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Brazilian Journal of Development | 35349 BID 155; 2525-8761 Legislacéo do ensino de Musica no Brasil: Um Mapeamento Histérico Music teaching legislation in Brazil: A Historical Mapping DOL10.3411 7bjdv7n4-140 Recebimento dos originais: 06/03/2021 Aceitagdo para publicagdo: 06/04/21 Estevao Grezeli Mestrado em Educagao Programa de Pés-Graduagao em Educagao ~ Mestrado Profissional (PPGED-MP) Universidade Estadual do Rio Grande do Sul Endereco: Rua Machado de Assis, 1437 — Sulbrasileiro ~ Os6rio/RS E-mail: estevao-neves@uergs.edu.br Cristina Rolim Wolffenbuttel Doutorado e Pés-Doutorado em Educagio Musical Programa de Pés-Graduagiio em Educagiio ~ Mestrado Profissional (PPGED-MP) Universidade Estadual do Rio Grande do Sul Enderego: Rua Machado de Assis, 1437 — Sulbrasileiro — Osorio/RS E-mail: cristina-wolffenbuttel@uergs.edu.br RESUMO ‘Ao realizar o levantamento historico sobre a presenga do ensino de miisica na educagao brasileira, através das legislagdes existentes, desde a primeira constituicdo do século XIX, até a atualidade, é possivel conhecer peculiaridades sobre as concepcdes de educacdo de cada época, por meio da anélise dos documentos legais. Do mesmo modo, pode-se constatar a presenca ou nfo da musica nas escolas e suas formas de insercao. Este trabalho um ensaio que apresenta um panorama da Educagdo Musical no Brasil, desde meados do século XIX até a contemporaneidade, a partir da pesquisa quanto a legislacao educacional vigente em cada época, trazendo sua andlise. Ao finalizar a apresentacio e analise da legislagao neste texto, constatou-se que a Miisica esteve presente nas escolas por mais tempo, comparativamente ao periodo em que nfo configurou os curticulos escolares. Palavras-Chave: Ensino de Miisica, Musica na Escola, Lei n° 11.769/2008, Resolugao CNE/CEB 2/2016, Lei n° 13.278/2016. ABSTRACT When carrying out the historical survey on the presence of music education in Brazilian schools, through existing legislation, from the first constitution of the 19th century, to the present, it is possible to know peculiarities about the education conceptions of each era, through analysis of legal documents. In the same way, itis possible to verify the presence or absence of music in schools, as well as its forms of insertion. This paper is an essay that presents an overview of Music Education in Brazil, from the mid-19th century to contemporary times, based on research on the current educational legislation in each era, bringing its analysis. At the end of the presentation and analysis of the legislation in this text, it was found that Music was present in schools for a longer time when compared to the period in which it did not configure school cuzticula. Brazlian Journal of Development, Curitiba, v.7, 1.4, 9. 35349-35365 apr 2022 BID Brazilian Journal of Development ISSN 2525-8761, 35350 Keywords: Music Education, Music in School, Law No. 11.769/2008, Resolution CNE/CEB 2/2016, Law No. 13.278/2016. 1 A LEGISLACAO DO ENSINO DE MUSICA NO BRASIL NO SEC. XIX Durante a historia do ensino musical no Brasil através de leis e decretos, percebe- se que a miisica esteve presente como contetido escolar, mas nem sempre em sala de aula. Também, nao foi em todas as ocasides que existia a indicagao de quem poderia ministrar estes contetidos que, por vezes, poderia ser um professor generalista e, em outras ocasides, um professor com formagio especitfica, Revisitar estes processos historicos de concepgo em relagao & educagao musical 6 importante para um entendimento maior acerca de seu papel historico dentro das escolas € 0 que as politicas piblicas tracavam ao se pensar na formagto dos estudantes para a sociedade. E possivel verificar na primeira Constituigao Brasileira, de 25 de margo de 1824, a mencfo As artes como um dos contetidos a serem ensinados, tanto nas escolas quanto nas universidades, conforme consta no Titulo 8°, Artigo 179, Inciso XXXII: XXXII Collegios, ¢ Universidades, aonde serio ensinads os elementos das Sciencins, Bellas Letras, ¢ Artes, (BRASIL, 1824) A constituigto no definia quais as artes que deveriam set lecionadas, pois isto seria desdobrado em um marco-regulatério, ou Decreto-Lei, como era a nomenclatura utilizada neste periodo histérico, para que fosse normatizada a educagio no Brasil Somente cinco anos apés o Imperador Dom Pedro I assumir seu posto nas terras do Hemisfério Sul, foi aprovada a primeira lei sobre o ensino elementar no Brasil, em 15 de outubro de 1827, data comemorada até os dias atuais como 0 Dia do Professor, sendo feriado nacional, Esta lei também ¢ conhecida como Lei do Ensino das Primeira Letras; contudo, ainda nao foi com esta que as artes e, em particular, a misica, foi contemplada E de se estranhar, contrapondo a constituicao de trés anos antes, nfo havendo nenhuma mencio referente aos conteiidos artisticos a serem lecionados nas escolas. No Artigo 6° consta como papel dos professores ensinar a ler e escrever as quatro ‘operacées de Aritmética, pratica dos mimeros quebrados, decimais e proporgées, as nogées gerais de geometria pritica, a gramstica da lingua nacional, os costumes da moral cristi ¢ da doutrina da religiio catélica e apostélica romana, Ainda, havia um Brazlian Journal of Development, Curitiba, v.7, 1.4, 9. 