Clínica Psicanalítica Fábio Herrmann

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- FABIO HERRMANN CLINICA PSICANALITICA meee DA |NTERP o editora brasiliense SUMARIO Rees... 9 1. A Hora do Estilo ......... 13 2. Uma Teoria para a Clinica 21 3. A Moldura da Clinica .. PROLOGO Os livros que ensinam a prdtica analitica geralmente dizem 0 que se deve fazer com os pacientes, que temas h4 de abordar a interpretagio. Para isso, tomam como referéncia diferentes histérias hipotéticas do homem, reti- rada cada qual de uma corrente tedrica predileta, € pro- pdem que cabe ao analista ajudar o cliente a completar seu desenvolvimento psiquico, segundo os ideais do modelo adotado. Por essa razao, a imagem que fornecem do processo analitico € um tanto semelhante & de uma vida psiquica em ponto pequeno; 0 analisando deveria reeditar sua historia infantil ou a histéria de todos os | bebés humanos, refazer o percurso que leva a ‘‘pensar © pensamento’’, a estabelecer boas relagdes objetai adquirir acesso ao plano simbdlico ou ao nivel genital da sexualidade, segundo a versio escolhida. Este livro, todavia, tem um escopo distinto. Ele nao quer tanto mostrar 0 que se deve interpretar, mas que vem a ser a interpretacao psicanalitica e« como se inter- preta, donde seu subtitulo: ‘‘A Arte da Interpretagao rincfpio, serve portanto a todas as correntes tedri- psicandlise e 4 maior parte das terapi: jas interpreta- ndo como fazer, pode-se alcangar mais de a com 0 mesmo método, cumprindo o programa jualquer teoria, ou da combinagao de pode chegar, se bastante dotado para o oct a compre, der como se interpreta em geraly apenas tender, fom tera probablidade, a repetir por longi tempo o conteide das imexpretagies ensinadas, no tmportando tan ‘cahem ou nio.a cero pacent CAPITULO 1 A HORA DO ESTILO Quase com certeza, este € um texto escrito antes dda hora. Propor um estilo linico pressupde possulo, endo essa uma questio onde 0 tempo € soberano. Na nica pricanaliiea, o estilo vem da sedimentagao e da Sepuragio. Influéncias sucessivas de professores, de leit an, de modelos vérios, mesmo de pacientes, vem dispor- se como camadas sucessivas que, primeiro, devemos aco- Ther numa quase passividade. Sé depois que as mais bis ‘as delas se consolidaram € que estamos aptos a nos dei ar cobrir pelas seguintes. E s6 bem depois, quando diversos niveis de estraificacio j& se superpoem, uma ‘especie de corte auto-rellexivo revela-nos quem somos, ‘como nos formamos. Esse € 0 delicado momento de see GGonar, dentre tudo 0 que somos, 0 que queremos ser ‘ha clinica, depurando certasinfluéncias,rejitando outras, imitando cautelosamente aquilo que de mais precioso j& “nosso i ico AMO HERRON eer ene eer ee Be este fo sera olen ne Gaim ae ee Sees ane Peete Pernt Gil, Tenho notado, em colegas mais ovens, ane at {Goltpcn iphasieas etce eens fl SoeiPesadin cree. ee Ort te ect al eas cars ina ae eee een ee eee con oe erate ran ee Se anne: ee rene a ee eee era ee ce Troe en aerate ea oncagen e eee ee cae ees ee ae Te tenance pee mesimret ee sesncauicrcc cs pe maiakee scene cect. eet eee, ea eg ede egy ancrt ee ere eee nsnagenicso ns ee ee ae oregaecnig a i eeere et ire tactcan > ee te acy mand over erase cetacean coc ‘nicar, pois foi convencido de que s6 0 fara se dispuser {i "idenidadeprofstonal ©) repltado final dese Ree pretensio de passarem, todas e cada uma, pelo tude 2 Reipinn sedrindo «Poca 3a propria Iodide Dist revlon, ej ct, um pouco de cont © bastante angustia, mas penso que valeu a pena $05 Miinicotem-ac nourigo de uma reflexto cries Mote‘os fundamentor da Psicandise « nada me agrada- mais do que partihar essa reflexao com 0 trapeuta Iniante que appr raatharpcanaliicamente, dent tifora de qualquer corrente ou instituigao. Para tanto, re ert malnor caminko. © lor exh menos pro: fens a se influenciar do que o supervisionando, por Excmpio: letor considera, david, critica, enguanto texto, por seu lado, nunca se scnte magoado com isso Eate opisculo, por consequinte, deve ser encarado, de inicio, como um convite disreto que se dirge ao bom Senso'do candidato a terapeuta, ainda nfo tomprome {ido excesivamente por eacolhas definivas. Que ponha ‘de parte provisoriamente as opgdes teorieas que fer ou teredita ter feito e acompanhe-me nesta meditaslo pre: oce sobre os fundamentos da pratica clinica € tudo que Ihe peco. Dor analistas experientes que porventura 0 leiam, pego a mesma coisa: que, por um momento, vol tem a senti-se como iniciantes, que se permit expe- ‘imentar uma ver mais o Sabor agridoge © matinal da See ietlaneeesnts «Mas isso j& nos conduz ao segundo motivo que jus to. Minha rellexdo sobre os fundamentos ‘da Psicandlise temrse convertido numa obra relativa: Iniciamtes a profso, Tentare aqui corrigir casa ° ‘uma = so, para o ue apreso-me a dar uma exlicace fu linica praticével, partindo de seus fundamentos comuns ‘n0 método da Psicanslise ‘Explico. Nas diferengas elinicas entre as escolas hi, ‘come ponto de partida, historias desiguais do individuo ‘bumano, mas uma comum suposicio de que € sua ‘Gria do homem’”, em especial, que se ha de repetie na anise. Por exempio, quando umm analista Kleiniano afrma ‘que no inicio do tratamento € forgoso interpretar as ang ‘das exquizo-parandides, esta supondo duas coisas, a saber cols, deci formolar a questo de out mado. ‘Sine. crainecnon a clinica que 0 analuande Corn ata medida durante 0 proceso analco. Gioktemtreime portanto em perguntar: qual a origem ‘desa recriag, 0 que instiga durante otra Protec que ordem segue? Numa palavra, recuso-me mectar sobre a andlise uma das diferentes verses seen origem infantil do homem, contentando-me SieTinwestgar-o que extd a mew alance, a logica da cr {Bo Go homem psicanalftca, vale dizer, dos pacientes fim condigio de and ‘Por conseguinte minha “toria” —insisto nas aspas porque nio se tata de uma tcoria como a de Klein ou a Se'Hartmann, por exemplo, mas quando muito de uma ‘apécie de metateoria — nao.compete com as demais nem SSprocura suplantar, esta servigo da clinica, do funda: fnento de todas as clinias. Todavia, esse Feito inabitual {em dificultado sua compreensio. O leitor com frequén- ‘da parece desriemtado, nao sabendo ao certo a que se fefereim minhas abservagBes. £ ici ao hornem pieanali- tio, a0 ser psiguico que o proceso analic reinventa © Be em evidencia. Contadar veacs tento 0 tlto para 0 Thomem em geal esse desconhecido. Procure ser rigoros, tanto na pratiea de-consultério quanto na escrita, no tocante ao estatuto de minhas conclusoes, que decorrem, como se vé, de um prj ‘amplo, por um lado, ea eo sesame. rx Deixe-me etclarecd-lo para vor, leitor exigente que seas preciso em questGes de metodo, Confromtado com ‘© cardterproblematico de muitas day airmaes das esco- | como relexo do méodo utlizado, S6 depois de as “Glarecdo, pode the junta a care das toras die fee pear on homens tedricon de cada corrente acre lien. Nese sentido, talvez esteja fazendo metatcona, tno porque tenha criado uma teoria daa teoree rt porque proponho tazer © método da Psicanaine & cn Svdusoperagdes que le prevé para a clinica, decrnon ger omen cus formes de verncidade podem terre ‘Sox picanaliicos ~ afinal hd muitar maneisas Gece eee don de verdade © muitas verdades diferentes O wean 4c epitemologia interna, de que resultam metateone {eralmente produs comentirios sobre forma de ser des Solas de urns cidnciae delimita, cm pardcule, 6 Sat ‘tas no podem scr legiimamente; send, porer, a tic uma inca em acio, nio a apicagio de conhec tmentoretabelecdos, a