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ESBOÇO DA LIÇÃO

INTRODUÇÃO
I – A DOUTRINA DA INSPIRAÇÃO BÍBLICA
II – INSPIRAÇÃO DIVINA E OS AUTORES DA BÍBLIA
III – O ESPÍRITO SANTO E A BÍBLIA
CONCLUSÃO

Esta lição apresenta três objetivos para os professores atingirem em suas aulas:

1. Refletir que a própria Bíblia reivindica sua inspiração divina;


2. Evidenciar que as limitações humanas não anulam a inspiração divina da Bíblia;
3. Explicitar que o Espírito Santo atua na regeneração e iluminação do pecador e, por isso, nos ajuda a compreender
as Escrituras.

Trabalhar a importância da doutrina da Inspiração Divina da Bíblia é a proposta desta lição. É preciso mostrar aos
alunos que a Bíblia não é um livro comum, mas singular. Ela tem uma origem divina, pois sua inspiração não seu
deu por vontade humana.

Não por acaso, na revista do Professor, trazemos algumas sugestões que, no aluno, podem despertar um interesse
especial pelo tema. Por isso, para ambientar a classe com o assunto, sugerimos que você compare a influência da
Bíblia com a influência de clássicos da Literatura Universal, conforme apresentamos em sua revista de professor, na
seção Plano de Aula, mais especificamente na subseção  Motivação.  A partir daí podemos explorar a razão de a
Bíblia ser muito mais poderosa e influente que essas magnas obras.

Para atestar a singularidade da Bíblia, os tópicos acerca da mecânica da inspiração dos autores, sua limitações e os
diferentes gêneros literários e figuras de Linguagem, reproduzimos um fragmento textual da obra “A Supremacia
das Escrituras”, do pastor Douglas Baptista, comentarista da revista Lições Bíblicas deste primeiro trimestre:

1. A Inspiração dos Autores


O Espírito Santo garantiu a liberdade dos escritores bíblicos conforme a capacitação de cada um.
Portanto, a Bíblia possui particularidades quanto ao gênero literário, gramática, vocabulário e outros.
Apesar disso, reafirma-se que os autores não se tornaram intérpretes do divino. Isso porque Deus não
inspirou aos escritores apenas os pensamentos ou as ideias. Desse modo, reitera-se que o Espírito Santo
também inspirou cada uma das palavras que expressam com exatidão a mensagem divina (1 Co
2.10,11). Nessa concepção, J. I. Packer, ao formular a ideia bíblica sobre a inspiração dos autores,
estabelece quatro pontos a ser considerados, os quais são:

(1) A ideia não é a do ditado mecânico, ou escrita automática, ou qualquer outro processo
que envolva a suspensão da ação da mente humana do escritor; (2) O fato de que, na
inspiração, Deus não obliterou a personalidade, estilo, perspectiva e condicionamento
cultural do escritor não significa que seu controle sobre eles fosse imperfeito ou que no
processo de registrar por escrito a verdade que tinham recebido para transmitir
inevitavelmente a distorcessem; (3) A inspiração não é uma qualidade ligada às alterações
que foram se introduzindo à força no curso da transmissão do texto, mas está vinculada
apenas ao texto como originalmente produzido pelos escritores inspirados; e (4) A
inspiração dos escritos bíblicos não deve ser igualada com a inspiração das grandes obras
da literatura […] A ideia bíblica da inspiração não se relaciona com a qualidade literária
do que é escrito, mas com sua característica de ser revelação divina escrita. (COMFORT,
1998, p. 57,58).

Essas considerações demonstram que a participação humana na produção das Escrituras foi a de
transmitir de modo fidedigno a mensagem recebida. Essa mensagem veio diretamente de Deus, isso
significa que a Escritura é a Palavra de Deus, tendo o homem como instrumento para escrevê-la.
Portanto, embora cada autor fizesse uso de estilo literário próprio, a Escritura é de inteira criação
divina.

