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A importância do projeto para a gestão do sistema produtivo

A definição das características do sistema produtivo, tais como: forma ou tipo do


arranjo-físico, porte ou capacidade instalada, nível de automação planejado, forma e
frequência de entregas pelos fornecedores, alternativas de estocagem de materiais,
forma de trabalho das pessoas, etc., normalmente são realizadas através da condução de
um projeto, isto é, de uma atividade que objetiva ter como produto final a fábrica ou o
sistema produtivo implantado. Uma vez realizada a implantação de tais
elementos, fica mais difícil e normalmente onerosa, a sua alteração.

gestão do sistema produtivo

A estratégia de mercado define “o que fazer”, que produto vender, quais mercados são
interessantes e eventualmente
rentáveis. No entanto, o “como fazer” é suportado pelas estratégias de produção,
qualidade, logística, etc.

Toda e qualquer questão relativa ao projeto de um sistema produtivo


deverá ser analisada em relação a quatro indicadores-chave:

a) produtividade das operações, sejam manuais ou automatizadas;


b) qualidade do produto e processo;
c) flexibilidade das instalações para introdução de produtos, redução ou aumento da
escala de produção;
d) pontualidade na entrega aos clientes ou distribuidores.

a) Produção: área responsável pela definição das quantidades a serem produzidas na


empresa, isto é, o Planejamento da Produção. Envolve também as atividades para
garantir a execução do planejado, isto é, as atividades de Controle;
b) Comercial (ou Marketing): área responsável pelas estratégias e operações de vendas,
pós-venda, atendimento aos clientes, etc.;
c) Finanças: área responsável pela análise do fluxo de recursos econômicos na
organização. Envolve o fluxo de caixa, avaliação de financiamentos, grau de
endividamento, avaliação de custos, etc.;
d) Logística: área que trata do planejamento e das operações de movimentação interna e
externa de materiais na organização. Trata também da armazenagem e definição de
embalagens envolvidas com os materiais. Pode ter uma abrangência nacional ou
internacional, dependendo do porte da empresa, envolvendo procedimentos de
importação e exportação. Pela sua importância para a definição do planejamento da
produção, passou em muitos casos, a realizá-lo juntamente com o setor de Produção;
e) Tecnologia da Informação: área que trata dos sistemas de informação, isto é, do
software e do hardware necessário para a empresa atingir seus objetivos. Os sistemas de
informação ou software´s tipo ERP – Enterprise Resources Planning, são programas de
computador que permitem acesso imediato às informações necessárias para as
atividades de planejamento e à tomada de decisão;
f) Outras áreas importantes na empresa moderna: Recursos Humanos, Compras,
Qualidade, etc.;

A) Produtividade:
O conceito de produtividade é importante para a avaliação da forma como está
sendo realizada uma ou um conjunto de atividades. Normalmente a medição da
produtividade é realizada através da relação entre a quantidade de produtos resultantes e
a quantidade de recursos ou insumos utilizados na realização da(s) atividade (s).

Assim, a produtividade é também uma medição dos desperdícios que a pessoa


ou empresa incorre ao executar as suas atividades.
Exemplos de medição de produtividade são: automóveis/homem.hora , m3 de
alumínio/dia,
O conceito de produtividade em sistemas produtivos é análogo ao de rendimento
ou eficiência utilizados na engenharia para representar o desempenho de um
determinado sistema, processo, máquina ou equipamento.

B) Qualidade:
Segundo Deming (1990) qualidade é o atendimento de um conjunto de
requisitos ou conformidades relativos a um determinado produto. É obtida utilizando-se
um tratamento estatístico dos dados (através do Controle Estatístico de Processo - CEP)
ou através da utilização de estudos amostrais
Poka-Yokes.
Juran (1992) espiral da melhoria contínua

Já Falconi (1994), um grande disseminador dos conceitos da qualidade no Brasil,


apresenta que um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de
forma confiável, acessível, segura e no tempo certo as necessidades do cliente. Portanto,
em outros termos, pode-se dizer: projeto perfeito, sem defeitos, baixo custo, segurança
do cliente, entrega no prazo certo no local certo e na quantidade certa. Para ele, o
verdadeiro critério da boa qualidade é a preferência do consumidor.

C) Flexibilidade
O conceito de flexibilidade em um sistema produtivo está relacionado com a
habilidade, facilidade e rapidez de:
 se introduzir outro produto no sistema produtivo, ou seja, a capacidade de se
produzir uma certa diversidade de produtos;
 se realizar um aumento ou redução do volume de produção em função das
oscilações da demanda.

Um dos fatores que exerce grande influência sobre a flexibilidade do Sistema de


Produção é o arranjo físico estabelecido. Este é definido na fase de projeto e,
normalmente no início das operações da empresa supre as suas necessidades em termos
do conjunto ou mix a ser produzido. No entanto, com o tempo, em função da inclusão e
exclusão de produtos do mix de produção, o arranjo-físico inicial pode tomar-se
obsoleto, inadequado e prejudicial à organização, reduzindo a flexibilidade da empresa.