35349-35365 apr 2022 BID Brazilian Journal of Development ISSN 2525-8761, 35351, direcionamento quanto aos contetidos direcionados aos meninos sobre leituras da Constituigo do Império e da Histéria do Brasil (BRASIL, 1827). Também nao foi no Ato Adicional de 1834, que emendou a constituicao de 1824, que as artes, por fim, seriam contempladas. A principal mudanga neste Ato Adicional, no que se refere A educacdo, foi a descentralizagao dos poderes do Império, para as provincias definirem as suas regras educacionais, estando a corte real responsivel pelo ensino superior. Esta descentralizagdo, na pratica, pouco mudou as caracteristicas educacionais ja existentes, pois, durante 0 século XIX, imimeras revoltas e rebelides ocorreram pelo Brasil; desta forma, descentralizar a educagao para os responsiveis pelas provincias do pais, nio faria efetiva diferenca frente as quesides bélicas que ocorriam, Nota-se, ao analisar os aspectos histéricos e os documentos que regulam o ensino escolar brasileiro, que, dentre suas caracteristicas, foram imimeras as reformas que a educagao sofreu de tempos em tempos, nilo sendo diferente no século XIX (OLIVEIRA: COMAR, 2020; SILVA; DIOGENES, 2019), Em 185 . a partir do Decreto n.° 630, de 17 de setembro, tem-se, pela primeira vez na historia das leis brasileiras, a citagio do ensino de misica em uma proposta educacional. Além disso, este decreto dividia as escolas piiblicas de instrugao primaria em duas classes, a primeira e a segunda classe, sendo o ensino de misica ofertado para os estudantes da primeira classe. No texto do Decreto consta: ‘Nas de segunda classe o ensino deve limitar-se 4 leitura, calligraphia, dovtrina christ, principios clementares do calculo ¢ systemas mais usuaes de pesos © medidas.[..] Nas de primeira classe o ensino deve, além disto, abranger a grammatica da lingua nacional, earithmetica, nogdes de algebra e de geometria elementar, leitura explicada dos evangelhos, e noticia da historia sagrada, elementos de geographia, e esumo da historia nacional, desenho linear, musica e exercicios de canto. (BRASIL, 1851, grifo nosso). fato de o contetido miisica e os exercicios de canto estarem alocados nas aulas da primeira classe, entende-se que seus contetidos fosse direcionados para estudantes mais velhos e com uma bagagem de conhecimentos gerais prévios, pois a primeira classe era posterior 4 segunda classe, tendo caracteristicas de um ensino de nmisica como algo mais complexo; porém, nio se exigia que estes contetidos fossem lecionados por um professor especialista em miisica. Trés anos aps, por meio do Decreto Lei m2 1.331-A, de 17 de fevereiro de 1854, foi regulamentado © Decreto de 1851, apontando, de forma detalhada, cada uma das concepgbes educacionais e profissionais de ensino no municipio da Corte. Apesar de esta Brazlian Journal of Development, Curitiba, v.7, 1.4, 9. 35349-35365 apr 2022 BID Brazilian Journal of Development ISSN 2525-8761, 35352 regulamentago ser destinada ao Rio de Janeiro, servia de modelo para as demais provincias do pais, trazendo a regulacao nfo somente das funcdes empregaticias de cada um dos eavolvidos com a educagio como Inspetor Geral, do Conselho Diretor, Delegados de distrito, entre outros, mas, também o perfil necessirio do professor para poder obter a vaga de docente e a sua remuneragio. A partir de entdo, as escolas foram divididas em primeiro e segundo grau, tendo a instrugao elementar destinada as escolas de primeiro ‘grau; e a instrugo primaria superior direcionou-se as escolas de segundo grau (BRASIL, 1854) Em relagao aos contetidos que seriam lecionados, o Art. 49, inserido no capitulo ILL, disp6e que, aos estudantes do primeiro grau de instrugdo elementar, cabia a primeira parte do Art, 47. Desta forma, os contetidos desenvolvidos com estes estudantes eram a “instrugio moral e religiosa, leitura e escrita, nogdes essenciais de gramitica, principios elementares de aritmética e sistemas de pesos e medidas do municipio” (BRASIL, 1854), Para estudantes de educacaio primaria superior ou escolas de segundo grau, o Art. 49 direciona a segunda parte do Art. 47, sendo estes: © desenvolvimento da arithmetica em suas applicagées praticas. A leitura