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UNIVERSIDADE INDEPENDENTE DE ANGOLA (UNIA)

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ENGENHARIA E TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA DE RECURSOS NATURAIS E AMBIENTE

Projecto e Dissertação

AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO DOS PEIXES CARAPAU E


ESPADA POR METAIS PESADOS (Hg, Pb, Fe, Mn, Cu e Zn)
COMERCIALIZADOS

ESTUDO DE CASO: PRAIA DA MABUNDA E ILHA DE LUANDA

Cláudio Dudney Martins Ferreira

130107

Orientador: Mestre em Bioquímica, Professor Domingos Januário de Almeida

Luanda, Março de 2019


UNIVERSIDADE INDEPENDENTE DE ANGOLA (UNIA)

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ENGENHARIA E TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA DE RECURSOS NATURAIS E AMBIENTE

Projecto e Dissertação

AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO DOS PEIXES CARAPAU E


ESPADA POR METAIS PESADOS (Hg, Pb, Fe, Mn, Cu e Zn)
COMERCIALIZADOS

ESTUDO DE CASO: PRAIA DA MABUNDA E ILHA DE LUANDA

Orientador: Mestre em Bioquímica, Professor Domingos Januário de Almeida

Trabalho do fim de curso em Engenharia de


Recursos Naturais e Ambiente para a
obtenção do grau de Licenciado

Cláudio Dudney Martins Ferreira

Matricula n.˚130107

ORIENTADOR: Mestre em Bioquímica, Professor Domingos Januário de Almeida.

CO-ORIENTADOR: Erilson Correia Barros,

Luanda, Março de 2020


FOLHA DE ROSTO
CLÁUDIO DUDNEY MARTINS FERREIRA

AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO POR METAIS PESADOS DOS


PEIXES CARAPAU E ESPADA COMERCIALIZADOS

ESTUDO DE CASO: PRAIA DA MABUNDA E ILHA DE LUANDA

Trabalho de Final de Curso da Licenciatura em Engenharia de Recursos Naturais e


Ambiente

Professor Orientador:

__________________________

Aprovado em: ___/___/____


DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, à minha família, aos meus colegas e amigos.

I
AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom supremo da vida, por tudo que fui, sou e serei permitindo-me
vencer esta longa jornada, onde sem sua constante presença nada disso seria
possível.

Aos meus parentes, por terem acreditado em meus sonhos, pela dedicação e
esforço do apoio financeiro.

Ao Professor Orientador Domingos Januário de Almeida por ter aceitado o convite


para participar neste projecto. Muito obrigado pela companinha, descontração e
contribuição para que a pesquisa se realizasse com sucesso.

Ao co-orientador Erilson Correias Barros pela disposição, recepção e competência.

Aos colegas de graduação que sempre estiveram ao meu lado, especialmente aos
do meu grupo de estudo.

Finalmente por último, não menos importante, a todos os professores da UNIA que
fizeram parte desta longa formação, que Deus possa abençoar cada um de vocês e
dar em dobro essa felicidade que hoje se completa em minha vida. Muito obrigado.

II
INDICE GERAL

Contents
DEDICATÓRIA..........................................................................................................................................I
AGRADECIMENTOS.................................................................................................................................II
RESUMO................................................................................................................................................IX
ABSTRACT...............................................................................................................................................X
1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................................12
2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA.....................................................................................................14
3 HIPÓTESES....................................................................................................................................15
4 JUTIFICAÇÃO.................................................................................................................................16
5 OBJECTIVOS:.................................................................................................................................17
5.1 Objectivo Geral.....................................................................................................................17
5.1.1 Objectivos Específicos...................................................................................................17
6 MATÉRIAIS E MÉTODOS...............................................................................................................18
7 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA.....................................................................................................18
Capitulo 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................................................18
1.1 Contaminação. Contaminação por metais pesado...............................................................18
1.2 Pescado: Nutrientes Vs Contaminantes................................................................................19
1.3 Peixe Carapau.......................................................................................................................21
7.1 Peixe-espada........................................................................................................................23
O peixe-espada (Aphanopus carbo) é um peixe teleósteo, perciforme, da família dos
trinquiurídeos, predominantemente é predador, inclusive pratica o canibalismo, tem um corpo
achatado em forma de fita de cor preta iridescente e uma cauda fina e bifurcada. Possui olhos e
boca grande com fortes dentes, não tem escamas. É encontrado em Portugal Continental na
zona de Sasimbra e também nos Arquipálagos da Madeira e dos Açores, onde habita em zonas
de grande profundidade, entre os 200 e os 1600 m. Sobe na coluna de água durante a noite
onde se alimenta de peixes, cefalópodes e crustáceos. Reproduz-se de Outubro a janeiro, tendo
um ciclo de vida longa, crescimento lento e baixo ciclo reprodutivo, o que torna muito sensível a
alterações do meio. É pescado com palangre de fundo, que pode ter mais de 1 km. É muito
encontrado no comércio (www.cienciaviva.pt/oceano)...............................................................23
7.2 Poluição dos Oceanos por Metais Pesados...........................................................................23
7.3 Pescado: Poluentes Vs Contaminante..................................................................................24
7.4 Descrição dos Metais Pesados..............................................................................................24
7.5 Metais Pesados no Ecossistema Aquático............................................................................25

III
7.5.1 Mercúrio.......................................................................................................................26
7.5.2 Ferro.............................................................................................................................27
7.5.3 Chumbo (Pb).................................................................................................................28
7.5.4 Cobre (Cu).....................................................................................................................29
7.5.5 Zinco (Zn)......................................................................................................................31
7.5.6 Manganês (Mn)............................................................................................................32
7.5.7 Transporte e Distribuição de Metais Pesados...............................................................32
7.6 Processos Biológicos.............................................................................................................34
7.6.1 Peixes como Bioindicadores.........................................................................................36
7.7 Avaliação da Exposição Alimentar e Limites de Segurança...................................................38
Capitulo 2 ESTUDO DE CASO................................................................................................................38
7.8 Entrevista com os Pescadores e Vendedores.......................................................................39
7.9 Amostra:...............................................................................................................................39
7.10 Metodologia De Análise Laboratorial...................................................................................40
7.10.1 Procedimentos Analíticos.............................................................................................40
7.10.2 Análise das Amostras no Laboratório...........................................................................41
RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................................................41
CONCLUSÔES....................................................................................................................................51
RECOMENDAÇÕES............................................................................................................................52
9 BIBLIOGRAFIA...............................................................................................................................53
10 ANEXOS....................................................................................................................................53

INDICE DE FIGURAS
IV
INDICE DE TABELAS

V
INDICE DE QUADROS

VI
INDICE DE GRÁFICOS

VII
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

VIII
RESUMO

IX
ABSTRACT

X
XI
1 INTRODUÇÃO

A história da ocupação colonial é uma primeira fase da persistência e tradicional


ocupação costeira, no final do século XVI quando os portugueses se estabeleceram
na ilha frente a baia de Luanda, formaram-se núcleos costeiros que tinham como
função estratégia primordial proteger as operações comerciais ligados ao tráfico
negreiro. Tempos depois, surgiram estruturas urbanas que inspirava-se no modelo
tradicional da cidade portuguesa da expansão, numa implantação litoral, em baia
resguardada, com carácter basicamente defensivo e comercial. Assim, o alto nível
de industrialização, a intensa actividade agrícola e a necessidade do aumento da
produção advinda do aumento na densidade populacional, contribuíram
significativamente no crescimento urbano em áreas geográficas próximas as regiões
litorâneas. Dentro deste contexto temos umas poluições excessivas que afectam
principalmente os lençóis de água que entre os poluentes mais prejudiciais aos
ecossistemas estão os metais pesados. Todos os metais pesados têm origem
natural, porém a industrialização do homem acelerou a disponibilidade (ar, água e
solo) para a incorporação biológica.

