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RAYLSON CHAVES COSTA

VIDEO DOCUMENTÁRIO - MIHE’AKA VOXENÉ:


SIMONÉ VEYOPÉ ÛTI!

UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO


CURSO DE JORNALISMO
CAMPO GRANDE, MS
2019
RAYLSON CHAVES COSTA

VIDEO DOCUMENTÁRIO - MIHE’AKA VOXENÉ:


SIMONÉ VEYOPÉ ÛTI!

Projeto de pesquisa, relatório e produto


apresentados ao Curso de Jornalismo da
Universidade Católica Dom Bosco, sob
orientação do Professor Dr. Oswaldo Ribeiro da
Silva, para efeito de conclusão do curso.

UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO


CURSO DE JORNALISMO
CAMPO GRANDE, MS
2019
FOLHA DE APROVAÇÃO

Este documento corresponde à versão final do projeto de pesquisa, relatório e produto


sobre o vídeo documentário intitulado MIHE’AKA VOXENÉ: SIMONÉ VEYOPÉ ÛTI
apresentado pelo acadêmico RAYLSON CHAVES COSTA, à Banca Examinadora do
curso de Jornalismo da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), tendo sido
considerado aprovado/reprovado.

Campo Grande – MS, ..... de novembro de 2019.

Aprovado por:

_____________________________________
Prof. Dr. Oswaldo Ribeiro da Silva
Presidente – Orientador(a)

_____________________________________
Prof. Dr. Jacir Afonso Zanatta
(Membro Integrante da banca examinadora)

____________________________________
Ma. Helena Indiara Ferreira Corezomae
(Membro Externo da banca examinadora)
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à vida dos povos originários, que resistem há mais de 519 anos.
E ao meu avô, Oswaldo, quem disse que eu seria doutor. Estou no caminho, vô.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à mim, só Berenice sabe o que sofri nesses anos em que estive nessa
instituição. Em seguida, Sônia e Wilson, mãe e pai, que foram essenciais durante este
trajeto, sem eles eu não conseguiria estar aqui. Só eles sabem o quão foi difícil
sustentar um jovem de 18-21 anos na capital do estado, a distância que nós ficamos, o
crescimento tanto meu, quanto o deles. Obrigado por estarem ao meu lado até agora.
Minhas irmãs, Ray e Sol, juntamente com seus filhos, Ryan e Francisco, por me
proporcionarem felicidades instantâneas na presença delas e de seus filhos, obrigado.
Minha prima, Stella, por me aguentar durante esse tempo todo, por me ouvir,
me aconselhar, por ter sido minha companheira, irmã, amiga e a melhor pessoa que eu
poderia dividir uma casa em CG. E por juntos, termos vivenciados os melhores anos
das nossas vidas, apesar das dificuldades. Você me inspira em lutar por uma educação
gratuita para todes. Sinto orgulho de estar ao seu lado, e fazendo história na nossa
família, a primeira geração a ocupar o Ensino Superior.
Agradeço a minha Avó Ilda, Avó Sebastiana e Avô Oswaldo por terem
proporcionado um esteio familiar maravilhoso de se viver. Essa ancestralidade que
carrego advém de vocês.
Aos professores que entraram na minha vida ao longo da minha caminhada na
rede pública de ensino, costumo dizer que sou filho da escola pública, e que tive
professores que impulsionaram a minha humanidade, o meu potencial e mostraram o
universo que é a educação. Desde a professora que ia me buscar em casa, porque eu
tinha medo de ficar na escola, até aquela que me acompanhou na premiação da bolsa
de estudos.
Aos amiges, aqueles que me acompanham desde a infância/juventude, aqueles
que conheci na faculdade, aqueles que conheci em movimentos sociais, aqueles que
se tornaram minha família. Não vou escrever o que cada um me proporcionou ao longo
desses anos, porque daria uma dissertação. Mas vou citar nome por nome, pois vocês
de alguma forma transformaram e influenciou quem eu sou hoje.
Vou começar pelos amigues que conectamos na juventude, e alguns, infância.
Carla, Luana, Gigi, Carneirinho.
Aos amiges que encontrei ao longo dessa graduação.
Taci, Marcolino, Anna, Bárbara, Natália, Aletheya, Lucas, Minas, Carol, Moony,
Cainã, Gabrielzinho, Torres, Letícia, Carine, Thais, Rebeca, Gustavo, Sabrina, Matheus
e Fábio. E aos outres que conheci e ficaram eternizados no coração e na mente, seja
positivo ou negativo.
Aos amiges do Labcom.
Edinho, Dona Selma, Jair, Ilson e Marcelo, vocês são fodas.

À duas mulheres referências. Dolores, por ter uma intensidade e imensidão


quando conversa sobre qualquer assunto. Uma potência que você sente envolta
enquanto ela fala. Que tem um olhar sobre as coisas, de forma grandiosa. Estela, uma
amiga, inspiração que sempre me chacoalha com qualquer assunto que aborda, lembro
de ter passado quase cinco horas conversando sobre a vida. Assim como Dolores,
quando escuto sua fala, o mundo vira um imenso oceano em que não consigo ver o
fim. É intensidade, imensidão, amor e afeto.
Agora os agradecimentos aos professores que encontrei, e que viraram amiges.
Profa. Cristina, aquela que me acolheu assim que entrei na universidade, aquela
que levava pão com mortadela para nós comermos, aquela com que tive experiências
inesquecíveis, aquela que consegui olhar o mundo de forma mais sensível.
Ao Zanatta, aquele que já ouvia falar desde o ensino médio em Guia Lopes, e
que diziam que eu iria gostar, bem, apesar de algumas diferenças o senhor despertou
a ligação com estudos que eu sempre busquei, a intensidade em enxergar o
conhecimento como um universo que devemos nos adentrar sem medo. E também, um
dos abraços mais adoráveis que eu poderia receber, daqueles que reconforta as
energias.
Ao meu orientador, Oswaldinho, obrigado por embarcar em tantas loucuras
conosco. O senhor foi é o tipo de amigo que buscamos nos professores, aquele que
podemos contar e sempre o senhor vai estar lá, independente, se vai dar certo ou não.
A nossa relação começou desde que te vi pela primeira vez, na premiação do Desafio.
Fiquei encantado com o homem sorridente e jovem, que era Coordenador do Curso
que eu estava entrando. O senhor conseguiu me ensinar sobre a vida, sobre mídias,
audiovisual, cinema, pesquisa. Não te esquecerei, jamais.
Ao Ado, não fui muito com a presença do senhor ao longo dos primeiros anos,
porém, no ano passado, o senhor se mostrou sensível e inquietante através da
fotografia. Pude conhecer um mundo, que até então, não conhecia do senhor. E
através da fotografia, novas possibilidades mais intensas.
Agradeço a Maria Helena e Elton por terem apresentado um pouco de suas
áreas. Aos outros, enfim, seguimos buscando por uma educação emancipadora,
integrante, libertadora e pessoas mais humanas. Avante.
Agradeço às comunidades indígenas que me receberam, a cada sujeito que eu
conheci nessa jornada, que começou no final de 2017.
Aldeia Aldeinha, o lugar de partida, o ponto crucial da minha vida. Sigo com
vocês no coração e eternamente agradecido. Sem vocês, não estaria aqui, não teria
levado Aldeinha para Goiânia e explicado, o inexplicável, o amor que sinto por essa
comunidade. Colocando nomes como: Miriam, Hekeré, Marinez, Jessé, Cacique Flávio,
Dona Suzana, Senhor Marcelino, Madalena, Cleide, Kaio, Erik, Josi. Agradeço por ter
conhecido as crianças dessa comunidade, aqueles que transformaram minha vida, e
deram aquele giro de 360º no coração do jovem Ray. Deixo o nome do Pedrinho, Jonas
e Sara, como representantes de vocês.
Agradeço as comunidades que me receberam: Aldeia Mãe Terra, Aldeia Lalima,
Aldeia Bananal e Aldeia Limão Verde. Cada corpo, presente nesses lugares, me
proporciou reflexões, debates, realidades, afeto, conhecimento, alegria, boas risadas, e
o sentimento que sigo no caminho “certo”.
Além disso, deixo o nome dos jovens que ajudaram, que me encantaram ao
longo deste trabalho, desse tempo que passamos juntos.
Ériki, Cerizi, Cibele, Gilmar, Eliel e Ângelo. Sem vocês nada disso seria possível,
nossas conversas transformaram quem eu sou. Obrigado.
Talvez ainda não tenha admitido que a utilização das câmeras de
vídeos e celulares usados por indígenas são mais que uma
aceitação do sistema consumista, são armas novas utilizadas
para denunciar a degradação ambiental, o roubo dos saberes,
além de mostrarem uma leitura própria da realidade interna das
comunidades.”

Daniel Munduruku
RESUMO
O presente trabalho é um vídeo documentário que retrata a “Etnomídia Indígena em
Mato Grosso do Sul”. Abordando suas relações com aqueles sujeitos que produzem
essa mídia, em que são interações nas redes que fortalecem o movimento dos povos
originários local-global. O documentário etnográfico acompanha as rotinas das
iniciativas de etnomídia no estado, mostrando seus olhares em relação a produção de
conteúdos feitos por eles, contemplando a emancipação, a memória e a resistência das
etnias. O documentário conta com um site em que irão ser publicados os bastidores.

Palavra-chaves: Jornalismo; Etnomídia Indígena; Mato Grosso do Sul; Povos


Indígenas; Documentário Etnográfico.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................10
2. DESENVOLVIMENTO.........................................................................................13
2.1 ETNOMÍDIA.........................................................................................................13
2.2 ETNOJORNALISMO............................................................................................19
2.3 JORNALISMO ALTERNATIVO............................................................................20
2.4 SITUAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS NO MATO GROSSO DO SUL..............21
2.5 DOCUMENTÁRIO...............................................................................................23
2.6 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA E ABRANGÊNCIA....................................24
2.7 RECURSOS HUMANOS.....................................................................................25
2.9 PROCEDIMENTOS DE COLETA E INTERPRETAÇÃO DE DADOS.................25
3 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO FÍSICA..........................................................26
4 CRONOGRAMA DE DESEMBOLSO FINANCEIRO..........................................26
5 VÍDEO DOCUMENTÁRIO...................................................................................27
5.1 ETAPAS DE REALIZAÇÃO.................................................................................27
5.2 PRÉ-PRODUÇÃO................................................................................................27
5.3 PRODUÇÃO........................................................................................................28
5.4 EDIÇÃO E FINALIZAÇÃO...................................................................................31
5.5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO..............................................................................32
5.5.1 Sinopse...............................................................................................................32
5.5.2 Camaradas..........................................................................................................32
5.5.3 FichaTécnica......................................................................................................32
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................34
7 REFERÊNCIAS...................................................................................................36
8 APÊNDICES........................................................................................................42
8.1 ROTEIRO TÉCNICO.............................................................................................42
8.2 SITE......................................................................................................................49
1. INTRODUÇÃO
Afinal, quem é o Terena, o Kinikinau, o Ofaié, o Xavante, o Guarani e Kaiowá, o
Atikum e tantas outras etnias presentes no Brasil? Stuart Hall (2014) acredita que a
nossa identidade é um processo em andamento, que se conecta com o exterior. O que
compreende uma busca constante da nossa própria identidade para atingir uma
plenitude, ou seja, a construção direta com o outro afeta na sua realidade refletida. Ele
também pontua que nenhuma identidade some com a aparição de outra, e sim, agrega
ao sujeito.
Um dos grandes equívocos do sujeito não-indígena é acreditar que os povos
ameríndios não deveriam usar celulares ou “coisas de branco”, pois sua
essência/identidade teria se perdido e ele assimilou-se. Essa ideia vem como desculpa
para esconder a opressão do racismo que temos ao ver esses sujeitos munidos de
ferramentas que possam evidenciar as suas realidades por serem povos originários.
Este trabalho tem como proposta promover um diálogo com os indígenas que
produzem conteúdos através da etnomídia para os seus patrícios e também, para os
purutuye que na língua terena representa o “não-indígena”.
Pode se constatar que o jornalismo falhou enquanto responsabilidade social em
defender e ouvir os povos indígenas no Brasil, mas também todas as minorias sociais.
Não é comum ou seria de se esperar que o Centro-Oeste, espaço tradicional de
políticas coronelistas, contabilizasse um exacerbado número de votos para um sujeito
misógino, racista, machista, xenófobo e carregado de ódio. Será que o jornalismo se
esqueceu de fazer jornalismo?
Nada mais justo, então, que surja um processo de descolonizar a comunicação
para que possa emancipar o oprimido das amarras que sempre foram impostas pelo
colonizador. Utilizar das ferramentas que sempre foram dos não-indígenas para lutar
contra a opressão e também guardar na memória sua história, ancestralidade e afeto.
Serão abordadas na fundamentação deste trabalho as definições acerca da etnomídia
indígena desenvolvida no Brasil, assim como o conceito sobre etnomídia que vem
atuando como baluarte nas representações dos povos originários em seus próprios
canais.
Se, com efeito, minha vida tem o mesmo pêso que a do colono, seu
olhar não me fulmina, não me imobiliza mais, sua voz já não me
petrifica. Não me perturbo mais em sua presença. Na verdade eu o
contrário. Não somente sua presença deixa de me intimidar como

