o composto teste. Nesse teste é necessário
pelo menos três grupos com doses graduadas e um grupo controle. Cada grupo deve conter dez
animais, cinco fêmeas e cinco machos.
As doses devem ser selecionadas com base nos dados de toxicidade disponíveis ou objetivo
do composto. A dose mais alta deve ser escolhida com objetivo de induzir efeitos tóxicos, entretanto,
sem causar morte ou sofrimento grave ao animal.
Deve ser considerado a inclusão de um grupo satélite de dez animais, cinco fêmeas e cinco
machos, no grupo controle e na dose máxima.
Esse grupo receberá o composto por 28 dias e permanecerá em observação por no mínimo
14 dias após o tratamento. A existência deste grupo é importante para observar a reversibilidade,
persistência ou atraso na ocorrência de efeitos tóxicos relacionados à administração do composto em
teste.
O composto a ser testado pode ser administrado via gavagem, via dieta ou água potável. O
método de administração oral depende da finalidade do estudo e das propriedades físicas/químicas
do composto.
A administração das doses deve ser realizada em horários semelhantes todos os dias e ajustadas
conforme o peso do animal.
Deve ser realizada durante os 28 dias e mais 14 dias (grupo satélite), segue as mesmas
especificações da toxicidade aguda.
Peso corporal deve ser aferido pelo menos uma vez por semana. O controle do consumo
alimentar e hídrico deve ser realizado semanalmente.
A análise macroscópica deve ser realizada em todos os animais. Deve ser avaliado
macroscopicamente os órgãos: fígado, rins, glândulas suprarrenais, testículos, epidídimo, próstata
com vesículas seminais, útero, ovários, timo, baço, pulmão cérebro e coração. A aferição do peso dos
órgãos deve ser realizada o mais rápido possível, vale ressaltar que os órgãos de camundongos são
pesados em balança analítica devido ao seu tamanho e com ratos é possível utilizar uma balança semi
analítica.
A análise microscópica deve ser realizada nos órgãos e tecidos de todos os animais nos grupos
controle e maior dose. Caso apresente anormalidades é necessário realizar a análise nos demais
grupos. A OECD não descreve quais órgãos devem ser realizado a análise microscópica, mas a
literatura utiliza: coração, pulmão, baço fígado, rim e órgãos reprodutores (TRAESEL et al., 2014;
BRANQUINHO et al., 2017).
Devem ser avaliados: sódio, potássio, glicose, colesterol total, ureia, creatinina, proteínas totais
e albumina, pelo menos duas enzimas indicativas de efeitos hepatocelulares (alanina aminotransferase,
4. TOXICIDADE CRÔNICA
4.1 Objetivos
a) Verificar a segurança de doses repetidas (90 dias) durante um longo período de tempo;
4.2 Introdução
Após a realização da toxicidade subaguda é realizado o teste de toxidade crônica. Esse teste
consiste na administração diária de doses durante um período de 90 dias. Neste teste são utilizados
animais de ambos os sexos, após o desmame ou antes de completar nove semanas.
Realizado quando nenhum efeito tóxico é esperado na dose 1000mg/kg/dia. Dessa forma, são
utilizados dois grupos: a) grupo 1000mg/kg b) grupo controle. Cada grupo deve conter vinte animais,
dez fêmeas e dez machos.
É realizado quando não há muitas informações sobre o composto teste. Nesse teste é necessário
pelo menos três grupos doses e um grupo controle. As doses são selecionadas conforme teste de
toxicidade subaguda. Cada grupo deve conter vinte animais, dez fêmeas e dez machos.
Deve ser considerado a inclusão de um grupo satélite de dez animais, cinco fêmeas e cinco
machos, no grupo controle e na dose máxima. Esse grupo receberá o composto por 90 dias e
permanecerá em observação após o tratamento (a OECD não indica o número de dias de observação
para toxicidade crônica).
O composto a ser testado deve ser administrado em dose única, via gavagem, via dieta ou água
potável. O método de administração oral depende da finalidade do estudo e das propriedades físicas/
químicas do composto.
4.7 Parâmetros avaliados
Deve ser realizada durante os 90 dias e durante os dias de observação do grupo satélite, segue
as mesmas especificações da toxicidade aguda.
Peso corporal deve ser aferido pelo menos uma vez por semana. O controle do consumo
alimentar e hídrico deve ser realizado semanalmente.
A análise macroscópica deve ser realizada em todos os animais. Deve ser avaliado
macroscopicamente os órgãos: fígado, rins, glândulas suprarrenais, testículos, epidídimo, próstata
com vesículas seminais, útero, ovários, timo, baço, pulmão, cérebro e coração. A aferição do peso dos
órgãos deve ser realizada o mais rápido possível.
A análise microscópica deve ser realizada nos órgãos e tecidos de todos os animais nos grupos
controle e maior dose. Caso apresente anormalidades é necessário realizar a análise nos demais grupos.
A OECD não descreve quais órgãos devem ser realizado a análise microscópica, porém sugere que
qualquer anormalidade seja avaliada.
A análise microscópica deve ser realizada nos órgãos e tecidos de todos os animais nos grupos
controle e maior dose. Caso apresente anormalidades é necessário realizar a análise nos demais
grupos. A OECD não descreve quais órgãos devem ser realizado a análise microscópica, mas a
literatura utiliza: coração, pulmão, baço fígado, rim e órgãos reprodutores (TRAESEL et al., 2014;
BRANQUINHO et al., 2017).
É necessário relatar e justificar todos os dados pertinentes ao teste de toxidade aguda. Os seguintes
dados devem ser descritos:
3. Animais: espécie, estado microbiológico, número, idade e sexo dos animais, condições do
ambiente e alimentação.
4. Teste:
4.1 Toxicidade aguda: justificativa para seleção de dose inicial e fator de progressão de dose;
detalhes da formulação do composto, volume de dosagem e tempo de dosagem.
4.2 Toxicidade subaguda e crônica: seleção de doses, detalhes da formulação do composto, volume
de dosagem e tempo de dosagem. Se for o caso, conversão da concentração da substância em estu-
do na dieta/água de beber (ppm) para a dose real (mg/kg/dia).
5. Variáveis:
5.1 Toxicidade aguda: descrição de peso corporal, triagem hipocrática, achados da análise
macroscópica e microscópica, quando realizado, de forma individual. Resultados dos dados
da DL50 e tratamento estatístico de todos os resultados, comparados ao grupo controle.
5.2 Toxicidade subaguda: descrição de peso corporal, triagem hipocrática, achados da análise ma-
croscópica, microscópica, hematológica e bioquímica.
5.3 Toxicidade crônica: descrição de peso corporal, triagem hipocrática, achados da análise macros-
cópica, microscópica, hematológica e bioquímica e exame oftalmológico.
7. Conclusão
4. AVALIAÇÃO DE REFLEXOS
Auricular e corneal: Trata-se de comprovar se o animal responde a excitação provocada por coto-
nete de algodão nas regiões auriculares e corneal, através de movimentação sensitiva do pavilhão
auricular e/ou com fechamento das pálpebras.