Nos ecossistemas aquáticos, os metais tendem a acumular-se no sedimento, e


dependendo das condições ambientais podem ser liberados na coluna de água
tornando-se biodisponíveis, sendo incorporados ao longo da cadeia alimentar
(SÉRGIO AUGOSTO BEIRITH CAMPOS, 2015 apud KHAN et al., 2005). A
presença desse tipo de poluente está também directamente relacionada com a
biomagnificação, definido por (SÉRGIO AUGOSTO BEIRITH CAMPOS, 2015 apud
ZAGATTO e BERTOLETTI, 2006) como “ o aumento da concentração de resíduos
químicos em organismos na parte mais alta da cadeia alimentar, primariamente
como resultado de acumulação em função da dieta”. O aumento desses poluentes
nos organismos é resultado de bioacumulação, que é definido como a assimilação e
retenção de agentes químicos presentes no ambiente através da via respiratória,
dérmica ou digestão (AMYOT, 1996).

A bioacumulação e a biomagnificação trófica podem ocasionar a concentração de


níveis tóxicos de metais pesados em peixes mesmo quando a exposição é baixa,
tornando os peixes indicadores da presença desses poluentes no ambiente
12
(SÉRGIO AUGOSTO BEIRITH CAMPOS, 2015 apud EKEANYANWU, 2010). O
tamanho corporal, o ciclo de vida longo e sua importância alimentar como fonte de
proteína, fazem dos peixes uma das principais vias de rastreio da exposição de
metais pesados por seres humanos (SÉRGIO AUGOSTO BEIRITH CAMPOS, 2015
apud TERRY, 2002).

No entanto, quando ocorre o aumento destas concentrações, normalmente acima


de dez vezes, defeitos deletérios começam a surgir. Por isso, a contaminação de
águas por metais pesados (Pb, Cd, As, Hg, etc.) vem recebendo uma grande
atenção por parte dos ambientalistas no que diz respeito à sua toxicidade em
relação ao meio aquático e a vida humana (TOREM & CASQUEIRA, 2003), estes
poluentes acumulam-se na cadeia alimentar e são responsáveis pelos efeitos
adversos e morte destes organismos (FARKAS et al., 2002). Dentro deste contexto,
os peixes predadores, ou seja aqueles que estão no topo da cadeia alimentar
possuem maior nível de metal pesado. O consumo excessivo de peixes
contaminados pode levar como consequências: Alterações no sistema nervoso
central, tendências suicida, queda de imunidades, alterações renais, etc.

Estes e outros problemas ocorridos mundialmente, especialmente na praia da


mabunda e ilha de Luanda, actualmente enfrentada, levam a necessidade de se
recorrer a novas análises qualitativas e quantitativas para determinação dos metais
existentes nas praias e estudos de métodos físico-químicos úteis para determinação
e recuperação do ecossistema a fim de minimizar os danos antrópicos e preservar
as suas características e condições naturais que facilitam as interacções com os
organismos vivos.

Fundamentado nas informações supracitadas, esta pesquisa objetivou a avaliação


das concentrações dos metais pesados como mercúrio (Hg), Chumbo (Pb), Ferro
(Fe), Cobre (Cu), zinco (Zn) e Manganês (Mg) em amostras de peixes
comercializados nas praias da mabunda e ilha de Luanda.

13
2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Constatou-se que as valas de drenagem em Luanda, arrastão um grande volume de


resíduos que desembocam no mar. Este fenómeno, pode dar a azo (origem) na
transferência dos metais pesados para o mar, e consequentemente é consumido
pelas espécies e por via da cadeia alimentar (Nível trófico) causar danos ao homem.
Que tipos de peixes são os mais contaminados?

14
3 HIPÓTESES

I. Os peixes maiores e de hábito alimentar carnívoro possuem maiores


concentrações de metais pesados. em relação aos menores e que se
alimentam de fitoplâncton.
II. Os peixes presentes nos locais próximos as áreas das valas de drenagem
detêm maiores níveis de metais pesados em relação aos dos locais mais
distantes.

15
4 JUTIFICAÇÃO

Por serem um importante recurso proteico e fazem parte da composição alimentar


do homem, os peixes representam uma das principais fontes de ingestão de metais
para o homem via cadeia alimentar. Contudo, para diminuir o potencial risco de
contaminação para a fauna, flora e as futuras gerações é necessário criar
mecanismos para diminuir a poluição do mar e ajuda-lo a alcançar o seu estado de
equilíbrio.

Na praia da Mabunda e Ilha de Luanda, o sistema de drenagem (os efluentes


domésticos e industriais), substâncias químicas resultantes da queima de
combustíveis fósseis e as substâncias químicas de pesticidas e fungicidas utilizadas
na agricultura são grandes fontes de metais tóxicos para o bioma aquático.

Por ventura, as descargas persistentes (constantes) dessas impurezas químicas no


bioma aquático consequentemente vai contaminar o fitoplâncton, os peixes e até
aonde for a extensão desta cadeia alimentar.

16
5 OBJECTIVOS:

5.1 Objectivo Geral


Avaliar os teores de metais pesados (Hg, Pb, Fe, Cu, Zn e Mg) nos peixes carapau e
espada comercializados no mercado de peixe da Mabunda e ilha de Luanda como
pressupostos de contaminação.

5.1.1 Objectivos Específicos


1 Determinar o teor de concentração dos metais pesados (mercúrio, chumbo,
cobre e ferro), nos peixes carapau e espada comercializados no mercado de
peixe Mabunda e ilha de Luanda por via de análise laboratorial;
2 Comparar as concentrações de metais nos peixes carapau e espada
comercializados no mercado de peixe Mabunda e ilha de Luanda;
3 Caracterizar os riscos de ingestão dos metais pesados pela população.

17
6 MATÉRIAIS E MÉTODOS

Para se atingirem os objectivos propostos para avaliar os metais pesados, foi


necessário empreender uma metodologia que inclui um procedimento bibliográfico;
uma abordagem qualitativa e quantitativa (misto), na qual incluiu questionário e
também entrevista; visitas aos postos de venda das amostras, análise das amostras
no laboratório.

 A pesquisa bibliográfica é um levantamento disponíveis sopre teorias, a fim


de analisar, produzir ou explicar um objecto sendo investigado. Ela visa
analisar as principais teorias de um tema, e pode ser realizada com diferentes
finalidades. (CHIARA, KAIMEN, et al., 2008).
 Também utilizou-se como meio de informação sites de especialização
relacionados aos metais pesados, relatórios, artigos científicos, livros. Assim
foi possível obter as informações para a revisão bibliográfica.
 A visita na praça da Mabunda e ilha de Luanda foi realizada no dia 10 de
novembro.

7 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

Capitulo 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

I.1 Contaminação. Contaminação por metais pesado

Uma das principais preocupações com os metais tóxicos é a bioacumulação desses


pela fora e a fauna aquática, que pela cadeia alimentar acaba também atingir o
homem, ocasionando efeitos subletais e letais, devido a disfunções metabólicas.
Diferentes metais em um sistema aquático podem resultar em uma sensível
diminuição da toxicidade desses metais quando comparado com a soma de suas
toxicidades quando presentes individualmente (PEREIRA, 2004).

18
MARCOVECCHIO (2004) afirma, que a contaminação aquática, é mais dramática
dentro de estuários e zonas costeiras semifechadas, especialmente quando elas
estão perto de áreas densamente povoadas ou industrializadas. Devido a sua
toxidez, os metais Mercúrio, Chumbo, Ferro e Cobre se destacam. As indústrias
metalúrgicas, de tintas, de cloro e polímeros, utilizam metais de traço que, quando
lançados irregularmente no ambiente, maioritariamente contaminam os cursos de
águas e lenções freáticos. A queima de combustíveis fosseis produz emissões de
gases ricos em metais, principalmente o mercúrio, ferro, chumbo e o cádmio que
podem solubilizados pela água contaminada no processo, animais aquáticos que
fazem parte da cadeia alimentar.