explicada dos Evangelhos e noticia da historia sagrada. Os elementos de historia e geographia, principalmente do Brasil. Os principios das sciencias physicas e da historia natural applicaveis aos usos da vida. A geometria elementar, agrimensura, desenho linear, nogdes de musica © exercicios de canto, gyrunastica, ¢ hum estudo mais desenvolvido do systema de pesos © medidas, nao s6 do municipio da Cérte, como das provincias do Imperio, e das Nagdes com que o Brasil tem mais zelagdes commerciaes. (BRASIL, 1854, grifo nosso). Ressalta-se que, aquela época, nao havia a obrigatoriedade de ir 4 escola, a0 mesmo tempo em que nem todos podiam frequenté-la. Os estudantes deveriam ter entre 5 e 15 anos de idade para poderem concluir as etapas de ensino de primeiro e segundo graus, como consta no Art. 70. Porém, quem possuisse moléstias contagiosas, nao tivesse sido vacinado, ou fosse escravizado!, n&o poderia ser matriculado na escola, conforme consta no Art, 69 (BRASIL, 1854) ) Neste sentido, entende-se a importincia de sefletir sobre o emprego dos tenmos escravizados e escravos, a partir da Jeicitada aterionnente, que, erroneamente, & associada a este periodo a pessoas tazidas do continente africano, ou que fossem afrodescendentes, Estigmatizar um povo a uma condigdo sub-humana como a de eseravo, além de enganoso, ¢ preeonceituose, pois sonega importincia deles na constituigdo da historia além de suas eontribuigdes cultuais de origem milenar. Desta forma, o povo africano, infelizmente como outros povos, foi eseravizado em um periodo longo na hstéria, mas no so eseravos. Brazlian Journal of Development, Curitiba, v.7, 1.4, 9. 35349-35365 apr 2022 BID Brazilian Journal of Development ISSN 2525-8761, 35353 ‘Mesmo a miisica sendo posta como contetido obrigat6rio a ser lecionado, a partir dos decretos-lei deste periodo histérico, na pratica, ela nfo se tornava acessivel a todos: a maioria dos estudantes chegavam proximamente aos 15 anos de idade para terem as nog6es basicas de leitura e escrita. Quando isso ocorria, seus responséveis tiravam-nos da escola, por entenderem que sua ajuda para o sustento da familia era mais importante. Cabe salientar que, & época, o Brasil era um pais essencialmente agrério, e que, aprender além © basico da leitura e escrita ndo era visto como algo necessirio. Em consequéncia, estudantes ficavam sem acesso as aulas de nogées basicas de musica e exercicios de canto, os quais eram ofertados somente no segundo grau. Apesar deste panorama, isto nfo significa que a miisica nil estivesse presente nas suas vidas, e que delas nfio fizesse parte. Para quem conseguisse coneluir 0 segundo grau, havia a possibilidade da Instrugdo Piblica Secundéria, que, apesar de ser piiblica, nao era gratuita, Existiam, todavia, as possibilidades de bolsas integrais e parciais de estudo. A Instrugio Pilblica Secundaria tinha como foco as letras, como é apresentado no Capitulo Unico do mesmo Decreto de 1854. O ensino de miisica também era contemplado na formacdo destes estudantes, conforme mencionado no Art. 80, do mesmo capitulo ‘Ant 80, Além das materias das cadeiras mencionadas no artigo antecedent, aque forinto o eurso para o bacharelado em letra, se ensinario no Collegio dnuma das Linguas vivas do meio dia da Europa, e as artes de desenho, musica e donsa, (BRASIL, 1854, grifo nosso), Em 1890, durante a instauracdo da Velha Repiblica, com o Decreto n.° 981, de 8 de novembro, ocorreu uma nova reforma educacional. Entre as principais mudangas esto uma melhor divisio entre as faixas etarias na distribuicao das aulas. Assim, os estudantes com idades entre 7 e 13 anos ficaram nas escolas primérias de primeiro grau, e quem tinha entre 13 ¢ 15 anos, foram para as escolas primarias de segundo grau. Em relagdo as aulas de misica, pela primeira vez esta passou a ser contetido obrigatério para os estudantes mais novos; neste caso, os estudantes de primeiro grau. No Art. 3°, 0 ensino de miisica recebia o nome de Elementos de Miisica (BRASIL, 1890). Segundo a nova lei, 0 ensino de musica, além de obrigatorio, era contemplado em. todas as repartigdes das faixas etdrias das escolas primétias de primeiro grau, tendo seu contetido aprofundado gradualmente, de acordo com cada classe. Propiciar aos estudantes mais jovens este contato com a miisica foi um marco importante na concepgao de politicas piiblicas. na formagao do sujeito. Brazlian Journal of Development, Curitiba, v.7, 1.4, 9. 