10
também já estou pronto para lhe preparar tais emboscadas que dentro
de pouco tempo não lhe restará outra saída senão a fuga. (FANON,
1961, p.34).
Na atual condição que passa o país, nada mais esperançoso ver indígenas
produzindo conteúdos que revelam as mazelas do Estado, dos fazendeiros que se
importam com o gado e a soja, com a imprensa que erra ao criminalizar esses
indivíduos em retomadas de territórios tradicionais1 ou em quaisquer ações no dia a
dia, que possam incomodar aqueles que geram suas publicidades. Além disso, é
perceptível a conexão dos jovens com os saberes ancestrais que são passados pelos
anciãos e anciãs.
A justificativa deste trabalho parte das vivências que obtive com a participação
em assembleias, eventos, mesas-redondas relacionadas aos povos indígenas,
compreendi como o jornalismo deve muito aos sujeitos que são escravizados,
espoliados e oprimidos, principalmente, no contexto sul-mato-grossense.
Partindo de Aquidauana, minha terra ancestral, sempre enxergava aqueles
povos tradicionais que vendiam verduras (o famoso pequi, quiabo, maxixe) na esquina
como seres a parte daquela sociedade. Fui criado, como boa parte da população
brasileira, pensando que indígena deveria viver em oca, e os que estavam na cidade
proporcionavam balbúrdia nos espaços e não eram mais indígenas. Mesmo com a
proximidade de ter um casal de tios da etnia Terena, mas que não quiseram buscar
suas raízes, eu sucumbi as informações, ou melhor, desinformações que chegavam.
Na escola, os livros de história sempre ensinaram que foram os portugueses que
descobriram o Brasil, sendo assim, deveríamos nossas vidas a esses sujeitos de bom
coração por terem encontrado nossas terras. Em anos estudando em escola pública
nunca escutei uma palavra que desmistificasse o mito que recaía sobre o ser indígena
e suas extensões, mesmo o Mato Grosso do Sul tendo a segunda maior população
indígena do Brasil.
A partir da possibilidade de contato na universidade com o movimento, ocorreu
um processo libertador no sentido que Paulo Freire trabalha em Pedagogia do
Oprimido (2009, p. 59) “O diálogo crítico e libertador, por isto mesmo que supõe a
ação, tem de ser feito com os oprimidos, qualquer que seja o grau em que esteja a luta

1
É possível encontrar trabalhos que analisaram essa temática nos veículos sul-mato-grossense, um dos
mais atuais é o produzido por mim, intitulado: A desumanização dos povos indígenas pela imprensa -
Uma análise da cobertura jornalística do Campo Grande News, publicado nos ANAIS do XXI Congresso
de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste. Disponível em:
http://portalintercom.org.br/anais/centrooeste2019/resumos/R66-0060-1.pdf Acesso em: 10 de Out. 2019

11
por sua libertação”. Minha primeira ida à uma aldeia foi em janeiro de 2018, na ocasião,
estive acompanhado de quatorze estudantes das mais variadas universidades do MS,
todos participamos do Projeto Rondon MS, na Aldeia Aldeinha, da etnia Terena, em
Anastácio (MS), 141 km de Campo Grande.
Naquela imersão foram dias que provocaram um afeto com os sujeitos que
habitam naquele espaço, foram nesses dias que decidi o caminho que gostaria de
trilhar na minha vida.
Voltando a Aldeinha, a minha presença é constante naquele território, pois
acredito que a conexão com as (os) moradoras (es) transformou a minha percepção da
realidade, no sentido, de acreditar mais nas experiências sensoriais e orais que
perpassam naquela realidade e chegam até mim.
A ideia era que o projeto fosse desenvolvido na Aldeinha, onde iríamos formar
um coletivo audiovisual com o povo Terena, daquela região, em que iríamos fazer
longas e curtas metragens como forma de autonomia das histórias, resistências e
ancestralidade daqueles atores e atrizes. A participação deste autor seria de forma
mediadora, levaria essas ferramentas e os sujeitos se apropriariam dessa mídia. Para
evidenciar, não seria um processo colonizador onde o sujeito não-indígena leva as
coisas de fora para dentro, mas é um longo processo que veio sendo pesquisado e que
existia o interesse em apreender a utilizar dessa “arma” contra as opressões do Estado
e dos não-indígenas. Porém, contratempos surgiram durante esse processo de
emancipação, como o financiamento para os indígenas terem câmeras, gravadores e
computadores para edição fixados no território.
Desta forma, quis buscar associações e redes que produzem o que gostaria de
fazer. Essas conexões já estão estabelecidas em seus territórios, como a Associação
Cultural de Realizadores Indígenas - (ASCURI), em que alguns dos realizadores
participaram do projeto do cineasta Vincent Carelli, “Vídeo nas Aldeias”, uma iniciativa
que promoveu a produção audiovisual produzida por indígenas. Esse processo de
descolonizar o jornalismo, e de utilizar da comunicação para legitimar suas lutas, suas
memórias, seus afetos, sua força, autonomia e principalmente, a emancipação dos
grandes meios de comunicação dos não-indígenas.
Sendo assim, o objetivo geral deste trabalho é desenvolver um documentário
etnográfico sobre os povos tradicionais que produzem etnomídia em Mato Grosso do
Sul, com destaque para aqueles que vêm utilizando das redes sociais para propagar o

12
seu conteúdo. Além disso, este projeto conta com site que narra os passos vivenciados
durante o processo de construção do documentário.
Já os objetivos específicos são: organizar uma bibliografia sobre etnomídia
indígena, etnojornalismo, jornalismo alternativo, a situação dos povos indígenas no MS
e documentário; mostrar as iniciativas etnomidiáticas que existem em Mato Grosso do
Sul; discutir os olhares construídos pelos indígenas na apropriação dos meios; refletir o
significado de participar de retomadas e vivenciar aquele momento; compreender a
aceitação por parte da comunidade do uso das mídias sociais; refletir quem são esses
sujeitos que vem construindo narrativas contra-hegemônicas no estado.
A metodologia operacional da pesquisa parte das seguintes perguntas-
problemas: Quem são essas pessoas que produzem a etnomídia em Mato Grosso do
Sul? O que representa as mídias na vida de um indígena, hoje? O que é revolução? O
que sentem enquanto estão produzindo conteúdos?
E a partir delas, as hipóteses são de que - pela percepção de um não-indígena -
esses processos comunicacionais estão revolucionando muito o jeito de ser indígena
no Brasil. É contar uma história decolonial, a partir de sujeito que sempre foi julgado
como subalterno por muito tempo, é ouvir e ver o que os povos indígenas sempre
quiseram dizer e como querem ser vistos.
São narrativas, que assim como a pesquisa, estão tomando proporções neste
século, elas estão sendo aprimoradas e sendo (re) pensadas a partir das conexões que
esses sujeitos fazem. Mas podemos dizer que essas iniciativas são atos de história,
emancipação, afeto e resistência, são novos olhares de olhar a vida.
Neste projeto, será apresentada a fundamentação teórica, pela qual os tópicos
explicarão alguns conceitos, como a situação da etnomídia indígena. Ainda serão
descritas a caracterização e abrangência da pesquisa, o procedimento de coleta e
interpretação, cronograma de execução física e desembolso financeiro. Em seguida, o
relatório sobre a realização do vídeo documentário e enfim as considerações finais.

3. DESENVOLVIMENTO
Nesta parte serão apresentados os conteúdos necessários para evidenciar os
conceitos e a influência da etnomídia nos povos tradicionais, assim como, o surgimento
do etnojornalismo na classe; buscou-se também levantar sobre o jornalismo alternativo
que segundo Peruzzo (2009) se assemelha bastante com popular e comunitário, já que
buscam a mudança social dos sujeitos. Também foi levantado o contexto que o Mato

13
Grosso do Sul se encontra em relação aos povos indígenas que vivem no Estado e
também foram levantadas as características do documentário que busque um diálogo
horizontal com a base.
2.1 Etnomídia
Etnomídia é fazer uma comunicação com identidade, em que cada
grupo étnico que se apropria das ferramentas comunicacionais, faz sua
própria forma de comunicação – sem obedecer aos padrões
estabelecidos pela grande mídia ou pelo jornalismo, mas criando formas
próprias. A comunicação para os povos indígenas é um processo vivo e
que adquire um significado cosmológico maior para as culturas
indígenas. Não é apenas uma mídia étnica e indígena fazendo notícias
sobre suas comunidades. (RIBEIRO E KASEKER, 2018, p.6 apud
TUPINAMBÁ, 2018).
Dessa maneira, surge o termo palpado, principalmente, por povos indígenas
para classificarem o uso das ferramentas da comunicação para refletirem e evidenciar
as realidades que enfrentam nas relações com os não-indígenas, e até mesmo,
mostrar suas resistências, histórias, culturas e afetos.
Segundo Machado (2018), o termo tem origem em 1997 pelo grupo de pesquisa
da Universidade Federal da Bahia (UFBA) para debater os impactos midiáticos sobre
grupos étnicos, mas ganha forma pela perspectiva indígena quando o Anáupuáka
Muniz Tupinambá HãHãHãe em 2007 cria o WebBrasil Indígena, e a partir disto, o
termo se aprofunda pelos povos indígenas passando por um processo de
descolonização dos meios de comunicação.
É importante salientar que o processo de utilização do termo começa a tomar
força a partir de 2007, mas as movimentações de apropriação da comunicação pelos
povos indígenas começaram antes. Carneiro (2018) relata o uso do rádio em 1985, por
Aílton Krenak, Álvaro Tukano e BiraciYawanawá no “Programa de Índio”, pela Rádio
USP de São Paulo, pelo qual promoviam diálogos na língua-materna, de assuntos
relacionados ao movimento e entrevistas com lideranças.
O objetivo de reportar suas narrativas vem do desejo de romper com
discursos de estereótipos e preconceitos que insistem na fragilidade,
temporalidade e espacialidade de suas culturas. Ao ser utilizada por
sujeitos comunicacionais indígenas, a tecnologia é como uma flecha
digital que dispara informações e, que nos seus percursos, tecem
movimentos de micro-resistência e estabelecem micro-liberdades para
demover as fronteiras verdadeiras da dominação dos poderes.
(CARNEIRO, 2018,p.6-7).
O impacto da etnomídia indígena é transformado em novas formas de enxergar
na comunicação/no jornalismo uma prática libertadora das opressões insistidas por
oligopólios jornalísticos. Ao levar essas manifestações para dentro das comunidades e