I.2 Pescado: Nutrientes Vs Contaminantes

Segundo COPAT et al., (2012); RAHMAN et al.,( 2012) a ingestão de peixes


proporciona diversos benefícios para a saúde humana, uma vez que são
importantes fontes de vitaminas, minerais, proteínas de alta qualidade como ômega-
3 e ácidos gordos polinsaturados. O consumo frequente de peixes e frutos do mar
tem sido associado à redução do risco de desenvolvimento de doença arterial
coronariana, alguns tipos de câncer, artrite reumatoide de outras doenças
inflamatórias (MACIEL ET AL., 2014; LUND 2013; SWANSON E MOUSA, 2012;
MOZAFFARIAN e WU, 2011; DOMINGO,2007; CAHU ET AL., 2004).

Os géneros alimentares que constituem o grupo do pescado são, na sua


generalidade, alimentos altamente nutritivos, saborosos e de fácil digestão, resultado
do seu número inferior de menor quantidade de gordura, que apresenta em média,
de colesterol e gorduras saturadas e uma quantidade superior de gorduras
insaturadas, especialmente das polinsaturadas (GONÇALVES FERREIRA, 1994).

As proteínas encontradas no peixe são consideradas de elevado valor biológico,


uma vez que possuem na sua composição todos os aminoácidos essenciais. Estas
proteínas são ainda excelentes fontes de lisina, metionina e cisteína e podem
aumentar e completar significativamente as dietas à base de cereais, as quais são
pobres alguns destes aminoácidos (BANDARRA ET AL., 2004).

19
Peixe Água Proteínas Glúcidos Lípidos (g) Vitaminas Minerais
Totais Saturados Monosaturados Polinsaturados A D Ɇ B3 Ca P K Zn
(g) (g) (g)
(µg) (µg) (mg) (mg) (mg) (mg) (mg) (mg)
Carapau 75,6 19,7 0 2,9 0,7 0,8 0,9 15 4,1 0,37 5 69 263 403 1,2

Espada 80 17,6 0 1,4 0,2 0,4 0,4 10 1,4 0,5 1,1 31 193 359 0,6

Quadro 1: Composição Nutricional dos peixes

Todos os metais têm origem natural, porém, com a industrialização o homem


acelerou, modificou e ampliou em muito os níveis de diversos deles, alterando sua
forma química e tornando-os, às vezes mais disponíveis para incorporação
biológica. Os metais são eternos, apenas mudam de lugar na biosfera em função de
processos naturais e de seu intenso uso pelos humanos. Quando presentes na
natureza em sua forma original, eles não conferem riscos ao ambiente (BAIRD,
2002).

Alguns elementos-traço são considerados essenciais do ponto de vista biológicas,


enquanto outros não o são. Entretendo, mesmo aqueles essenciais podem, sob
condições, causar impactos negativos aos ecossistemas terrestres e aquáticos,
constituindo-se assim em contaminantes ou poluentes de solo e água. Para
elementos que possuem a característica intrínseca de causar danos, a redução da
exposição é a única maneira efectiva de se diminuir o risco ambiental e à saúde
humana (ESTEVES, 1998).

Encontram-se, naturalmente, quantidade muito baixas de metais pesados no meio


aquático. As concentrações podem ser “ oneradas” de forma significativas devido às
actividades industriais, agrícolas, de mineração, de transporte, incineração, queima
de biomassa, destinação inadequada dos resíduos e efluentes e deposição
atmosférica (OLMEDO ET AL., 2013; DJEDJIBEGOVIC ET AL., 2012; BRAGA ET
AL., 2005).

20
Tabela 1: Modo de contaminação de alguns Metais

Metais Modo de contaminação

Produtos farmacêuticos, aparelhos eléctricos e


Mercúrio
electrônicos, tintas, produção de lâmpadas
(Hg)
fluorescente.

Chumbo Fabricação de bactérias e munições, tintas,


(Pb) escoamento pluvial de vias públicas.

Revestimento metálico, indústia de tinturaria,


Ferro (Fe)
extração de mineiro, fábricas de fios eléctricos.

Elemento utilizado para fazer objectos em inox,


cimento, papel e borracha e, por isso, pode ser
Cobre (Cu) facilmente encontrado em elementos de
construção, ou durante a queima de papel ou
borracha
Produção de Fe e aço, corrosão de estruturas
Zinco (Zn) galvanizadas, eliminação e incineração de
resíduos e uso de fertilizantes e agrotóxicos
contendo Zn.
Eliminação de resíduos líquidos e sólidos
Manganês contendo o metal como a descarga de
instalações industriais, e processos aerossóis,
praguicidas e fertilizantes.

Fonte: xxxxxxx

I.3 Peixe Carapau

O carapau (Trachurus trachurus) é um peixe osteicthys, perciforme, da família dos


carangidae, tem um corpo alongado, moderadamente comprido, com tamanho
médio de 20 cm e máximo de 70cm, peso máximo de 2000g, cinzento com matrizes
azuis no dorso e prateado no ventre e flancos, com uma linha lateral muito
pronunciada. É distribuído pelo nordeste do oceano Atlântico, Arquipélago da
Madeira e Mar Mediterrâneo, onde habita na coluna de água desde a superfície até
ao fundo, em zonas costeiras com 100 a 200 m de profundidade. Forma grandes
cardumes que efectuam migrações consideráveis, alimentando-se de pequenos

21
crustáceos, peixes e moluscos. Reproduz-se de Dezembro a Abril, com um pico em
Fevereiro. O carapau pode ter diferentes nomes consoante o seu tamanho:
Jaquinzinho (até 15 cm de comprimento) e chicharro (carapau muito grande)
(www.cienciaviva.pt/oceano).

Figura 1: Peixe carapau

Fonte: www.cienciaviva.pt/peixes

A captura é realizada fundamentalmente, por arrasto, cerco e redes de malhar, entre


o anoitecer e o amanhecer; em menor percentagem, a captura pode ser realizada
por anzóis e redes de emalhar (BARRETO, J. 2011; MOURA, O. Et al., 2006).

22
7.1 Peixe-espada

O peixe-espada (Aphanopus carbo) é um peixe teleósteo, perciforme, da família dos


trinquiurídeos, predominantemente é predador, inclusive pratica o canibalismo, tem
um corpo achatado em forma de fita de cor preta iridescente e uma cauda fina e
bifurcada. Possui olhos e boca grande com fortes dentes, não tem escamas. É
encontrado em Portugal Continental na zona de Sasimbra e também nos
Arquipálagos da Madeira e dos Açores, onde habita em zonas de grande
profundidade, entre os 200 e os 1600 m. Sobe na coluna de água durante a noite
onde se alimenta de peixes, cefalópodes e crustáceos. Reproduz-se de Outubro a
janeiro, tendo um ciclo de vida longa, crescimento lento e baixo ciclo reprodutivo, o
que torna muito sensível a alterações do meio. É pescado com palangre de fundo,
que pode ter mais de 1 km. É muito encontrado no comércio
(www.cienciaviva.pt/oceano).

Figura 2: Peixe-espada

Fonte: www.cienciaviva.pt/peixes

Fonte: xxxxxxx

7.2 Poluição dos Oceanos por Metais Pesados

A verdadeira fonte de nutrientes dos oceanos encontra-se na região costeira, visto


que, quanto mais distante da costa, menos alimentos estarão disponíveis para a
manutenção da vida. A região central dos oceanos pode ser descrita como um
deserto biológico. O mar sempre foi considerado um depósito natural. Durante
milénios, os ciclos biológicos que ocorriam naturalmente, asseguravam em larga
23
escala a absorção dos dejectos e a purificação das águas. Actualmente, em virtude
das acções e omissões da sociedade industrializadas, tem se verificado um
verdadeiro estado de desequilíbrio do meio marinho.