35349-35365 apr 2022 BID Brazilian Journal of Development ISSN 2525-8761, 35354 Em relacio a quem estaria apto a lecionar os contetidos de musica, nfo se encontra, nesta lei, a exigéncia de uma formago especifica para o ensino primario de primeiro grau. Porém, para exercer 0 magistério nas escolas piiblicas primarias, era exigida a formagao nas escolas normais, conforme o Art. 14. Escola normal era a denominagao para as escolas de formagao de professores da época, que, dentre os contetidos do curriculo docente, estava presente a miisica, conforme apresentado no Art. 12 do pardgrafo nico (BRASIL, 1890). A lei, no entanto, deixa uma lacuna, a0 mencionar que, enquanto nio existissem professores formados pela escola normal, em iimero suficiente para atender a demanda das instituigdes de ensino, era possivel contar com professores especiais, mediante concurso piblico, abrindo espago, desta forma, para professores de mtisica com formag%o em conservatories, para ministrarem as aulas especificas deste contetido (BRASIL, 1890). Em. relagio aos estudantes do ensino primirio de segundo grau, a misica continuou presente, como consta no Art. 4°, mantendo as caracteristicas das leis anteriores ‘a esta etapa de ensino. Ja o Art. 75, paragrafo 1° apresenta, pela primeira vez na histéria da legislagao em educagio musical nas escolas, que as aulas de mnisica seriam lecionadas por um professor desta area especifica (BRASIL, 1890). Os contetidos musicais para cada etapa de ensino esto dispostos a partir do Art 81. Para os estudantes do primeiro grau, as aulas de misica consistiam em praticar cAnticos escolares aprendidos, conforme consta, “de ouvido”, e conhecimento de leitura das notas. Havia, ainda, um curso médio inserido no primeiro grau, com conhecimento das notas, compassos, claves e primeiros exercicios de solfejo, Para os estudantes do primeiro ano do segundo grau, os contetidos inclufam elementos da arte musical, solfejos graduados e priticas de coro, com uma carga hordria de trés horas semanais. Para os estudantes do segundo ano do segundo grau, eram trabalhadas as priticas de solfejos, coros ¢ ditados, com carga horaria de uma hora semanal (BRASIL, 1890). A antiga Instrugio Secundaria passou a ser denominada Ensino Secundirio, sendo subsidiada pelo Estado. A duragao era de sete anos, contando com a disciplina de misica na formagio dos estudantes, conforme consta no Titulo V, Art. 26. O curso do Ensino Secundario contava com os contetidos de portugués, latim, grego, francés, inglés, alemAo, matemitica, astronomia, fisica, quimica, histéria natural, biologia, sociologia e moral, geografia, historia universal, histéria do Brasil, literatura nacional, desenho, ginistica, evolucdes militares, esgrima, ¢ mtisica (BRASIL, 1890). No Secundario, as aulas de Brazlian Journal of Development, Curitiba, v.7, 1.4, 9. 35349-35365 apr 2022 BID Brazilian Journal of Development ISSN 2525-8761, 35355, miisica, além do contetido obrigatério, conforme Art. 26, também previa um professor com formacio especifica na area, conforme o Art. 28 (BRASIL, 1890). Dos sete anos da formacio integral de um estudante do Ensino Secundario, o ensino de muisica era obrigatério do 1° ao 5° anos, com carga horaria de duas horas-aula semanais, conforme estipulado na distribuigao dos cursos, no Art. 30 (BRASIL, 1890). Para concluir 0 Ensino Secundirio, o estudante deveria de realizar testes, incluindo contetidos musicais, provando, conforme a lei, cultura intelectual necessaria, como consta no Art, 33 (BRASIL, 1890). Salienta-se que, para cursar o ensino superior, era necessiria a aprovagio no Ensino Secundirio, sendo que os estudantes ja finalizavam como bacharéis em cigncias ¢ letras, ao findar esta etapa. Em relago as escolas particulares, estas também deveriam se enquadrar as mesmas leis, e onde nfo existissem escolas piiblicas para o atendimento aos estudantes com poucos recursos financeiros, eles deveriam ter seus estudos pagos pelo estado. Isso, porém, niio se aplicava ao Primeiro Grau (BRASIL,1890). A proposta do Decreto n.° 981, de 1890, foia diretriz escolar utilizada até a década de 1930; porém, nao se pode afirmar, com precisao, se a presenga das aulas de musica na legislagao ocorreu integralmente, na pratica, ou seja, no contexto das escolas, pela falta dados histéricos do petiodo. 2 A LEGISLACAO DO ENSINO DE MUSICA NO BRASIL DO Séc. XX Durante os primeiros 30 anos do século XX, em relacaio a educacio musical escolar, ndo houve muitas modificagdes nas concepgdes que, outrora, eram observadas. Foram, aproximadamente, 40 anos de estabilidade legal, algo incomum para os padrdes brasileiros. Porém, através do Decreto n° 19.890, de 1931, as aulas de musica nas escolas passaram a ser denominadas de Canto Orfeénico. Caracterizavam-se, principalmente, pelas priticas vocais em grandes grupos. Impossivel falar sobre 0 Canto Orfednico sem associé-lo a Heitor Villa-Lobos. Em 1932, Villa-Lobos assumiu a direcio da Superintendéncia da Educag3o Musical e Artistica (SEMA), época em que estava na presidéncia da repiblica Gettilio Vargas. Apés dez anos, com 0 Decreto-Lei n.