epixtemologin dos Anda ultra fan a mera critica teria © realea a agao de que fal, fhm 36 tempo. Partindo do método psicanalitco, desc: tre que este post expesture ontolgicsimusual, que ‘enciae sigue: estate essa meteor de comtina o que pode ner 0 objeto prquico que 0 metodo ontém potencialmentc,dedur suas propredades geri, Sim como © que se deve fazer para o desvear chica ‘mente e operar no sentido da cura. Beir, a rigor, © papel de uma teora em acto dese fazer. Reconheso de tom grado que ral dejo de preciaio difcuta a comon- ‘acio de minhas as, que soam um tantinho abstratas Parccerabsrato € 0 prego ifonico de querer ser absol~ faimente cncreo: pois nao so nosso nico ponto de Pat~ tida concreto, na clinica, de um lado o método € de outro © paciente em condigio de. peal Pois bem, o AHORA DO ESTILO » ‘hegio de um aparctho psiquico reificado. Pois, com a m isicanaltca, buscamos elucidar primar ier opin das emogies presents; shuminagdes da frees cris ct bimeimeandarios, ov, em palavras evangéicas, nos 50 got aero acréscimo, Nosta meta, portanto, €cstudar 0 des Meanaferencial, para conhecer como deve se © pro capitenia do tcrapeuta que pretenda dee se valer. De aim, comparecera0 aqui varios concitos dos Anda Paente al, resumidos a sas conclusbes © inseridos em 7 Gmbito proprio: a histGria do homem psicanalitica [Sieompletamente compreensivl, epito, quando refe- His. cm linha dicta, A prtica clinica que Ihe dd origem. Enudar 0 campo transferencial ¢ iustrar clinica. mente os conectos metodol6gicos dos Andsnes db Rea! quivaleré a matar dois coclhos com urna 26 cajadada? ‘Nem tanto. Os Andaine, como um todo, 380 um ddlogo da clinica com 0 elinico — mesmo quando a clinica € sgcveralisada para ld de scus limites convencionas, (or cm certas paseagens da obra, uma interpreta- ‘da prique em sentido amplo. Direcio- conchisdes para a pratica anaica nfo € mais do que restituirihes 6 Jugar de origem. Nao se trata de tuna apicaguo, As teoriag dos Andaimes © a clinica anal tica ndo perfazem dois objets diferentes. s30 um € © ‘mesmo coelho metadoligico que, por sito agile salta- dor, 96 se dea ver em poses distintas de cada vee ‘Também no merece eajadadas 0 método icanalico nem ov merece sua_contrapartida objetiva, a. psique ‘humana, mas antes que Ihe allsemos carinhosamente 0 él, tanto quando o coelho aparece como insirumen- {0 de saber (método), como quando se mostra sab frm de objeto palquico(homem psicanalitice), Por so, cons CAPITULO 2 UMA TEORIA PARA A CLINICA © consultério psicanalitico um estranho lugar. COcupa um espago fisico e tum espaco social, de regra fem meio 3 agitacio da grande cidade; conjuga analista fepaciente, As vezes uma secretdria; com o tempo, agre- fgamse As pessoas alguns méveis caracteristicos © um ppunhado de rituais — mas sobre isio conversaremos no Dréximo capitulo. Pois, se so um pouco estranhas as za maioria dos casos, pelo fato de certas iene este narem-se pelo terapeuta, a8 veaes por o oliarg ae” nto que 0 paciente confundia a frend inéico com a figura do pal, ovy de form mit ah que uma figura do passado remoto ¢ s _ Infants eram recitadonna unc apa Se se de um jogo de figuras, nio era, portant de" Assim: puna cuidadosamente ai tas do analisando, adaptadas & situacho teal, howls Awansferenciais, expressas por fantatie, Essa obsestergs antiga permanece substancialmente valida. No cntanto, ‘om a evolugdo da clinica, of psicanalistas foram aden twando mais © mais as fantasias dos clientes, até que @ balanga se inclinou para 0 outro lado. Hoje, confesse-o ou nlo, 0 analista eseutao discurso de seu paciente quase que 36 como um conjunto de fantasias que the cabe elo: ‘dar. Quer dizer, tudo, absolutamente tudo 0 que o ana. lisando diz € potencialmente tratado como se fora uma vasta e bela metélora de sua vida animica, de seu estar ‘agora © aqui presente. ra, para tal género de atengio € escuta jé mio faz ie ax atitudes do paciente em reaistase tran ferenciais. Creio que € bem melhor dizer que 0 analists tudo apreende transferencialmente enquanto interpret ‘podendo, por outro lado, entender tudo 0 que ouve num sentido “realista’ € for oportune, O segundo modo THORIA PARA A CLINICA Peators qc dese ciante de nfs, narrando tp analisendo, nto temos por que di pee resttade: Se rs peciente ana ou odcia faa tala de verdade, sente realmente, € Sr dade na Wantetincn.Taler made ae ton mais depressa que no quotidian, pois a com clr a dcirar 09 sentdos de Sas came Mas 0 que sti, sent Ft Pecombo wranaforencal, uma primeira apro simagio, £0 que revela um homem diverso naquele ser Free Gitta nal connate, wm homer desco- soot Simesmo, todavia profundamente verdadero Me nin algo vemelhante nor brinquedos infant, Sele seein wna susie enn para ae 2 Cis pee capers Yesader de urra forma na fingece ainda: ter mie, ter Uandld, eer mors, naxcer ee ea) Arete ea cies tm carps de onal Be esse ene cra ort cores fomoera pce eee tent ae eaeie cna: (hogs de pias erosSes, eu entice desonhecido it {no, Esse home psicanaliico contém tudo 9 que © Sing anerncal © capa de vvear ao cient ¢ to analina. Como uma sombra produrida pao sl das inerpretaccy, ele crate na andive © desfarse com ‘odie, dandy um cones de oto met ai. ee. operacional, digamos. Todas as ‘Srp interpretatvar decane analieoreois tai. fia darn com cle, mesmo sem a taber, Por ins, nossa (ria pars ainica or dreto, uma teorn do ‘ranwferencal ‘mie; do eino animal urge aul ture, Os objctos de tatifagzo inntve fio podem {cr encarados como pura matéria,extentdo imediata do Srpo ede seus apettes. A mateiaidade dé gar 3 rex {dade humana, 0 grito de fome & linguagem. Mas iso to espaco da mentra, convém lembra ‘Rarfistria natural ¢ mesmo na histria pessoal ese movimento. demanda muito tempo, ¢ 0 revliado etitos Podemos supor que muitos espagos fram per we Gpeckes que nao se humanizaram, criancas aie nf LUMA TEORIA PARA A CLINICA as necesidades so imimeras rang e comaierar © propo io emp Jo deci, ae ve. € a vila humana te ton de amano, sue BE, ie ria cg weradeia,na0 OCR starts de po, dia a di. Correspondend mre shade Liga, noo percebemos nara Gue fale, quando ent, reco co ocpaament logo. 2 Segui, perguntsma-nos ‘asombrados copereia, po acer 0310 so nos Maur eu mesmo quem fez 0 que fiz? Sraerencal que vl ee inn primera, cm coma de andline, Chexa 9 paciet, Pry na satiafagao de suas necess claro que Te goiogia” € mais complicada, o individuo adulto ‘de se analisar — est | engloba um Todavia, 0 mod cia wm sie el ee ‘das coisas, © Co modo paiquico que conta para nés. O terapeuta pro- ele entao tum espaga dementia, Gal, onde estd suspenso provisoriamente Inaterialidade fiioligiea. Aqui, paciente aprender a ‘omunicarse por forea, inventando uma linguagem ‘apropriada aos setores de seu ser que estio mudos, que se ndo humanizaram. Ele poders testar a materialidade, Ee TT e FABIO HERRMANN teat, um sistema de propuls Jo mais probed pplexo, a que chamaremos “desejo™ A necsiG? € com: ‘ater afetos no pensiveis e aces imediaese itt leva € a matriz interna das emogies. Eoin ¢ any 2° de afeto com idéia, € idéia carres ie < acombinacio i td, copse de alee, sujeito. E € o que vai interessar 0 anaiiun, Queen” conecer a forma geral das emogics de nas che ae Be Siete de nem dnvenn de um procediménio cepetal,chamseds force 722 que mais tarde sers discutido. Por ora, pergumenes So” has o que quer o desejo, originariamente. Trataec fee ree este Asisciniccrs oop nous ee eeieecrclo pripco hoor ao, Feconbees Que tls Impuleo primtrio mle sso ade clinics ef st meamas recoohectvei, ns anc eles Seeing) Ceci posne wn raiiente doo een es pearec wccnremr Eipea Tanatoa crear eco, corso on deta fun sugared mara, ou clegoriag abecatessivemcm vor © Intcagen De miiha parte darel,porcoreecia, uma rx Pose clinin contacto: © bomem desja basins. ‘Na teva freudiana, deparamo-nosfequemtemeste com uma tenlinciaconsrvadora no homer. Fala Freud i cndénistonservadora dos inuoton, da CendEncia ‘cuporar um evtdo anterior fala de regresio.