Numerosos detergentes e pesticidas arrastados pelas águas fluviais têm um efeito


muito nocivo sobre a fauna e a flora. O mesmo ocorre com os produtos de origem
industriais que podem desencadear consequências catastróficas para as
comunidades costeiras.

Os produtos petrolíferos também têm um efeito nefasto sobre toda a vida marinha e
litorânea, uma vez que as correntes marítimas facilitam a formação de marés
negras, que se abatem sobre as praias e outras zonas costeiras.

Em geral, os aguentes poluentes percorrem toda a cadeia trófica marinha, iniciando


o seu percurso nos fitoplânctons, para finalmente, se concentrarem nos moluscos e
peixes que são comidos pelo homem. (Livro: Margarida De Almeida, pagina 34, 36 e
37).

7.3 Pescado: Poluentes Vs Contaminante

7.4 Descrição dos Metais Pesados

Segundo MALAVOLTA (1994) a expressão “metal pesado” se aplica aos elementos


que tem densidade maior que 5 g/cm 2 ou que possuem número atômico superior a
20. Além disso, possuem características próprias como aparência brilhante, são
bons condutores de electricidade e, geralmente, participam de reacções químicas
com iões positivos de enzimas no metabolismo (DANIEL PANDILHA DE LIMA apud
LEE et al., 1985)

Os mais característicos são: arsênio (As), cádmio (Cd), chumbo (Pb), cromo (Cr),
cobre (Cu), ferro (Fe), níquel (Ni), manganês (Mn), mercúrio (Hg) e zinco (Zn). Esses
metais, essências e não-essências, são recolhidos a partir da água, sedimento, ou
de alimentos, especialmente na alimentação de peixes bentônicos de
forrageamento, podendo acumular-se em tecidos tais como o músculo e fígado
24
(AZEVADO et al., 2012). Os metais pesados são encontrados naturalmente no solo
em concentrações variadas consideradas tóxicas ou não, dependentemente de cada
organismo vivo. Os efluentes domésticos e industriais, substâncias químicas de
pesticidas e fungicidas utilizadas na agricultura, emissões veiculares e rejeitos da
exploração mineral são grandes fontes de metais para o sistema aquático (PYLE et
al. 2005; MOISEENKO e KUDRYAYTSEA, 2011).

Quando os metais são lançados à água, agregam-se a outros elementos, formando


diversos tipos de moléculas, as quais apresentam diferentes efeitos nos organismos
devido a variações no grau de absorção pelos mesmos. O mercúrio, por exemplo,
pode constituir HgCl2, Hg2SO3, o chumbo pode constituir Pb(OH) 2, e assim por diante
(VOGEL, 1981).

7.5 Metais Pesados no Ecossistema Aquático

Nos ecossistemas aquáticos há um aumento da concentração de metais pesados de


origem antrópica. Uma vez inseridos no sistema aquático, os metais se distribuem
no material em suspensão biótico e abiótico, no sedimento, na água superficial e na
água intersticial. Todos esses elementos, interagem entre si influenciando a
assimilação de matais pesados pela biota. Por este motivo o comportamento de
metais pesados em sistemas aquáticos é complexo, devido a possíveis interacções
que podem ocorrer com os componentes dissolvidos e particulados quando estes
não estão em condições de equilíbrio, promovendo sérias modificações ambientais
(SALOMONS & FOSTESTMER, 1984).

Factores como a composição física e química da água, interferem na disponibilidade


de metais, porque determinam a forma de transporte dos mesmos (MOORE &
RAMAMOORTHY, 1984). O material em suspensão também desempenha um papel
importante e no ciclo geoquímico dos metais nos ecossistemas aquáticos, sendo
que as suas características físicas e geoquímicas influenciam a capacidade de
ligação com os metais, auxiliando assim na autodepuração dos corpos de água
(SALOMONS & FOSTETMER, 1984; MOORE & RAMAMOORTHY,1984).

25
7.5.1 Mercúrio

O mercúrio é o elemento de número atômico 80, peso atômico 200,59 e densidade


de 13g.cm-3, sendo considerado pela Agência para a protecção do Ambiente
Americano, o composto tóxico mais preocupante em termos de saúde humana, de
entre um conjunto de 188 tóxicos atmosféricos e aquáticos emitidos pela indústria.

Durante a queima dos combustíveis fósseis, incluindo o gás natural, óleo cru,
carvão, etc, o vapor de mercúrio é libertado para atmosfera, onde é oxidado
formando o mercúrio ionizado (Hg 2 +), que se condensa nas nuvens e por meio da
chuva volta para o solo e/ou água, onde é transformado em mercúrio orgânico
(CH3Hg+), uma constituição já tóxica. Na forma orgânica o Hg é absorvido pelo
organismo dos seres vivos e convertido em metilmercúrio, sua forma mais tóxica
(DANIEL PANDILHA DE LIMA, 2013 apud MEDEIROS et al., 2006, SILVA et al.,
1996; TRINDADE; BARBOSA FILHO, 2002).

Em termos de especiação química o mercúrio pode ocorrer sob três formas


principais, mercúrio inorgânico, também designados como sais de mercúrio (sais
mercurosos e mercúricos) e mercúrio orgânico, quando se liga covalentemente a
pelo menos um átomo de carbono (metilmercúrio, etilmercúrio e fenilmercúrio), dos
quais o dimetilmercúrio [(CH 3)2 Hg] e o metilmercúrio [CH 3Hg+], são do ponto de vista
de exposição humana, os mais importantes (Dacr / Asae, 2009).

Figura 3:
Mercúrio

26
Fonte: www.cienciaviva.pt/peixes

7.5.2 Ferro

O ferro é o elemento de número atômico 26, peso atômico 55,845 e densidade 7,8
g.cm-3, e é elemento essêncial ao metabolismo do organismo.

O Fe participa de processos envolvendo compostos enzimáticos, fazendo parte do


sistema aceptor/doador de eléctrons (ESTEVES; 2011).

No ambiente, o ferro é oxidado primeiramente à forma ferrosa (Fe 2+) e, em seguida,


à forma (Fe3+). O estado férrico do ferro é muito propenso a sofrer hidrólise e a
formar polímeros de hidróxido de ferro insolúvel, geralmente denominados ferrugem.
Aparece, geralmente, combinado com oxigénio, enxofre e silício, formando os
minérios de ferro de coloração variada (HUEBERS, 1991).

Segundo Lima (2003), o ferro é o elemento telúrico mais abundante, compondo 30%
da massa total do planeta. Constitui 80% do núcleo da terra e é o quarto elemento
mais abundante da crosta terrestre, depois do oxigénio, silício e alumínio.

De acordo com CERCASOV et al, (1998), o ferro e seus compostos são liberados
para atmosfera principalmente na forma de material particulado. É removido por
sedimentos ou pela água das chuvas, sendo essa remoção relacionada com
tamanho das partículas e com as condições meteorológicas do local (temperatura do
ar e velocidade dos ventos).

Entre as fontes antropogénicas de ferro de origem urbana estão os efluentes de


esgotos domésticos e industriais e o escoamento superficial, entre outras. O ser
humano está exposto ao ferro principalmente pela ingestão de alimentos e bebidas,
a ingestão média total de ferro por meio de alimentos é de aproximadamente 15 mg,
dia-1 (LIMA; PEDROSO, 2001).