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proliferar novos comunicadores, o efeito transforma o seu olhar em relação a sua
própria realidade.
Essa cultura do olhar, de ver os diferentes mundos assentados em
fotografias e audiovisuais, faz das narrativas audiovisuais,
principalmente, uma arena estratégica de confrontos simbólicos. Deste
embate os indígenas também querem participar, não apenas como
figurantes e fornecedores de histórias para documentaristas,
pesquisadores e cineastas, mas como atores e produtores audiovisuais
de sua própria existência. (JESUS e MOREIRA, 2018, p.83)
Esse novo jeito de pensar a comunicação se relaciona ao que Cremilda Medina
(2003, p.76-77) percebe ao ver essa arte pelo afeto “Um mediador-autor constrói uma
narrativa contemporânea que ultrapassa a função disciplinada nas sociedades
industriais e pós-industriais. Justamente autor, porque a identidade lhe dá o
diferencial”. Através da sua identidade o sujeito irá perceber a comunicação como um
ato troca de saberes com seus semelhantes, revelando possibilidades de resistência
para os povos ameríndios.
Os interlocutores falam de sua história, de seu cotidiano, de sua vida
conforme sua visão de mundo e dos valores que vivem e fazem parte
de sua formação. E, ao mesmo tempo convida os ouvintes à reflexão e
ao estabelecimento de novas conexões e modos de vida em um mundo
conturbado, porém com muitas possibilidades. Cada povo no mundo
cria e recria formas de comunicação, tanto interna, quanto externa.
Comunicar significa se colocar no mundo para que se estabeleça
contato entre pessoas. Se colocar no lugar do outro e se permitir ver a
partir do interlocutor. É estabelecer diálogo e fazer-se compreensível,
estabelecer alteridade. (IDORIÊ, 2018, p.115).
Por isso, muitos pesquisadores consideram essas novas atribuições alocadas
aos povos indígenas como uma reescrita da sua própria história, no sentido de
colonizado sentir-se empoderado de ferramentas para buscar sua emancipação e lutar
à sua maneira contra o colonizador.
Por enquanto, a associação indígena que tem maior visibilidade no Brasil é a
Web Rádio Yandê, a primeira rádio totalmente indígena do Brasil que foi criada por
Anáupuáka Tupinambá, Renata Tupinambá e Denilson Baniwa. Em Mato Grosso do
Sul existe um dos grupos de maior alcance, que será abordado no produto desta
pesquisa, que é a Associação Cultural de Realizadores Indígenas (ASCURI), que
representa um grupo de jovens indígenas de várias etnias que constroem produções
sobre suas realidades e são frequentemente convidados por lideranças para fazer
cobertura de retomadas.
[...] a ASCURI tem atuado, de forma horizontal e buscando sempre a
coletividade, acreditando que é possível ser quem sempre fomos, e
lembrando que esse trabalho é apenas uma parte de todo o processo,

15
que jamais se fez sozinho, a ASCURI traz uma metodologia que foi
desenvolvida de maneira conjunta por indígenas, sempre conduzida
pelo nosso jeito de ser, onde sozinhos não somos nada. (GALACHE,
2017, p.15).
Uma potência que evidência a identidade dos sujeitos na frente, com autonomia
para delimitar até que ponto vão e o que irão retrar as cenas. Essa associação tem
fundação em 2008, através de uma conversa do Eliel Benites, Gilmar Galache e Ivan
Molina - indígena do povo Quéchua, durante oficina na Bolívia, o Taller Cine sin
Fronteras. E com a criação do Fórum de Discussão sobre a Inclusão Digital nas Aldeias
(FIDA), pelo pesquisador Antonio Brand que estava à frente do Núcleo de Estudos e
Pesquisas das Populações Indígenas (NEPPI), a ASCURI conseguiu elevar o debate
sobre a importância do audiovisual indígena nas comunidades.
O último vídeo postado no Youtube2 dos realizadores indígenas foi o: Yvy Reñoi,
Semente da Terra, um curta-metragem de 15 minutos, que retrata a formação de
milícia no cone-sul do estado de Mato Grosso do Sul, intimidando as retomadas
Kaiowá e Guarani de Tei’ykue, no município de Caarapó. Essa violência resultou no
assassinato do agente de saúde Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza e outros feridos.
No curta é possível ver a relação que os realizadores tem com a comunidade e a força
do audiovisual naquele momento. (Figura 1)

2
Disponível em: https://www.youtube.com/channel/UC_EvIOBMTbte94t3YtJWT_Q. Acesso em: 08 de Out. 2019.

16
(Figura 1)
Assim como este projeto, existe o grupo Véxetina Filmes, da Terra Indígena de
Taunay/Ipegue, que foi fundada pela juventude, que vinha percebendo as tendências
midiáticas que os canais tomavam em determinadas situações no município de
Aquidauana, quando relacionavam os povos indígenas.Percebendo este fato, os jovens
sentiram a necessidade em ter uma mídia autônoma, própria da juventude e que fosse
independe. E logo após, conheceram o jornalista Terena, Eric Marky que atua na Mídia
Índia, uma das maiores redes de comunicação dos povos indígenas em atuação no
país.
A juventude resolveu criar uma conta no Instagram3 e movimentar através de
vídeos e imagens que transmitissem seus olhares sobre determinados assuntos. Uns
dos retratos que a juventude conseguiu eternizar foram às fotografias e vídeos que
registraram a truculência do Estado na retomado do povo Kinikinau 4, na Fazenda Água
Branca, no município de Aquidauana. (Figura 2)

3
Disponível em: https://www.instagram.com/vexetinafilmes/. Acesso em: 08 Out. 2019.
4
O povo Kinikinau tentou retornar ao território tradicional e foi surpreendido pelo ataque da polícia, sem ordem
judicial ou qualquer diálogo. O fato aconteceu em 1 de agosto de 2019. Disponível em:

17
(Figura 2)
Atrelado a essas novas experiências possíveis com a propagação dessa grande
rede que as pessoas estão vivendo hoje, os povos originários demarcam a tecnologia
como uma ferramenta para manter viva sua cultura.
As tecnologias – da escrita à internet – passaram a ser um instrumento
de atualização da Memória que sempre utilizou a oralidade como
equipamento preferencial para a transmissão dos saberes tradicionais.
Na compreensão que temos desenvolvido, este instrumentos englobam
muito mais que o texto escrito abrangendo as diversas manifestações
culturais como a dança, o canto, o grafismo, as preces e as narrativas
tradicionais e mesmo a mais alta tecnologia manipulada pelas mãos
hábeis de jovens indígenas. Cada uma dessas composições amarram o
passado ao presente estabelecendo uma relação nova com o momento
atual, uma relação necessária e urgente para que as culturas possam
criar novas soluções para os problemas que pululam cotidianamente.
(MUNDURUCU, 2018, p. 186)
A etnomídia indígena, então seria um modo de se relacionar com a
comunicação, de maneira, que seja além de um mero propagador de conteúdo, mas
sim, uma visão étnica e com sensações que nós, enquanto não indígena, não
compreendemos ainda. São produções feitas com autonomia, sem conceitos ou
padrões que pudessem delimitar se está “correto” ou não. São relações expandidas

https://cimi.org.br/2019/08/tentamos-dialogar-resposta-foi-mais-disparos-denuncia-carta-povo-kinikinau/Acesso
em: 01 Out. 2019

18
com as redes, com as ferramentas, com o outro que do outro lado, irá perceber os
conteúdos.
Ela é uma ferramenta de fortalecimento junto ao poder da comunicação,
aliada da educação no combate ao racismo, preconceitos, trazendo
apoio na difusão das culturas, permitindo ao comunicador fortalecer a si
e seu grupo étnico no combate das desigualdades ou ausência de
políticas públicas. Incentivando uma autonomia coletiva em que todos
podem ser suas próprias mídias, não dependendo de outros grupos
serem interlocutores de suas vozes. Criando instituições indígenas
próprias, não sendo dependentes de grupos indigenistas.
(MACHADO, 2018, s/n)
Assim, os povos tradicionais do Mato Grosso do Sul estão utilizando das
ferramentas comunicacionais como uma possibilidade de proliferar os saberes
ancestrais e suas lutas.
2.2 Etnojornalismo
O mundo sempre foi interpretado pela ótica do sujeito colonizador, as notícias
que saem nos jornais são feitas por homens brancos, cis-gênero, da classe média e
com graduações, são poucas as informações pensadas a partir dos sujeitos
colonizados.
Quando eu era menina o meu sonho era ser homem para defender o
Brasil porque eu lia a História do Brasil e ficava sabendo que existia
guerra. Só lia os nomes masculinos como defensor da pátria. [...] Nós
somos pobres, viemos para as margens do rio. As margens do rio são
os lugares do lixo e dos marginais. (JESUS, 1995, p.48).
As experiências de Carolina Maria de Jesus, uma escritora negra reflete a
vivência que povos ameríndios que foram, e são, pensados pela sociedade como
aqueles sujeitos que devem ficar nas suas “ocas” ou nas “gigantes reservas” que
existem para eles. Sem contato com a civilização porque o indígena com uma câmera
na mão e um celular no bolso, não pode mais ser identificado como indígena.
A partir da compreensão de que a comunicação é uma ferramenta de
emancipação e que encaminha novas possibilidades de se pensar a identidade e sua
própria história, então, o jornalismo vira uma alternativa e grande aliados povos
autóctones. Então surge o etnojornalismo como uma resposta ao jornalismo que tolera
opressões em suas produções.
[...] podemos entender que o etnojornalismo seria um jornalismo
produzido por indígenas, em um processo de construção de sentido que
se insere nas formas de se relacionar e narrar histórias de cada etnia,
mas também de produtos e meios de comunicação que têm
características específicas em relação à seleção de temas, critérios de
relevância, fontes pertinentes e até mesmo estéticas e linguagens
próprias. (KASEKER, 2018, p.5).

19
Esse tipo de jornalismo constrói pontes com a comunidade de maneira que
busca os atores não como fonte, mas como sujeitos participantes. Em muitas
situações, a etnografia faz parte da realização das produções. Os jornalistas são
participantes da ação e ao mesmo tempo buscam outros atores para falarem suas
queixas.
2.3 Jornalismo Alternativo
Atuar no jornalismo é uma opção ideológica, ou seja, definir o que vai
sair, como, com que destaque e com que favorecimento, corresponde a
um ato de seleção e de exclusão. Este processo é realizado segundo
diversos critérios, que tornam o jornal um veículo de reprodução parcial
da realidade. Definir a notícia, escolher a angulação, a manchete, a
posição na página ou simplesmente não dá-la é um ato de decisão
consciente dos próprios jornalistas. É sobre a notícia que se centra o
interesse principal no jornalismo. (MARCONDES FILHO, 1989, p.12).
Jornalismo é um jogo em que os protagonistas, que sempre estiveram ocupando
o espaço do privilégio, conseguem atingir as camadas pelos conglomerados de
comunicação. Dessa maneira, os setores ou atores sociais reforçam sua plataforma
opressora pela disseminação de fatos que atrelam uma imagem deturpada de alguns
setores, principalmente, aqueles que sempre estiveram na base dos movimentos
sociais.
O alternativo surge com a premissa de ser um canal de expressão para esses
movimentos e das “comunidades”, e com conteúdos infocomunicativos em relação à
grande mídia comercial, ou seja, uma contracomunicação que exercita a liberdade de
expressão para contribuir na transformação social dos sujeitos (PERUZZO, 2009).
Segundo Peruzzo (2009), essa comunicação popular, alternativa e
comunitária é feita por iniciativas populares que promovem em seu contexto local, de
bairro, de comunidade, de movimentos sociais e em organizações civis, onde se
dividem em: A) Comunicação popular e comunitária: que correspondem aos
processos comunicacionais dentro dos movimentos sociais populares e comunidades,
sem fins lucrativos e com caráter educativo, cultural e mobilizador. Ele tem uma
participação horizontal no modelo de produção, de emissão e recepção dos conteúdos,
ou seja, um canal que deve submeter às demandas da comunidade. B) Comunicação
popular alternativa: em que os processos são feitos por iniciativas que envolvem os
segmentos populares, mas não respondem ou são assumidos pela comunidade como
um todo. São mobilizados ou realizados por organizações não governamentais
(ONGs), universidades etc., mas podem surgir a partir de iniciativas autóctones.

