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Neto, A. B. S. (2014). Universidade, Ciência e Violência de Classe.

São Paulo: Instituto


Lukács.

Capítulo III. A ciência como brinquedo das classes dominantes


A ciência é uma forma específica do reflexo da realidade (LUKÁCS, 1966). Enquanto
forma de reflexo da realidade, ela diferencia da própria realidade porque consiste no
pensamento que se apropria do mundo, ou seja, da maneira como as coisas se
constituem em si e não como se manifestam à consciência. Apreender a realidade
pressupõe considerar o objeto investigado em sua essencialidade. É imprescindível
considerar a natureza ontológica do objeto, do contrário o pensamento não conseguirá
reproduzir idealmente o objeto como é efetivamente ou objetivamente. No processo de
apreensão científica do mundo existe uma relação entre fenômeno e essência das coisas,
entendendo-se que o desvelamento da essência cumpre um papel fundamental. Marx
(1985a) observa que se houvesse adequação entre aparência e essência, a ciência não
seria necessária; a ciência se põe como uma necessidade para o homem porque não
existe transparência e lucidez aos simples órgãos dos sentidos entre o que as coisas são
na sua intimidade e o que elas revelam em sua imediaticidade. A dissonância entre
aparência e essência coloca na ordem do dia a atividade da ciência. (p. 61)

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