27
Figura 4: Ferro

Fonte: www.cienciaviva.pt/peixes

7.5.3 Chumbo (Pb)


O chumbo é o elemento de número atômico 82, densidade de (11,3g.cm -3) e peso
atômico 207,2; metal azul-acinzentado que se funde à 327ºC e ferve a (1.744ºC).

De acordo com a Agência de Substâncias Tóxicas e Registro de Doenças – ATSDR


(2005) o Pb é um metal pesado que ocorre naturalmente na crosta terrestre.
Raramente é encontrado isoladamente, normalmente encontra-se combinado com
dois ou mais elementos, formando compostos. É de ocorrência natural no ambiente,
mas a actividade humana proporcionou o aumento da concentração do elemento
nas últimas décadas, sendo este aumento um factor preocupante.

28
No seu estado elementar, o chumbo é denso (11,3pg.cm -3), metal azul-acinzentado
que se funde à 327ºC e ferve a 1.744ºC. O metal é bem maleável e tende a escorrer
sob pressão, assim pode ser facilmente cortado e moldado (TAKAMATSU, 1995).

O chumbo é um elemento tóxico e não essencial, tendo a característica de acumular


nos organismos. Ele afecta, adversamente, vários órgãos e sistemas, sendo que as
alterações subcelulares e os efeitos neurológicos sobre o desenvolvimento parecem
ser os mais críticos. Atinge com maior frequência crianças por razões neurologias,
metabólicas e comportamentais. Podem-se observar efeitos indiretos no sistema
cardiovascular, sistema gastrointestinal, e no sistema renal causa interferências na
excreção de saís e ácido úrico. O chumbo pode afectar também o sistema
reprodutor masculino, na morfologia e contagem do esquema, e o sistema
reprodutor feminino com danos fetais em seu desenvolvimento, com risco de um
parto prematuro e dificuldades no crescimento (MOREIRA, 2004)

Figura 5: Chumbo

Fonte: www.cienciaviva.pt/peixes

7.5.4 Cobre (Cu)

O Cu é o elemento de número atômico 29, peso atômico 63,54 e densidade 8,96


g/cm. Está presente em todas as rochas da crosta terrestre (MELLIS, 2006).

29
Conforme TAKAMATSU (1995), o cobre é considerado um dos elementos essências
mais importantes para as plantas e animais quando em baixas concentrações. Na
natureza o cobre forma sulfetos, sulfatos, carbonatos, e outros compostos,
ocorrendo também em ambiente redutores, como metal nativo. O cobre é
especialmente adsorvido ou fixado nos solos. Tornando-o um dos metais pesados
que menos se dispersa no meio ambiente. Altas concentrações de cobre na camada
superficial de um solo são uma indicação da adição de fertilizantes, lodos de esgoto
e outros resíduos, fungicidas ou bactericidas, ou estrumes de suínos e cavalos.

O cobre disponível para a biota é encontrada em sistema aquáticos em pequenas


concentrações. Normalmente, está presente na forma cúprica (Cu +2), ligado a
carbonatos, cianetos, aminoácidos e outras substâncias químicas. Em sedimentos,
apresenta-se depositado nas formas de hidróxidos, fosfatos e sulfetos (SHOTYK e
LE ROUXY, 2005).

MARTINS (2011) relata que as principais fontes industriais de cobre compreendem


as indústrias de mineração, fundição e refinação. Segundo MELLIS (2006) podem
ter origem também em canalizações de água quente, fios elétricos, radiadores de
automóveis e tratamento de superfícies metálicas.

Podemos encontrar cobre também na composição de algumas pilhas disponíveis no


mercado. Embora seja considerado elemento essencial, altas concentrações desse
mineral têm sido associadas a sintomas gastrointestinais, como diarreias, dores
abdominais, náuseas e Vômito (PIZARRO et al., 1999).

30
Figura 6: Cobre

Fonte: www.cienciaviva.pt/peixes

7.5.5 Zinco (Zn)

O Zn é o elemento de número atômico 30, peso atômico 65,4 e densidade X g/cm.

Grandes quantidades de zinco entram no ambiente como resultados de atividade


antropogénicas, como a mineração, purificação de zinco, cádmio e chumbo,
produção de aço e queima de carvão e lixo. O lixo de indústrias químicas que
utilizam o zinco, os esgotos domésticos e as correntes de águas pluviais de solo
podem transportar este metal e contaminar o ambiente aquático (AZEVEDO e
CHASIN, 2003).

O zinco é um elemento essencial, sendo assim, a sua deficiência no organismo


provoca diminuição do paladar, anorexia, apetia, retarda o crescimento, alopecia,
hipogonadismo e retardamento da maturação sexual, intolerância a glicose e
deficiência de imunidade. A toxicidade provocada pelo zinco pode ser tanto aguda
como crônica. Quando aguda provoca náuseas, vômitos e dores abdominais, e
quando crônica provoca deficiência de cobre e anemia (MAHAN E ESCOTT-
STUMP, 1998).

Figura 7: Zinco

Fonte: www.cienciaviva.pt/peixes
31
7.5.6 Manganês (Mn)

O Mn também está entre os elementos mais abundante na crosta terrestre, estando


naturalmente presente através da lixiviação de minerais e do solo e em maiores
concentrações decorrentes do lançamento de efluentes industriais.

O Mn também participa de processos envolvendo compostos enzimáticos, fazendo


parte do sistema aceptor/doador de eléctrons (ESTEVES; 2011)

Os sintomas de intoxicação por Mn são semelhantes aos da doença de Parkinson


(tremores e rigidez muscular), perda de apetite, paralisia cerebral, problemas
neurológicos, doenças psiquiátricas e perda de memória (OMS, 1998).

7.5.7 Transporte e Distribuição de Metais Pesados

Embora ao se pensar nos metais pesados como poluentes de água e como


contaminantes de nossos alimentos, eles são em sua maioria transportados de um
lugar para o outro por erosão hídrica e eólica, seja como gases ou como espécies
adsorvidas em material particulado.

Segundo (ERILSON BARROS, 2011 apud LACERDA, 1998) os metais pesados


podem ser encontrados como material em suspensão em águas estuarinas, ligados
a sólidos inorgânicos, sólidos orgânicos e microorganismos ou, como material
dissolvido, apresentando reacção com a água. O destino final dos metais pesados e
32
também de muitos compostos orgânicos tóxicos é a sua deposição e soterramento
onde se acumulam (ERILSON BARROS, 2011 apud BAIRD, 2002).

Os poluentes (orgânicos ou inorgânicos) associados ao sedimento são aprisionados


por matrizes orgânicas ou inorgânicas por processo de adsorção.

As concentrações de metais podem proceder de vários aportes:

 Decorrentes de processos de descargas dos dejetos urbanos - industria;


 Precipitação atmosférica próxima às áreas urbanas e industriais;
 Pela precipitação ou solubilização de substâncias adsorvidas e consequentes
mudanças das características físico-químicas das águas;
 Originados de resíduos biológicos e produtos de decomposição de
substâncias orgânicas, de conchas calcárias e silicosas;
 Pelo intemperismo das rochas e fragmentos de rochas em leitos de rios;

33
7.6 Processos Biológicos

A bioacumulação e a biomagnificação ocorrem no ambiente aquático e estão


relacionados à absorção dos metais pesados pelos peixes. No primeiro caso, os
metais em suspensão e dissolvidos na água são absorvidos pelos peixes por
procedimentos de difusão ou ingestão (DANIEL PANDILHA DE LIMA, 2013 apud
MONTEIRO, 1996; MUTO, 2011), Os quais acontecem, respectivamente, nas
brânquias e no trato digestivo, que são potenciais locais de absorção dos elementos
metálicos (DANIEL PANDILHA DE LIMA, 2013 apud KEHRIG et al ., 2011;
MIRANDA et al., 2006).