20
Apesar das semelhanças, essas iniciativas se diferem em particularidades como,
o aval da comunidade como um todo de reconhecimento delas. Peruzzo (2009) reflete
essas novas manifestações alternativas de comunicação como um processo que traz
novos olhares em relação aos conteúdos, procedimentos e difusão das mensagens.
São nesses espaços alternativos que os “subalternos” ganham um espaço
político, de representação, de acalanto e de certa forma, uma justiça social. Esses giros
informacionais constroem narrativas que serão vistas e sentidas pelos olhos daqueles
que vivenciaram os fatos ocorridos.
[...] uma cultura alternativa, um espaço de encontro e comunicação, em
que se troquem informações, projetos, idéias e se articulem formas de
organizar comunicação e cultura de maneira independente e autônoma.
Os "classificados alternativos", além de anunciarem comunicados
individuais do leitor a um público já específico e certo, poderiam ser,
além disso, um espaço de circulação de idéias e produtos culturais,
totalmente ausente nos centros urbanos capitalistas, onde a imprensa
oposicionista rejeita essa dimensão de publicidade. (MARCONDES
FILHO, 1989, p.144).
Essas novas propostas de alternativo buscam se manter por meio de vaquinhas
online, assinaturas, doação ou até mesmo de fundos sociais que mantém iniciativas
como estas. Durante discussões no XXI Congresso de Ciências da Comunicação na
Região Centro-Oeste, realizado em 22 a 24 de maio de 2019, surgiu a seguinte
indagação: será que o jornalismo não é esse que denominamos de alternativo? Será
que esse alternativo, na realidade é o jornalismo que deveria ser? Um jornalismo que
seja responsável e conectado com a base.
2.4 Situação dos Povos Indígenas no Mato Grosso do Sul
O estado tem a segunda maior população de povos indígenas do Brasil, com as
etnias: Kaiowá e Guarani, Terena, Kadiwéu, Guató, Ofaié, Kinikinawa, Camba e
Atikum. As etnias com maiores números populacionais são a Kaiowá e Guarani, e os
Terenas que somam aproximadamente 68 mil pessoas (VIEIRA, 2013). Mesmo tendo
essa diversidade multicultural de povos tradicionais, o estado continua liderando
assassinatos e violências constantes contra os indígenas, já que o contexto sul-mato-
grossense é de uma economia baseada no agronegócio, com grandes plantações e
fazendas de gado próximas aos Territórios Indígenas
Além disso, o estado lidera com um número elevado de registro de violências
relacionadas a terra dos povos indígenas e de mortes por agressões (CIMI, 2016). A
região Cone-Sul do estado, que conta com a grande parte da população Guarani-
Kaiowá, torna-se frequentemente cenário para a imprensa sul-mato-grossense, até

21
mesmo, nacional. Os sete conflitos que o CIMI contabilizou em seus estudos foram nas
terras: Kurusu Ambá, Dourados-Amambaipeguá e Guaiviry, todos por conta das
demarcações de terra. O assassinato do indígena Clodiodi Aquileu Rodrigues de
Souza, 23 anos, morto com dois tiros durante a retomada pelos indígenas da reserva
Tey’i Kue, que fica no Território Indígena (TI) - Dourados Amambaipeguá no município
de Caarapó virou assunto nacional na imprensa durante o mês de junho de 2016.
No Estado, os Kaiowá e Guarani encontram-se distribuídos em oito
reservas, totalizando 22 Terras Indígenas (TI). Dentre esse grupo
merecem destaque, na região do Mato Grosso do Sul as Terras
Indígenas de Dourados, Amambaí e Caarapó que juntas atingem a
maior densidade demográfica por hectares (VIEIRA, 2013, p.14).
Os Kaiowá e Guarani são conhecidos pela forte ligação que têm com a natureza,
que transforma em equilíbrio e harmonia, com conhecimento de plantio e
principalmente de milho. O território Guarani é conhecido como Tekoha que tem como
tradução, lugar (ha), possível para o modo de ser e de viver (teko), uma relação de
estrutura e política do povo Guarani e Kaiowá. (URQUIZA e VARGAS, 2013).
Já o povo Terena, estão mais presentes nas regiões centrais do Estado, na
região do Baixo Pantanal, onde durante o conflito da Guerra do Paraguai abandonaram
seus territórios tradicionais, concentrando-se nas regiões da Serra de Maracaju, mas
ao retornarem às suas terras, os indígenas se deparam com a espoliação do território
por parte de ex-combatentes da Guerra que negociaram com o Estado de Mato
Grosso. (ORTIZ e MOURA, 2017).
Os Terêna representam, pois, um dos subgrupos Guaná ou Txané que
ao lado de outras tribos desse grande grupo Aruák, aparecem como
aqueles índios que mais contribuíram à formação do Sudoeste
brasileiro, seja como produtores de bens para o consumo dos primeiros
moradores portugueses e neobrasileiros naquela região, seja como
mão-de-obra aplicada nas fazendas que começaram a proliferar depois
da guerra do Paraguai, sem esquecer, ainda, o papel por eles
desempenhado naquele conflito, quando foram levados a lutar contra o
exército paraguaio. (OLIVEIRA, 1960, p.20).
Nesses espaços existe o abandono do Estado, principalmente, em relação aos
direitos territoriais e ancestrais, mas também, um abandono relacionado a políticas
públicas que abarquem as necessidades das comunidades, o CIMI (2016) contabilizou
15 assassinatos, muitos relacionados ao álcool e a violência contra a mulher. Assim
como nos dados de 2016, os dados de 2018 comprovam um aumento assustador do
suicídio nas comunidades em MS, a Sesai registrou 44 ocorrências.

22
O Estado também negligencia o acesso ao modelo educacional que respeite o
modo de ser de cada etnia, já que o processo educacional indígena deve ser
multicultural, compreendendo a perspectiva de cada comunidade.
2.5 Documentário
Assim como na fotografia, as produções audiovisuais tornam-se verdadeiros
recortes do tempo em que congelamos uma vida. Melo (2002) compreende o percurso
do documentário como uma liberdade que não existe em qualquer outro gênero, pois,
ele é construído ao longo do processo.
O documentário é um gênero fortemente marcado pelo "olhar" do diretor
sobre seu objeto. O documentarista não precisa camuflar a sua própria
subjetividade ao narrar um fato. Ele pode opinar, tomar partido, se
expor, deixando claro para o espectador qual o ponto de vista que
defende. Esse privilégio não é concedido ao repórter, sob pena de ser
considerado parcial, tendencioso e, em última instância, de manipular a
notícia. (MELO,2002, p. 29).
No documentário existe a possibilidade de ousar com as informações em que o
diretor obtém nas conversas com os sujeitos que irão ser protagonistas e revelar suas
histórias. Lisboa (2014) entende que os filmes representam uma forma de olhar as
realidades do mundo que ocupamos e compartilhamos com os sujeitos, são atores
sociais que representam o cotidiano como se não existisse a câmera.
[...] o único interesse do filme documentário que trabalha com som
direto, com pessoas vivas, não com natureza morta, é um diálogo, e
esse diálogo tem que estar presente no filme. Não que ele tenha que ter
a todo momento as perguntas. As perguntas são essenciais como
demonstrativos de uma voz que vem de fora, é algo que provoca e que
gera um confronto. Tal confronto é uma coisa complicada porque vai
gerar um diálogo produtivo, em que há, de alguma forma, uma troca.
(COUTINHO, 2012, p. 166).
Essa relação do diretor-autor com os sujeitos participantes cria uma relação de
cumplicidade pela troca de afeto que o diálogo constrói com as pessoas. Surge como
catalisador dessa troca de histórias o Documentário Etnográfico que se baseia numa
inserção no terreno ou meio que é estudado pelo sujeito-autor, onde a confiança nas
histórias das pessoas é o principal motor do trabalho, utilizando dos recursos naturais
que o ambiente propõe como sons e imagens (Ribeiro,2007).
O olhar etnográfico é uma dupla construção: propõe-se ver e mostrar o
mundo e a forma de o construir como linguagem e como processo de
construção da linguagem. Como actividade perceptiva (interior e
exterior, de si e do outro) fundada na atenção e orientação do olhar
procura uma abordagem micro social, isto é, propõe-se observar, o mais
atenta e minuciosamente possível [...] (RIBEIRO, 2007, p.11).
Esta forma de olhar o outro é passada através dos documentários em que os
diretores não tenham medo de participar e observar a ação, e estar presente no local,

23
com seus costumes, com o ouvido aberto para novas experiências que serão
transpassadas naquele intervalo do tempo que participa como um intruso no local.
Laplantine (1999) compreende que a partir do momento que o sujeito descobre a
alteridade ela cria uma relação que permite identificar nossa pequena província de
humanidade com a humanidade, deixando de rejeitar o “selvagem” que é o outro. E o
confronto com essa descoberta traz o rompimento de barreiras relacionadas como
natural no âmbito social.
Esse encontro passa por um reconhecimento unilateral do “eu” com o outro “eu”,
e do “tu” com outro “tu”, em uma relação simultânea de existência. Não existe o ato de
olhar por fora da ação, o documentário etnográfico trabalha diretamente no contato do
realizador com os sujeitos atores (LISBOA, 2014).
Paralelamente à construção deste audiovisual, o site também irá acompanhar no
produto do documentário, com imagens de bastidores, fotografias, depoimentos. Para
enriquecer todas as vivências presenciadas pelo autor deste trabalho, pois, na
realidade vão existir tantas histórias que o site será um complemento para ele.
Seguindo as características apresentadas na fundamentação de Etnomídia e
Etnojornalismo, serão abordadas produções desenvolvidas no MS, como as
apresentadas: ASCURI e Véxetina Filmes. Porém existem outros coletivos como:
Língua Terena e Mulheres Indígenas Mãe Terra.

2.6 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA E ABRANGÊNCIA


Foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa etnográfico, que segundo Marques
et al. (2017) é uma investigação voltada para descrever um povo em particular, onde as
categorias de análise são baseadas na língua, raça, religião, costumes, tradições etc.
Além disso, obtida por uma história oral em que o levantamento de dados oral
pode ser gravado ou não.
A relação do pesquisador é participante, pela qual as investigações são com
plena participação do pesquisador nas comunidades que foram realizadas este projeto.
(MARQUES et al.,2017).
A área de abrangência desta pesquisa foram as cidades de Campo Grande,
Aquidauana e Miranda. Locais onde ocorreram as gravações do documentário.

24
A população alvo desse documentário são as populações indígenas, por isso o
documentário foi exibido em algumas comunidades primeiro. E também, para os não
indígenas que são interessados na defesa dos povos indígenas.

2.7 Recursos humanos


A pesquisa aqui proposta foi executada pelo acadêmico Raylson Chaves Costa,
com a colaboração de indígenas das comunidades.

