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i | PARTE \ A SEGREGACAO URBANA (RIGACAO, ESPACO URBANO E PODER POLITICO \ toem 2011, Este texto trata do abismo que separa os poderes politicos da minoria rica e os da maioria mais pobre de nossa populagdo. Como muitos dos festoy aqui apresentados, trata-se de um texto de geografia, j4 que procura da desigualdade ou, o que yein aser a mesma coisa, da dominagao social. A missio do geégrafo (seja {ioutrar a espacializagio de um processo soci sual for seu diploma) é espacializar os processos sociais. Neste texto, procu- juinos mostrar a relagao entre esse abismo e 0 espago urbano. Para tanto, é jncispensdvel uma correta abordagem da segrega¢do e espago urbanos. lemos tratado muito da segregacao urbana e suas implicagées. Esse tema {un abordado especialmente em Espago intra-urbano no Brasil (VILLAGA, 2001). Nesse livro, foi mostrado que a corrente dominante de anilise da se- jycgagdo em nossas metrépoles, tradicionalmente denunciada pelo modelo ‘entro versus periferia (que, no fundo, decorre da Escola de Chicago), tem uma base moral e ética que chama a atengao para a injusti¢a. S6 indireta~ imente ou de forma subentendida, essa anilise se vincula 4 desigualdade, 4 luta politica pelo espago ¢ 4 dominagio. Mostramos como esse modelo é TA SEFEHOES SO8HE AS COADES mRASLERAS A SESRECAGHO URBANA 75 ‘yur Ini em nossa sociedade. Claro que essa desigualdade esta profiundamen- \v stwelada & desigualdade econémica. Fntre nés, nio ha a consciéneia de que os problemas dos mais pobres io diferentes dos problemas dos mais ricos. E talvez sabido que a solugio »» problemas dos mais pobres depende mais do poder piblico ¢ que a so- Jin, 10 da maior parte dos problemas dos mais ricos depende mais do mer- ‘ssa 6, aliés, a razio fundamental pela qual a iniciativa privada e 0 wivaulo so to decantados no Brasil. Como hi uma forte segregagio ur- buna cm nossas cidades, 0s problemas urbanos sio diferentes conforme falho, como descrigio, e omisso, como interpretago do espago urban Procuramos deixar mais clara essa vinculagio, mostrando-a por meio varios textos, alguns dos quais aqui reunidos. Neles, a segregacao urbana s destaca como mecanismo que tende a manter a desigualdade e a dominacak ‘Temos insistido em destacar 0 papel do espaco urbano nessa dominacio. ‘Vamos aqui continuar tratando da segregagio urbana como um procs so necessirio para maximizar ~ ou mesmo viabilizar — a atuagio da cl dominante sobre 0 poder pablico, no sentido de manter 2 dominagio assegurar a qualidade de vida do “seu” espago urbano. Como exemplo, vamos nos utilizar mais do Rio de Janeiro, pelos guintes motivos: em primeiro lugar, porque a segregagio urbana no Rio =; Zona Sul, como rea de concentragio dos-mais ricos — é nacionalmente conhecida. O mesmo nio ocorre em Sio Paulo, onde os proprios pa tanos nio tém consciéncia de que no Quadrante Sudoeste esti a mai concentracio dos mais ricos da metrépole (0 que nao quer dizer que os ‘mais ricos sejam, ali, maioria). Os paulistanos tém uma vaga nocio do qui venha ser © Quadrante Sudoeste e, praticamente, 36 sabem que ele exist quando nio se fala nele; quando se fala da Zona Leste, do ABCD, Osasco ou de Guarulhos. Para a minoria rica, consciente ou inconscien- temente, So Paulo se resume 20 Quadrante Sudoeste, a nao ser que s diga 0 contririo. Muitos dos mais ricos s6 sabem da existéncia de Guarulhos porque li esti 0 aeroporto em que embarcam para Miami, Nova York ou Paris. No Rio de Janeiro, ao contririo, 0 Brasil inteiro ¢ nhece ou ja ouviu falar da Zona Sul, embora tenha uma pilida nocio d que seja o Rio fora da Zona Sul. Talvez tenham ouvido falar em Manguei ou Nil6polis por causa das escolas de samba e, certamente, tiveram ci cimento