Outro fator que exerce uma grande influência sobre a flexibilidade do sistema de
produção é o nível de automação das máquinas e equipamentos utilizados na fábrica.

Aautomação de processos industriais se justifica em determinadas situações, tais como:


 necessidade de se garantir segurança ou eliminação de esforços excessivos (peso,
velocidade, etc.) para o trabalhador;
 necessidade de se garantir qualidade para o produto, não alcançada através da
realização das tarefas manualmente;
 existência de uma elevada escala de produção com baixa variedade, o que leva a
uma alta repetibilidade das atividades;
 quando a automação levar o processo a uma maior flexibilidade, pelos recursos
tecnológicos que apresenta.

A implantação de sistemas de produção mais simples é defendida pela filosofia de


Produção Enxuta, como forma de garantir sua flexibilidade.
Há um risco da máquina ou equipamento trazer um alto nível de
“engessamento” às operações da empresa, reduzindo, portanto, sua flexibilidade para
atender a variedade de produtos.
Há também implicações do ponto de vista do Ciclo de Vida do produto para
adoção da automação. Se for curto, a empresa pode não ter flexibilidade para se adaptar
à nova situação ao final do ciclo de vida de um produto.

D) Pontualidade
Pontualidade significa cumprir as promessas de entrega, ou seja, honrar os
contratos de entrega ao cliente.
A pontualidade é um conceito simples – diferença entre a data devida e a data
real da entrega ao cliente.
No ambiente interno a pontualidade dá mais estabilidade à produção.
arranjo físico (layout) da produção adequado.

E) Automação
Automação é conjunto das técnicas e dos sistemas de produção fabril baseados
em máquinas com capacidade de executar tarefas previamente executadas pelo homem
e de controlar seqüências de operações sem a intervenção humana.

Alguns benefícios da automatização:


 gera grandes incrementos na produtividade do trabalho, gerando redução de custos;
 gera um aumento da produção, pois os equipamentos automatizados possibilitam
uma melhora na qualidade do produto, uniformizando a produção, e reduzindo ou
eliminando refugos e retrabalhos;
 elimina tempos mortos, ou seja, permite a existência de recursos que trabalham 24
horas por dia, o que leva a um grande crescimento na produtividade ;
 o uso da microeletrônica permite flexibilidade ao processo de fabricação, ou seja,
permite que os produtos sejam produzidos conforme as tendências do mercado,
evitando que se produzam estoques de produtos invendáveis.

Alguns cuidados importantes ao automatizar processos existentes:


 tomar um processo que já esteja claramente definido, isto é, que tenha os passos
claros e as regras que o governam estejam bem entendidas;
 não tomar um processo que apresente falhas. Automatizar um processo ruim
significa que você estará executando-o errado e mais rápido. Se um processo não
funciona, não assuma que o uso de tecnologia vai consertá-lo;
 é importante entender a natureza humana e a realidade do negócio na situação.

F) Competitividade
É a capacidade do sistema de gerar produtos dentro dos padrões de qualidade
atendendo uma variabilidade normal, com menos perdas, menos tempo e custos
reduzidos.

A competitividade das empresas não depende apenas de fatores


microeconômicos, mas também de todo o ambiente macroeconômico, político-
institucional, cultural e sanitário em que as empresas atuam.

PCP
O Planejamento e o Controle da Produção são atividades centrais em uma
indústria. É através do Planejamento e Controle da Produção que realiza-se a adequação
dos volumes e variedades a serem produzidos às variações da demanda e demais
condições do mercado.

Níveis de Planejamento
O planejamento de um a empresa é dividido em três grupos:
 planejamento estratégico: de certa forma irreversível, envolve toda a empresa e é
de longo prazo. Exemplo: a escolha da localização de uma nova fábrica é uma
decisão complexa e que deve contemplar vários fatores;
 planejamento tático: planejamento de médio prazo, envolve uma ou poucas áreas,
sendo reversível. Exemplo: definição do arranjo físico (também pode ser
considerado no nível operacional) ou processo de nacionalização de componentes;
 planejamento operacional: é de curto prazo, reversível, envolvendo em geral uma
área da empresa. Tem um impacto restrito na organização. Exemplo: compra de
insumos.

Porter (1986) define três estratégias básicas para uma organização industrial.
 liderança pelo custo: alto volume, elevada padronização;
 diferenciação: menores volumes de produção, menor padronização, ênfase na
marca. Exemplos: Ferrari, Companhia Aérea Gol. Ou através de outras ações
(ambientais, políticas, consciência ecológica). Exemplo: Boticário.
 enfoque: busca conciliar as duas anteriores. Foco no segmento de mercado ou
região.