2.8 Procedimentos de coleta e interpretação de dados


A coleta de dados começou no final de 2017, na busca por artigos e
documentários produzidos pelos próprios povos originários, para compreender como
eles entendiam o uso das câmeras para resgatar, emancipar-se, ter como memória e
conectar com essas ferramentas.
Assim, em 2018 foi iniciado no pré-projeto, com o nome de etnomídia indígena, a
partir de revisão bibliográfica sobre o conteúdo em livros, revistas, enciclopédias,
artigos, entre outros.
Após essa coleta teórica, foi feita a produção por personagens para falar sobre
o assunto. Desta forma, houve uma captação de áudio e imagem para introduzir a
temática, por intermédio dos olhos do autor e dos indígenas que produziram vídeos e
até mesmo, fotografias de retomadas e eventos tradicionais em que estiveram
presentes.
Essa captação de áudio e vídeos foi transformada em uma narrativa audiovisual
que mostra quem são esses povos originários que estão produzindo mídia em Mato
Grosso do Sul, no segundo maior estado com populações indígenas do Brasil. Além
disso, o site com informações como: bastidores, depoimentos que não entraram no
documentário, declarações daqueles que participaram e de quem produziu, e este
projeto de pesquisa com referências para aqueles que se interessarem mais sobre o
assunto. O site pode ser acessado no seguinte link:
https://raylsonc.wixsite.com/miheakavoxene.

25
3 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO FÍSICA
PROCEDIMENTOS Ano: 2019– MESES
OPERACIONAIS 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11
Levantamento X X X X X X X
bibliográfico e
1 documental
Desenvolver o pré- X X
projeto e o roteiro
prévio do vídeo
2 documentário
Realizar as X X X
gravações de
entrevistas e
3 imagens de apoio.
Pré banca – X
apresentação do pré
4 projeto
Decupagem do X X
material coletado e
elaboração do
5 roteiro.
Edição do vídeo X X X
6 documentário
Finalização do X X X
7 produto e do relatório
Apresentação e X
8 defesa do TCC

4 CRONOGRAMA DE DESEMBOLSO FINANCEIRO


DISCRIMINAÇÃO Ano: 2019 – MESESVALOR EM R$
02 03 04 05 06 07 08 09 10 11
Aquisição
de material
1 permanente 121 182 0

3 Transporte 30 50 60 100
Pagamento:
serviços de
4 terceiros 80
Despesas
5 de Telefone 0

6 Passagem 530,44

7 50

26
R$
TOTAL 1.203,4
8 GERAL: 4
5. VÍDEO DOCUMENTÁRIO
Nesta etapa do projeto estão descritas a pré-produção, produção e
edição/finalização do vídeo documentário. A partir desta etapa da pesquisa, as
impressões e dificuldade serão apresentadas em primeira pessoa.

5.1 Etapas de realização


Eu sabia que seria um produto audiovisual desde o momento em que entrei na
graduação. O start foi quando consegui produzir com o Cainã e Gustavo, o
documentário: Aldeinha - (re)existindo, em 2018. A partir deste momento, percebi que o
audiovisual era uma forma de expressar o mundo com imagens e sons. Antes, já tinha
desenvolvido projetos na Extensão e com o Cainã. Assim como, ter participado do
Curso de Extensão em Cinema da UFMS, mas quando você eterniza algo como esse
documentário da Aldeinha, você carrega novas interações.
O foco do documentário veio tomando forma com as gravações, não que eu não
tinha nada em mente, eu sabia exatamente onde queria chegar, mas não sabia como
iria. Em determinado momento, entra o Cerizi, acredito que quando o entrevistei pude
perceber que o documentário encontrou um traçado fluido, sem forçar.
Acredito na potência que encontramos quando somos afetados, naquele
momento percebi que eu deveria dar mais atenção as histórias e os modos de cada
sujeito, e não ao veículo em si, porque são coisas interligadas que estão no mesmo
espaço.
5.2 Pré-produção
A pré-produção foi a identificação daquelas mídias que poderíamos trabalhar ao
longo do documentário. Então começo a buscar nas redes e em conversas, os
coletivos que produziam etnomídia no estado. Conversei com Eric Marky (Mídia Índia)
se ele conhecia algumas produções etnomidiáticas aqui no estado, e conforme ele
trouxe as informações, fiz alguns indicativos dos possíveis entrevistados que
encontraria aqui no estado.
Assim cheguei aos coletivos: Véxetina Filmes, ASCURI, Língua Terena,
Mulheres Indígenas Mãe Terra, Rádio Terena, Rádio Indígena FM Dourados (Aldeia
Jaguapiru e Bororo), Atartur Liver e Ângelo Terena. Este último faz produções de forma

27
autônoma e posta nas suas redes, e muitas vezes, o Conselho do Povo Terena e Mídia
Índia utilizam suas produções nas redes.
Ao longo do processo, tive que criar uma lista com as opções e os prós e
contras para gravarmos. Dois fatores foram cruciais, o primeiro foi a questão do tempo.
Pois tinha acabado de entrar no estágio e tinha perdido a autonomia de viajar em dias
de semana e meu horário ficou limitado. O segundo fator foi o financeiro, como desde o
princípio eu gostaria que uma jornalista, mulher e indígena estivesse presente na
minha banca, e eu sabia que gastaria com transporte e outras coisas, tive que
economizar em viagens distantes como para Dourados ou Sidrolândia. Então as
comunidades mais distantes onde tinham as produçõesetnomidiáticas em rádio ou a
página da Língua Terena, tive que repensar.
Escolhi trabalhar com os que eram mais próximos: Véxetina Filmes e Mulheres
Indígena Mãe Terra. E durante o processo conheci o Ângelo Terena, que entrou como
personagem também. Além disso, quando já estava quase desistindo da equipe do
ASCURI, surge a Reunião de Antropologia de Mato Grosso do Sul (RAMS), e eu vejo a
oportunidade de gravar com o Eliel Benites, quem daria uma palestra, e Gilmar
Galache que sempre o acompanha aqui em Campo Grande.
Foi na pré-produção que decidi como iriam ser as cenas, o enquadramento, os
planos e as perguntas que iriam trazer o tom para o documentário. Para traçar o
começo dos esquemas, foi necessário criar um plano na parede do meu quarto com
post-it para visualizar a construção do documentário.
5.3 Produção
Irei apresentar a produção de cada personagem, independente da ordem de
tempo em que foram gravados, mas seguindo a lógica de quem abordei primeiro.
Com o fato tempo atrapalhando sempre, comecei o contato com aqueles
coletivos que poderiam ser personagens do meu documentário. O primeiro contato foi
com o Eliel Benites, da ASCURI, durante a 71º Reunião Anual da Sociedade Brasileira
para o Progresso da Ciência que aconteceu durante 21 a 27 de julho, na UFMS.
Expliquei para ele a proposta de documentário e pedi que me avisasse quando fossem
gravar ou realizar alguma atividade por esses meses. Ele prontamente apoiou e
seguimos mantendo contato ao longo dos meses. Num primeiro momento, gostaria de
ir até a comunidade dele, que fica em Caarapó, mas diante do pouco tempo e do
financeiro, optei por gravar em Campo Grande mesmo. E foi na semana da RAMS que
eu decidi conversar com ele para gravarmos o seu depoimento, dessa maneira apenas

28
em 18 de outubro, conseguimos gravar. Na ocasião, o Gilmar estava presente e
concedeu um depoimento também. Com ele, eu conversei em julho para apresentar o
projeto, mas ele estava em constantes viagens, que provocaram desencontros ao
longo dos meses.
O Grupo Véxetina Filmes, eu encontrei numa das indicações do Eric Marky. Foi
a partir deste momento, que conheci o Ériki Miller, um dos jovens mais articulados na
juventude terena. Conversamos, expliquei um pouco o projeto pra ele e até mesmo,
para conhecer um pouco o Véxetina que iniciou os trabalhos este ano. Marcamos de
conversar durante o 11ºEncontro dos Estudantes Indígenas de Mato Grosso do Sul,
que aconteceu em Campo Grande nos dias 29 a 31 de agosto, na UEMS. A princípio,
eu iria apenas apresentar o projeto para o grupo, mas o Ériki sugeriu gravar os
depoimentos por ali mesmo. Ele foi um dos primeiros entrevistados, em seguida ele me
apresentou a Simone do Atratur Liver que é uma página voltada para turismo na Aldeia
Limão Verde (Aquidauana/MS), gravei um depoimento com ela também.
Em seguida, conheci o Cerizi, que faz parte do Véxetina Filmes, que conversou
comigo por uns 15 minutos e eu consegui ter vários insights ao longo da nossa
conversa. Ele foi um dos únicos jovens que se emocionou ao relembrar do ataque do
Estado aos Kinikinau em Aquidauana. Ele estava presente fez uns takes e seu irmão
gravou a cena foi difundida pelas redes sociais. Logo depois que finalizamos, ele me
apresentou sua irmã, Cibele, que faz parte do Véxetina, conversamos por uns dez
minutos. Disse a eles que manteríamos uma relação, pois eu queria visitar e ter mais
contato com eles, em outros momentos. Na ocasião, aproveitei pra capturar sons
ambientes e danças tradicionais para inserir no documentário.
Em outro momento, conversei novamente com o Ériki para ver a possibilidade
de me acolher durante a V Assembleia da Juventude Terena que aconteceria de 26 a
28 de setembro na Aldeia Limão Verde (Aquidauana), diante de imprevistos por conta
do estágio, consegui ir somente no dia 27, quase no fim das atividades. O Jônatas
Moreira (Ya) me esperou em Aquidauana para mostrar o caminho até a Aldeia, no
caso, ele não sabia muito bem chegar lá não, mas conseguimos. Nesses trajetos para
comunidades, sempre meu pai me levava. Durante a Assembleia, encontrei o Cerizi e
Ériki, e fiz mais algumas cenas para inserir no documentário.
E foi nesses dois dias que conheci o Ângelo, um rapaz que estava com uma T5i
tirando foto durante todo o evento, fiquei curioso. Depois, vi ele também ensinando um
jovem da Aldeia Cachoeirinha como manusear a câmera. Fiquei mais impressionado

29
ainda e curioso pra saber quem era ele. Como não sou aquele jornalista, que pega o
“tempo” rápido das coisas, quando voltei para casa fui pesquisar o nome dele nas
redes sociais e encontrei um enorme material produzido por ele. Aí pedi ao Ériki se ele
tinha o contato do rapaz, e prontamente, comecei a conversar com o Ângelo.
O Ângelo Terena mora na Retomada Mãe Terra, e marcamos de conversar num
final de semana. O período que propus caiu justamente no dia das eleições municipais
que aconteceriam na cidade de Miranda, ele achou perigoso, pois a polícia poderia
confundir as coisas e relacionar com compra de voto e tudo mais. Optamos por gravar
depois, na semana do feriado de 12 de outubro. Nesse mesmo tempo, estava em
contato com Caroline, que cuida da página das Mulheres Indígena Mãe Terra para
gravarmos um depoimento também. Na semana do feriado, consegui ir até a Retomada
Mãe Terra que fica na cidade de Miranda-MS, o Ângelo me buscou até um restaurante
que fica na estrada de Miranda, onde meu pai havia me deixado. Assim que cheguei,
conheci seu pai e sua família, e cheguei ao final da Assembleia do povo Kinikinau, fui
apresentado a todas as lideranças da comunidade, pois lá não existe cacique, mas sim,
um grupo de lideranças que toma a frente das ações.
Conheci o artesanato produzido pelas Mulheres do Mãe Terra, e o Ângelo me
apresentou algumas comunidades que ficam próximas dali, como a Argola, onde ele é
locutor na rádio comunitária que fica dentro da aldeia. Pela noite, seguimos para a
Aldeia Lalima que fica a 55km da cidade de Miranda. Em Lalima, o Ângelo tinha sido
convidado para fazer uma gravação da procissão que iria acontecer no Rio Miranda,
em celebração a Nossa Senhora Aparecida, por todos os bens que ela concedeu aos
pescadores e a comunidade, já que ela sobrevive do rio.
Nas filmagens, ajudei a fazer uns takes durante a procissão, e aproveitei para
gravar ele em ação também. Foi em Lalima, que resolvi gravar o seu depoimento,
naquele lugar em que ele esteve em ação, assim segui um trajeto de não gravar no
território de nenhum personagem. Entrando na narrativa que cada território, neste
estado, é extensão do corpo Terena, Guarani e Kaiowá, Kinikinau e Atikum.
Pensando nesse contexto, retorno para o personagem Cerizi. Em conversa por
aplicativo de mensagem, combinamos que ele me levaria até a área que a etnia
Kinikinau reivindica como terra ancestral do seu povo. Nesse território está o sangue
senhor Manoel Kinikinau que foi alvejado por uma bomba de gás lacrimogêneo pela
tropa da PM do Estado. Cerizi estava no dia e na hora que aconteceu, ele fez algumas
imagens e seu irmão, Célio, tirou e gravou vídeos da situação. Eu senti necessidade de