do Complexo do Alemio pelas noticias de violéncia que apa cem na midia bcorram nas regides onde moram os mais ricos (a Zona Sul do Rio, por ‘escimplo) ou no, Consequentemente, as populagdes dessas regides mais pressionam o poder piiblico de uma forma duplamente diferente: em prineiro lugar, com forca ou poder politico diferente; ¢, em segundo lugar, « problemas diferentes. ‘Além disso, os problemas urbanos sio altamente manipulados pela ideo Jogi dominante; um exemplo disso é precisamente uma questio que diz \uito de perto ao planejamento urbano: & consenso entre os “competen- 00" que © Plano Diretor € um assunto complexo e, por isso, sé compreen- ido pelos mais instruidos, Os menos instruidos precisam fazer curso de fupaitacdo para compreendé-lo, Os mais pobres, parece ser consenso, nio J\jant para 0 Plano Diretor porque so ignorantes, e uma das consequéncias Aliso seria 0 fato de eles nao terem consciéncia social nem visio de conjun- tw de longo prazo da cidade e de seus problemas. Ja mostramos a falsidade slowsas crengas em nosso livro As ilusdes do Plano Diretor (VILLAGA, 2005). A questio fundamental € que, se os mais pobres nio dio importincia a0 Vlino Diretor (o que é verdade, como demonstrado no livro), é porque este Hada tem a lhes oferecer. © livro mostra também ser falso que os mais ricos {din maior consciéncia dos problemas gerais da cidade e dos seus problemas dle longo prazo; mostra que os mais ricos pensam, isto sim, na qualidade de vida dos bairros onde moram e/ou frequentam e no valor de seus iméveis, f# que temas como zoneamento ou meio ambiente, por exemplo, interessam. ‘Vamos ao assunto. Muitos falam que o maior problema do Brasil (mai que a educagio, a satide ou a seguranga) é a pobreza. Nio é verdade. maior problema do Brasil seria a desigualdade de riqueza, mas esse também no € Nosso maior problema é a enorme desigualdade de poder politico envolver # eles se estiverem vinculados a esses valores. Mas nio vamos de: ‘ewes aspectos ideolégicos dos problemas urbanos. 76 nsshaces som as crate mi Vejamos um exemplo mais objetivo. O verde eo meio ambiente no estio dentze os problemas prioritarios dos mais pobres. Além disso, represen= lam coisas diferentes para diferentes classes sociais, Meio ambiente, para os ‘mais ricos, significa verde, parques,ar despolutdo, silencio, Para os mais pobres, significa cérregos imundos ¢ cheios de ratos, inundag&es ou deslizamentos de encostas. Os buracos nas ruas (quando sio pavimentadas) ou nas calcadas »do existem) dos bairros mais pobres nao provocam presses sobre 0 po- «ler piblico como os buracos nas ruas dos mais ricos. Trfego pesado, ruido om vizinhangas desagradiveis, que imediatamente provocam irados protestos dos is ricos, ndo sio problemas tio graves para os mais pobres. Os protestos dos is pobres podem até ser divulgados pelos programas populares do ridio a'T'V, mas tém um poder de pressio politica menor que a pressio dos jor (que atingem mais a minora mais rica) e muito menor que a pressio ( quentemente oculta) do empresariado e do poder econémico. Em n hivro Espajo intra-urbanto no Brasil, apresentamos uma pesquisa quantitativa fei= a em jornais do Rio e de Sio Paulo (excluida a parte publicitiria), mostran= do que sua atengao para com os bairros de interesse dos mais ricos era muito. maior que a atengo voltada para os bairros de interesse dos mais pobres. Tso nao seria compreensivel, j que os jornais, se fossem neutros, deveriam noti~ ciar equilibradamente as diferentes partes da cidade, bem como tanto as a¢6 do poder piblico como as originadas no mercado. j A seguranga de suas moradias é um problema maior para os ricos do que para os pobres (maior que a seguranga dos bancos ou das joalherias), especialmente nestes