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E assim a Musica caminhou pelo Brasil. And so the Music walked through Brazil ... Luiz Pedro da Silva Soares de Oliveira’, Marinéa da Silva Figueira Rodrigues” Como citar ese artigo, Reskizus, MEE amin 2 mines cama palo Bas Reviaa Mowico. BOIS BaDer; 09) 3238 Resumo O present stud obetivou investiga a importnce da musica como feramenta de ensno em nossas escola ressaltando tan breve historica do seu ensna através dos tempos, dando devtagve an ceniio trai, Para ant, ralzov-e una pesquisa do cunho bibiogriico, com renomados avtresno assuno,asaber: Chiral (2008), Fuce Amato 2012), Kisfr (1907), Loureiro (2013) dente outos. A pexquisa pretendeu coatar um breve telat da sia da misica amanda 2 ‘ua elena na readade escolar Palavras-Chave: Educa; Histria da misc; Realidadeeecolar Abstract be present study aimed to investigate the importance of music as teaching tool in our schools, highlighting a brit lnstry ofits teachin rough the age, highlighting the Brazilian ssnaro. For that, «bibliographic research wae caied ct wth eactnad authors sa the subject, namely: Chsvlls (2005) Fues Amato (2012), Kiefer (1997), Loueio 2013) mong others. The rveach aimed 9 fella bef account oF the history of mute, atime i relevance sn the school reali ‘Reywords: Education; Mosie Histor; Schoo! Reality. Introducio A misica € considerada uma linguagem universal, sendo uma das formas de commnicacio ‘mais presentes no cotidiano das pessoas. Através dela pocdemos desenvolver diversas habilidades, promover a socializacto e possibilitar a expressio de sentimentos € emogdes. Histéria da musica no Brasil Segundo Loureiro (2013), @ palavra nnisiea vem do grego mousik8 e expressava, juntamente, com a poesia e a danca, a “arte das musas”. Segundo Chiarelli (2005), a musica contribui para a aprendizagem do educando, favorecendo 0 seu desenvolvimento cognitivo/linguistico, psicomotor © sécio-afetivo. E uma ferramenta a mais no processo ensino-aprendizagem, tomando a escola num cendtio mais alegre e receptivo. Ferreira (2008) argumenta que a ‘mtisica & uma fonte transmissora de ideiase informacées, sendo, portanto uma forma de comunicacdo social, Historicamente, a amisica sempre teve um papel de relevancia no desenvolvimento do ser humano, seja no aspecto religioso, moral, social, desenvolvendo habitos e valores essenciais a0 exercicio da cidadania. Segundo Fucci-Amato (2012), no Brasil a educagao musical chegou através da Igreja Catélica coordenada pela Coroa Portuguesa, ¢ foi praticada nas escolas até 0 final do século XVIII com fins estritamente religiosos, 3 rituais de canto e dangas praticadas pelos indios 40 considerados como as primeiras manifestacdes musicais, brasileiras, muito embora nao se tenha vestigios da misica indigena da época Fucci-Amato (2012, p. 22) argumenta que a carta de Pero Vaz de Caminha a El Rey Dom Manuel descreve que apos missa e sermio, com os portugueses a0 cho, 0s indios “levantaram-se[...}, tangeram corno ov buzina e comegaram a saltar e dangar um pedaco”. Os jesuitas, foram considerados os primeiros professores de miisica no Brasil e percebendo que os indigenas apresentavam, facilidade para a aprendizagem musical, principalmente para aprender os cnticos dos autos (forma dramitica origindria do teatro medieval e os cAnticos das celebragdes das missas) e com o intuito de catequizi- Jos, descobriram na arte musical um meio malicioso de comover 0s indigenas infligindo-Ihes a cultura, exemplo Silas dosaaes * craduaio em Podagsga da Unteide de Vasour, Vaouae Bd corded ¢ Docent do Cio de Gra em Pegopa de UnvesidadedeVceury,VasuracR al pura couespualdcin maze sodgve buena con Recess em 09/0/18 Acta am-2611/18 & Rodnguss, 2018 da supremacia da MetrSpole sobre a Coldnia, o que Jcontribuit para a perda da cultura indigena Kiefer (1997, p. 10) afirma que foi Jean de Lery Jo autor do primeiro documento em notacdo musical relativo a miisica indigena, descrevendo a sua primeira reacdo causada por esta miisica, como também pelos rituais de danca e canto realizados pelos indios: Essas ceriménias duraram cerca de duas horas € durante esse tempo os quinhentos e seiscentos selvagens, Indo cessaram de dancar e cantar de um modo tio harmonioso que ninguém diria nao conhecerem mnisica. Se, como disse, no inicio dessa algazarra, me assustei, j@ agora me mantinha absorto em coro ouvindo os acordes dessa imensa