Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Apostila Disturbios Do Crescimento e Diferenciacao Celular
Apostila Disturbios Do Crescimento e Diferenciacao Celular
DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO E
DIFERENCIAÇÃO CELULAR
INTRODUÇÃO
Na maioria dos tecidos e órgãos ocorre também renovação celular, isto é, a população de
células é renovada em um ritmo próprio de cada tecido. Alguns tecidos (tecidos lábeis), como
é o caso dos epitélios de revestimento, do epitélio germinativo masculino e das células da
linhagem hematopoética, conservam um alto índice mitótico durante toda a vida do indivíduo.
Outros tecidos (tecidos estáveis) apresentam normalmente um baixo índice mitótico, como é o
caso dos tecidos conjuntivo, cartilaginoso e ósseo, das glândulas etc. Até há pouco tempo se
pensava que nos tecidos cujas células adquirem um alto grau de especialização
(diferenciação) é perdida a capacidade de renovação (multiplicação celular), como é o caso
dos neurônios e das células musculares estriadas (tecidos perenes). Existem hoje comprovações
de que, pelo menos em algumas áreas do sistema nervoso central, pode ocorrer multiplicação
de células progenitoras que dão origem a novos neurônios, um processo denominado de
“neurogênese”.
2
DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR – Mário Bevilaqua, 2015
3
DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR – Mário Bevilaqua, 2015
e, por outro, pelo ritmo de apoptose (morte celular programada, pela qual células idosas,
defeituosas ou supérfluas são induzidas a cometer suicídio).
Em resposta a estímulos fisiológicos ou patológicos, externos ou internos, geralmente
transitórios, podem ocorrer variações não só no crescimento e multiplicação das células mas
também na sua diferenciação, levando-as a um novo estado de equilíbrio, melhor adaptado às
novas exigências funcionais. Ocorrem assim as adaptações celulares, geralmente reversíveis e
úteis. Existem também as alterações de crescimento e diferenciação celular que não cumprem
uma finalidade adaptativa e podem tornar-se irreversíveis e prejudiciais.
1. ATROFIA
Etiologia
4
DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR – Mário Bevilaqua, 2015
Na atrofia por desuso, a inatividade funcional de um tecido ou órgão é o fator responsável pela
diminuição de volume. Ela pode ocorrer nos músculos esqueléticos de membros imobilizados
por gesso ou aparelhos ortopédicos, no processo alveolar de indivíduos desdentados, no
músculo mastigatório e nos ossos maxilares de pessoas com paralisia da articulação
temporomandibular.
Prognóstico
As atrofias são, no geral, adaptações celulares reversíveis, isto é, removido o estímulo adverso
o tecido tende a readquirir seu volume e nível de atividade funcional normais. Caso o estímulo
permaneça, superando a capacidade adaptativa das células, acontece a lesão e morte celular -
nestes casos, se o tecido especializado for substituído por tecido conjuntivo fibroso (fibrose),
seu volume original pode não ser readquirido. A atrofia senil é progressiva e irreversível, dada
a irreversibilidade do próprio processo de envelhecimento.
5
DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR – Mário Bevilaqua, 2015
2. HIPERTROFIA
Etiologia
6
DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR – Mário Bevilaqua, 2015
Para que ocorra hipertrofia, as células devem ser requisitadas a aumentar o nível de trabalho
para o qual se especializaram (especificidade do estímulo). Além disso, o tecido deve ser
íntegro estrutural e funcionalmente e é necessário que ocorra um aumento da irrigação, para
garantir um maior aporte de oxigênio e de nutrientes.
Prognóstico
3. HIPERPLASIA
Etiologia
Como exemplo, temos a hiperplasia dos gânglios linfáticos, que pode ocorrer durante as
infecções, visando uma maior produção de leucócitos.
Quando um dos órgãos pares (rim, ovário, testículo) é removido, o órgão remanescente
apresenta hiperplasia compensadora. O aumento da população celular, e conseqüentemente do
nível de atividade funcional, visa a suprir a falta do órgão contralateral ausente. Assim o
organismo pode cumprir normalmente suas funções com apenas um rim, um ovário etc..