tempos de arrastées em edificios de apartamentos luxo. © mesmo no ocorre com a seguranga quando referente a homicidios (ver Figura 8, na p. 58). Sem a segregacio dos mais ticos, seria muito mais \lificil para eles convocar poder piiblico para policiar seus baitros. Diz, por exemplo, uma manchete da Folha de S. Paulo (17/10/2004, p. C-13):“ Are nobre do Rio tem mais policiamento”;a noticia informa que (qu Dados fornecidos por associagdes vinculadas 4 PM [...] revelam grandes discrepancias: os efetivos dos batalhSes da Zona Sul sio proporcionalmente (comparaidos ao tamanho da populacio) maiores — as veres, até em néimeros sv nn 77 bsolutos~ do que os localizados no subirbio, Zona Oeste e Baixada Flumi- ense, areas bem mais violentas. Lcmbramos ao leitor que a Zona Sul — da Gléria ao Recreio dos \\ wuleirantes — tem apenas 10% da populagio da Regiio Metropolitana do Its de Janeiro.A pressio politica dos mais ricos é, ento, feita sobre o poder Juibhco, sobre problemas diferentes e em diferentes partes da cidade. V-ysemos a outro tema correlato, Marques, areas verdes e arborizagio de ruas sio reivindicagSes muito ‘niu fortes nos bairros mais ricos do que nos mais pobres. Obviamente, isso ji «quer dizer que, se for oferecido um parque a0 Bangu, a Irajé ou a Hyinclino Matarazzo, a populagio local vi recusi-lo, Entretanto, para ela, \noradia fora das areas sujeitas a inundacdes ou deslizamentos, limpeza de ‘egos, regularizagio findisria, satide pablica e pavimentagio de ruas sio ‘yiuito mais prioritérias do que parques ou ruas arborizadas. No entanto, durante as chuvas de verdo, as noticias sobre as érvores que caem nas ruas de ‘io Paulo ecupam um quarto de pigina de jornal. Se alguma cair em cima a io hi nem 4rvore para cair. Ji destacamos em intimeras oportunidades a agio diferenciada do poder publico no tocante a solugao de problemas de diferentes classes sociais ¢ em diicrentes regides da metrépole. Vamos aqui abordar cinco exemplos dessa s\uaciio, focalizando equipamentos urbanos que apresentam diferentes im- portincias para tais classes e ocupam posigdes diferentes nas suas pautas de twivindicagdes. Esses cinco exemplos relacionam-se a parques ou areas verdes. Na verdade, um exemplo —o caso da gleba localizada na Zona Norte onde hoje se localiza 0 Shopping Center Norte ~ refere-se a uma gleba que nao se Wornow parque. Quando confrontada com as demais glebas, cabe perguntar: por que essa gleba ~ muito comparivel as demais— nao se tornou parque? 4 Esses cinco exemplos sio: ) automével, ocupari meia pigina, com direito a foto. Na Zona Leste, 1) Uma gleba localizada na Zona Norte, na virzea do Rio Tieté, rema- nescente de sua retificagio ¢ onde se encontra hoje © Shopping Cen- ter Norte, 78 SEEKOES SORE AS COADES BASLERAS 2) Uma gleba localizada na virzea do Rio Pinheiros, no Quadrante Sudoeste, remanescente de sua retificagio e onde hoje se encontra 0 Parque Villa Lobos. 3) Umma gleba igualmente localizada 3s margens do Rio Pinheiros, jun 4 Av. Cidade Jardim, também no Quadrante Sudoeste, onde hoje encontra o demagogicamente chamado Parque do Povo. 4) Uma gleba junto ao Parque do Carmo, no extremo da Zona Leste, 5) Uma gleba localizada n cidade de Niteréi, chamada Morro do B ba, outrora um lixdo, onde mais de 50 pessoas morreram soterra por ocasiio das chuvas do verio de 2010 ¢ onde a popul: tama praga, Como se vé, duas das ts primeiras ylebus localizadas nas virveas do Rios Tieté ¢ Pinheiros ficam justamente na parte mais “nobre” da cidad ou seja, no seu Quadrante Sudoeste. Nelas, o poder piiblico nio preten implantar nenbum parque. No entanto, elas se tansformaram em parques. Isso ocorreu em virtude da pressio da populacio das vizinhangas, de grande: poder econdmico e politico, e