° 4.993, de 1942, foi criado o Conservatério Nacional de Canto Orfednico, em todo o pais, com foco na formagio de professores (BRASIL, 1942). A ideia do canto orfeénico, proposta por Villa-Lobos, tinha no folclore uma de suas grandes bases. Ele defendia uma miisica nacionalista e, desta forma, a utilizagio do folclore era uma forma de levar suas ideias muusicais as grandes massas. Villa-Lobos também defendia qne o estado deveria intervir Brazlian Journal of Development, Curitiba, v.7, 1.4, 9. 35349-35365 apr 2022 BID Brazilian Journal of Development ISSN 2525-8761, 35356 nao somente na educacdo, mas, também, em um controle sobre as produgdes culturais nacionais. Este controle tinha o propésito de valorizar a mmisica brasileira genuina, que, segundo Villa-Lobos, deveria valorizar a cultura nacional. Outro aspecto importante a ser mencionado é seu receio de ocorrer interferéncia de influéncias musicais estrangeiras, pois as considerava, em sua grande maioria, de mé qualidade (NORONHA, 2009). © Canto Orfebnico perdurou, no Brasil, até o inicio da década de 1960, quando, através da Lei de Diretrizes e Bases da Educago n° 4.024, de 1961 (BRASIL, 1961), foi substituido pela disciplina de Educagio Musical. Na pritica, porém, houve poucas mudangas. Nao seria tio rapidamente que haveria uma mudanga de concepcao educacional, que existiu por 30 anos. Além disso, a Educagdio Musical teve uma duragdo curta, ou seja, de 10 anos, pois, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educagio Nacional n° 5,692, de 1971, criada durante o governo militar no pais, a Educagiio Musical foi retirada do curriculo escolar, sendo substituida pela Educagao Artistica (BRASIL, 1971) Em 1973 o governo da época criou o curso de Licenciatura em Educagio Artistica, também chamada de licenciatura curta, tendo uma duracao de dois anos Sua principal caracteristica consistia na formagdo polivalente do profissional de educagdo em artes (BRASIL, 1973). Nesta formacao, o estudante cursava disciplinas que se relacionavam as artes plasticas, artes cénicas” e musica, sem uma especificidade em uma delas. Apés a conelustio do curso de Licenciatura em Educagao Artistica, o estudante poderia cursar a licenciatura plena, com habilitagao especifica em artes plasticas, desenho, artes e&nicas ou mtisica. Entende-se, portanto, que, com a Lei n° 5.692, de 1971, houve um esvaziamento da presenga dos professores de misica nas escolas (HENTSCHKE; OLIVEIRA, 2000) Essa proposta fez com que alguns professores de misica se afastassem do contexto escolar, buscando o trabalho em conservatérios ou escolas especializadas em nnisica. Desse modo, a relagdo com o conhecimento musical perdeu 0 seu acesso democritico, tomando, de certo modo, mais dificil o acesso a este conteiido, Portanto, entende-se ter ocorrido a perda de um valioso espago conquistado pela educagio musical nas escolas durante 120 anos, ou seja, desde o Decreto n.° 630, de 1851, ainda durante o Império, um retrocesso sem precedentes sobre o ensino de miisica na histéria da educagio. No final do século XX, ja com a retomada da democratizagio do pais, foi sancionada a Lei de Diretrizes e Bases da Educacao Nacional n° 9,394, de 1996 (LDB A época a denominagiio era Artes Plasticas e Artes Cénicas, esta iltima abarcando o Teatro e a Danga Posteriormente, os nomes mudaram, ineluindo Artes Visuais, Danga e Teatro. Brazlian Journal of Development, Curitiba, v.7, 1.4, 9. 35349-35365 apr 2022 BID Brazilian Journal of Development ISSN 2525-8761, 35357 9394/1996), que dispunha, no Art. 26, paragrafo segundo, sobre a obrigatoriedade do ensino da arte nas escolas de educaciio basica do Brasil. As possibilidades de oferta eram artes visuais, danca, teatro ou miisica. Desta forma, 0 professor atuaria em uma dessas disciplinas na escola, considerando-se sua formacao profissional (BRASIL, 1996). Tendo em vista que desde a LDB n.° 5.692, de 1971, houve um esvaziamento do ensino dos contetidos de miisica nas escolas, e que a formacao dos professores que estavam a frente do componente em questo em sua quase totalidade eram de uma formagao em educagao attistica, ainda nao foi no final do século XX que a misica teve seu retorno ao custiculo escolar, na prética (BRASIL, 1971) Mesmo com a publicagio dos Pardmetros Cumiculares Nacionais (BRASIL, 1997), que trazem em seus objetivos o componente curricular musica, inserido na drea de conhecimento arte, a falta de profissionais com formagio em licenciatura em miisica e a nio obrigatoriedade do componente nos projetos politico pedagogicos das escolas, acabavam por dificultar 0 retormo da miisica na educago basica. 