¢ nfo ‘por tltime do narcisismo, onde 0 empenho dirigide 40 "im pono de pate razodve para a clinica, Consol fey ite, quc no mesmo movimento de crac 00 tae ricos € 0postos ae ‘0 narcisismo te qua Ia nove ASP vin de rls. via deel ementa de mediate ao 8, an gnegao 3 unidade Pre Sheree cue en que, a Figor, aunca & aoe ‘c a clinica nao cessa de © mos- lines me gto houvest eee mao €mpon ii procura outrar e cerca de amigos, quem = = no trabalho, quem perde 0 bom sees me oceicam en acm nerta Sone, Sebel drereantstesiony me : cheia de consequéneias. Segundo a |wo, 0 bom objeto substitutivo € 0 que traz certas arcane raeponiaes mee, A MOLDURA DA CLiNICA Na clinica pricanaitica, como em tudo na vida, ‘existe 0 importante © 9 pouco importante, E, come ext tudo na vida, passamos ¢ tempo a dicutr 0 que € pouca importante, deixando o importante quase imtoo, Na cle ¢ important lpr. © pce ipo. {ante €o que ve costuma chamar sing, mat pefico “moldura’” — assim mesmo, em portugués, Molduta é tudo a que cerca 9 procesto anal, ede a formagio ‘de uma clientela até montagem do consult, os hort, os € rituals, teefone, secretéria, diva, polttona, dar (04 nfo a m0-na entrada, convertar nkotb cinema, sobre dinheiro, sobre o que o paciente deve fazer mat | A maior parte dar questeremoldursis, « resolvida por um elementar exereico de bor tanto elas, & por esa humanisima gue fa ‘no claro 0 que no ‘outras, O analista dirige seletivamente sua atencio woe ‘alors afetivos do discurso, resultando que a éres nace descoberta nio seja a de um sentido qualquer, mas de ‘um sentido emocional. Nele procuraré decifra, com's ‘tempo, uma estrutura légica organizada, embora iniciak ‘mente oculta ou inconsciente, a que cl tei “valor disposicional”” do discurso. Muito simples ‘mente, € a mancira pela qual as coisas ditas arranjam ‘ou dispiem 03 dois parceiros do dislogo psicanalftico no ‘ampo teansferencial. Podemos ser, mesmo durante ‘conversa mais comportada, um par sadomasoquista, Amanies, pai efilho, duelistas, presa e cagador, et, ete Por coneguinte, teuaremos nosto analisando, num ‘gst bem preciso, procurando captar 0 sentido afetivo- dlsposiconal de suas palavras, Assim compreendo & ‘wansferéncia, Nao se trata de pensar: “Alem de ser Sareea len sabimieareiye nin: 2 ETN con ‘quanto no infreqa i paras BS operacto snaltica, leva, por sua vee, © analsando a peretber que cm suas palavras hi sempre muito mais Sb auc pretendia der; mesmo a realdade mals patente pode scr também considereda una fantasia, ubsiutee or entra, Ademais, como © anata pivicyia valores Eiporcionais e emacionai, 0 pacienterfre consante- tae sbalos na ais de ua Wentdade, Descbeorsc if feat, Com acioe outros, descbre-se Outas poo, Por sim dzer. Supunhese, por emplo, vitina, ducane tia queixa prolongada, mas veac de supsio con © algoe que infge orturanemente a interminive lamaria go analst, Endo tem como nego, E mpostvel negar a cvidencin dos aspector contradhérioe da personalidad ‘Tals abaios na Wdenidade, ou rupruraa de campo, vio ‘apondo eamadas mais profundas desconheciies do st tmesmo, Revelaaeo homer psicanalico, fete do dejo ‘Que grandemente desconhecta. Por fim, 0 paciente mio {Emm & eeu dispor sequer o recurso aon crtrios comuns dnrealidade, tio els pare negar ou raconalzar a estra ‘hcza, em condides comuns. A supressio da realidad ‘comum, no campo transferencal, faz com que, pura € fimpleamente, se confundam real ¢ deseo Que outro uso analtca a mio 4r 0 proprio desejo do analisando, matriz de suas emogies ¢ fantasias? ois bem, 0 que te conhece por seting ow moldura fanciona como limite e guardigo do espago tansferen- ‘Gal, onde a supressio da realidade quotiiana identifica feale desejo, E uma cerca de siglo €reclhimento, Vem St uc pea pata a picnic, pecimes ba: Se. cenério_introduziriam 0 setting — isto é, contrato e prego, condicdes de atendic Eee eos as Ade escolha pare manter um paciente em andl A hem ‘eremos por aué. Por ora, bata precavermo-nos con ‘ima distncio bastante usual da moldra, Tig ues genet de préveaterapéutica onde, por forca da rgides ds ne dura e da confusio entre esta e as interpretagics an ‘qualquer movimento do paciente em direst a sea lista parece-sr mutiplicado por mil ou onde cose a fetamente mudas ganham expressiotonitroante. Quay 2 ands opera quase apenas com a relagio do par, inn Tando a dimensio do campo, tal rlasio pode tek ony temente enearada como sucessio de fendmeno trance fens (no come campo wane conor vinx € ainda mutas veres votaremos a diacutir) © renlase ‘que a todo momento 0 paciente parece estar stacanlo a felagio, ou tentando sedurir o'terapeutay querends Toubarlhe 6 interior, ou fundir-se com cle. & como se, enetrando na stuagio analitia,alguém se transformasse de fato ora num bebé, ora num assassino, quer sa ‘um ser de puro instinio. Esse efeito bizarro de sugetio proced gcralmente das regras de organizagao do tabs tho analtico, mais que de'uma sutenticatransferéncia: € tna criagao sugestiva de um similar transerencia devido a que se construiu uma especie de palco prep rado para a transerenciaeem que essa peca deve neces sariamente ser interpretada. Valendo-se do seting como {ator de sugestio, a0 analista sé caberia encontrar are ‘ca adequada a fim de engendrar uma aparéncia de el om 0 inconscente, ou se, usar pare amo acne un na ape, as ‘ordem de sparicio — inveja, confusto, medo de ser abandonado, idealizagio, cities, culpa, j Ii estavam tendo esperados. Essa € outra forma de inanter a eeven ‘irada para dentro, criando agora um espago de sugestio para o aparecimento das figuras tcdricas desejade ‘A segunda funcio geral desempenhada pela mol dura analitica 6, quem sabe, um tamto mais sutl, Cada interpretacio do analistarevela 0 cente o campo trans ferencial. E revela-o — 0 paciente — diverso do que se ppensava, numa outea identidade, ainda ‘nos toques emocionais, sem induzir éiae ou sentimen tor através de pretensas revelagies magiatrais, De inicio, ‘0 analisando cré ter recebido do terapeuta uma defini Cabal de si proprio, por mais cuidadoso que este sea Mas logo se desilude. Nio basta concordar com ma interpretacio. Se aceito que estou torturando meu ana sta, como no exemplo anterior, posso arrepender-me ‘de meu sadismo inconsciente, mas logo ouco que agora fxtou de fato a torturar-me com auto-reriminacies, wma © algoz. Ou pior, ougo qualquer outra coisa, noutro ‘campo, que vem a ser muito mais elev ‘me de ter encontrado una verdade conta entio de que 204 muitos, de que isso que pensava fer, vitima, s0u-0 também, mas que nio sou 6 No campo transferencial todo analisando experiments = ‘perturbadora impossbilidade de representar-e com ma Hentidade fina. Nio tendo que at, pos edo ‘campos so ou podem ser rompidos, encontra-se m1 sito constante entre diferentes representag®es do par ana sivda ou atrapatha, Ela fo: fito de arantir Muidez a0 processo, “que circundam a anilise pode ser eleito por Ge como astunto permanente, no interpretivel. E assim Gee sc encetam infinitas discusses sobre horério ou "Vact interpreta, mas sou eu que pago, ¢ isso fnto adianta ficar interpretando."" Mesmo. preparado para reconhecer a realidade comum, 0 analista deve ‘que tais apelos ao bom ‘senso sio, via de freer, formas de deter 0 angustiante estado de expecta tiem de trhnsivo. Pode acontecer, porém, que também o js interessado, maigrado seus bons props: ston em suspender o trdnsito por diferentes representa- hes, Talves as viva com excetsiva angustia, nao deseje Indiferentemente ser qualquer coisa que sobrevenha. F ‘paciéncia. Neste caso, aconselho-o sincera: ‘mente a conversar sobre cinema ou futebol, se nfo con- ‘segue ficar calado, & mau, mas pior ainda € fingir que ‘as fazendo anilise © por-se a discutie a moldura. A inssincia sobre o sting € sintoma seguro de resistencia ‘or parte do analita. O contrato analitico transforma- er ei ae pl siecle Pe eae ee ene, Pear are me een ae re eae Pere aie eae Sse i ea aan ve ‘lo freqdentemente usando 0 setting como pre- Bilis fe Scent a oe Nave pena Set ee Se as Pe ee re ernaet Fe seein eee fe eas (LOGS oe eee erreprer ee eeeen en a aise. I re since Se een eee atte ee er oo ere ea none te Cau saree ee ne ain nes cos epee Ae at Sion o oss Be Rete re oe re oat oe eee eal ss pce ppenentri as oem, eee limites; em Shima ing. ‘ue se mantenha vice ermanecer do lado aves SE pict aan Ne ge eras pe “apenas se joga com as possibilidades de ser, a mol. ts Grado aqua que anda ac tem, que se damina, nee ‘pas onic Rie pon mae Sigur « pone €0 cr motto, 0 ser congclado ern are Ree a fret, nono ‘mas niio se justifica que deixe de ser horizonte e avesso. fara ocupar lagar da vida analtic, Teo fa clare quando pensamon nos elementos con: (Gen cls De alco, oterpeuth nein dc conc (Ge c chemtls, sem de competéncia para saber que fazer com ambos. O guia neses tpicor +6 pode scr 6 principio ds inapartncia, Tal como o assunto da anais, {que € apenas, como fol mostrado, a ruptura potencial Eg tm damian, un cee wer tum lugar que nfo te imponka como assunto, Sigioso, twanqiilé, estavel, sobretudo © menos notério possivel. ‘Seu espago ico mua decoragio refletem gosto exo 4o analsta,nio si0, porém, ua bandeira. Potrona e ‘vient quatro paredes bastariam, em principio. Mas ‘como ai permanecemos boa parte da vida, qualquer deco- éperfetamente aceitivel. Ao contré- ‘algumassalas, que parecer Wai “fazer andlic™, deve quivar-se, com graga silenciosa, de perguntas Indiscretas, que sio als a quase totalidade das que hé ‘de ouvir. Um pouco de cara de analista até que € aceité- ‘el, mas 36 para a secretiia, ‘Quanto aos objetos decorativos, penso que sio acei- téveis aqueles que nio ataquem o paciente. Ces e gatos vivos talver sejam umn exagero, nio obstante o conhecido onto de Freud. Regios de parede, como um cuco tiro- Ie figuras de cuko nfo artsticas, objetos Nagrantemente dish, espelhos defronte do diva, oda exbicio descarada dde partidarismo politico #30 escassamente recomendaveis, Diplomas ¢ retratos de famfia dio assunto para pales- teas agradavels que pouco tém a ver com nosto trabalho, Em numa, tude cabe num consultério, menos 0 que represente de forma positiva os constituintes da andlse fut aquilo que se vé transformar em assunto obrigatsrio. Simbolos abvior de nascimento e morte, de paixto € tempo, da identidade e de sua mudanca, por exemplo, ser usados com comedimento; j&'0 mau gosto, Po- em, € melhor deixi-lo apenas por conta de nossa rd pia incapacidade analitia. Por teu lado, de um analista espera-se que seja di ‘eretamente discreto, nio espetacularmente discret, Ev ‘dentemente, o terapeuta ndo pode ser loquaz nem fofo- ‘queiro, Nao exibe seus pacientes como troféus, nao uti- Tiza a series como tema de conversa social. Mas tam= bhém nfo precisa ostentar sigilo, fofoca ao revés, que @ faz assumir um ar contrite de “disso no posso falar” ‘Ora, o interessante de tals prescrigdes dbvias € que, ‘como todos os conselhos, nunca se cumprem a risca. E a rnd € casa. Note-se bem, a obediéncia formal {a tegran de bom comportamento analitico j& configura ‘0 terapeuta jovem perseguido pelas regras Pee ee ectietar cent se oe Pee eee ad es oe ‘was E sempre em ma consciéncia, como um peeador ites npc See DoS ce Serer mean ese uw omer campeon’ Babee ein do campo tansferencial vio se incumbir de cline, eee Bee GN copie cen, OS gs a eterna og A cee Fe ee ae wae ee, Pe ee fae eee ae ee eer tine toc ween cantimen: aye Cpticaaeett pao os eas teeta das as, prconciton usec ener tate de frmcte Cumnior elf opecane aot. vexaos pl eta tual de ragesearste Sn tere canalitico, E caricatural. Se meu paciente nao é igual ‘© mole, dean o exes, Resa trains a ‘la mai do tng que de outa sone, shcbenas on Sta andes Mrtpias nas tals gia ae ae bets apontar-e ao cent sun denvie Go Seen fcc. “iMod endo Hore‘), eats racooallont Ei tro capa depen) quar ne cone 2" Comune us Procano, aie aa segs a, pssua um eto onde deta suas via fos ‘sem menores, estic Sa ie ‘A MOLDURA DA CLINICA. Por fim, tratemos dos vazios temporais da anise, ‘Atrasos faltas, fins de semana, férias & preciso combs nar com clarezae simplicidade a conduta que sera segura ‘em cada caso, Nem later fain nem um contrate tipo escritura de compromisto, cheio de cdunilas © multe rescs6rias, parecem ser soluglo. Quem acha que deve, quer e pode, cobrefaltas ov limite as ferias do'pacicnte ‘40 tempo das suas préprias. © analisando tem seus dines ‘os, 0 analista também. O direto fundamental do cliente 0 de ser analisado com propriedade, nenhum contrato © garante, entretanto, Por favor, nio emoldure seu paciente. Evite transformar a andlisc numa reflexao sobre fs direitos de cada um, num exercicio de interprearao Juridica, pois estara volando o dirito fundamental acima, Basta ser cocrente. Nada € mais fatigante, debaixo do sol, que um analita ““interpretando™ como reoisténcia todas as faltas atraso; “interpretando” a sensagao de abandono, As sextas-feiras; 0 temor de t-lo perdido, as Segundas; ou cotejando com uma lupa o comportamento do cliente com o decdlogo de pontualidade © pagamento, ‘com 0 hectdlogo do manual do bom paciente. Nunca fentendi como uma pessoa submetida Chatice da eral uragio permancce em andlie. Talvezseja a primeira comprovacio empirica do tio discutido masoquismo pri ‘man freudiano. 'E por falar em abandono, fechemos este capitulo ‘om tio aziago tema. Primeiro, creia ou nlo, 0 sing ‘no impede 0 abandono. Nao mantém 0 paciente em anilise, raramente sia ruptura € responsivel por que deixe. © terror pelo abandono, tao compreensivel no {erapeuta, este sim é uma das causas de interrupsio. Ele ‘constr6i um “seting invisivel"”, uma muralha negada que tolhe as interpretagSes, uma Area tabu. Tenho pacientes ‘abandonaram dezenas de vezes a andlise; compa: ‘Eea'cinto, no jogo disposicional do campo analitico. E. TE Pots como outs qualquer. Ito que proponko ‘ado € uma f6rmula magica, claro. Justamente por isso funciona. CAPITULO + DIAGNOSTICO Znosko-Horowski um grande mestre do comeco do steulo,exereven, neo me faba x meméeia de enn toca ‘eventual, urn vr intial: De come ade deers sada, Fos ogador fort crativo,porém munca foulmence um carapeso. Talves se comiderase ope {lait em matérn de como nip jogar ara iso, quer” Setalemo muita sabedora. Duas Sécadas mais de expe- sara actapinan as oor fara abtlavine = empresndiment smchante. ois ese profisto incerta, Unica certeaa € que erator thuito mais do que scertamon.Intrprtar uma foctt™ iedade. Sugerimnon sm © que" exquivamo-nos do iguntas, postergo indevidamente o contrato, porque pode parecer que entou ansioso. Penso que © paciemtc