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As farmácias de manipulação, há já algum tempo, vinham sendo

objeto de disputa entre estados e municípios, devido ao fato de que os


primeiros defendiam a tese de que ao produto de sua atividade produtiva
deveria incidir o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de
Serviços de Transporte Intermunicipal, Interestadual e de Comunicações
(ICMS), recolhido pelos estados federativos, enquanto os últimos defendiam
que a atividade produtiva deveria ser taxada pelo Imposto sobre Serviços de
Qualquer Natureza (ISS), de recolhimento pelos municípios.

O Supremo Tribunal Federal, através de votação do Recurso


Extraordinário (RE) 605552, concernente ao Tema nº 379, fixou uma tese
bastante interessante acerca da disputa: "Incide ISS sobre as operações de
venda de medicamentos preparados por farmácias de manipulação sob
encomenda. Incide ICMS sobre as operações de venda de medicamentos por
elas ofertados aos consumidores em prateleiras".

Esta, parece ser, em nossa opinião, uma decisão coerente com a


natureza dos impostos supracitados (sobre serviços produtivos e, circulação de
mercadorias, respectivamente), bem como da atividade produtiva em questão
(produção e, venda, também respectivamente).

Contudo, por não se ter definido, no âmbito da discussão, seus efeitos


(se “ex nunc” ou, “ex tunc”), a temática virou objeto de Embargos de
Declaração. Neste sentido, o STF decidiu, no dia 15 de março de 2021, que
tais efeitos seriam de natureza futura (ex nunc), sendo ressalvados: os casos
de comprovada bitributação; as hipóteses em que o contribuinte não recolheu o
ICMS ou o ISS devidos, até a véspera da publicação da ata de julgamento do
mérito; os créditos tributários atinentes à controvérsia e que foram objeto de
processos administrativos, concluídos ou não, até a véspera da publicação da
ata de julgamento; as ações judiciais atinentes à controvérsia e pendentes de
conclusão, até a véspera da publicação da ata de julgamento do mérito,
devendo, em todos esses casos, ser observado o entendimento da Corte no
âmbito do RE 605552 (efeitos ex tunc, retroativos), respeitado o prazo
decadencial e prescricional.

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