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RUN DAC AO DAS DE oC 08 EUR TAS TRIUNFO DO BARROCO ExPosigao Comissisio José de Monterroso Teixeira Comité Centico Jorge Borges de Macedo Sccretarinde Cientiico ‘Arcur Goulart Anténio Alegria Maria do Céu Grilo Rita Lougares Isabel Penba Garcia Montagem ¢Reaiagio Ténica ARQUI Ill: Joao de Almeida, Pedro Ferreira Pinto, Pedro Ematis Silva, em colaboragio com Bernardo Pimentel ¢ Rui Pimentel Luminoécnia Victor Vajao CConsrugio e Esruturas Coutinho & Coutinho Restauro Desenhos e Gravuras Ourivesaria Inst Joe! de pce Ini Jot de iui Mara Joa Caml, Mata Cabrel Caro, Aelia Maro, conde acct Din, Fics Fun, Francis Mendon, omens Pec Jal Diss Cots, Eman Sr Frag, ieeeahe Oia Coe Gomes, Rute Gus Ane Cita Piet Bie Naor ‘Mata Cnc Ri, Joo Salad, Camecia Nbarci,Maa Tema Aa, Cates og Si, Fert Fas Via Maia Cone Comer, Mra de Fina Cai, Into Rapala Parinle Arig Mas Join Pencton Ceca Mares Gene Deval Fangs Urban, Piippe Wate Ann Paco News, Ibe lve im alarm male Amtico Bart, Splen Cio Leonel Doig Agente Ole, oe Loerie Tosa José de Figucirdo aa Conte Foss, cordate e Maa Jan Batis, Mass Ati Co, Slide Mara Dc Delo, Car Nae Fei Joxé Manel tert, Rl ete, Peando Lou, ‘Aap Arnie, cordeso ee eee Maa Tea Homem de Mel, Mara Tere Noronha a : Mac LS, Mara Cine Sa ‘ome Fone, He Mura, poe a Pedeo Joat Corea, Flocindo Gongalves, tani Rew ES Sia pd ociepe eran Mine Nacional Mache de Cau eee ‘Anse Tre Musca D. loge de Sousa Texteis Tae ares Inn Jot de igure Vitor Hag Toes Mata Jot Tah, cordengso ‘Madge Armin Ali, Maria Ode Bare, Cor Boone Maia ene Hoge Beri Sk, el Sousa Uva Fotografia Arquivo Nacional de Fotografia, Vitis Meguta Jooé Peon (coordengio) Em colaboraio com Seo Fernandes Sofia Cows Feri, Ana Mars da Sila Gomes, Lun Maria Roeigues de Olive, Maria Emin Tavares, Patrocinio = eruipamenis sonar ste por Cir 8 Lea sta expsisio fl apresentada no Pls de Beaur-Ans em Breas, de 19 de Setembro a 29 de Dssembro de 191, no ambit da Europa 91 Portal CaTALOGO Comissirio Cientfico José de Monterroso Teixeira Comité Cientifico Jorge Borges de Macedo Seeretariado Cientifico Artur Goulart Anténio Alegria Maria do Céu Grilo Rita Lougares Isabel Penha Garcia Sceretariado exceutivo ‘Teresa Margarida Gomes Autores Textos Introdutorios José Augusto Alegria Manuel Carlos de Brito A. Ayres de Carvalho José-Augusto Franca Marie-Thérése Mandroux Franga Flivio Goncalves J. Borges de Macedo Leonor D'Orey Ant6nio Filipe Pimentel Entradas de Catélogo José de Monterroso “cra Ayres de Carvalho Leonor D’Orey ‘Ana Maria Batalha Reis Design Grifico Atelier B2: José Brandao / Nuno Vale Cardoso Fotografias Arquivo Nacional de Fotografia Vitéria Mesquita ¢ José Pessoa (coordenagio) em colaboragio com Sérgio Fernandes, Sofia Costa Ferrao, Ana Maria da Silva Gomes, Luisa Maria Rodrigues de Oliveira, Maria Emilia Tavares Fotégrafos Giorgio Bordino, Vitor Branco, Laura Castro Caldas, Paulo Cintra, Pedro Ferreira, Francisco Matias, Carlos Pombo da Cruz Monteiro, Luis Pavio, José Rubio, Arnaldo Soares, Frangois Lahaut, Henrique Ruas colaboracio de José Rosales de Figueiredo Fotocomposigio e selecgio de cores Textype — Artes Grificas, Lda Monsagem Gréfiprine Impressio Printer Portuguesa Qs GRANDES EMPREENDIMENTOS JOANINOS Anténio Filipe Pimentel «EP ite bent ini a obra, ee via José da Cunha Brochado, em Setembro de 1708, a propésito do jovem D. Joo V, que dois anos antes ascendera ao trono. E, com efeito, jamais se apostaria tanto na