Na difusão ocorre a absorção dos metais dissolvidos adquiridos seletivamente de


solução aquosa (água contaminada) e concentrados nos tecidos. Por isso, é
considerado como um processo especial de bioacumulação, no caso
34
bioconcentração (DANIEL PANDILHA DE LIMA, 2013 apud OOST, 2003). A
bioconcentração aplica-se principalmente a absorção directa de substâncias
dissolvidas para o peixe, em que o contaminante (metal) presente na água atravessa
suas brânquias, sendo transportado pelo sangue e concentrado nos seus diferentes
tecidos (DANIEL PANDILHA DE LIMA, 2013 apud KEHRIG, 2011), conforme ilustra
na figura Número: A

Quando os peixes realizam a ingestão de alimento contaminado passam pelo


processo de bioacumulação propriamente dito (DANIEL PANDILHA DE LIMA, 2013
apud READ, 2008). Neste processo, os peixes absorvem e retêm substâncias
químicas (no caso o metal) em seu corpo pelo trato digestivo a partir da alimentação
(figura Número: A). Isto terá implicações nas várias etapas da cadeia alimentar e dos
diferentes tipos de alimento consumido, como plânctons, crustáceos e peixes de
pequeno porte.

Figura: A

No processo asseguir, os peixes concentram metais em seu corpo de forma gradual


através dos níveis tróficos, processo este denominado biomagnificação ou em
alguns casos magnificação trófica (DANIEL PANDILHA DE LIMA, 2013 apud
KERHIG., 2011; OOST et al., 2003).Tal processo é um fenómeno caracterizado pela
transferência dos contaminantes por meio da cadeia trófica. Ou seja, a transferência
ocorre eficientemente dos metais acumulados no primeiro nível trófico (os
produtores) para o nível trófico superior imediato (os consumidores), sendo que
quando mais longa for à cadeia, maior a quantidade concentrada pelo consumidor
final (Figura Nª B)

35
De forma geral, os maiores teores de metais são encontrados em peixes que estão
no topo da cadeia trófica, como os peixes carnívoros (CUI, 2011; KEHRIG, 2009).
Assim, por estar no ápice da cadeia trófica, a mais importante via de exposição dos
seres humanos aos metais pesados é a ingestão de peixes contaminados, visto que,
reterá todo o percentual de contaminantes acumulados ao longo da cadeia pelos
peixes (TAO, 2012; CARVALHO, 1992).

7.6.1 Peixes como Bioindicadores

De maneira generalizada a CETESB (2012) define os bioindicadores como: seres


vivos de natureza diversa, que podem ser vegetais e animais, utilizados para
avaliação da qualidade ambiental. Os peixes são bons indicadores devido ao
conhecimento das espécies e fácil cultivo, no entanto, deve-se evitar espécies que
apresentam resistência a contaminantes, bem como determinar espécies com boa
disponibilidade e tempo adequado de resposta às variações de metais
biodisponíveis no meio (SÉRGIO AUGOSTO BEIRITH CAMPOS, 2015 apud
MACHADO, 2002).

De forma geral, os maiores teores de metais são encontrados em peixes que estão
no topo da cadeia trófica, como os peixes carnívoros (CUI, 2011; KEHRIG, 2009).
Assim, por estar no ápice (alto) da cadeia trófica, a mais importante via de exposição
dos seres humanos aos metais pesados é a ingestão de peixes contaminados, visto
que, reterá todo o percentual de contaminantes acumulados ao longo da cadeia
pelos peixes (TAO, 2012; CARVALHO, 1992).

36
Neste contexto, o peixe pode ser utilizado como um organismo indicador da
qualidade ambiental quanto a metais pesados, e na avaliação de seu potencial como
eventual via de acesso destes metais para o homem (ABDEL-BAKI, 2011).
Sobretudo, estes organismos participam activamente na ciclagem de metais retidos
nos compartimentos abióticos de sistemas aquáticos, remobilizando e exportando
destes sistemas para o meio terrestre via cadeia alimentar (CANLI; ATLI, 2003).
Principalmente porque no ambiente aquático, os peixes mais velhos são
normalmente maiores, e, por consequente, a sua dieta alimentar é baseada em
presas de maiores dimensões. Deste modo, tais peixes acabam por acumularem
maiores teores de contaminantes, durante um período de tempo superior que os
peixes menores dentro de uma mesma população (KASPER, 2009).

Por outro lado, as diversas espécies de peixes incorporam os diferentes tipos de


metais em concentrações diferentes dependendo de vários factores tais como seu
metabolismo, habitat (pelágico, bentônico) e dos parâmetros ambientais (salinidade,
material em suspensão) que podem afectar tanto a disponibilidade do metal quanto
o próprio metabolismo dos organismos em questão (GUIMARAES, 1999; ZANG,
2012).

A utilização de peixes como bioindicadores apresenta várias vantagens


(FLOTEMERCH et al., 2006), tais como:

- A utilização de espécies que representam variadas categorias tróficas e utilizam


alimentos de origem terrestre e aquática;

37
- A sua posição no topo da cadeia alimentar aquática, quando comparada com
organismos de níveis tróficos mais baixos, oferece uma visão integrada do corpo
hídrico, pois são reflexo do que ocorre nesses níveis inferiores;

- Podem estar presentes em comunidades aquáticas de todos os tamanhos, como


arroios, pequenos e grandes rios, represas e, inclusive, nos mares;

- Vivem todo seu ciclo de vida na água, sendo integrantes da história física, química
e biológica desse ambiente.

O conhecimento a respeito da mobilidade e concentração destes elementos tóxicos


na cadeia trófica tem importância prática e imediata quando se admite a
possibilidade de contaminação humana, e isto tem incentivado a pesquisa de sua
biodisponibilidade e acumulação em diversos organismos aquáticos (VIRGA, 2007;
KEUNG, 2008).

7.7 Avaliação da Exposição Alimentar e Limites de Segurança

Em rasão do potencial e real perigo do consumo de pescado com expressivos teores


de metais tóxicos, muitos países monitoram os níveis desses elementos traços no
pescado consumindo localmente para proteger a saúde humana.

Capitulo 2 ESTUDO DE CASO

Os locais estudados localizam-se: Mercado da Mabunda (P1), no distrito urbano da


Samba com as coordenadas de 8º 51´ 02” Sul e 13º 12´ 05” Este, com o clima
tropical. Há muito menos pluviosidade no inverno que no verão. Segundo a Koppen
e Geiger o clima é classificado como AW. A temperatura média anual na Samba é
de 24.7ºc e 1218 mm é o valor da pluviosidade média anual.

38
Praça da Mabunda

Apresentando uma média de 213 mm, o mês de Abril é o de maior precipitação.

O mercado da Ilha de Luanda (P2), faz parte do município da Ingombota com as


coordenadas de 8º 46´ 54” Sul e 13º 14´ 33” Este. O mês mais quente do ano é
março com uma temperatura média de 26.6ºc. A temperatura média em julho, é de
21. 0ºc e é a temperatura média mais baixa de todo o ano.

39
7.8 Entrevista com os Pescadores e Vendedores

7.9 Amostra:

São todas as unidades tomadas para o exame ou ensaio dum determinado lote e
retirados desse mesmo lote.

Foram escolhidas duas espécies com níveis tróficos bem diferentes, o estudo foi
realizado no período de julho à setembro de 2019.

Foram obtidas 12 amostras dos dois mercados, selecionados por conveniência,


desses mercados municipais da cidade de Luanda, procurando-se obter amostras
dessas diferentes regiões, sendo: Mercado I, seis amostras, sendo três de cada
espécie; Mercado II também seis amostras, sendo três de ambas espécies.