poses, tentir-se perseguido se tentasse diagnostic 4-lo ou ensaiaeee Lima interpretagio, Um silencio prolongado pode pa er rejeigho, minha hesitagio acarretars insegurancs Nas entrevistas, 0 paciente, diz-se, ext4 sempre, muito ido, preciso ser bom continente de suas ansieda bem dizer, intermindvel. Varia um pouco, de terapeuta para terapeuta, de corrente para corrente, Porém, comporta sempre uma faldcia central que the con- fere unidade: substi tse geral algo {acilmente verificével em cada caso, Nem todos os ‘chegam ““perseguidos"” & primeira entrevista, alguns vém confiantes, outros deprimidos; mas a hipé- {ese persecut6ria pode, essa sim, perseguir o paciente: ‘medo suposto € KReflta 0 terapeuta, filiadas& forma ‘pode parecer” ow congéne- atribuem ao outro sentimentos dominantes do ana . Talvez conclua comigo que € mais prético esperar ‘0 “‘pode parecer’ por ser de fato. guro, um bom pi pope tem de er vito urd rari. Ora bem, Inia nla tnicame ecote oss Pee day cued scar parks ogee fuctene © que ena dc, pre ho ncoschil pelt Ha maser Fels ca a cede us vate ne, Peated Bm rite ae ae et Shia porave “sussna''oa Mt” ms Nis Mes en Ce fenced diet paseo cc oor {ie por aigatn capes Seo fer log cabo 9 crco Pepe escape dear eee ea SS aceridament, im pln ue no oe eabed te St elcome cael eae aetna aie ress apace pa eee eee pa gion ai Bas pcp qutticn Mepaonteln «dain or Seaifel ioaeradcn, a tania de poser ela de Peal uecpaticcnte © ace arr poutes asd fagnios desvceu pers beer: Slade een, E's ica pu a ace prte de madara thalfien sem munca io te aio hamada para a atividade diagnéstica, Simultaneamente, 0 tera peuta tem a necessidade ¢ a oportunidade de exercé-1a. Precisa decidir se a pessoa que o procura requer algum ‘tipo de atendimento, qual tipo, ¢, caso seja anlise, se ‘la possui condigdes minimas de analisabilidade, ou se tle proprio € 0 analista indicado. Ainda mais importante € antecipar corretamente como funcionario juntos no ‘campo transferencial, pelo menos o bastante para decidir ‘0 processo tem alguma chance de ser produtivo: See ‘aliado a um analista capaz, Jentamente a embreagem, enquanto se liberam os freios| fe calea-se de leve 0 acelerador, conferindo no expelho retrovisor 0 movimento da rua, para entio estergar ¢ ‘air. E isso € 56 0 comeco. Com alguma pritica, cass ‘combinacio improvavel de movimentos isolados torna, ‘se um movimento s6, Muido e espontineo. O mesmo se ‘passa num saque no ténis ou para abotoar uma camisa Nao ¢ sequer aconselhivel que se ensine por partes. aca bharfamor abotoando 0 acelerador na raquete. Em ver de descrever, portanto, o que deve ser conseguido, pre- firo refletir, com o iniciante, em como se faz ‘O diagndstico nio é uma operacio isolada que ante- cede a andlise. E, a0 contririo, uma das dimensies do trabalho analitico, cujo exercfio vem a rer especialmente fexigido nos primeiros contatos. Dessa forma, uma ‘meira conclusio impde-se: as entrevistas prévias jé sio Andlise, na medida em que nelas © método psicanalitico ‘cacontra-te em ago. O passo inicial da complexa ope ‘gio conhecida por interpretagio psicanaltica” € consti- tuldo pelo que te pode descrever como “deixar que surja ‘¢ tomar em consideracio"”. Nosso paciente conta uma aborrecer. Ele nfo sabe, a rigor, quem €, nesse momento ‘exato do campo transferencial: por ‘ir-se entusiasmado? Atengio liveemente {faz nada ainda. Toma-se em consideragio. Tomar em Consideracio configura um estado de detengio do es fio, que faz permanecer diante de nés aquilo que merece rensideracio, considerando-o sob vérios aspect, impar= Gialmente, pelo tempo que merece. Num jardim, pase Sndo distraido, voc? encontrou uma flor, para e’ exami: ‘Dos muitos gestos de um amigo, este em especial parecethe querer dizer algo, € muito caracteristico 04 € Giscrepante; vocé detém-se, considera, mas nlo se apressa Surjae tomar em consideracio. Simples Na vida quotidiana, 0 homem esti um « sado. Tem pressa de d Seafeuta de um Scio criativo, paciéncia. Das coisas em fque nio repara, esté em primeiro lugar seu descjo, a atriz de suas emoges, Atribui-as a tinsito ou a0 vi tho, © encerra o assunto, Nio € culpa sua, nem € pot caso. Existe uma funcio priquica opacificadora do desejo, chamo-a “rotina’", em falta de nome melhor. Tudo 0 que destoa do grande espeticulo de aparénc fem que vivemos, ou seja, da realidade consensual, cab 0b imediata interdicio da rotina. Nio s6 0 desejo, mas © proprio real (diferente da realidade aceta e comparti- dda) também € opacificado. E-nos intoleravel tudo aquilo ‘que possa denunciar 0 cardter fabricado da realidade ‘comum. A rotina ndo € mé nem demoniaca Ajuda a ‘construir um mundo habitivel a indispenssvel comuni ‘eto entre seus habitants, Ax vere, porém, «bom que ‘suspendamos sua fungio — na anilise, por exemplo — para considerar o que é mais considerivel, embora nos ‘doa estragar 0 espeticulo da realidade como. "Estamos agora considerando proceso interpreta- (pois as entrevistas, Jo eatabelecemos, "O que se impli A consideracko do analista ‘emende que captou um sentido organizador, Pees vas cea ee a ree iocionaisedaposiionais,& interpretaio comunicada, Beeeceeere scree ee eae Be Be ee ee Osos ee et oe i od pee ee ces srnas nes etre eee tee eae eet an eee ee ee er oe ieee ee oe Sao een ES ener Saee ea a ee ee Sees a Se ra nt ee eae eee coe a eee an ore arene cess See ean fuss tues as ran yn -estranha, que a Iégica das emogdes é a fonte princi- ri fundamental iacnosTico s julagio de intimeras experiéncias matamretagao. Isto, e nada mais, configura a dimen~ di ee erPrGwica da andlise. Dia ~ separaglo, através; slo diate ecimento; diagrostites, diagnéstico, Uma “Gesaber discriminando, separando 0 que € préprio argo que € universal, descobrindo o tipico de do Paci a configurazbes que o compem. Nada de 0 Fe ei Be ve. Doloroso talvez, para quem isso se fensivo, J cxatamente 0 oposto de reiicago ou r6tul revel Minirio, como ainda veremos, o uso principal Pele ge de tal saber acumulado € 0 de nortar novas aie eacbes reveladoras, po papel de feferéncia ou werpretante”” “TR nso, Ieitor j& pode antecipar o que s© pre- tend das entrevistas iniciaia. Nada de muito diferente See ethoe mostram as sessdes analiticas comuns. O $eNS metodo, no geral, € empregado. Apenas adapta- Wiiigeiramente a técnica, para cumprir um papel deter- Siinio, tornccer o maximo de conhecimento num tempo Eastante curto. Mesmo assim no € preciso apressarse Deixamos que surja. Porém, devemos abandonar um tanto 4 passividade receptiva, por uma reccptividade Stiva. E comum que uma pessoa chegue a0 analista com Siguma apresentagio preparada. No entanto, provavel: mente perguntaré primeiro o que desejamos saber. Con- ‘em entdo estimuld-la vagamente, porque estamos preci- Tamente interessador em conhecer a selesio que ela fez por sii mesma ce sua histéria e problemas. Procurando lembrar-me da resposta que costumo dar a esse tipo de pergunta — ‘"o. que 0 senhor quer saber?"” —. parece: ‘mais frequente tem sido: “tudo!” — acompa ee woot a conhece, € uma petsoa exceptional Ene et : P ‘me di _que devia procurar vocé"’. Uma introducio banal? Nada Feso Je somos ftimos, temos uma amiga conan ima muller, talves para cle termo medio que mee 3 relaies entre ox homens, de utra forma compe: Sas ou atritadas, Ela € excepcional, palavra real {oe sick marcar, quem sabe, todo 6 Curso de sus and Sica, que excepcional, enviar, por sor ele exci. eee nce cas 5, quando ebservamon que, ba scksao pes teal de expressbes, 0 paciente ndo foi mandado a buscar