forca persuasiva dos eios visuais, como durante o longo reinado do Magndnimo (1706/1750). Sob os auspicios da produgio aurifera brasileira, Portugal recompunha-se das ferida deixadas pela dificil conjuntura «que marcara os anos da Restauragéo, a0 mesmo tempo que se reaproximava cultural e poitica- mente do velho continente, pondo assim termo ao profundo isolamento em que vivera durante a centiiria de Seiscentos, Sobretudo, porém, a realeza dispunha agora de meios abundantes para por em pritica uma polt- tica de prestigio que permitissereforcar internamente a autoridade da Coroa dignificando, simnul- taneamente, a posi¢io do Pais no contexto internacional. E este constituiria, na verdade, um dos mais pertinazes objectivos do monarca, em fungio do qual se assistiré & dinamizagio em redor do trono de um complexo conjunto de mecanismos cénicos destinados a realgar 0 seu esplendor. E neste contexto que se enquadra o aproveitamento politico das belas-artes ao ser- vigo do fausto cortesio ou, téo s6, da grandeza régia, em conformidade com 0 conceito de Estado-especticulo proprio do absolutismo monérquico*, Préspeto pelo aflaxo do ouro americano e dorado, por conseguinte, de meios de pagamento substanciais, Portugal encontrava-se rodavia, esgotado pela longa luta de sobrevivéncia em que se vira envolvido na centiria anterior ¢ impreparado para um desafio desta natureza por forga do seu antigo isolamento, que o mantivera demasiado tempo alheio & marcha cultural europeia. ‘A renovacao estética viria assim a ser, essencialmente, obra de estrangeiros, através dos quais 0 Pais entraria em contacto com o aparatoso vocabulétio do barroco internacional. [Atraidos pelas possibilidades de trabalho ou contratados expressamente para fins determinados, afluem entio ao Reino — na verdade jé desde finais do século xVtI ~, artistas das mais variadas, formagGes, entre os quais se encontraréo por vezes reputadas figuras, ao mesmo tempo que se estabelece, com destino aos empreendimentos reais ou ao mercado particular, um activo comér- cio de obras de arte. A preocupacio com a actualidade da informacio artistica os novos crite tios de exigéncia a que se submete a produgio nacional, levardo igualmente & importago maciga de elementos grficos, como tratados ¢ gravuras, ou mesmo de maquetas que, juntamente com 2 Academia Portuguesa de Roma’, entio fundada, proporcionariam aos artistas nacionais uma répidafamiliatizagio com as férmulas do bartoco erudito europeu, que nao tardaria a produrit cleitos, especialmente a partir do segundo decénio da centiria, Paralelamente e a0 mesmo tempo que prolongam no exterior a imagem faustosa do soberano portugués, percorrem o continente desde o inicio do reinado aparatosas embaixadas que desempenhariam também importante papel no estabelecimento de contactos com as mais reputadas oficinas da época’. Efectivamente, é infindavel a lista dos artistas ou meros artifices que entao se estabelecem em Portugal, por aqui passam ou que, mesmo sem abandonar o seu pais de origem, trabalham para Rei, a Igreja ou a nobreza cortesa. Em sucessivas vagas, introduzirao primeiro o barroco triun- a 1 Caras de Jon da Con Brochado ccrpas a0 Conde de ‘Viana O Snsargaor Pogue em Ingles om Jornal Liter Pala vo XVi, Landes 1916, pi, (Ci BOTTINEAU, Yes, Le got de Jen Va gourmet Brana Auta, ol. NXVL, t00 Lm Ot, Brags 1973, Act de Congres Are om Prag no Seale XVI, pp. S385 3 \Vejrse CALADO, Marga, ‘Aendemia de Portal em Roman PEREIRA Joué