Para avaliação da condição estrutural, estado de concentração dos utensílios, más


práticas de higiene durante o atendimento, e do aspecto geral do local de venda
estudado, foi realizada uma avaliação informal e observável no momento de
aquisição das amostras.

Antes das escolhas, as amostras foram avaliadas quanto a sua consistência, odor e
cor e os resultados foram registrados.

(preservação das amostras colectadas): As amostras foram acondicionadas em


sacos plásticos e conservadas em caixa térmica com gelo e devidamente
identificados e transportadas para o laboratório. No laboratório, a mesma foi
novamente acondicionada em geleira até o momento do procedimento do material.

7.10 Metodologia De Análise Laboratorial


7.10.1 Procedimentos Analíticos

1. Separar os peixes por tipo e por praia de pesca;


2. Medir o cumprimento do peixe com uma régua;
3. Retirar as brânquias do peixe e separar em um recipiente;
4. Retirar a pinha do peixe e separar;
5. Preparar a balança analítica;
6. Pesar as branquias do peixe e registar o valor;
7. Pesar o músculo do peixe e regista o valor;

40
8. Realizar as medições acima descritos, para cada peixe, neste caso para os 12
peixes separadamente:
a. 3 Peixes-carapaus e 3 peixes-espadas, da praia Mabunda.
b. 3 Peixes-carapaus e 3 peixes-espadas, da Ilha de Luanda.
9. Preparar um triturador doméstico e realizar a limpeza com água destilada;
10. Colocar as brânquias do peixe no triturador e adicionar 100 ml de água
destilada;
11. Triturar as brânquias e realizar a filtração com um coador, separando a parte
líquida em um recipiente;
12. Limpar o triturador com água destilada;
13. Colocar o músculo do peixe no triturador e adicionar 500 ml de água destilada;
14. Triturar o músculo do peixe e realizar a filtração com o coador, separando a
parte líquida em um recipiente;
15. Realizar as etapas de 10 a 14, para os resta

7.10.2 Análise das Amostras no Laboratório

METODOLOGIA DE ANÁLISE LABORATORIAL

Parâmetros Método de Análise Unidade LQI LQS


pH Potenciométrico --- 1,0 14
Cobre, Cu EAM /Ditiocarbamato mg/kg 0,1 6,0
Zinco, Zn EAM/ Zincon mg/kg 0,01 3,0
Ferro, Fe EAM/ Tiocianato mg/kg 0,1 5,0

Manganês EAM/ Para-Formaldeído mg/kg 0,1 3,0

EAM – Espectrofotometria de Absorção Molecular

41
8 RESULTADOS E DISCUSSÃO

De forma geral, é possível determinar a contaminação directa do meio através da


análise das brânquias que é um meio de contaminação directa, sendo os metais
absorvidos por difusão para o corpo, e a contaminação dos espécies ao longo da
vida através da determinação de metais nos músculos que nem sempre são bons
indicadores para todo o corpo, no entanto, a bioacumulação nesse tecido indica
exposição crônica do organismo aos metais pesados.

Para análise dos resultados obtidos, foi consultado os limites máximos


recomendados pela organização de saúde e comparados com os dados obtidos. A
Tabela n mostra os limites máximos recomendados por organizações de saúde, o
Quadro 2 e 3 apresentam as variações de teores de cada metal encontradas nas
espécies analisadas.

Quadro 1: Resultados das análises físico-químicas do peixe-espada

Amostra Comprimento(cm) Parte Peso(g) pH Cu2+ Zn2+ Fe Mn2+

PRAIA DA MABUNDA – PEIXE-ESPADA


1,9 0,72 3,14 0,16
Branquias 5,8 6,85
mg/g mg/g mg/g mg/g
1 81
0,12 0,30 0,84 0,02
Músculos 162,2 4,20
mg/g mg/g mg/g mg/g
0,27 0,09 1,63 0,05
Branquias 7,9 7,03
mg/g mg/g mg/g mg/g
2
72 0,09 0,77 2,05 0,03
Músculos 201,5 6,43
mg/g mg/g mg/g mg/g
0,58 0,06 5,24 0,02
Branquias 7,8 6,74
mg/g mg/g mg/g mg/g
3
74 1,06 0,29 1,80 0,17
Músculos 187,5 5,44
mg/g mg/g mg/g mg/g
ILHA DE LUANDA – PEIXE-ESPADA
0,08 0,046 1,02 0,05
Branquias 9g 5,91
mg/g mg/g mg/g mg/g
1 70
0,00 0,07 1,01 0,08
Músculos 221 g 6,04
mg/g mg/g mg/g mg/g
0,08 0,15 0,76 0,14
Branquias 11 g 6,17
mg/g mg/g mg/g mg/g
2
67 0,25 0,30 1,19 0,06
Músculos 266 g 5,30
mg/g mg/g mg/g mg/g
0,16 0,03 0,52 0,11
Branquias 11 g 5,77
mg/g mg/g mg/g mg/g
3 77
0,27 0,10 1,04 0,00
Músculos 241 g 6,08
mg/g mg/g mg/g mg/g

42
Os resultado das espécie de espada mostrou que o tamanha dessa espécie na praia
da mabunda é maior que na praia da ilha. Entretanto, apesar das espécies da
espada serem maiores na praia da ilha, verifica-se que as esopecies em referncia
tem maior peso. A nossa interpretação sugere isto deve-se ao facto a espécie
espada da ilha de Luanda terem maior massa muscular.

Quadro 3: Resultados das análises físico-químicas do peixe-espada

Amostra Comprimento(cm) Parte Peso pH Cu2+ Zn2+ Fe Mn2+

PRAIA DA MABUNDA – PEIXE CARAPAU

Branquia 3,2 2,28 0,37 0,08


1 7,3 g 5,37
s mg/g mg/g mg/g mg/g

43
120,5 1,05 1,95 3,40 0,12
24 Músculos 7,04
g mg/g mg/g mg/g mg/g
Branquia 0,66 0,64 0,81 0,36
8,1 g 6,18
s mg/g mg/g mg/g mg/g
2 28
152,0 0,13 1,03 1,05 0,11
Músculos 5,72
g mg/g mg/g mg/g mg/g
Branquia 2,47 0,07 0,42 0,05
11,3 g 6,09
s mg/g mg/g mg/g mg/g
3 26
162,7 2,01 0,56 1,13 0,21
Músculos 5,11
g mg/g mg/g mg/g mg/g
PRAIA DA ILHA – PEIXE CARAPAU
Branquia 0,04 0,03 1,21 0,05
9g 6,12
Peixe Carapau s mg/g mg/g mg/g mg/g
1
30 cm 0,12 0,05 1,15 0,00
Músculos 154 g 6,07
mg/g mg/g mg/g mg/g
Branquia 0,23 0,11 0,07 0,02
11 g 5,92
Peixe Carapau s mg/g mg/g mg/g mg/g
2
27 cm 0,09 0,09 1,30 0,05
Músculos 165 g 5,83
mg/g mg/g mg/g mg/g
Branquia 0,07 0,07 1,05 0,00
15 g 6,05
Peixe Carapau s mg/g mg/g mg/g mg/g
3
25 cm 0,13 0,09 0,99 0,09
Músculos 256 g 6,42
mg/g mg/g mg/g mg/g

Concentrações de Cu
Concentrações de Cu
0.23

0.12 0.13
0.09
0.07
0.04

Amostra dos Amostra das Amostra dos Amostra das Amostra dos Amostra das
Músculos 1 brânquias 1 Músculos 2 brânquias 2 Músculos 3 brânquias 3

44
Concentrações de Zn
Concentrações de Zn

0.11
0.09 0.09
0.07
0.05
0.03

Amostra dos Amostra das Amostra dos Amostra das Amostra dos Amostra das
Músculos 1 brânquias 1 Músculos 2 brânquias 2 Músculos 3 brânquias 3