porém, a""procurar voce”. Muito pests, Sele exceptional J& se pode amtever 0 duclo que se ravati cm torno das idealizagSes, 0 imperstivo de ‘manté-las, o temor de uma desilusio. Duelo de titis; ‘itis amigos © colaboradores, mediados ‘uma itaneza. No futuro, sabe-se 16. ‘Essa apreensio microsc6pica j4 configura um diss- ‘transferencial, pois se ay retendendo diferenciar a psicanise da psiquia: tetrad seus tacos de arena semintin, nsta -coretonturne entre analstas de uiea © Jon ead formna vaga, edargindo, se Tho aponta: itd se expressando pscanalticament, Peso SEe'tabera dizer 0 que ja uma "mania pric: rae bora reconhesa com faclidade uma psicose scmplo, Fala-se em pacientes rit p= anc, Por para nossa Surpresa, Soo pessoas mais ts ae Para que tana impreisio? Se meu Benet noir entusiaata do que etic, digo-o asim cliente Uharice partosa encobre Justamente o fato de es Patynbwico transferencal poss elon cfetivos com Pe Zaaintria, No limite, € perfeitamente concebivel 9 aerate de uma novografa de inspiracto psicanaltien, conto clasincando os modostranserencais dom [Eten aua tpicidade e a logica organizadora dec Bigoeremocionais diversas. Haveria de ser um Eextremada finura dferencal, hoje ainda inexstente. Por enquanto, € melhor reservar as referencias psigu these @ seu. proprio dominio, empregando-ar quando ‘Duberem com justeza. perm, nosso objetivo no & fazer um diagnd tico psiquiatrico, mesmo porque a maior parte das pes: toss que nos procuram, felizmente, do se enquadra fm nenhum deles, sequer sho neurdticos estruturados. mos, au almente, palitiea™, Imaniaca, POF © a FABIO HERRMANN a castragio. sims Gate comunique-lhe uma ‘do que um ciando wim que, est muito aue-the uma dessas precionidadee eile a cle respondent diagnta xingamento merecido, eu cliene se ase ee FE ai aoe eed Be eH inte, ecints eater ere tre nts Se eaemeae cere et renee Secateurs ce ae aaa ease geen Sueno wr See eee ee eae ears see ere, Asana ee ene woes re ee ore Se See corer ‘Para garantir a desejavel especificidade diagnésti alguns expedientes sao titeis. O mais simples € rememo- rar um pequeno niimero de outras avaliagdes inic onurarora pare 0 inicnte rmeroy pacientes cardioligicos desenvalvem quados. de {ipo hipocondriaco,€ bem sabido. Mas como € pobre {isc em hipocondria ante umn quadro ao vaso fore (vera da leuimidade © da gerago, contopost a0 da Tmponura que reslia de procurar no nivel corporal © {que Lando cad 0 conjunto parece indicar oma deacon flanga quose manifesta, promia a romper. Ao mesmo tempo he avis. curdado para que fio me seja reve Indo tudo de mau esto vislentamente, eu acabaria mor” endo, A bela metafora:aiper na boca, pontos na bar Fige: & preciso sent junta‘com o paciente este descjo ercorzado de sevelarae, denumciarse, para poder a00- In-lo em presea, sabiamente, © tomélo ein respeitosa onsideragao. Pols ce esta entre duas morts, na corda tbamba, tome calar para sempre, desconhecervecatasto- Ficamente, mas teme também se conhecer de supetao © afarar da revelagao. "Ate aqui vemos novamente sobrestair a dimensio dliagnéstica da andlive,@ "momento da consideragl0", por contraposigha ao “momento da ruptura de campo", ‘Como se fossem as primeiras sessdes continuagao natural das entrevista A diferenga existe, mas ainda 80 3 ‘ota claramente. © dicurso do paciente € mais 10, ‘menos descrtivo. Gomo a inteng30 de apresentar-se pas sou para segundo plano, cl, que nas entrevistas havia dccero contado todos os pormenores de suas doencas, ‘agora utua entre osléncio paterno, as traigBes © impos” mee fechamento cirdrgico de parede abdomi- a FARO HERRMANN vee que a andlse recomesa dentro da andl mesma sensacio de nio se saber exatamena oO" 2 st falando ~ pois as mesmnas alana co" © doe a0 objeto da conversa também se aplicam ag ¢Plcam sujeito, a0 analista © & propria conversa oS a0 ave estamos fazendo aqui. Numa palsera, Nm stb 0 Sime, lo do ome pina nde anilise, acompanha-se de uma crise de ident Parte do analistaigualmente. Se le tor et Ja, o paciente tem uma chance, pois 6 analfeg romperd abroptamente a expectativa de traning gee Aiferentesposibiidades de represenayao sho ni ‘om alguma pseudo-interpretagio reasscguradore funcionamento da dupla. ce om "Neste momento convido o leitor para juntos face ‘mos um pequeno esforgo de abstragto, que nos rescuers © sentido mais geral do tema abordado, Comegar andes ~ disse “entrar em andlie”, mais comumente Parsee ser um ato do paciente, ¢ o é em ceria medida © paciente deve admis uma condigio que seine por 4 partir do campo transferencial. A rigor, eimbora le deva admitla ¢ 0 analista nunca fugir dela, nio.¢ wn rem € 0 outro que a eriam; como a regra de um jogo de cartes, no depende o campo psicanaitico dos pate 05 que 0 jogam, sendo € este que os institu le toler. io inter. ‘ciros, estando livres, claro esté, para decidirem a0 Jogar: Guardemos esta idéia geral earregada de conse: “que! brevemente — poders, ‘certamente ‘etornar. Com tal ruptura, fica indefinido novamente © lugar da suspeta, onde a refer? A analisin prope the ‘que as suspeitas em conjunto dirigiam-se A sua autor ‘Tepresentagio, Suponhamos que mais nada fosseinterpre- tado, por ora. O thoque das duas representagies, corpo suspeito, mente suspeita, forma o minimo necessano para_problematizar geavemente sua identidade, pois Ambas as representacdes sio-Ihe propostas como sin6ni- ‘mas, porém em campos diversos, “Issa que voce diz ser lum corpo doente, cujo mistério resolvers como a um quebra-cabeca, 0 corpo de sa psique, fragmentada como um quebravcabega, uma cabeys quebrada’” — ‘mais ou menos assim ele a escutou, mesmo que ni tenha assim sido enunciade. Logo, o campo corporal perde si paradoxal confiabilidade — no € seguro sequet que ja Suspeito —, mas 0 campo psiquico nio se mostra mals Seguro, sendo 0 lugar proposto para a suspeicto. Nesse ‘momento, o paciente que ji nio se consegue representar da forma’ costumeira esta provisoriamente suspenso no vvazio, & espera de nova representag’o. A iso chamamos expectativa de dnsito (do tasito entre uma representa ‘fo © outta), € como a situacdo erftica do herdi que Saltando de drvore a outra num cips, ac deste subit ‘mente conta no ar de que cipé no hs e, pior, que nla sabe sequer se € 0 herdi, © macaco ou sabe-se Ia. quem. |A expectativa de trinsito €, operacionalmente, 2 ra2i0 ‘de ser (ou matriz: metodolégiea) da angustia provocada flo proceso analtico: una suspension vari represen. Endo sucede 0 segundo movimento, Nio tendo [FABIO HERRMANN Decerto teré. Cada assunto, cada campo de auto sentagio, vai valer menos pelo tema que cireuneee do que por indicar uma correspondéncin-qualqucy eee tro campo. [to €, no campo transferencial exe ro icular — como 0 do corpo, o da fertilidade Extamento — terd um 36 valor © destino prises ompido. Poderiamos até defini 0 campo'transhersncey (ou campo psicanaltco) como aquele que prowoea en ture de todos os campos nele ocorrentes, Ou aie ‘melhor, onde todos os campos (temas, assuntos, opinion bbses de autorepresentacio do paciente) como possibilidades de ruptura de campo Estar em andlse € 0 mesmo que Fesidir no cam paicanaliteo. Noss pacientejé nele reside a contragenen, Satur de rer do campo psc anal, natn ‘mn estado puro, conatitut um espago potencial indspive, desclado, um deserto de identidade, pois todas as Noses de identificagao do analisando ¢ todos os assuntos em ‘que esta se exprime sdo denunciaveis, desertam-no. Ten {ine-se um espelho em constante recuo, visto através de lum caledoscdpio. Que sensacio de