30
retornar a esse território, pois foi falando sobre esse assunto que o pequeno guerreiro
Cerizi se emocionou. E eu gostaria que as pessoas entendessem a real circunstância
que ter a mídia independente, feita por uma “uma câmera na mão” e um sentimento no
peito, faz diferença.
Encontrei-o em sua terra, Aldeia Bananal que fica na cidade de Aquidauana/MS,
meu pai me acompanhou até o trajeto. Primeiro, ele me apresentou para sua família e
em seguida, apresentou ao Cacique, seu irmão Célio, que realizava uma festa em
comemoração ao Dia das Crianças e fui apresentado para comunidade, através da
rádio comunitária que circula por lá. Quando nos aproximamos da fazenda, não
saberíamos o que poderíamos encontrar naquele espaço, durante, mais ou menos,
duas semanas a PM de Aquidauana ficou posicionada como “segurança privada” da
Fazenda Água Branca. Até então, o clima estava tranquilo, descemos e gravamos. Mas
Cerizi queria se aproximar mais, eu, como um bom purutuye estava com certo medo de
ser alvejado. Ele constantemente falava que caso acontecesse algo, era pra eu deitar
no chão. Durante o trajeto até um pequeno córrego, ele foi me explicando a situação
daquele dia. Todas as gravações foram feitas com uma T6i, um Microfone Direcional
Externo, um tripé e umasteadicam. Todas as gravações foram armazenadas num HD
Externo e no Computador.
Voltei extasiado e animado com o resultado que consegui obter ao longo dos
meses, compreendendo que sofri diversas dificuldades, desde o ato comunicativo de
conseguir me aproximar de alguns veículos de etnomídia, a situação financeira que
apertou bruscamente, e a logística por conta do estágio. Mas ainda assim, consegui
adentrar um universo que já vinha caminhando desde 2018, e que com esses
encontros consegui ser transformado. São processos em que você não sai ileso.

5.4 Edição e finalização


A gravação do documentário foi finalizada em 18 de outubro, às 14 horas. Em
seguida, iniciou o processo de escuta do vídeo, pois para se criar uma arte você
precisa sentir e deglutir cada segundo de história eternizada pelo audiovisual. Um
processo diferente desde o princípio foi requisitado, que esses jovens, que encontrasse
pelo caminho, participassem de algum desses processos.
Decidi então, que depois do primeiro corte feito com o professor Oswaldo, eu
faria o segundo corte com aqueles que estivessem dispostos, tendo conversado com
cada um deles, a se jogar num curta/média metragem. Prossegui para a Aldeia

31
Bananal e Mãe Terra, onde conversei com Cerizi, Cibele e Ângelo. Logo depois de
finalizado, o filme passou por legendas na língua Terena, e depois seguirá para o
português. A edição foi feita no Adobe Premiere Pro CS6.
A partir disso, foi criado um site, simples, que disponibiliza um trailer do
documentário, este relatório, um depoimento meu e alguns vídeos que não entraram no
documentário. Assim como, a possibilidade das pessoas exibirem em lugares ao me
contatar, por conta, de que este documentário vai ser inscrito em festivais, por isso
existem algumas regras que impossibilitam sua exibição por uma época. A intenção é
fazer mais exibições em outras comunidades, legendá-lo em Guarani e poder levar até
comunidade do Cone-Sul.

5.5 Descrição do produto


5.5.1SINOPSE
Um filme que aborda a revolução que filmagens trouxeram para os povos originários
em Mato Grosso do Sul. São etnias que transformam os seus olhares, a sua cultura, a
sua ancestralidade em luta e resistência. São indivíduos que produzem aquilo que
sentem, aquilo que o purutuye não percebe, ou não quer. Este documentário serve
para a conclusão do curso, mas serve como um norte para compreender que os povos
indígenas lutam todos os dias, seja na cidade, nas retomadas e nas aldeias. É um
caminho para dizermos que sim, “índio” usa celular.

5.5.2 CAMARADAS
Ériki Miller
Angelo Terena
Cerizi Francelino
Cibely Francelino
Eliel Benites
Gilmar Galache

5.5.3 FICHA TÉCNICA


(Por ordem de aparição)
Ériki Terena – Guerreiro do Véxetina Filmes
Cerizi Francelino – Guerreiro do Véxetina Filmes
Gilmar Galache – Guerreiro da ASCURI

32
Cibely Francelino – Guerreira do Véxetina Filmes
Angelo Terena – Guerreiro do Mãe Terra
Eliel Benites – Guerreiro da ASCURI

Imagens
Raylson Chaves
ASCURI
Véxetina Filmes
Conselho do Povo Terena
Ângelo Terena

Imagens e áudios de terceiros


Áudio divulgado nas redes sociais relacionado ao Prefeito de Aquidauana, Odilon
Ribeiro (2019).
Imagem da Liderança Kinikinau Manoel, durante retomada na Fazenda Água Branca
(2019) – Vídeo e foto divulgada por Véxetina Filmes e Conselho do Povo Terena.
Cenas gravadas por Cerizi Francelino durante reintegração de posse, sem mandado
judicial, da Polícia Militar de Aquidauana (2019), realizador Véxetina Filmes
Cena de Yvy Reñoi – Sementes da Terra (2019), durante o ataque das milícias em
Caarapó, que resultou em feridos e na morte do agente de saúde indígena Clodiodi
Aquileu Rodrigues de Souza, realizado pela ASCURI
Cenas da 1º Cavalgada Indígena “Grito dos Excluídos” 7 de Setembro, Aldeia Mãe
Terra (2019), realizada por Ângelo Terena e juventude de Mãe Terra
Cenas da apresentação da Dança Kinikinau na abertura do Fórum de Educação
Indígena em Cachoeirinha (2019), produzido por Ângelo Terena
Cenas da abertura da V Assembleia da Juventude Terena no Limão Verde (2019),
produzido por Ângelo Terena
Cenas de Jakaira – O dono do milho branco (2019), realizada pela ASCURI
Cenas do Manifesto da Juventude Terena em apoio ao Raoni Metuktire, produzido por
Véxetina Filmes
Cenas de Hiyokena kipâ’e na Paralisação pela Educação (2019, realizada por Véxetina
Filmes
Cenas do Ancião Isaac Dias durante a V Assembleia da Juventude Terena (2019),
realizada por Ângelo Terena

33
Cenas da Anciã Ione Terena na 1º Marcha das Mulheres Indígenas em Brasília (2019),
produzido por Véxetina Filmes
Cenas de Kunumy Pepy (2010), realizada pela ASCURI
Cenas do relato da Zumira Paiva Terena (2019), na Retomada Água Branca, realizada
por Véxetina Filmes
Cenas de Jepeaty – A lenha principal (2014), realizada pela ASCURI

Som
Canto da Marinalva Atikum no 11º Encontro dos Estudantes Indígena de Mato Grosso
do Sul

Sob orientação
Oswaldo Ribeiro
Véxetina Filmes
Angelo Terena

Pró-Reitoria de Graduação e Extensão: Profa. Rubia Marques


Coordenação do Curso de Jornalismo: Prof. Ma. Inara Silva
Reitoria: Pe. Ricardo Carlos
UCDB – 2019

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta forma de olhar o outro é passada através dos documentários em que os
diretores não tenham medo de participar e observar a ação, e estar presente no local,
com seus costumes, com o ouvido aberto para novas experiências que serão
transpassadas naquele intervalo do tempo que participa como um intruso no local.
A juventude, principalmente a Terena, em que venho mantendo um contato mais
profundo, viu nessa alternativa um caminho para trilhar novas narrativas, uma nova
sensação sobre um determinado fato. Relato aqui, a experiência que o jovem Cerizi
Francelino teve ao retratar a liderança Kinikinau, Senhor Manoel, na retomada
ancestral do seu povo. Cerizi se emocionou ao relembrar daquele momento, daquela
situação que nós enquanto não indígenas, não conseguimos retratar.
Talvez, são nesses momentos que um vídeo documentário surge como um
catalisador dessa revolução que surge como uma força a mais para o movimento

34
indígena. Mas não só isso, a etnomídia é capaz de alcançar os ares que o jornalismo, o
cinema e a comunicação em geral não conseguiram chegar. São os olhares e
sentimentos que surgem de forma autoral, liberta e emancipadora. Como lembra Leon
Trotsky (1989, p.15) “[...] as revoluções têm precisamente por objetivo realizar o que
não entra na cabeça das classes dominantes”. Como pode um indígena com uma
câmera na mão?
A etnomídia indígena em Mato Grosso do Sul vem crescendo, na medida em
que os jovens veem o surgimento e a força dos coletivos já existentes, o engajamento,
a alternância de narrativa que não existia. São esses mesmos jovens que nutrem e
querem aprender como realizar esse feito pelas redes, pelas conexões que
conseguem.
No outro lado, vejo os jovens que querem equipamentos para produzir coisas
com “qualidade”, um financiamento que ajude na demanda de tempo, deslocamento,
alimentação, enfim, realidades que cada jovem enfrenta para trazer o olhar para tela.
São jovens que querem sim, aprender a manusear um equipamento profissional e isso
não os fará menos ligados com a sua ancestralidade.
Gravar um vídeo documentário numa época tão insana, como a que vivemos, é
renovar as forças ao lado dos “amiges” que construí ao longo do caminho, é respeitar e
dar orgulho para todas as crianças Terena que conheci e pude querer um mundo com
mais afeto para elas.
Estive pensando, o que eu posso fazer com o conhecimento que chega até mim,
um jovem que saiu da escola pública e entrou na universidade privada por meio de
uma bolsa social. E que é atravessado pela luta dos povos originários que resistem, e
resistem. Posso ofertar um documentário que vem sendo construído através do
diálogo, do afeto, e de muito amor por essas populações que apesar dos pesares,
sempre recebem o purutuye de coração aberto. Costumo dizer que a minha
contribuição com este trabalho, com esse documentário e site, são mínimas
aproximadas da contribuição com que eles afetaram na minha vida, na minha militância
e na minha identidade. São as relações eternizadas na memória. Seguimos
fortalecendo a luta e sendo fortalecidos por ela.

35
7. REFERÊNCIAS
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da territorialidade. In: URQUIZA, A, H, organizador. Culturas e Histórias dos Povos
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http://www.revistas.usp.br/revmae/article/view/109274/107772>. Acesso em: 26 mai.
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brasileira em ambiência etnomidiática . In: XIX Conferência Brasileira de
Folkcomunicação - Parintins - Amazonas, 2018. Disponível em:
<https://www.doity.com.br/anais/folkcom2018/trabalho/54791>. Acesso em: 19 mai.
2019.

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Indígenas no Brasil - Dados 2016. 2016. Disponível em:
<https://cimi.org.br/pub/Relatorio2016/relatorio2016.pdf>. Acesso em: 19 mai. 2019.