Quando ocorre aumento do ritmo de multiplicação celular em um tecido que sofreu perdas,
com o objetivo de repor as células perdidas, pode acontecer que a regeneração exceda o volume
original do órgão. Têm-se então hiperplasias que não cumprem uma função normal e podem
provocar um desarranjo na arquitetura do órgão em questão. Um exemplo típico são os calos
ósseos, que se formam na fase inicial da consolidação de fraturas e que são posteriormente
absorvidos, para garantir a recuperação da arquitetura óssea normal
Prognóstico
9
DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR – Mário Bevilaqua, 2015
Diminuição
de volume aumento de
volume
aumento de
número
4. METAPLASIA
10
DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR – Mário Bevilaqua, 2015
Etiologia
Apesar de ser uma adaptação protetora, a metaplasia escamosa é uma faca de dois gumes: se
por um lado a transformação do epitélio torna-o mais resistente às agressões, por outro são
11
DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR – Mário Bevilaqua, 2015
Prognóstico
A metaplasia escamosa é uma adaptação celular reversível, isto é, o tecido pode voltar à
normalidade uma vez removida a ação do agente irritante. Um aspecto importante da
metaplasia escamosa é que ela é uma alteração potencialmente cancerosa (pré-maligna). Dados
clínicos e experimentais mostram que tecidos em que ocorreram modificações nos processos
de multiplicação e diferenciação celular têm maior probabilidade de dar origem ao câncer.
Assim, os estímulos que levam à metaplasia escamosa, se persistentes, podem provocar a
transformação cancerosa do epitélio metaplásico.
5. DISPLASIA
12
DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR – Mário Bevilaqua, 2015
A displasia fibrosa do osso é uma entidade patológica adquirida, ainda mal compreendida e de
etiologia desconhecida, que pode acometer um ou vários ossos do organismo. Ocorre
substituição do osso normal por tecido conjuntivo fibroso, ao qual entremeiam-se trabéculas
ósseas dispersas e pobremente calcificadas. Dependendo de sua localização, provoca graves
distorções nas costelas, fêmur, tíbia, órbita ocular, nariz e mandíbula.
A displasia epitelial é uma alteração não-adaptativa adquirida que pode ocorrer nos epitélios
estratificados de revestimento e se caracteriza por um aumento da proliferação associado a
diferenciação celular atípica, envolvendo alterações de tamanho, forma e organização. Ela é,
portanto, uma alteração de crescimento e de diferenciação celular. Seu aspecto histológico inclui
algumas ou várias das alterações descritas a seguir:
13
DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR – Mário Bevilaqua, 2015
Etiologia
A displasia epitelial pode ocorrer no epitélio estratificado das mucosas em decorrência de:
♦ agressões físicas ou químicas prolongadas,
♦ inflamações/infecções crônicas de longa duração.
14
DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR – Mário Bevilaqua, 2015
hiperpla
sia da
camada
espinho
sa
(acantos
e)
displasia epitelialanaplasia
leve → moderada → severa
(câncer)
metaplasia escamosa
Prognóstico
A displasia epitelial é uma alteração reversível: com a remoção do estímulo o epitélio pode
retornar ao normal. Esta alteração, no entanto, apresenta uma forte associação com a
transformação maligna das células, sendo considerada potencialmente cancerosa
6. ANAPLASIA
15
DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR – Mário Bevilaqua, 2015
Características Histopatológicas
Na anaplasia usualmente ocorre uma alteração na relação normal de volume do núcleo pelo
volume citoplasmático, com núcleos desproporcionalmente grandes e hipercorados, que é uma
expressão morfológica de poliploidia, comum nas transformações anaplásicas. São também
comuns os nucléolos numerosos e anormalmente grandes. É um
Prognóstico
16
DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR – Mário Bevilaqua, 2015
normais do organismo, invadindo os tecidos vizinhos, podendo inclusive penetrar pela parede
de vasos sangüíneos, dispersando-se para áreas distantes do local de origem, via corrente
circulatória (metástase).
7. ALTERAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO
17