Fernandes (it 5), Dicer da At Barc om Parga, Peng, Lisboa, 1989, pie 4 (Com ew enorme to de qualidade que ee eer ma roduc aicica do tina de D.JosoV, devese em grande pane a empenhoesocado plo ‘nrc a euno de um va time acer documents deinado | Tener 20 eu programa enrador 2 indispesiel bse de po, O satura suo Chats Flere de MERVEILLEUX refers sa verde, sa mage da Bales de. Pedro que, embora crc cm pequen sca op tum sao (do pag da Rei ‘onde amb etiam ror ot tel ddd iad tema vad pelos agentes dplotios qe tera gst sess bss © que asa para xg ums tragic ctrl Memsat, intra sobee Pong, CHAVES, Galo Branco, O Portege de D. fai Veit pres forscro Bibles Nacional src -Porcogal on etait, Lisbon, 1983, P.188). Com oats de ementos Aispenos em cea medida posed formar je ua ia ao menos sproimada, da vatiina coer ‘Runs pelo moms com vista {armciruma infomacio Promanentment acraizada sobre 3 eos aris eurpeia Comtenpordoe © newest se frre eareeaetsInpormans = cemente forecdes por Mae “Thése MANDOUX-FRANGA, nto no que espa 20 sgusino ‘phince de esampasongnizado ho Palco Real, oa colin tac sobre o i, cuja monamentalidade sublinha uma elegant foneloelsco, caramense referen- ciada a protétipos romanos”. © period joanino termina, de resto, com uma obra de grande categoria, mas absoluramente ssuanha 3 tadigd nacional trata-se da Capela de S Joao Bapestaerguida na Igeja de S. Roques satcinamente rediada em Roma pels arquitectos Nicoold Salvi e Luigi Vanvitl 20 limo dos quis pertence a ancora do project. Encomendada em 1742, era montada pla primeira oe e744, ainda em Roma, na Ita de Santo Anténio dos Portuguese, a fim de recebet 2 ‘onsagraio das prépras mies do ponte tenant, Bento XIV. Transpotada pars Lisboa, onde thegaem 47, a sua colocago no local defintivo elizarseia a cago de uma equip, técnica também romana, na qual se distinguria Alessandro Giusti que em Portugal asumitia depois 2 direcgio das obra escultricas da Baslca de Mafra. Verdedeito excrinio de materas precisos ~ lpia, ametia, jade, pétfio,alabastro, bre- cha antiga, spor, sarabeczs, bronze, mosico, et. ~ a Capea de S. Jodo Baptista (onan: sry Ree eo magnifica coecco de ali lcirgcasrizadas nas mas prestigiosas of Cinss romanas constitu, nfo apenas um monumento de refinada eeginca ede extraordinisia belea liste eum dos mais importantes niles da arte itllana stecenista em cod a Furopy csimo Lm dos melhores exemplos das propostas estas do monarca¢ da sua contane et géncia de qualidade, Mas a Capelavanteliana anunciva também em Portugal 0 neoclass- visa e, com ele a opg6es que iriam dominar a época seguinte,Ironicamente, 0 Maguinime nao chegaia nunca a véla instalada no local que lhe era destinado, facto que oor jé depois dda sua morte, em 1752. Esse notivel resouro da arte italiana, tl como a mensagem que rit 36 implicit, transpunha assim, simbolicament, as fronteiras do reinado, projectando a sua influén- cia, na segunda metade da centiria, em numerosa obras de artistas nacionais® ‘A época joanina encontraria, contudo, o seu melhor emblema e o mais significativo resumo das suas potencialidades e ambigoes, num edificio que constiuira, simultaneamente, o maior empre- endimento artistico do reinado: o Palécio-Convento de Mafra. A construgio, iniciada em 1717, como vimos, sob a direcgio de Ludovice, consistiria inicialmente num pequeno convento para 13 religioss franciscanos da provincia da Arribida, produto de um voto feito pelo monarca para alcancar a sucessio. A medida, porém, que