CIMI, Conselho Indigenista Missionário – RELATÓRIO: Violência contra os Povos


Indígenas no Brasil – Dados 2018. 2019. Disponível em:
<https://cimi.org.br/wp-content/uploads/2019/09/relatorio-violencia-contra-os-povos-
indigenas-brasil-2018.pdf>. Acesso em: 19 out. 2019

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etnográfico. Revista Comunicación. 10(1):755–766. 2012. Disponível em: <

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http://www.revistacomunicacion.org/pdf/n10/mesa4/059.Algumas_notas_sobre_a_historia_d
o_cinema_documentario_etnografico.pdf>. Acesso em: 19 mai.2019.

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ALTERIDADE. Projeto História : Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de
História, [S.l.], v. 15, set. 2012. ISSN 2176-2767. Disponível em:
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EURICH, Grazieli. Web Brasil Indígena: etnomídia e afirmação da identidade. In: VI


Conferência Brasileira de Mídia Cidadã e I Conferência Sul-Americana de Mídia
Cidadã, Pato Branco, 2010. Disponível em:
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37
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41
8 APÊNDICES
8.3 Roteiro Técnico
PEÇA: DOCUMENTÁRIO, 20 MINUTOS
TÍTULO: MIHE’AKA VOXENÉ: SIMONÉ VEYOPÉ ÛTI (Abre Caminho: nossas
câmeras chegaram)
DATA: 14 de Novembro de 2018

IMAGENS TEMPO ÁUDIO


TELA PRETA
TRANSIÇÃO: FADE IN
GC: “PARA TODOS OS INDÍGENAS
QUE FORAM, E SÃO,
ASSASSINADOS DESDE 1500” 0’’ a 1’ SILÊNCIO

TELA PRETA
1’02” ÁUDIO DO PREFEITO DE
GC: “ÁUDIO DIVULGADO NAS
A 1’36” AQUIDAUANA – ODILON RIBEIRO
REDES SOCIAIS”
CENÁRIO: EXTERNA/DIA –
FAZENDA// SENHOR MANOEL
ENSANGUENTADO EM RETOMADA 1’36”
VOZ DA LIDERANÇA MANOEL
FOTOGRAFIA: MEIO PRIMEIRO A 1’52”
PLANO
TRANSIÇÃO: CORTE SECO
CENÁRIO: EXTERNA/DIA –
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
MATO GROSSO DO SUL (UEMS)
SONORA DO GUERREIRO DO
FOTOGRAFIA: PLANO MÉDIO, 1’52”
VÉXETINA – ÉRIKI MILLER
ÂNGULO NORMAL A 2’11”
TRANSIÇÃO: CORTE SECO

FOTOGRAFIA DO LOCAL QUE A PM


ATINGIU NO SENHOR MANOEL 2’11”
SILÊNCIO
A 2’12”

FOTOGRAFIA DO LOCAL QUE A PM 2’12” SONORA DO GUERREIRO DO


ATINGIU NO SENHOR MANOEL A 2’15” VÉXETINA – CERIZI FRANCELINO
CENÁRIO: EXTERNA/DIA –
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
MATO GROSSO DO SUL (UEMS)
2’16” SONORA DO GUERREIRO DO
FOTOGRAFIA: PLANO MÉDIO,
A 4’03” VÉXETINA – CERIZI FRANCELINO
ÂNGULO NORMAL
TRANSIÇÃO: CORTE SECO

42
IMAGEM QUE MOSTRA A CHEGADA
4’03” BG: GRITOS, BOMBAS E FALAS NA
DA PM NA RETOMADA KINIKINAU
A 5’37” LÍNGUA TERENA
EM AQUIDAUANA – MS
IMAGENS DO DOCUMENTÁRIO IVY 5’37” BG: IVY REÑOI – SEMENTES DA
REÑOI – SEMENTES DA TERRA A 5’51” TERRA
IMAGENS DO DOCUMENTÁRIO IVY SONORA DO GUERREIRO DA
REÑOI – SEMENTES DA TERRA ASSOCIAÇÃO DE REALIZADORES
INDÍGENAS EM MATO GROSSO DO
5’51” SUL (ASCURI) – GILMAR GALACHE
A 6’25”
BG: IVY REÑOI – SEMENTES DA
TERRA

CENÁRIO: EXTERNA/DIA –
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO
SONORA DO GUERREIRO DA
GROSSO DO SUL (UFMS)
6’25” ASSOCIAÇÃO DE REALIZADORES
FOTOGRAFIA: PLANO MÉDIO E
A 6’41” INDÍGENAS EM MATO GROSSO DO
ÂNGULO NORMAL
SUL (ASCURI) – GILMAR GALACHE
TRANSIÇÃO: CORTE SECO

CENÁRIO: EXTERNA/DIA –
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
MATO GROSSO DO SUL
6’41” SONORA DA GUERREIRA DO
FOTOGRAFIA: PLANO MÉDIO
A 6’57” VÉXETINA – CIBELE FRANCELINO
ÂNGULO NORMAL.
TRANSIÇÃO: CORTE SECO

CENÁRIO: EXTERNA/DIA – ALDEIA


LIMÃO VERDE/AQUIDAUANA – MS.
ÉRIKI FILMA O DEPOIMENTO DE
UM INDÍGENA PARA A PÁGINA. NA
CENA, APARECEM O ÂNGELO
VOZ OFF – ÉRIKI MILLER
TERENA GRAVANDO, E NERIEL
6’57”
TERENA DANDO O DEPOIMENTO.
A 7’25” BG: FALA DO NERIEL TERENA
FOTOGRAFIA: PLANO PRÓXIMO E
ÂNGULO NORMAL.
MOVIMENTO: MOVIMENTO
PANORAMICOS
TRANSIÇÃO: CORTE SECO

CENÁRIO: EXTERNA/DIA – ALDEIA


LIMÃO VERDE/AQUIDAUANA – MS.
FOTOGRAFIA: PRIMEIRO PLANO, 7’25” SONORA DO GUERREIRO DO
ÂNGULO NORMAL. A 7’30” VÉXETINA – ÉRIKI MILLER
TRANSIÇÃO: CORTE SECO

IMAGENS DA PRIMEIRA
BG: PRIMEIRA CAVALGADA
CAVALGADA INDÍGENA – GRITO 7’30”
INDÍGENA – GRITO DOS
DOS EXCLUÍDOS// RETOMADA MÃE A 7’48”
EXCLUÍDOS
TERRA

43
IMAGENS DA PRIMEIRA SONORA DO GUERREIRO ÂNGELO
CAVALGADA INDÍGENA – GRITO TERENA
7’48”A
DOS EXCLUÍDOS// RETOMADA MÃE
7’59”
TERRA BG: PRIMEIRA CAVALGADA –
GRITO DOS EXCLUÍDOS
CENÁRIO: EXTERNA/DIA –
SONORA DO GUERREIRO ÂNGELO
RETOMADA MÃE TERRA, MIRANDA
7’59” A TERENA
– MS. CENA DENTRO DO CARRO.
8’12”
FOTOGRAFIA: PRIMEIRO PLANO
BG: RÁDIO
TRANSIÇÃO: CORTE SECO
IMAGENS DAS GRAVAÇÕES
REALIZADAS NA ALDEIA LALIMA,
SONORA DO GUERREIRO ÂNGELO
MIRANDA – MS (PRIMEIRA
8’12” A TERENA
PROCISSÃO NO RIO MIRANDA EM
8’25”
ALUSÃO À NOSSA SENHORA
BG: FALAS DA PROCISSÃO
APARECIDA)

IMAGENS DAS GRAVAÇÕES


REALIZADAS NA ALDEIA LALIMA,
SONORA DO GUERREIRO ÂNGELO
MIRANDA – MS (PRIMEIRA
8’26 TERENA
PROCISSÃO NO RIO MIRANDA EM
A 8’31”
ALUSÃO À NOSSA SENHORA
BG: FALAS DA PROCISSÃO
APARECIDA)

IMAGENS DE ARQUIVO// SONORA DO GUERREIRO ÂNGELO


GRAVAÇÃO NO FÓRUM DE TERENA
8’31”
EDUCAÇÃO 2019// ALDEIA
A 8’35”
BG: SONS TRADICIONAIS DO POVO
KINIKINAU
IMAGENS DE ARQUIVO//
SONORA DO GUERREIRO ÂNGELO
GRAVAÇÃO NO V ENCONTRO DA
8’35” TERENA
JUVENTUDE TERENA, ALDEIA
A 8’40”
LIMÃO VERDE, AQUIDAUANA – MS
BG: ABERTURA DA ASSEMBLEIA
CENÁRIO: EXTERNA/DIA – ALDEIA
LALIMA, MIRANDA- MS. SONORA DO GUERREIRO ÂNGELO
8’40”
FOTOGRAFIA: PLANO MÉDIO, TERENA
A 8’49”
ÂNGULO NORMAL
TRANSIÇÃO: CORTE SECO
IMAGENS DO DOCUMENTÁRIO IVY
8’49” BG: IVY REÑOI – SEMENTES DA
REÑOI – SEMENTES DA TERRA
A 8’53” TERRA
IMAGENS DO DOCUMENTÁRIO IVY SONORA DO GUERREIRO DA
REÑOI – SEMENTES DA TERRA ASSOCIAÇÃO DE REALIZADORES
INDÍGENAS DE MATO GROSSO DO
8’53”
SUL (ASCURI) – ELIEL BENITES
A 9’26”
BG: IVY REÑOI – SEMENTES DA
TERRA
CENÁRIO: EXTERNA/DIA – 9’26” SONORA DO GUERREIRO DA

44
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO A 9’49” ASSOCIAÇÃO DE REALIZADORES
GROSSO DO SUL (UFMS) INDÍGENAS DE MATO GROSSO DO
FOTOGRAFIA: PLANO MÉDIO, SUL (ASCURI) – ELIEL BENITES
ÂNGULO NORMAL.
TRANSIÇÃO: CORTE SECO
IMAGENS DO DOCUMENTÁRIO
9’49” BG: JAKAIRA – O DONO DO MILHO
JAKAIRA – O DONO DO MILHO
A 9’58” BRANCO
BRANCO
IMAGENS DO DOCUMENTÁRIO SONORA DO GUERREIRO DA
JAKAIRA – O DONO DO MILHO ASSOCIAÇÃO DE REALIZADORES
BRANCO INDÍGENAS DE MATO GROSSO DO
9’58” SUL (ASCURI) – ELIEL BENITES
A 11’02”
BG: JAKAIRA – O DONO DO MILHO
BRANCO
CENÁRIO: EXTERNA/DIA –
SONORA DO GUERREIRO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO
ASSOCIAÇÃO DE REALIZADORES
GROSSO DO SUL (UFMS) 11’02”
INDÍGENAS DE MATO GROSSO DO
FOTOGRAFIA: PLANO MÉDIO, A 11’04”
SUL (ASCURI) – ELIEL BENITES
ÂNGULO NORMAL.
TRANSIÇÃO: CORTE SECO
CENÁRIO: EXTERNA/DIA – ALDEIA
LIMÃO VERDE, AQUIDAUANA – MS.
V ASSEMBLEIA DA JUVENTUDE
SONORA DA GUERREIRA DO
TERENA// FALA DO ANCIÃO ISAAC
11’4” VÉXETINA – CIBELE FRANCELINO
DIAS.
A 11’20”
FOTOGRAFIA: PLANO DE
BG: FALA DO ANCIÃO ISAAC DIAS
CONJUNTO, ÂNGULO NORMAL.
TRANSIÇÃO: CORTE SECO

CENÁRIO: EXTERNA/DIA – ALDEIA


LIMÃO VERDE, AQUIDAUANA – MS.
V ASSEMBLEIA DA JUVENTUDE SONORA DA GUERREIRA DO
TERENA// FALA DO ANCIÃO ISAAC VÉXETINA – CIBELE FRANCELINO
11’20”
DIAS.
A 11’26”
FOTOGRAFIA: PLANO DE BG: NERIEL ASSISTINDO O SEU
CONJUNTO, ÂNGULO NORMAL. DEPOIMENTO
TRANSIÇÃO: CORTE SECO