3 A LEGISLACAO DO ENSINO DE MUSICA NO BRASIL DO SEC. XXI Na primeira década do século XXI, a partir de um forte movimento organizado por artistas, educadores musicais e associagdes, como a Associagao Brasileira de Educa¢fo Musical (ABEM), houve um aprimoramento da legislago, ao se considerar a miisica como componente curricular nas escolas. Este movimento resultou na sano da Lei n® 11.769, de 2008, que alterou o Art. 26 da LDB 9.394, de 1996, passando a vigorar come: § © A mitsica deverd ser contenido obrigatério, mas nto exclusive, do componente cuticular de que trata 0 § 20 deste astigo. (NR) (BRASIL, 2008). Porém, apesar desta insergo, um retorno a obrigatoriedade do ensino de misica nas escolas, deve-se mencionar 0 veto ao Art. 2°, pelo presidente da repiiblica’. Este artigo dispunha sobre a obrigatoriedade da formacao especifica do professor de misica. Conforme a legislacao: Art. 2°O art. 62 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acreseido do seguinte parigrafo Unico: Ar.62 Parigrafo nico. O ensino da miisica ser ministrado por professores com, formagao especifica na drea, (NR) (BRASIL, 2008), 2 Presidente da Republica em exercicio,& época, Luis Inécio Lula da Silva Brazlian Journal of Development, Curitiba, v.7, 1.4, 9. 35349-35365 apr 2022 BID Brazilian Journal of Development ISSN 2525-8761, O teferido veto revelou-se ambiguo, por contrariar a propria LDB em vigor, que exige a formacfo plena em licenciatura para atuar na Educacdo Basica (LDB 9394/94. Art. 62 VI). Desta forma, o ensino de mmisica, apesar de ser contetido obrigatério, nao necessariamente necessitava de um profissional especifico da 4rea para ministra-lo. Por fim, a lei estipulou um prazo de trés anos letivos para que os sistemas de educagao do pais se adaptassem & nova exigéncia (BRASIL, 2008). Entende-se que a sangao da Lei n.° 11.769, de 2008 foi uma grande conquista para a educagao musical no Brasil, por trazer, novamente, a especificidade do contetido de miisica na escola, Porém, o fato de a miisica nao ser apresentada exclusivamente como componente curricular, e sim, contetido obrigatério, abriu margem para interpretagdes & discussdes mais profundas, como a compreensio do papel que a miisica poderia ter na escola (SOUTO; WOLFFENBUTTEL; PIMENTEL, 2019), pois profissionais que nto esto capacitados para a atuacdo poderiam prejudicar 0 processo de incluso da musica no ambiente escolar, seja por causar desinteresse aos alunos ou reafirmar preconceitos sobre a mnisica como Area de conhecimento. Somente em 2016, por meio do Conselho Nacional de Educagao (CNE) e a ‘Camara de Educagao Basica, foi apresentada a normatizacdo para o ensino de nmisica, com a Resolugao n° 2, que “Define Diretrizes Nacionais para operacionalizagao do ensino de Musica na Educagio Basica” (BRASIL, 2016). Esta demora da normatizagao das legislagdes educacionais parece ser um legado dos decretos-lei sancionados no periodo do Império. Esta morosidade ocasiona, nmitas vezes, distorcdes na interpretacdo. Talvez, uma possibilidade fosse a criagdo, por parte do estado, de comissdes para a criagto de regulamentacdes das legislagdes que, ainda, nao as tiveram. A Resolugio CNE/CEB n.° 2, no Art. 1°, destaca a sua finalidade: ‘Art. 1° Esta Resolugto tem por finalidade orientar as escolas, as Secretarias de Educacto, as institwicdes formadoras de profissionais e docentes de Musica, 0 Ministério da Educagao ¢ os Conselhos de Educagao para a operacionalizagao do eusino de Miisica na EducagSo Basia, conforme definido pela Lei n° 11.769/2008, em suas diversas etapas e modalidades. (BRASIL, 2016). ‘No paragrafo primeiro, a Resolugao CNE/CEB n.° 2 define que compete as escolas de educacio basica a incluso do ensino de miisica em seus projetos politico pedagégicos, além de adequar tempos e espagos para 0 ensino de Mtisica, sem prejudicar as outras linguagens artisticas, e realizar atividades musicais para todos os estudantes, valorizando icipagdo de sua comunidade (BRASIL, 2016, p. 1). Em relagdo ao profissional 35358 Brazlian Journal of Development, Curitiba, v.7, 1.4, 9. 35349-35365 apr 2022 BID Brazilian Journal of Development ISSN 2525-8761, 35359 responsavel pelas aulas de miisica e aos projetos escolares, na resoluefo esta explicitado © papel da escola: IV - organizar seus quadros de profissionais da educago com professores licenciados em Misica, incorporando a contribuigao dos mestres de saberes nnsicais, bem como de outros profissionais voeacionados a pritica de ensino: \V - promovera fomacio continuada de seus professores no ambito da jommada de trabalho desses profissionais; VI - estabelecer pareerias com instituigdes e organizagdes formadoras © ascociativas ligadas 4 anisica, visando 4 ampliagao de processos educativos nesta area: VII - desenvolver projetos e agdes como complemento das atividades letivas, alargaudo o ambiente educative para além dos dias letivos e da sala de aula. (BRASIL, 2016, p. 1). No pardgrafo segundo, a Resoluc’o CNE/CEB n.