para a qual 08 parques sio um equipament altamente prioritirio.A terceira gleba,a outrora chamada Coroa, localiza-s na Zona Norte, sendo a tnica fora do Quadrante Sudoeste. Esti rodeada bairros com populagio da classe média para baixo. Por isso no foi objeto de nenhuma pressio popular, nem para parque nem para qualquer outra finalidade, Foi entio privadamente apropriada por um empreendiment imobiliito. Dessas trés glebas, as da Coroa e do Parque Villa Lobos estio em varze: de rio e tém uma mesma origem remota, de onde vem o total descomheci mento de quem sejam seus atuais proprietirios. Sao sobras de terra resultan. tes das retificagdes do RioTieté e do Rio Pinheitos.' Desde muitas déca até hoje, ocorrem disputas judiciais entre as indimeras pessoas (Gsicas ¢/0' juridicas) que alegam ser seus proprietarios. Apesar das disputas, uma dess trés glebas (justamente a localizada fora do Quadrante Sudoeste) no foi destinada a parque, sendo hoje ocupada por empreendimentos imobilidrios privados, dentre os quais o Shopping Center Norte; as outras duas (justa~ A senegho useans, 79 suiente as do Quadrante Sudoeste) transformaram-se em parques. Na gleba swuada na Zona Norte, a pressio imobilidria saiu vitoriosa ¢ a iniciativa jrivada dela se apossou. Como dito acima, a pressio da populagio da vizi- whanga, na verdade, nem existiu. © mesmo no aconteceu com as outras slnay glebas, localizadas no Quadrante Sudoeste. Nelas estio hoje dois par- «snes, 0Villa Lobos ¢ 0 do Povo. O primeiro é dos maiores da cidade de Sio 'aulo, equipado com estacionamento; pistas para skate, patins e bicicletas; e \nimeras quadras de ténis,além de outras, para basquete, futebol etc. Ambos «tio localizados na varzea do Rio Pinheiros. © Parque Villa Lobos (estadual) tem mais de 700 mil m® e esta cercado por varios dos bairros mais “nobres” da capital, Sua origem vem de sucessi~ vs disputas judiciais que culminaram com uma entre os membros da fami Jia Abdala e © governo do Estado de Sio Paulo em torno de uma divida slaquela para com este. A noticia (verdadeira ou nio) de que © governo prctendia construir na 4rea (ou em parte dela) um conjunto habitacional popular desencadeou uma reagio tio forte da vizinhanga, que esta passou a excrcer todo seu poderio politico no sentido de pressionar © governo para jue a area fosse destinada a um parque. Isso de fato veio a acontecer depois sie mais de um ano de resisténcia ¢ relutincia do governo.’ Origem seme~ Ihante teve o irénica e demagogicamente chamado Parque do Povo. Seu \ereno era de propriedade da Caixa Econémica Federal e foi irregular- nente ocupado por muitos anos por virias entidades esportivas ou cultu~ fis, com a conivancia dos proprietitios ou supostos proprietérios. Depois ile virias pendéncias, a 4rea passou para a Prefeitura Municipal de Sao Paulo. ita nao tinha planos de construir um parque num valiossimo imével, Jocalizado junto aos Jardins. Foi ento que se desencadeou a pressio popu- Jay da vizinhanga no sentido de ser ali implantado um parque. A pressio sait vitoriosa e, assim, nasceu Parque do Povo! © quarto exemplo refere-se a uma gleba localizada na Zona Leste, uma oytiio enorme, de grande concentragao de populagio de baixa renda, com uixo poder econdmico e de pressio politica. La existe, ha muitos anos, 0 Parque do Carmo,o maior da cidade, uma espécie de Tbirapuera dos pobres. Aw seu lado, ha uma frea trés vezes maior, & 0 cha nado Parque Natural BO FeFExbES SOME AS CDADES BRASLERAS Municipal Fazenda do Carmo, com 4,5 milhdes de m?, Hi décadas, essa rea pertencia i Companhia Municipal de Habitagio (COHAB) e perma- necia sem utilizagdo. Durante todo esse tempo, a populagio da vizinhanga nunca pressionou a Prefeitura para que esta utilizasse a érea, para o que