IMAGENS DA JÉSSICA MOSTRANDO SONORA DA GUERREIRA DO


O APOIO DA JUVENTUDE TERENA VÉXETINA – CIBELE FRANCELINO
11’26”
AO RAONI
A 11’39”
BG: JÉSSICA FALANDO NA LÍNGUA
TERENA.
IMAGENS DO KIPAÉ SONORA DA GUERREIRA DO
11’39” VÉXETINA – CIBELE FRANCELINO
A 11’41”
BG: HIYOKENA KIPÂ’E
IMAGENS DO KIPAÉ 11’41”
BG: HIYOKENA KIPÂ’E
A 11’44”

45
IMAGENS DO DOCUMENTÁRIO
11’44” BG: JAKAIRA – O DONO DO MILHO
JAKAIRA – O DONO DO MILHO
A 11’45” BRANCO
BRANCO
IMAGENS DO DOCUMENTÁRIO SONORA DO GUERREIRO DA
JAKAIRA – O DONO DO MILHO ASSOCIAÇÃO DE REALIZADORES
BRANCO INDÍGENAS EM MATO GROSSO DO
11’45”
SUL (ASCURI) – GILMAR GALACHE
A 12’25”
BG: JAKAIRA – O DONO DO MILHO
BRANCO
IMAGENS DO DOCUMENTÁRIO
12’25” BG: JAKAIRA – O DONO DO MILHO
JAKAIRA – O DONO DO MILHO
A 12’47” BRANCO
BRANCO
IMAGENS DE ARQUIVO// FALA DO
SONORA DO GUERREIRO ÂNGELO
ANCIÃO ISAAC DIAS, NA V
12’47” TERENA
ASSEMBLEIA DA JUVENTUDE
A 13’9”
TERENA// ALDEIA LIMÃO VERDE,
BG: ANCIÃO ISAAC DIAS
AQUIDAUANA – MS
IMAGENS DE ARQUIVO// FALA DA SONORA DO GUERREIRO DO
ANCIÃ IONE TERENA, NA 1º 13’9” VÉXETINA – CERIZI FRANCELINO
MARCHA DAS MULHERES A 13’28”
INDÍGENAS// BRASÍLIA. BG: ANCIÃ IONE TERENA
IMAGENS DE ARQUIVO// FALA DA
ANCIÃ IONE TERENA, NA 1º 13’28
BG: ANCIÃ IONE TERENA
MARCHA DAS MULHERES A 13’35”
INDÍGENAS// BRASÍLIA.
IMAGENS DO DOCUMENTÁRIO 13’35”
BG: KUNUMY PEPY
KUNUMY PEPY A 13’38”
IMAGENS DO DOCUMENTÁRIO SONORA DO GUERREIRO DA
KUNUMY PEPY ASSOCIAÇÃO DE REALIZADORES
13’38” INDÍGENAS EM MATO GROSSO DO
A 14’23” SUL (ASCURI) – GILMAR GALACHE

BG: KUNUMY PEPY


IMAGENS DO DOCUMENTÁRIO 14’23”
BG: KUNUMY PEPY
KUNUMY PEPY A 14’33”
CENÁRIO: EXTERNA/DIA –
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
MATO GROSSO DO SUL (UEMS)
14’33” SONORA DO GUERREIRO DO
FOTOGRAFIA: PLANO MÉDIO,
A 14’50” VÉXETINA – ÉRIKI MILLER
ÂNGULO NORMAL
TRANSIÇÃO: CORTE SECO

IMAGENS DO ARQUIVO// RELATO


14’51” BG: RELATO DA ZUMIRA PAIVA
DA ZUMIRA PAIVA TERENA, NA
A 15’9” TERENA
RETOMADA ÁGUA BRANCA
CENÁRIO: INTERNO/DIA –
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO 15’9”
BG: KIPAÉ TERENOE
BOSCO (UCDB) – ENCONTRO A 15’13”
ESTADUAL DOS ESTUDANTES

46
INDÍGENA DE MATO GROSSO DO
SUL.
FOTOGRAFIA: PLANO MÉDIO,
ÂNGULO NORMAL E PLONGÉE
TRANSIÇÃO: CORTE SECO

CENÁRIO: INTERNO/DIA –
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO
BOSCO (UCDB) – ENCONTRO
ESTADUAL DOS ESTUDANTES SONORA DO GUERREIRO ÂNGELO
INDÍGENA DE MATO GROSSO DO 15’13” TERENA
SUL. A 15’17”
FOTOGRAFIA: PLANO MÉDIO, BG: HIYOKENA KIPÂ’E
ÂNGULO NORMAL
TRANSIÇÃO: CORTE SECO

CENÁRIO: EXTERNO/NOITE – V
ENCONTRO DOS ESTUDANTES
INDÍGENA DE MATO GROSSO DO SONORA DO GUERREIRO ÂNGELO
SUL// ALDEIA LIMÃO VERDE, TERENA
15’17”
AQUIDAUANA – MS.
A 15’30”
FOTOGRAFIA: PLANO MÉDIO,
ÂNGULO NORMAL BG: HIYOKENA KIPÂ’E
TRANSIÇÃO: CORTE SECO

CENÁRIO: EXTERNA/DIA – ALDEIA


LALIMA, MIRANDA- MS. SONORA DO GUERREIRO ÂNGELO
15’30”
FOTOGRAFIA: PLANO MÉDIO, TERENA
A 15’44”
ÂNGULO NORMAL
TRANSIÇÃO: CORTE SECO
CENÁRIO: EXTERNA/DIA – ALDEIA
LIMÃO VERDE/AQUIDAUANA – MS.
FILMAGEM DO DEPOIMENTO DE
SONORA DO GUERREIRO ÂNGELO
NERIEL TERENA.
TERENA
FOTOGRAFIA: PLANO MÉDIO, 15’44”
ÂNGULO NORMAL. A 15’53”
BG: GRAVAÇÃO NERIEL TERENA
MOVIMENTO: MOVIMENTO
PANORAMICOS
TRANSIÇÃO: CORTE SECO

CENÁRIO: EXTERNA/DIA – ALDEIA


LIMÃO VERDE/AQUIDAUANA – MS.
SONORA DO GUERREIRO DA
FILMAGEM DO DEPOIMENTO DE
ASSOCIAÇÃO DE REALIZADORES
NERIEL TERENA.
INDÍGENAS EM MATO GROSSO DO
FOTOGRAFIA: PLANO MÉDIO, 15’53”
SUL (ASCURI) – GILMAR GALACHE
ÂNGULO NORMAL. A 15’58”
MOVIMENTO: MOVIMENTO
BG: GRAVAÇÃO NERIEL TERENA
PANORAMICOS
TRANSIÇÃO: CORTE SECO

47
CENÁRIO: EXTERNA/DIA –
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO
SONORA DO GUERREIRO DA
GROSSO DO SUL (UFMS)
15’58” ASSOCIAÇÃO DE REALIZADORES
FOTOGRAFIA: PLANO MÉDIO E
A 16’18” INDÍGENAS EM MATO GROSSO DO
ÂNGULO NORMAL
SUL (ASCURI) – GILMAR GALACHE
TRANSIÇÃO: CORTE SECO

CENÁRIO: INTERNO/DIA –
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO
BOSCO (UCDB) – ENCONTRO
ESTADUAL DOS ESTUDANTES
INDÍGENA DE MATO GROSSO DO 16’18”
BG: CANTO XAVANTE
SUL. A 16’34”
FOTOGRAFIA: PLANO MÉDIO,
ÂNGULO NORMAL
TRANSIÇÃO: CORTE SECO

CENÁRIO: INTERNO/DIA –
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SONORA DO GUERREIRO DA
BOSCO (UCDB) – ENCONTRO ASSOCIAÇÃO DE REALIZADORES
ESTADUAL DOS ESTUDANTES INDÍGENAS EM MATO GROSSO DO
INDÍGENA DE MATO GROSSO DO 16’34” SUL (ASCURI) – GILMAR GALACHE
SUL. A 16’37”
FOTOGRAFIA: PLANO MÉDIO, BG: CANTO XAVANTE
ÂNGULO NORMAL
TRANSIÇÃO: CORTE SECO

CENÁRIO: EXTERNA/DIA –
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO
SONORA DO GUERREIRO DA
GROSSO DO SUL (UFMS)
16’37” ASSOCIAÇÃO DE REALIZADORES
FOTOGRAFIA: PLANO MÉDIO E
A 17’41” INDÍGENAS EM MATO GROSSO DO
ÂNGULO NORMAL
SUL (ASCURI) – GILMAR GALACHE
TRANSIÇÃO: CORTE SECO

TELA PRETA 17’41”


BG: GRITO DO KIPAÉ TERENOE
A 17’43”
CENÁRIO: EXTERNO/NOITE – V
ENCONTRO DOS ESTUDANTES
INDÍGENA DE MATO GROSSO DO
SUL// ALDEIA LIMÃO VERDE,
17’43”
AQUIDAUANA – MS. BG: HIYOKENA KIPÂ’E
A 18’2”
FOTOGRAFIA: PLANO MÉDIO,
ÂNGULO CONTRA-PLONGÉE
TRANSIÇÃO: CORTE SECO

IMAGENS DO DOCUMENTÁRIO SONORA DO GUERREIRO DA


JEPEA`YTA – A LENHA PRINCIPAL. ASSOCIAÇÃO DE REALIZADORES
18’2”
INDÍGENAS DE MATO GROSSO DO
A 18’29”
SUL (ASCURI) – ELIEL BENITES

48
BG: JEPEA`YTA – A LENHA
PRINCIPAL
IMAGENS DO DOCUMENTÁRIO IVY SONORA DO GUERREIRO DA
REÑOI – SEMENTES DA TERRA ASSOCIAÇÃO DE REALIZADORES
INDÍGENAS DE MATO GROSSO DO
18’29” SUL (ASCURI) – ELIEL BENITES
A 18’38”
BG: IVY REÑOI – SEMENTES DA
TERRA

CENÁRIO: EXTERNA/DIA –
SONORA DO GUERREIRO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO
ASSOCIAÇÃO DE REALIZADORES
GROSSO DO SUL (UFMS) 18’39”
INDÍGENAS DE MATO GROSSO DO
FOTOGRAFIA: PLANO MÉDIO, A 18’42”
SUL (ASCURI) – ELIEL BENITES
ÂNGULO NORMAL.
TRANSIÇÃO: CORTE SECO
CENÁRIO: EXTERNA/DIA –
RETOMADA DOS KINIKINAU//
FAZENDA ÁGUA BRANCA,
18’42” SONORA DO GUERREIRO DO
AQUIDAUANA – MS.
A 19’1” VÉXETINA – CERIZI FRANCELINO
FOTOGRAFIA: PLANO
AMERICANO, ÂNGULO NORMAL.
TRANSIÇÃO: CORTE SECO
CENÁRIO: EXTERNA/DIA –
RETOMADA DOS KINIKINAU//
FAZENDA ÁGUA BRANCA,
19’1” SONORA DO GUERREIRO DO
AQUIDAUANA – MS.
A 19’39” VÉXETINA – CERIZI FRANCELINO
FOTOGRAFIA: PLANO AMERICANO
E MÉDIO, ÂNGULO NORMAL.
TRANSIÇÃO: CORTE SECO
TELA PRETA 19’39
VOZ OFF
A 19’40”
IMAGEM QUE MOSTRA A CHEGADA VOZ OFF
19’40”
DA PM NA RETOMADA KINIKINAU
A 20’2”
EM AQUIDAUANA – MS BG: CANTO ATIKUM
TÍTULO DO DOCUMENTÁRIO 20’2”
BG: CANTO ATIKUM
A 20’10”
CRÉDITOS 20’10”
BG: CANTO ATIKUM
A 20’32”

49
8.2 Site

Site publicado no Wix:

(Figura 3)

50

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