Concentrações de Fe
Concentrações de Fe
1.3
1.15 1.21
0.99 1.05

0.07

Amostra dos Amostra das Amostra dos Amostra das Amostra dos Amostra das
Músculos 1 brânquias 1 Músculos 2 brânquias 2 Músculos 3 brânquias 3

45
Concentrações de Mn
Concentrações de Mn
0.09

0.05 0.05

0.02

0 0

Amostra dos Amostra das Amostra dos Amostra das Amostra dos Amostra das
Músculos 1 brânquias 1 Músculos 2 brânquias 2 Músculos 3 brânquias 3

Concentrações de Cu
Concentrações de Cu

3.2

2.47
2.01

1.05
0.66
0.13

Amostra dos Amostra das Amostra dos Amostra das Amostra dos Amostra das
Músculos 1 brânquias 1 Músculos 2 brânquias 2 Músculos 3 brânquias 3

46
Concentrações de Zn
Concentrações de Zn

2.28
1.95

1.03
0.64 0.56

0.07

Amostra dos Amostra das Amostra dos Amostra das Amostra dos Amostra das
Músculos 1 brânquias 1 Músculos 2 brânquias 2 Músculos 3 brânquias 3

Concentrações de Fe
Concentrações de Fe
3.4

1.05 1.13
0.81
0.37 0.42

Amostra dos Amostra das Amostra dos Amostra das Amostra dos Amostra das
Músculos 1 brânquias 1 Músculos 2 brânquias 2 Músculos 3 brânquias 3

47
Concentrações de Mn
Concentrações de Mn

0.36

0.21

0.12 0.11
0.08
0.05

Amostra dos Amostra das Amostra dos Amostra das Amostra dos Amostra das
Músculos 1 brânquias 1 Músculos 2 brânquias 2 Músculos 3 brânquias 3

Concentrações de Cu
Concentrações de Cu

1.9

1.06
0.12
0.09 0.27 0.58
Amostra dos
Músculos 1 Amostra das
brânquias 1 Amostra dos
Músculos 2 Amostra das
brânquias 2 Amostra dos
Músculos 3 Amostra das
brânquias 3

48
Concentrações de Zn
Concentrações de Zn

0.72
0.77

0.3

0.29
0.09

0.06
Amostra das
brânquias 1 Amostra dos Amostra das
Músculos 2
brânquias 2 Amostra dos Amostra das
Músculos 3
brânquias 3

Concentrações de Fe
Concentrações de Fe

5.24
3.14

2.05
0.84
1.63 1.8

Amostra dos
Músculos 1 Amostra das Amostra dos
brânquias 1
Músculos 2 Amostra das Amostra dos
brânquias 2
Músculos 3 Amostra das
brânquias 3

49
Concentrações de Mn
Concentrações de Mn

0.16
0.17

0.02 0.05
0.03

0.02
Amostra dos
Músculos 1 Amostra das
brânquias 1 Amostra dos
Músculos 2 Amostra das
brânquias 2 Amostra dos
Músculos 3 Amostra das
brânquias 3

Concentrações de Cu
Concentrações de Cu

0.14

0.08
0.11
0.05 0.06

Amostra dos 0
Músculos 1 Amostra das
brânquias 1 Amostra dos
Músculos 2 Amostra das
brânquias 2 Amostra dos
Músculos 3 Amostra das
brânquias 3

50
Concentrações de Zn
Concentrações de Zn

0.3

0.15
0.07
0.046 0.1

Amostra dos 0.03


Músculos 1 Amostra das
brânquias 1 Amostra dos
Músculos 2 Amostra das
brânquias 2 Amostra dos
Músculos 3 Amostra das
brânquias 3

Concentrações de Fe
Concentrações de Fe
1.19
1.01 1.02 1.04

0.76

0.52

Amostra dos Amostra das Amostra dos Amostra das Amostra dos Amostra das
Músculos 1 brânquias 1 Músculos 2 brânquias 2 Músculos 3 brânquias 3

51
Concentrações de Mn
Concentrações de Mn
0.14

0.11

0.08
0.06
0.05

Amostra dos Amostra das Amostra dos Amostra das Amostra dos Amostra das
Músculos 1 brânquias 1 Músculos 2 brânquias 2 Músculos 3 brânquias 3

CONCLUSÔES

Após ao estudo a que procede, pode-se concluir que o nível de contaminação por
metais pesados nos peixes carapau e espada comercializados no mercado da
Mabunda e ilha de Luanda é (alta ou baixa), sendo dectetadas as suas
concentrações nas brânquias e músculos dos peixes analisados no laboratório e
algumas concentrações estão acima do limite de tolerância estabelecida pelo
Decreto de Legislação de produtos de pesca.

Por ventura, a concentração de metais pesados analisados nos peixes mostram que
os peixes indicam que o ecossistema aquático está em um nível altamente
contaminado e que esta contaminação interfere na saúde dos peixes,
comprometendo a sua reprodução, desenvolvimento e podendo

Cadeia alimentar comprometida


Outro ponto do estudo diz respeito à cadeia alimentar. A conclusão é
de que houve “acumulação significativa de metais tóxicos na base da
cadeia trófica (nos chamados zooplânctons).”
De acordo com o consultor ambiental Marco Bravo, a base da cadeia
alimentar (trófica) são os fitoplânctons (as algas). Depois vem os
zooplânctons, que se alimentam das algas e servem de alimentos

52
para peixes, que são alimentos de outros maiores. E assim
sucessivamente até chegar ao homem

RECOMENDAÇÕES

Os níveis dos metais tóxicos diferem-se bastante entre essas duas espécies. O tipo
de peixe, o tamanho, o habitat, a alimentação e a idade são factores que influenciam
no acumulo para a bioconcentração, bioacumulação e a biomagnificação. Assim,
recomendo o seguinte:

 Evitar o consumo dos peixes maiores e os que ocupam os níveis mais alto da
cadeia alimentar (mulheres em estado de mãe).
 Visto que os peixes maiores também são os mais ricos em ómega 3, 6 e 9
que são as gorduras boas (benéficas), no entanto a recomendação do
consumo é até 140 gramas dele pronto, então podemos consumir sim duas
ou três vezes por semana.
 Visto que outros peixes não deixam de ter metal tóxico, no entanto deve-se
consumir de forma equilibrada,
 A construção de ETE, na qual visa a remover as impurezas físicas, químicas,
biológicas e organismos patogênicos do efluente. O seu objectivo é
adequação a uma qualidade desejada ou o padrão de qualidade vigente.

Prelimi
nar

Terciári Tipos de Primári


tratament
o os o

Secund
ário

53
O nível de tratamento que um efluente vai receber vai estar relacionado com os
impactos e os usos previstos para o corpo receptor.

As técnicas e processos que vão ser determinados de acordo com algumas


características: A área, os recursos financeiros disponíveis e com o grau de
eficiência que se deseja obter, um ou outro processo de tratamento pode ser mais
adequado.

9 BIBLIOGRAFIA

10 ANEXOS

O mercúrio pode apresentar-se em três formas distintas: mercúrio elementar, sal


inorgânico de mercúrio e mercúrio orgânico20.
O mercúrio orgânico é aquele que detém uma maior importância para a saúde
humana e os seus derivados incluem metilmercúrio, etilmercúrio e fenilmercúrio, todos
usados pelo Homem como biocidas e pesticidas. O mais conhecido é o metilmercúrio
(MeHg), por ser encontrado no meio ambiente, nomeadamente na água e acumulando-se
nos organismos (bioacumulação), aumentando a sua concentração ao longo das cadeias
|

alimentares (biomagnificação). O mercúrio orgânico é lipossolúvel e consequentemente


aparece na fração lipídica do sangue e no tecido cerebral20

54

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