2. As Limitações dos Autores


Os escolhidos por Deus para escrever a Bíblia eram pessoas assim como nós, inclinadas às mesmas
paixões e falhas (Tg 5.17). Moisés, por exemplo, mesmo sendo o autor do Pentateuco, foi impedido de
entrar na Terra Prometida porquanto transgredira contra o Senhor no deserto de Zim (Dt 32.51,52). O
rei Davi, a quem é atribuída a autoria de setenta e quatro dos salmos, cerca da metade dos salmos da
Bíblia, cometeu adultério com Bate-Seba, maquinou e ordenou o assassinato do marido dela, o capitão
Urias (2 Sm 11.3-15) Dos autores do Novo Testamento, a fé do apóstolo Pedro era volúvel. Por ocasião
da prisão de Jesus, ele puxou da espada e arrancou a orelha de Malco, servo do sumo sacerdote (Jo
18.10). Em seguida, na casa do sumo sacerdote, negou ao Senhor por três vezes (Jo 18.16-27). A
Escritura também registra que ele era homem sem letras e indouto (At 4.13); provavelmente por essa
razão precisou de Silas para escrever a sua primeira Epístola (1 Pe 5.12), o que justifica a diferença
literária com a sua segunda Carta. Entretanto, nenhum texto das Escrituras, quanto à sua inspiração e
veracidade, está condicionado às limitações de seus autores humanos (2 Co 4.7).

3. Os Diferentes Gêneros Literários e Figuras de Linguagem


Cada autor bíblico fez uso de gêneros literários distintos. Todo um livro ou partes de um livro refletem
o estilo de escrever de seu autor. Leland Ryken leciona que “uma conscientização do gênero pode
programar nossa leitura de certa passagem, dando-lhe uma forma familiar e permitindo que os detalhes
incidam em um padrão identificável. Saber como atua um determinado gênero também pode nos ajudar
a evitar fazer uma interpretação errônea do texto”. (COMFORT, 1998, p. 174) Portanto, o estudante das
Escrituras não pode negligenciar a abordagem literária da Bíblia. Contudo, jamais deve se esquecer de
que o texto é, sobretudo, o resultado da inspiração divina.

Dentre os gêneros literários, a narrativa é a forma dominante na Bíblia. Gordon Fee estima que mais de
40% do Antigo Testamento é narrativa, tais como Gênesis, Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2
Crônicas, Esdras, Neemias, Daniel, Jonas e Ageu. No Novo Testamento, parcela dos Evangelhos e
grande parte do livro de Atos também são narrativas. (FEE, Gordon; STUART, Douglas. 2001, p. 63.)
As narrativas registram as histórias tal qual elas ocorreram com o propósito da mostrar Deus agindo
nas obras criadas e entre o seu povo. As narrativas podem ensinar explícita ou implicitamente. Cabe ao
intérprete, por meio das regras da hermenêutica e iluminação do Espírito Santo, distinguir a presença
ou não de princípios doutrinários a ser seguidos pela Igreja.*

Acrescenta-se às narrativas, entre outros estilos e técnicas literárias, uma porção significativa de
escritos sapenciais e poéticos: poesia (Jó, Salmos e Cânticos); prosa (Eclesiastes); provérbios (livro de
Provérbios). Temos ainda os Evangelhos e as Epístolas. Os autores sagrados também fizeram uso de
figuras de linguagem, tais como: o emprego de parábolas e enigmas (Jz 14.14; Ez 17.2); de alegorias
(Gl 4.22-24; Hb 9.9); de hipérboles (Jo 21.25; Cl 1.23); de metáforas e símiles (Zc 2.8; Tg 3.3-5); de
vocabulário simples ou rebuscado a depender do grau de instrução do autor (2 Pe 3.15,16). O emprego
dos recursos literários evidencia o grau de cultura do escritor, mas em hipótese alguma invalida a
inspiração ou a autoridade da Palavra de Deus (Pv 2.6; Tg 1.17).

(BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras:  A Inspirada, Inerrante e Infalível Palavra de Deus.  1.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2021, pp.17,18).

*Não confundir com o conceito herético da “teologia narrativa”, cuja proposta é entender a Bíblia não como obra
proposicional, que apresenta doutrinas, mas tão somente como uma grande narrativa devocional que deve ser lida e
interpretada sem preocupação com as regras de hermenêutica. (DANIEL, Silas. A sedução das novas teologias. Rio
de Janeiro: CPAD, 2007, p. 75.)

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