multidao e, sobretudo a cadéncia e 0 estribilho repetido em cada copla: H8, He ayre, heyré, heyrayre, heyra, heyre, uéh. E ainda hoje quando recordo essa cena sinto palpitar 0 coracio e parece-me a estar ouvindo. Os jesuitas definiam a miisica indigena como diabélica © assustadora, por apresentar um cariter selvagem e instrumentos constituidos por trombetas com crinio de gente na extremidade, flauta de ossos, chocalhos de cabeca humana etc. Por isso € erréneo sustentar & cultura musical europeia como a primeira ‘manifestac2o musical no Brasil, pois 0 ensino jesuitico tinha somente a finalidade de catequizagao dos indigenas. A misica indigena, bem como todas suas outras culturas, foram perdidas de forma tio severa que praticamente ndo restaram vestigios na miisica brasileira Gallet (1971 apud KIEFER, 1997, p. 13) afirma que a misica primitiva desaparecew: [-]e ao fim de pouco tempo, a misica primitiva tinha desaparecido entre 0s indios recém-civilizados, substituida pela outa, Mas ainda: “os préprios missiondtios confessavam que se admiravam da facilidade prodigiosa com que os indigenas aprenderam, 0s cfinticos da igreja que lhes ensinavam”. No final do século XVI, a Bahia e depois Pemambuco, (destacando a cidade de Olinda) vislumbraram como grandes centros importantes, de cultivo da misica enudita no Brasil, seguidos pelo Para, Sao Paulo, Maranhio, Parana e 0 Rio de Janeiro no século XVII e no século XVIII surge a importante Escola Mineira Kiefer (1990, p.31) menciona que 0 musicélogo Francisco Curt Lange descobriu e pesquisou a Escola Mineira, em fins de 1944, dando o seguinte depoimento: [...] nota-se desde os primérdios da formacdio da Capitania uma estranha devogdo pela miisica no seu confuso conglomerado humano, produto, talvez, da nostalgia e do isolamento, como também da tradicao musical portuguesa, enraizada desde tempos muito antigos no seu povo e nos que procuravam uma nova vida além-mar, no misteriosamente rico Brasil, Através da citacfo, nota-se que os nossos colonizadores trouxeram raizes musicais de Portugal para o nosso pais com intuito de continuar a ter os -mesmos prazeres da Metrépole. Coma introdugtodaescravidiono Brasil, amiisica africana também repercutit muito na nossa cultura, A iisica se fez presente nos engenhos coloniais através, das capelas de miisica cuja fungdo era suprit as fungdes religiosas que aconteciam em tomo da casa-grande. Os, escravos trouxeram diversos instrumentos de percussi0 como o ganzi, a cuica, 0 atabaque, onde cantavam © dangavam aos sons ¢ ritmos de sua longingua patria. No século XVITT no Rio de Janeiro foi criada uma escola de misica para filhos de escravos, revelando talentosos, misicos, instrumentistas e cantores, destacando-se 0 padre José Mauricio Nunes Garcia (1767-1830), filho de escravos, mmisico nato, tocava varios instrumentos, e compés intimeras obras sacras e profanas de carter erudito. Segundo Loureito (2012), da Colénia até meados do século XX 0 Brasil vivenciou a dicotomia entre @ educacdo musical informal e formal. A educagio informal era oriunda das classes populares onde as, misicas indigenas e africanas podiam ser introduzidas e propagadas e a educagao formal, representada pala mtisica erudita para a classe dominante, transmitida pela Igreja Catdlica, no ensino particular e posteriormente nos conservatérios. Somente no final da década de 30 esses dois mundos se juntaram ao projeto de Villa- Lobos (LOUREIRO, 2012) Corroborando tais ideias, Fucci-Amato (2012) traz a importincia do papel dos conservatdrios, pois, exerceram influéncia na formagao de grandes pianistas e na valorizacdo matrimonial das mocas na época. Chegaram a0 Brasil em 1841, sendo pioneiro Imperial Conservatério no Rio de janeiro, criado antes, de congéneres como os de Leipzig, Moscou, Veneza & Nova York. A miisica chega & escola permeada das tradigbes, pedagégicas da Igreja no Segundo Reinado (1840-1889), momento em que diversas dperas eram apresentadas por companhias estrangeiras e 0 piano era tocado nas, residéncias e em saldes de concerto no Rio de Janeito. Loureiro (2012) enfatiza que nos uiltimos anos do Império foi enriquecedor para o crescimento da historia da miisica no Brasil, no entanto, muitas visdes da misica brasileira e da musica popular no apagar do século XIX e inicio do século XX, sao oriundas das contribuicdes de concepcBes produzidas no calor das discussdes sobre a tematica nagdo e a