vertigem! Por iso ‘8'te compreende que a andlie somente deva progredir Por pequenos passos revestia pela carne de urn com {ato emocional no minimo cordial, vindo do corasio ‘Meamo assim, sobra‘um sentimento geral de insequranca, de estar sendo puxado para longe, para dentro, para brik de memo, para campos cada vez mais iva ‘mentais, onde se encontram auto-tepresentagdes negadas, indesjéveis em face do deseo. ‘Ast feito eral, vertiginoso, do campo psicanalt tico daremos, em nossa tcoria clinica, o nome de ""vért= < Vértice &© mesmo que redemoinho. Resulta direta- ‘mente da propriedade fundamental do campo psicanal/ ‘ico: ruptura de qualquer campo ocorrente. na. ses#30. ‘o sentimentos vagos de perder 0 PE © campo 0 da ies, valem apenas ‘nele repontam de quando em quendo. Porém, como nio se pode separiclo da pripria causa da eficéncia do pro- esto, «ruptura do campo comunicacional pela interpre: {agio, nfo'o devemor temer demasiado, basta té-lo 208 algum controle © nlo o ignorar. A experigncia de estar ‘num vértice, apesar de pouco agradivel, tem de ser aos ‘poucostolerada pelo paciente que aspire a algum autoeo- ‘Bhecimento emocional. Vemor 0 st. Z. reagir a ela tor. rnando-se essencialmente queixoso e dent, muita depen dente, representandorse quate apenas como um doente peranie o médico. Iss0 jd € regressto,cleto paiquico do Nértice — pois sendo o wértice esa tendéncia a represen {arse 0 paciente através de campos cada vez mais fun juando se rompem os costumeiros, concentra ‘método analtico que funciona como tatris operacional dos fendmmencs regresives que tra {amento tio frequentemente produz. Regressio, por con- Sequinte, nio vem a ser s6 uma caracteristica de alguns lentes; compreenddemos agora que nossa regra de Joge | promove necessariamente, através do efeito de v6rtice ‘Tampouco aqui hi meios de evitila © permanecer ‘um tempo no campo psicanalitico. Em setsbes posterio- rer, oat. Z. ruboriza'te violentamente ao escutar inter- pretagées de cunho transferencal,agia-see sempre acaba Aeclarando-se incapaz de entender’ ""O que a senhora {quis dizer, explique um pouco mais, eu parego burro" ‘Atingido emocionalmente, procura ao menos suprimir a ‘compreensio intelectual; infantlizado, pede mais cuida- ‘dos 4 analiata. ‘Essa reaglo defensiva diante das primeiras interpre- tages nil € fara. Estamos ainda na fase onde a andlise se mostra ao paciente, pelo menos tanto quanto este “andl, A revelagao de anise € um fendmeno curioso. ‘Sempre que trabalhamos com nosso paciente, a andlise ‘estd presente, como um campo Final, insuspeitado, esque- ‘cdo, por assim dizer. Mas lé esta’ campo psicanaitico ‘ou transferencial, como € também chamado. Nio ‘notamos como no notamos as regras do jogo de cartas ‘ou as do jogo social, a menos que se destespeiter © a3 si ela H, FABIO HERRMANN tenhamos de reembrat. Todava, no ainda estamos a aprendé-lase podemon dde cara com as regras do campo traneryi ore das do principio de ruptura de came nial — dey € de mau jeito. De repente, durante asp pretagées, mais do que o contet ra oe Eons, cere transferencial, que, como vimos hi ponear gee howpitaleio. Eno o cliente seme se eee ti, Raa rau muito intenso, 0 vértice revela a mndiine set easier 4 andlise como tak lente que todos os campos onde rey cm cata O anal ag ne viu, mas acertou no §6 no que no viu, como em sie ‘o mais que estava ao redor; pois uma interpresacay (ate trou mas do que desejava, ue erta repressing ser problematizada, mas revelow a problematisagao foot vel de toda e qualquer representacio quando se ext mb condigio analitica. Isso acontece tame, como ainia discutiremos, nas condigdes de recomego’periéico da landlse — quando ae abrem novos campos geras deta batho —, ot em interrupeBes, muclancas de terapeut, ete [Revelagdo de andlise € um conceito muito impar- {ante e stl, que talvez nao seja sequer dificil de enten- der. Sempre que produzimos algum eleito, operando ‘um instrumento, seja la em que Srea for, ness efeio Conjugam-se instrumento © objeto. Jé mencionei uma situagio parecida, sob 0 ponto de vista do analiss, 20 nar da conan eto win cents. Aas a ‘um pouco diverso, Em qualquer ponto do proceso ana: litico, aquilo que se revela combina, em proporcio varis- vel, paciente ¢ andlise, Via de regra, conseguimos abs” er da Ta durante as py ‘campo dental entre objeto ¢ instrumento, em que o analisando pert dar pares personalidade do analista 0 pata 38 ‘Sonate ora. Noses de anise perm, £0 Ete naural do campo. prcanaliico que subst 0 ee SC un iterpcato tm como read eer Piura otema tatado pelo anaiando, suprimindo asin ‘"Tundarmento de sua autrrepresntagio presente, a ten- GURTEMCeral ce raprura de campo, que se deveria man- ders sctamenceemutida a interpretacio, pode, em ‘Stor opecias, tomar primeiro plano, levando © pré fo patente suspear de toda e qualquer suto-repre- ‘Sen tobretado, 0 choque de entear em contato nical Com interpreta arrisca desencadear um efeto propa: fro, one o paciente, enxergando mais a andive do ues shmesmo, deveypera de encontrar wm ponto de Spoio Menutaro ¢ se perqunta: "Quem sou? Serei es 3Eks o proprio campa pucanalico, onde tudo 96 vale for poser ser denunciado?™ "Noss paciene, oa. Z. no chega a softer essa ox: periénca de uptura feral, mas seu temor pode ilustr Efprouimadamente. Note-xe bem o tom da sesio. Ele dleadobra para a analista uma visio panorimica de ‘neato, uma espécie de grande alegotia. Nela esto os {eines principals de aa identidade = doenga, embuse, ‘ependéncia ete. —, mas também estf assnalado © temor béico de ser desmascarado abrupramente, E que ove qvadro amplo possui bases muito fracas; e, justar mente por pereeb-las suspeita, o st- Z. trata de as fmarrarsolidamente no plano horizontal, pos alicerces ‘noha, vinclandovas numa simbologiacoerene. Parece lim desses féxiis de desenho animado, um toque © ‘desmancharn inteirs. Por isso, porque seu sistema Sdenidade (através do corpo doente) € tio fig, ele j6 “plnico do. vnc o. mesmo ee poco Sar pn im evn crm ming Peed neal cis cxrcsone Pee seein cm ocr pecs ea ce cteccee O lnreree pers ee dajinlccrece ce ee peaietate accel ey carmpo pec SSS Sinai & rupture de todos om campos ete wanes cus cance cee crac cee sepa he wicca prcsicn” com anaticanos Gee eases eecietside endl, nem, Pe pastincha pt anc ee aren ee ee fe eeecaecene emborn ecja betante ruim, Nowe a ie mee ate ante, se ie ee crcimene, Viner que‘ pact ie © wns dda sutrrpresenagio, ade deme ‘Zi ce. Na revlagbo de ancy ecorr tab, (Spin. cme in, tm ver da hipeicn dosage (Aeon rn combi Tal asa € bem pale, ‘Game confundivel. $6 encontro andlogos para ela em See ett tes om Tum deliro de cides ‘adesio, acontecero AS Vezes ruagio va pessoa ou, mais amide, um grupo véern- seCompeidor a recolherse numa cépsula defensiva. Busan os, sucessivos experimentos que afetaram as ‘nos fins dow anos 80 € comeco dos " fade social brasileira tem sido eficaz~ sere abalado por caéticas agbes governamentais. A ends de clareza entitéia, quando nem sequer = infla- Pio era uma referencia confidvel, ndo revertev, contus Em Scao orgenizada da sociedade contra o enlouquect memo do sistema politico-econémico; antes, tombando ‘numa sorte de anomia, houve maciea identificagao fabri- ida coun formulas de identidade difundidas pela propa {ganda oficial. Ora popularizava-se a idéia de “consum! Sores explorados’”, ora a de “fiscais do presidente! ‘epois a de “cacadores de marajés”; quantas outras iden tidades facticias no sobrevirio ainda? No trauma social fgrave, parece que a primeira