q que fosse.A Folha de S. Paulo (12/1/2011, p.C-11) apresentava como man= chete “Parque da Zona Leste tem lixo ¢ assalto” e prosseguia:““Na altura d n° 10.700 da Av, Aricanduva, um campo de futebol dentro do parque es sem manuten¢io, com lama, matagal e sujeira.” Certamente, nio falta quem acredite que isso acontece porque os mais pobres sio ignorantes, leixados e nio sabem zelar pelos seus equipamentos piblicos. Finalmente, 0 quinto exemplo se refere a uma gleba, localizada n cidade de Niteréi, que outrora era um lixio ¢ onde se instalou uma pop ‘uma praga. Em abril de 2010, depois que dezenas de pessoas foram sot as no morro do Bumba e depois que ficou claro 4 populagio que ocup; © local que seu problema no era a chuva, mas sim a falta de habitagio, Prefeitura divulgou nota dizendo que faria uma praga no local. A comun dade saiu 3s ruas da cidade carregando uma faixa, contraria 3 cogitada con trugio da praca, e que dizia:“Nio A praga e sim 4 moradia.” © texto acima ji estava concluido quando surgiu um sexto exemplo. Folha de Sio Paulo (19/3/2010, p. C-1) apresentou a seguinte “Chicara do Jockey vai virar parque piiblico.” Segundo o jornal, o Jockt ‘Club de Sio Paulo teria uma divida de IPTU para com a Prefeitura [J liada em ao menos R$ 150 milhdes, além de pendéncias fiscais, como por realizagio de eventos sem alvari e publicidade irregular”. Sempre s do o jornal, “[...] a ideia para transformar a 4rea verde num parque depois de o Jockey anunciar, hi dois anos, a construgio de prédios com 6 apartamentos para angariar dinheiro e pagar a divida”. Uma megaoperag © Jockey certamente resolveria seu problema e ainda teria um bom lucro,N centanto, essa megaoperacio imobilidria no se concretizou. Por que essa ragio nfo se concretizou? Novamente, aparece a populacio para pressio Oe ASEGREGAGAO LRGANA 8 Prossegue 0 jornal: ‘Contririos & obra, 0 moradores se mobilizaram ¢ ganharam apoio de professores da FAU-USP [...] do Ministério Pablico ¢ até da paréquia do \airro, Num sermio, 0 padre Darci Bortolini convocou os figis ¢ criou um shaixo assinado que, em dois tempos, conseguiu 2,000 adesdes. Finalmente,a questio ficou resolvida com a“ vitéria do povo”! Continua © jornal:“A decisio jé esté tomada. © terreno tem de virar um parque [...] thie o secretério municipal de Esportes, Walter Feldman.” Nio foi divulgado © vilor da desapropriagio da area, mas certamente ele nio poderi ser infe- so investimento € 0 lucro que o Jockey teria na construgio dos 648 umentos (1!) em plena “érea nobre” da capital. Se assim for, certamen~ {v 101 um negocio muito interessante para o Jockey. (Os exemplos acima mostram como atua o poder politico da classe que ivan clispde desse poder. Note-se, entretanto, que esse poder ¢ seus objeti~ vos nto poderiam se concretizar sem a segregagdo. Nao poderiam se con~ ‘izarse essa classe nao fosse espacialmente concentrada. Sem a segregagio, ria muito enfraquecido 0 poder de pressio dos mais ricos na sua luta por Ajuipamentos pablicos e pela qualidade de vida do seu espaco urbano, 4 finalizar, aproveitamos para fazer aqui um paréntesis para destacar ‘Hiestio do enorme poder unificador social que o espago urbano apresen— Na sociedad, a burguesia certamente nio € monolitica; a burguesia «ira tem li seus conflitos com a industrial, que, por seu lado, os tem wuibem com a comercial ou com a de base rural (¢ que mora na cidade), niictanto, quando se trata da qualidade de vida de seus bairros, 0 espaco hun 08 une a todos, pois slo todos vizinhos uns dos outros e todos tém mesmo objetivo. Quando se trata de defender a qualidade de vida dos is bairros, todas as diferengas de faces de classe desaparecem e todos os Hioventes se unem,

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