° 2 define que compete as secretarias de educacio identificarem em seus quadros, profissionais com vocacdo para colaborarem com o ensino de nmisica nas escolas, incluindo as atividades necessérias para © desenvolvimento profissional na area musical, promover cursos de formacao contimuada para os profissionais da educagdo basica, apoiar a formagao de uma segunda licenciatura, neste caso a de muisica, criar bancos de dados sobre as praticas do ensino musical, além divulgé-las em mfdias diversas, promover a elaboracao e a publicagao de materiais didéticos e de intercimbios de experiéncias docentes (BRASIL, 2016, p. 1-2). Sobre a realizagio de concursos piiblicos, planejamento arquiteténico das escolas e a criagao de escolas de miisica, ainda no pardgrafo segundo, a Resolugio CNE/CEB n° 2 dispoe que é papel das secretarias de educagao: VIF realizar concursos especificos para a contiatagdo de licenciados em Misica: VIII - cuidar do planejamento arquiteténico das escolas de modo que dlisponham de istalagdes adequadas a0 ensino de Musica, inclusive condigdes acisticas, bem como do iavestineato necessétio par 2 aquisigdo © manutengao de equipamentos e instrumentos musicais; IX - viabilizar a criagdo de Fscolas de Musica, ou instituicdes similares, que promovam a formacdo profissional em Miisica (BRASIL, 2016, p. 2). No parigrafo terceiro, a Resolugdo CNE/CEB n° 2 traz as competéncias das instituigdes formadoras de ensino superior € educacdo profissional, tendo sobre sua responsabilidade a ampliagdo do oferecimento de cursos de licenciatura em miisica, a oferta de uma segunda licenciatura nesta érea para profissionais da educacio basica e para bacharéis, a inclusdo nos curriculos dos cursos de pedagogia o ensino de miisica com foco 0s estudantes da educacao infantil aos anos iniciais do ensino fundamental, implementar cursos técnicos de nivel médio na area da miisica pelos Institutos Federais de Educacao Brazlian Journal of Development, Curitiba, v.7, 1.4, 9. 35349-35365 apr 2022 BID Brazilian Journal of Development ISSN 2525-8761, 35360 Ciéncia e Tecnologia (IF) e demais instituicdes de educacao, além de cursos de formacao contimada para profissionais com formacao em miisica e pedagogia (BRASIL, 2016, p. 2). Sobre os estégios supervisionados e as parcerias nacionais e intemnacionais, a Resolugio CNE/CEB n¥ 2 define que ¢ de responsabilidade das instituigdes de ensino superior: VI orienta para que o estigiosupervisionado ea pritica de ensino dos curses de graduagio em Misica tenham parte predominante de sua carga hordria dedicada ao ensino de Miisica nas escolas de Educagio Basic: VIL - esabelecer parcerias naciomais e internaciouais de ensino, pesquisa ¢ extensio em Miisica, bem como com outras iniciativas de instituigdes culturais ligadas a area musical (BRASIL, 2016, p. 2). No pardgrafo quarto, a Resolugiio CNE/CEB n° 2 define que ¢ competéncia do Ministério da Educagto apoiar de forma técnica e financeira as escolas publicas de educagio basica para a insergdo do ensino de miisica, estimular a oferta dos cursos de licenciatura na area ¢, também, a formacao inicial e continnada para professores de anisica na educacdo basica, incentivar a realizacio de pesquisas sobre o ensino de miisica na educagdo basica, “estabelecer parcerias interinstitucionais entre érgos governamentais, multilaterais e da sociedade civil para desenvolver programas de formacgdo de profissionais e projetos educativos musicais nas escolas de Educacio Basica” (BRASIL, 2016, p. 2) e “estabelecer parcerias interinstitucionais entre érgaos governamentais, multilaterais e da sociedade civil para desenvolver programas de formagio de profissionais € projetos educativos musicais nas escolas de Educagio Bisica” (BRASIL, 2016, p. 2). ‘Aos Conselhos Nacionais de Educagdo, o pardgrafo quinto define que é de sua responsabilidade: I defini nommas complementares a estas Diretrizes, em atendimento 4 necessitia regulamentagdo local da obrigatoriedade do eusino de Misioa na Enucagio Basica: II-- realizar acompanhamento dos Planos Estaduais, Distrital e Municipais de Educagao quanto a avaliagdo da implementagao das_politicas pblicas concernentes ao ensino de Musica na Educagio Bisica (BRASIL. 2016, p. 2- 3). Mesmo que tardiamente, oito anos apés a sangao da Lei n.° 11.769, de 2008 (BRASIL, 2008), a Resolugdo CNE/CEB n° 2, de 2016 definiu sobre a formagao especifica do professor para as aulas de musica na escola. Estando em conformidade com Brazlian Journal of Development, Curitiba, v.7, 1.4, 9. 