vitima € a autenticidade fo sujelto, que se impregna de representagies defensivas, cada qual plenamente convincente por certo periodo, até {que 0 desgaste cxija novo substituto, Tudo isso € peri- (gov, naturalmente. Ha exemplos fartos na histénia recente Or identidades abjetas ou muito cruéis serem induzidas a somos apenas intérpretes, cerprete fel ndo ousaria traduzir © que deveria 4 mas o que efetivamente 0 foi. E bas. thee brio que 6 analsando, pressionado pela expecta. Uinlae tinato, adere de pronto a qualquer ordem pro. posta, sobretudo ts tins evolucionsrias do analista, con- Yertendo-se num bebé que espera erescer. H& mesino Tespeltdvels vantagens secundérias em ser un bebe minui-a responsabilidade, ampliam-se os direitos, o fuidado ha de vir, a esperanca @ incentivada. Todavia, Como estamos analitando para evidenciar e no para Sperry a Unica ordem aceitavel ser& para née a orem fda descoberta, Primeiro 0 que primeiro aparcee, depois ‘iM abandonand a idéia de ama forma fixa para o int: cio da andise, ganhamos também a possbilidade de veri- ficar o que esta nos traz, Uma paciente chega & entre: vista nila pedinda para ser aceita em anslise por mo ‘or profissionais, Terapeuta, acha que chegou a hora fe submeters a um procesto analitco para aprofundar Seu prdprio trabalho, Ao fim da entrevista, deita-se por tm instante, 26 para ver como €. Logo ao ehegar para 1 primeira seasio, diz que quase se atratou, pois vir de asa € mais complicado do que vi do consultério. Depo Seque contando a origem da pai, vindo a0 Brasil de outro pals, a pobresa na infincia, o érduo caminho que 0 ‘asainento teve de percorrer até a estabilidade de ho as lutas da formacao, depois de criar of filhos e estabele- «crac profissionalmente. Metéfora precisa, a do longo er, como ainda veremos neste capitulo, 0 mago asunto dda atwagio do pacente ou acting out — a arte da interpre: lao € provavelmente 9 menos tatado. Daguil que € {grave cm geral nfo se fala por nfo ae saber como pensd: {0,54 tera dito aproximadamentealgum fiésoo. (© paciente-chega una sessto que jo nio € das Drimeiras, deitasee fla. Que fazer? Que te pode fazer Senio analisar? Isso podria até ser formilado Como uma definigh algo irdnica, mas perfetamente sia. na and lise, andlise € 0 que se faz quando J6 no resta mais sedate, Veeomo west de Feld Da iter onecemo ara tomar vishel © comnicével svahalico, que € como se chama o meicla Meena em fato? Numa comparacio que ficou famosa, Giha vee dise Freud, aproximadamente, que a prica! ‘iige, como o xadrez, comportava uma teoria de aber. ree outra teoria de finais, mas nenhuma tcoria dave [Gra do meiojogo. Iss0 deve ser verdade, Freud eonhe. Ga bem sua invensi0. Contudo, mesmo no xadrez hi imo oe falar sobre o meiojogo, apenas n30 ha listas {de jogadas reputadas boas, como nas aberturas, ou séries fan de procedimentor ganhadores, como nos fnai a {eoria do meioyjogo € estratégica e tendencial, invocs formas de aproximagio a certos problemas gerais ¢ dis cute linhas de pensamento mais eficazes para os resolver (Ou sj, € teoria no sentido forte, no se permite deco. rar nem faciita a aplicacio direta, funciona como um modelo de aproximacio. Pois bem, o paciente esta deitado e fala: que fazer? Na quartarapsodia da Odisséia, Menelau, 0 felis ma: ‘ido de Helena, conta uma histria interessante. Tendo ‘nauffagado em sua volta ao lar, agarrava-se, em meio 40 oceano revolto, aos destrogos do barco © a um fio ‘de experanca. Ou seja, sua situacio era bastante pare- ‘ida com a nossa, recio ter de o confessar. Das Aguas turiu entio uma deusa menor, Idotéia, disposta a ajuds- Jo, Perguntou-the Menelau como fazer para retornar & pita com seus companheiros, que amo tomar. Tdotéis, ‘omo nossa tcoriaextrategiea, nao the soube responder diretamente, mas deu-Ihe em troca uma boa indicacdo: a ios mat me pao veraz Protea, saber com certera. Basta interrogiclo apropriadamente”. Resul- ‘va, porém, que a arte de interrogar Proteu era dificil ‘pamicada. © “Velho do Mar” tinha suas manias. r4 muito soubesse e fosse incap. entir, tal - Dormido o deus, bastaria agarré-lo © as conse: fencias. Assim fzeram os gregor. O fedor dav focas Impregnava a velhalapa, o ar era imido e dura a pedra, decididamente no e tratava de um hotel de luxo, fort ficados, porém, pela esperanga e pela curiosidade, tendo forrado os naries com ambrosia, ess analisas uant la letre puseramse a praticar a virwde da paciéa- a, numa longa espera. As tantas, chega o deus com fs focas €-nio tarda a dormir. Saltathe em cima tr aqueus — que € como Homero chama os gregos sn or — ¢ agarram-no tenazmente, desencadeando. a5 Ietamorforesdivinas. Proteu tansformarse em leo ¢ fm dragio, em pantera ¢ em corpulento javal, depos Se metamorfosia em Agua e-em Arvore copada. Corajo- tox primeiro, mantiveram-se Mencia o* amigos agat- fados As fas, depois, com engenho surpreendente, 3 figua eB drvore — que Ihes parece pion, agarrar um lefo a nha ou sequrar eaquiva poca d'dyua? Pols bes cansado, vencido, talver admirado coma perssténc Proteu acedeu a pronunciar-se, ornecendo rumor e pre= vendo 0 faturo que, para Menclau, inclula «mortal dade nos verdes Campos Eliseor. Esta fabula€ insruiva para nds. Nio que expere: smos alcancar a noticia de nota imortalidade, merendo- fin escassa hoje em day mas porque ensina a analisar. Deitado, 0 paciente fala, € certo, mas seu desejo no se cscuta. & precio que 0 analiata se agarre ao homer psi- cient €rerapenta podem vier ase avalquer coin pace ie a panera, de massa fecal a Resi lene disios "Nao ¢ incomum, Freud dedicou mesmo um de seus Wet eleaes ns ou von ratcae ieee en cnn ome let Meartnte agarrado a alguém que nos deseja agarrar? E Fo or cer smn cant gue I erates cess siians Seka Coe ea tetas onicens «nas ceca Pee ceercas (ete un tom coe Sete k pace (cues pecoray eae re ia) aon espace a ee eee ee eo iota cscanes alec, Ne eee seco ir ses 3 ree cen acy ae ane aete st aeatcariaceer eee ete peecctaen a eee cme aese varia ey eantseaa eke Akins gus bens eect ea me cesalinmacte pr eager eae Pa eee eae wens eee fo iamesien Mea couche! am enemio 6am fomcls'e dm una deteminasto do mesodopacanal- Sicetampmes © me mde ten enone re aa ee eee ees a area, Peper paeoe ante pega ae ae ‘de nee cue pareulr, oar on hasronia Com ot okies : também nfo se apressa a desu, fin re foca (ow aman), na verdade; «ni se Pa em se envadece Ele pode ser manic Po te veneno, colaborador incecual ow apéndie so patch, e tans coisas mais cm cada cA, 40 tre stando mergulbar ha especiidade inebriante Set Stacia, ao més de tenar interrompeta. Pelo ds exPerquano agent © agardo, que os hmies do reno ctiocntem amber pars oterapeuta. Uma fants vague anja wm alvo 3 Pace ‘0 anlita de san posiao agarrada, P Etomegaroutra ver ‘Ortermo agarrar, até aqui usado, nfo agradaré quem sabe todos ov gostonEntretano, com set wih Sosco txco, ele €sufcentementeexato para que 0 man- Enis, © analist deve agarrar-se he presentagies mute Nets do. desejor as fantasy, como. se die sualmente. Palnoras mab brandas como compreender, sci, aco- ther, eabem porventura melhor flag com o paciete Chquanto, pessoa. Agarrar € bom, justamente porque Singuém pensaria em agarrar 0 pactente, nem mesmo para impedir que fja: acalhemos 0 pacient, mantemo- for agarrados a suas fantasas. Se bem me entender, now's prevenitlhes de cometer um equivoco considers ‘cle geralmente fatal que consste em confundit pessoa, Tintaita © deseo. A. pessoa do. pacente, num sentido

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