A religião evangélica no Brasil oferece, naturalmente, uma complexidade como na
religiosidade helénica, que o Império Romano usava um conceito político-religioso
para manter as suas conquistas, hoje vejo uma volta a este conceito, uma classe de pessoas evangélicas que luta para que o país não seja laico. Da mesma forma que a Religião Helênica traz a afirmação de que o Império trouxe a paz ao mundo, para manter os povos conquistados submissos ao seu domínio, a igreja evangélica que está na política quer um estado “terrivelmente” evangélico. Acredito que um estado governado por homens e mulheres tementes ao senhorio de Cristo seria perfeito, mas não uma imposição a força de uma cultura ou de um sistema de crenças. Um conceito da filosofia popular helenística do movimento dos Cínicos muito semelhante a modo de pensar da Igreja evangélica no Brasil na atualidade era que fundamental o conceito de vida para os cínicos era o da autossuficiência, ou seja, a pessoa – para ser feliz – deveria controlar suas paixões e desejos, e levar uma vida de acordo com a ordem moral do Universo. E não da libertação através da total rendição ao Senhorio de Cristo, sem a pretensão de ser feliz neste mundo.