As principais atividades do Planejamento e Controle da Produção em uma


empresa industrial são:
 Previsão de Demanda: contempla a análise das futuras condições de mercado e
previsão da demanda futura. É da maior importância para a elaboração do
Planejamento de Longo Prazo. Mesmo em indústrias que fabricam produtos sob
encomenda, deve-se fazer conjecturas sobre o estado da economia e o seu impacto nos
negócios futuros da empresa.

Pequeno (na verdade micro) negócio de especialidade(s), na área de panificação,


voltado à produção de bolos de frutas decorados e de alta qualidade para venda na
região, sem perspectivas de expansões e/ou contratações de empregados/terceiros, tendo
em vista o perfil dos donos do negócio.
Aluguel da fábrica
Equipamentos principais:
- misturador para 15 kg de massa
- 2 pequenos fornos (para assar)
Início de 1993 – somente bolos de 2 kg – venda para cafés e restaurantes – D= 150
bolos/mês
Necessidade do cliente: ter também a opção menor, de 1 kg
Julho de 1993:
- introdução do bolo de 1 kg => Venda para delicatessens
Vendas do bolo de 1 kg > venda dos bolos de 2 kg
1994:
Houve épocas em que venderam em excesso e tiveram que vender parte da produção
com desconto
Validade ideal do produto para manter a qualidade: 6 meses
VAREJISTAS solicitam no mínimo 3 meses de produtos
Capacidade de estoque na sala refrigerada da fábrica: 3000 kg
(custo de energia, do estoque em si??)
Delicatessens => margem de lucro menor (exigem grandes descontos), exigem entrega
em menor prazo (principalmente em março/abril – perto da Páscoa e em
novembro/dezembro => perto do Natal). Bolos de 1 kg
Possibilidade de expansão: lojas de artesanato e pontos turísticos locais > Venda de
bolos de 1kg > margem de lucro maior que as delicatessens > Vendas praticamente só
no verão

A capacidade de produção é insuficiente de forma que eu tenha que optar por


determinados mercados em detrimento de outros?
Gargalos**
Sazonalidade

1) “Deveríamos abrir uma loja da fábrica onde clientes regulares comprariam


diretamente, mas tenho certeza de que deveríamos oferecer uma gama maior de
bolos”.
Fora de cogitação, ao menos por enquanto, por conta de:
- necessidade de diversificação
- contratação de mão-de-obra

Abertura em alguns dias da semana apenas?

Produção normal de 10kg por batelada/fornada de único tamanho


(10 bolos de 1 kg ou 5 bolos de 2 kg)
Ingredientes e mistura: as frutas secas são pesadas (e lavadas, se necessário), outros
ingredientes são preparados e é feita a mistura > MISTURADOR
Formas untadas e mistura pesada
Superfície superior é decorada (frutas e glacê)
Estes passos totalizam o lead time de cerca de 30 min./batelada (Dave e Jean
trabalhando juntos)

PREPARAÇÃO: 30 min.
ASSAR:
EMBALAGEM:
Bolos esfriados durante a noite
Bolos embalados são levados a sala refrigerada e estocados de acordo com o tamanho
(tempo: 6 minutos/bolo, necessário 2 pessoas e o tempo independe do tamanho)
Almoço: 12:30 – 13:30 (quando o forno 2 está pronto para descarregar)
PLANEJAMENTO (SAZONALIDADE DA PRODUÇÃO **)
Março, abril, novembro e dezembro => aumento da produção dos bolos de 2 kg em 50%
(“hora extra”) = 1 batelada extra por dia => utilização do forno 1 (menor qualidade)
Nos outros meses => 1kg > 2kg > 1kg > 2 kg
***20 bolos de 1 kg e 10 bolos de 2 kg por dia nos meses de jan, fev, maio, jun, jul,
ago, set, out ***

“Etapa ASSAR”:
8:00 – 8:30 => aquecimento do forno (“Tempo de setup”)
Tempo de preparo:
Bolo de 1 kg: 3h
Bolo de 2 kg: 4h30
Tempo de espera (para nova batelada): 15 min.
 Forno 1 (mais velho) está mais próximo da bancada de trabalho, mas tem um
controle impreciso => usado apenas para os bolos de 1kg
 Forno 2 (melhor, mas mais afastado da estação de trabalho) => assa os bolos de
2 kg
**15:30 Jean vai buscar as crianças**

Tempo padrão:
Lead time (“tempo total”):
Carrinho para transporte dos bolos enformados até o forno 2 ou uma esteira

Capacidade de mistura (15 kg)


Capacidade dos 2 fornos juntos (20kg => 10 kg cada)

Jan/1994: estoque inicial de 100 bolos de 1kg + 100 bolos de 2 kg

 nível meso
Consertar o forno
Ver questões de layout?
Neste estudo de caso basicamente temos que nos ater a correções do fator
competitividade no nível meso e micro, o que é um facilitador, por serem dois fatores
em que detemos maiores controles e autonomia para implantar às mudanças/correções
necessárias. Vemos que nesta organização a estratégia é de enfoque

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