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TRECHOS MAFFESOLI – ARTIGO 04

SATURAÇÃO

O tesouro cultura é o fundo, os fundos que asseguram stricto sensu a vida social, permitindo
que perdure, além e aquém das vicissitudes da existência, o estar junto fundamental.

Pouco importam as noções, basta que se preste atenção aos subterrâneos que servem de
fundações para toda a vida social. O pensamento apocalíptico é revelador daquilo que está ali,
mas que se tinha tendência a esquecer. O estar ali. O estar simplesmente.

É preciso ver bem para trás, para poder ver muito à frente. E perceber o que está germinando
permite compreender o seu florescimento.

O imaginário é utilizado para tudo. Imaginário da política, da economia, da educação, da moda


e ervilhas! Não se pode mais negar a importância do poder espiritual, o retorno vigoroso da
cultura, o prevalecimento do imaterial, a presença do invisível.

O trabalho do pensamento consiste em transfigurar aquilo que se vê, que se sente, que se
pressente. Ou, para usar a metáfora, ser um talhador de ideias. Fazer brilhar a ideia ao talhá-la,
como se provoca faíscas quando se golpeia a pedra.

É na sabedoria popular que se pode, como sempre, achar maior lucidez.

TEMPO DAS TRIBOS

A realidade longínqua, aproximada pela imagem, repercute fortemente em cada um,


constituindo, assim, uma emoção coletiva.

O ideal comunitário de bairro ou aldeia age mais por contaminação do imaginário coletivo do
que por persuasão de uma razão social.

O corpo social recorda que é uma mistura inextricável de elementos contraditórios, e, desse
ponto de vista, a multiplicidade das fantasias e das situações induzidas por elas é
esclarecedora. Da mesma forma, é comum que um mesmo indivíduo troque de roupa todos os
dias. Multiplicidade exterior e multiplicidade interior, poderíamos dizer.

O imaginário, como somos levados a reconhecer cada vez mais, desempenha também seu
papel como estruturante social.

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