35349-35365 apr 2022 BID Brazilian Journal of Development ISSN 2525-8761, © que orienta o Plano Nacional de Educacao (PNE), decénio 2011-2020, que especifica na meta 15 Garantir um regime de colaboragao entre a unto, estados, distito federal e os municipios que todos os professores da educagio baisica possuam formagao especifiea de nivel superior, obtida em curso de liceneiatura na area do conkecimento em que atuam, (BRASIL, 2010, p. $8). Ainda em 2016, mesmo ano da Resolugdo CNE/CEB n.° 2, através da Lei n° 13.278, foi alterado o paragrafo 6° da LDB n.° 9.394, de 1996 (BRASIL, 1996), tornando © componente curricular arte obrigatério, composto pelas artes visuals, danga, misica e 0 teatro, sendo estes componentes inseridos na area das linguagens e cédigos. A partir disso, 2 lei estipulou 0 prazo de cinco anos para que as escolas se adequassem a esta nova legislag2o, ou seja até o ano de 2021 (BRASIL, 2016a) Em 2017 foi lancada a versdo final da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), explicitando 0 que deve ser trabalhado na educagao basica (BRASIL, 2017). A BNCC trabalha com concepgdes de habilidades e competéncias, dispondo-as para cada ano letivo além dos contetidos possiveis a serem trabalhados com os estudantes. A ampliacdo de repertério, a produgio de conhecimentos musicais, através da percepeao, experimentacao, reprodugdo, e criagdo de materiais sonores diversos, dos mais proximos aos mais distantes da cultura musical dos alunos, sfo algumas das atividades propostas pela BNCC, além das possibilidades de inter-relacionar-se com outros componentes curriculares, gerando conhecimentos mais amplos na educacio (BRASIL, 2017). 4 CONCLUSAO, Ao analisar a legislagao, principalmente a partir da Lei n° 11.769, de 2008 (BRASIL, 2008), percebe-se que a misica é contetido obrigatério no curriculo escolar. A Resolucio CNE/CEB n.° 2, de 2016, dispde que a Miisica deve constar nos projetos politico pedagogicos das instituigdes de ensino da educagao bisica (BRASIL, 2016). Conforme a Lei n° 13.278, de 2016, a miisica faz parte do componente curricular arte, inserido na area de conhecimento linguagens e c6digos (BRASIL, 2016a) e, assim, possui contetidos basicos a serem ofertados aos estudantes, como visto na Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017). Estes contetidos devem ser ministrados por professores licenciados em muisica, conforme consta na Resolucio CNE/CEB n° 2, de 2016, corroborando 0 que orienta o Plano Nacional de Educagao do decénio 2011-2020, 35361 Brazlian Journal of Development, Curitiba, v.7, 1.4, 9. 35349-35365 apr 2022 BID Brazilian Journal of Development ISSN 2525-8761, 35362 em que, na meta 15, € proposto, em regime de colaboracdo e esforco a ser empregado pelos estados e municipios, para que todos os professores tenham formacfo especifica nas areas em que lecionam para esta atuacdo. Porém, além de apenas apresentar os aspectos legais, ao analisar a trajetéria da insergao da misica no curriculo escolar da educagao brasileira, é possivel verificar que a rea esteve mais tempo presente do que ausente, Conhecer este hist6rico se faz importante para o entendimento de que é necessario para ocupar 0 espago disponivel, € que essa busca por protagonistas na vida escolar. Protagonismo este que existiu nas aulas de miisica na escola. O entendimento acerca da legislaco se faz necessirio, tanto para que professores € gestores tenham fundamentos, nao somente para o cumprimento da legislacao, quanto para buscar as altemnativas municipais, regionais e federais para sanar as demandas possiveis, Mas, compreender a importincia histérica que este componente curricular teve € continua a ter na vida das pessoas ¢ na escola, seja na formagiio de criangas, jovens ou adultos, é colocar no lugar merecido, e de onde a arte - particularmente a miisica, nunca deveria ter sido retirada. Brazlian Journal of Development, Curitiba, v.7, 1.4, 9. 35349-35365 apr 2022 Brazilian Journal of Development | 35363 BID 155; 2525-8761 REFERENCIAS BRASIL. [Constituig’o (1824)]. Constituigao Politica do Império do Brazil. Rio de Janeiro, 1824, Disponivel em . Acesso em: 17 mar. 2021. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educagao é a Base. Brasilia: MEC/CONSED/UNDIME, 2017. Disponivel em <. Acesso em: 17 mar. 2021 BRASIL. Conselho Nacional de Educacao; Camara de Educacao Basica. Resolugio n° 2 de 10 maio de 2016. Define Diretrizes Nacionais para a operacionalizagio do ensino de Misica na Educagio. Basia. Brasilia, 2016. -—Disponivel em: . Acesso em: 17 mai BRASIL. Decreto n° 1.331 —A, de 17 de fevereiro de 1854. Aprova o Regulamento para a reforma do ensino primario e secundario do Municipio da Corte. Rio de Janeiro, 1854 Disponivel em: . Acesso em: 17 mar. 2021 BRASIL. Decreto n.° 19.890 de 1931, de 18 de abril de 1931. 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