os designios régios se vio sistematizando com cla- reza, 0 plano inical vai também sofrendo alteragdes, a que no serZo estranhas as dificuldades encontradas pelo Rei em impor & capital o seu programa renovador. D. Joao V transferiia, desse modo, para Mafra, 0 sonho frustrado da Patriarcal ¢ o humilde instituro monéstico dos pri- rmeiros anos converter-se-ia, a breve trecho, numa gigantesca mole arquitecténica de quase 40 000 m?, composta de Basilica, Palicio Real e Convento e susceptivel de albergar nao 13, mas 300 franciscanos. Caberia assim a Mafra fornecer a tradugao retérica de um poder que apostava deliberadamence nas virtualidades persuasoras dos mecanismos imagéticos. grandioso complexo palatino — pois é, verdadeiramente, de um Pakicio que se trata ~ estru- tura-se com base em dois rectingulos justapostos, definindo um conjunto de configuragio apro- ximadamente quadrada, virando ao poente uma fachada de clara feigfo urbana, onde tém sido apontadas similiudes com o prospecto principal da Piazza Navona. O algado, de impressionante monumentalidade, articula-se em fungio da Basilica, que ocupa uma posigio axial e constitu, simultaneamente, o elemento separador ¢ 0 ponto de fusio de dois organismos absolutamente léntcos na sua definicao estétca, como institucional: os Palicios (as Casas) do Rei e da Rainha ‘que, para norte e para sul, seestendem em direcgao a dois pavilhes angulares que prolongam, a seis kguas de distancia, a meméria do Paco da Ribeira. A fungio simbdlica desempenhada pela Basilica ao nivel da fachada principal é retomada, no extremo oposto do edificio, pela Biblioteca, vasta dependéncia cruciforme, & qual compete reunir de novo os dois sectores de que se com- poe a residéncia régia, que envolve assim, num amplissimo abrago, a zona conventual,articu- Iada em torno de um vasto patio ajardinado (o jardim do bua), ele proprio notivel exemplar de arquitectura urbana. As sugestdes romanas, presentes em toda a construcio mas, muito especialmente, na Basilica, fundem-se no interior do vastssimo conjunto monumental, com um legado ibérico, nem sem- pre cil de caprar, mas que indubitavelmente informa essa ideia de poder que em Mafra alcan- saria a sua maxima consagracio plistica ¢ que, em tiltima andlise,justifica a enorme carga ideo- légica que se desprende de todo o edificio. Verdadeiro emblema do reinado joanino, Mafra constitui, de facto, nfo apenas a mais ambiciosa realizacio do Rei-Magndnimo, como a mais efi- caz demonstragao dos propdsitos renovadores que o animavam, apoiados numa constante exi- géncia de qualidade, que haveria de transformar o gigantesco pago-conventual num ponto de referencia para todo o barraco do sul do Pais. Mas, sobretudo, numa exttaordindria escola, onde se formaria a notivel geracio de arquiectos, engenheiros e técnicos de toda a ordem, que per- mititiam a Portugal, algumas décadas mais tarde, reerguer sozinho das cinzas a sua capital”. a7 2 Vejese; RODRIGUES, Maia Joio Madei, Aspects da dein so cca da Capel de Si Jota apis, Bol Cura de Jance Dire de Litho 02 81, {itbo, 1975 « dem. A Capea de S ale Bape «wot eer ie loi dS Rope, Lido Tropa 1989 Vejese: CARVALHO, Ayres de D. Joie Ve a ae doen tmp, Lhe, 1960/62, 2 vol PEREIRA: Jose Femandes, A anutctura Baron em Pata 1p S68; idem, alg, Palio © Coaveno de Main, Dons td Ate Barc em Portge, Prsenga Lisbon 1989, pp. 272/276, PIMENTEL, Ano Filip, O Rea Efe de Mafia angina «pode.

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