brasilidade (1920- 1930). © periodo Republicano marcou 0 inicio do presidencialismo como forma de governo, enfrentando govemos militares, ditaduras e a reconquista da democracia, Na Europa, no inicio do século XX, 0 ensino de mtisica passa por grandes mudancas tendo a frente 0 Movimento da Escola Nova, em que misicos, Rosguss, 2018 Je pedagogos como Jacques Daleroze (1865-1950) na Franga, Carl Orff (1895-1982) na Alemanha, Zéltan Kodaly (1882-1967) na Hungria, Violeta Gainza na | Argentina, apresentam propostas revolucionérias para 0 Jensino de miisica, tendo como selecdo a escolarizacto Jde criancas oriundas de classes sociais. populares. No Brasil, essas propostas s6 so aplicadas devido as /mudancas politicas, sociais e econdmicas que resultaram, jna Revolucao de 30. Segundo Fucci-Amato (2012), a Reforma [Capanema contribuit: enormemente para a educacio musical brasileira, introduzindo 0 canto orfeénico ‘como componente curricular na rede oficial de ensino, durante 05 quatro anos do primeito ciclo e nos trés anos subsequentes a0 segundo ciclo, o que, possibilitou ‘uma maior disseminagdo da musica entre a populacto brasileira por geracdes, resultando mum proceso de valorizacdo cultural. Em 1961, por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educagao Nacional, lei n° 4.024/61(BRASIL, 1961), © Conselho Federal de Educagio instaurou a educacio musical, em troca do Canto Orfednico pelo Parecer n° 383/62 homologado pela Portaria Ministerial n° 288/62, (FONTERRADA, 1991), 0 que provocou uma grande mudanca no cotidiano musical das escolas. Com a Lei 5692/71 (BRASIL, 1971) tomna-se obrigatério 0 ensino de Artes (polivaléncia), desaparecendo o Canto Orfeénico da Educagao e dando preferéncia As Artes Visuais. Com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educagio Nacional, Lei n° 9.394/96 (BRASIL, 1996), as artes coletivas retomaram gradativamente 0 curticulo das escolas brasileiras, estabelecendo as, diversas manifestacdes artisticas. Com a publicacdo dos, Parametros Curriculares Nacionais/PCN’s (BRASIL, 1997), quatro modalidades no ensino de Artes foram instituidas como contetidos do curticulo, sfo elas: Artes, Visuais, Misica, Teatro e Danga. Com a aprovacto da Lei n° 13.278/16 (BRASIL, 2016), 0 texto da vigente LDB n° 9,394/96 (BRASIL, 1996) foi alterado, inserindo o pardgrafo sexto no artigo 26: “A miisica deverd ser conteido obrigatério, mas nao exclusivo, do componente curricular de que trata 0 § 2° deste artigo”, culminando em um novo marco para a Educacio Musical. Devera, portanto fazer parte do Ensino de Artes. Hoje, a Base Nacional Comum Curricular (2017, p. 190) “propde que a abordagem das, Jinguagens articule seis dimensdes do conhecimento que, de forma indissocivel e simultinea, caracterizam a singularidade da experiéncia artistica”.Essas, dimensdes devem abarcar os conhecimentos das Artes, visuais, da Danea, da Miisica e do Teatro e também das, aprendizagens dos alunos em cada contexto social © cultural, sendo portanto linhas maledveis que construirio © conhecimento em Arte, Consideragdes Finais Attavés da pesquisa realizada, podemos perceber que a misica € um dos meios de comunicagio mais presentes na vida do homem. A histéria da miisica em nosso pais vern desde a nossa colonizacdo, perpassando pelos indigenas, africanos, colonizadoes, imigrantes, Império e finalmente Reptiblica. A educacdo musical entendida como cigncia ou Area de conhecimento, do escapa de se defrontar com constantes situacdes, problemiticas, pois o seu ensino nas escolas esta diluido, em priticas metodoligicas diversas, operando apenas como uma ferramenta a mais no proceso ensino- aprendizagem. Referéncias BRASIL. Lei 4024, de 20 de dezembro de 1961, Fisa as Ditties e Bases ds Edueagdo Necienal sala DF. 1961. Disponivel a= tps soe? ‘camara eg br legin fe ey 1960-1969 ei-4024420-dezembro-196 ‘publicacaoonigial-L-pl.iiml>. Aoeaso em: 10st. 2018 [Lei $92, do 11 de ages do 2971, Foxe ab Diseins © Bases Barto cunino de 1° 2" grav, eda ovtas provadeneias. Brasilia, DF: 1971 Disponivel een < bit. 2. carer leg brlgin fad lev 1970-1979 le 5682-11 agosto-19 pubeacavongnal-T-pl him Acesso en a set 2018 Les de Diretries ¢ Bass da Edueagdo Nacional (Leis 939496) ‘reteada em 20 de dezembro de 1996, Apresentaso Carlos Rober Zari Gary 7 Ee Rio de Janeiro: PSA, 2007 Parimetos Curriculares Nacionsis. 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