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DO ADIMPLEMENTO

E
EXTINÇÃO
DAS
OBRIGAÇÕES
1 - aula
PAGAMENTO
arts. 304 a 333
CONCEITO
• O PAGAMENTO, juridicamente falando, é o
adimplemento. Ele deve ser realizado nos
moldes originalmente convencionados, ou
seja, do jeito, no tempo, lugar e modo
previamente contratados.
• Se a obrigação não for intuitu personae,
será indiferente ao credor a pessoa a solver
a prestação (o próprio devedor ou outra
pessoa por ele), pois o que lhe importa é o
pagamento, já que o objetivo é a obrigação
se extinguir.
QUEM DEVE PAGAR
• Em regra, é o devedor, mas qualquer
interessado na extinção da dívida pode
pagá-la (art. 304 CC.). Mas também
pode pagar um “terceiro”, seja ele
interessado ou não interessado = este
último pode pagar de 2 formas: em
nome e à conta do devedor (art. 304,
parágrafo único CC.) ou em seu próprio
nome (art. 305 CC.)
QUEM DEVE PAGAR
✔ O terceiro interessado, para a lei civil, é
todo aquele que esteja vinculado à
obrigação ou em quem esta venha a
repercutir. Na hipótese de pagamento da
dívida por terceiro interessado, há a sub-
rogação daquele que efetuou o
pagamento na posição do credor, com
todas as suas qualidades, privilégios e
vantagens.
▪ OBS.: sub-rogar-se é assumir a posição
creditícia.
QUEM DEVE PAGAR

✔O terceiro não interessado NÃO está


vinculado à obrigação; logo, ele não
sofrerá as consequências do
inadimplemento por ser pessoa
completamente estranha à relação
jurídica, embora possa ter interesse de
ordem moral, como é o caso do pai que
paga dívida do filho, do homem que
resgata dívida de sua amante, da pessoa
que cumpre a obrigação de um amigo etc.
QUEM DEVE PAGAR

• Como é proibido por lei o locupletamento à


custa alheia, quando o terceiro não interessado
paga a dívida em seu próprio nome, tem o
direito de pedir REEMBOLSO ao devedor de tudo
que pagou, cuja ação respectiva é a de
regresso para que não haja enriquecimento
sem causa, mas jamais pode “sub-rogar-se” na
posição de credor (art. 305 CC).
• Com o pagamento realizado em nome e à
conta do devedor, tem-se verdadeira doação
em benefício deste último, tanto é que se
permite oposição do devedor ao pagamento.
QUEM DEVE PAGAR

• Não obstante, o art. 306 CC. traz exceções ao


direito de reembolso: as hipóteses de o
pagamento ter sido feito 1./ sem
conhecimento do devedor, e em nome e à
conta deste (art. 304, parágrafo único), caso
em que será visto como doação; ou 2./ com
oposição dele; ou 3./ se o devedor tem como,
legitimamente, se recusar a pagar (ilidir a
ação), como, por ex., no caso em que o
devedor sabe que a dívida já está prescrita e
bem por isso não paga.
QUEM DEVE PAGAR

• O caput do art. 307 dispõe que somente terá


eficácia o pagamento que importar
transmissão de propriedade, seja bem imóvel
ou móvel, quando feito pelo dono titular do
direito real, ou seu representante legal.
Portanto, este dispositivo considera o
pagamento ineficaz se o bem dado em
cumprimento não pertencer ao proprietário
(aqui terceiro) que transmitiu os direitos de
propriedade, não gerando assim efeito
liberatório para o devedor.
PARA QUEM PAGAR
• Conforme disposto no art. 308 CC., deve-se pagar
ao credor, a um de seus representantes ou até
mesmo a quem não o representa, sendo que,
neste último caso, os efeitos do pagamento ficam
condicionados à “ratificação” do credor. Enquanto
o credor não ratifica, estaremos diante da figura
do pagamento indevido (art. 876 CC.) Ex.: O
locatário paga o aluguel ao vizinho, ao invés de
pagar ao locador. OBS.: No caso de oficial de
justiça portando mandado executivo, com
legitimidade para receber o pagamento, a
jurisprudência entende que ele pode recebê-lo
em nome do credor.
PARA QUEM PAGAR

▪ OBS.: o art. 309 CC. fala de “credor


putativo”, que é aquele que aparenta ser
o credor, mas não é. O pagamento feito
ao credor putativo, para extinguir a
obrigação, tem um único requisito: BOA-
FÉ, ainda que provado depois que não era
o credor. Ex.: locatário paga o aluguel,
sem saber, ao irmão gêmeo do locador.
PARA QUEM PAGAR
▪ OBS.: com relação ao art. 310 CC., não vale
o pagamento cientemente feito ao credor
incapaz de quitar (incapaz NÃO pode receber
pagamento de dívida pessoalmente: o mesmo
deve ser feito ao “representante legal”), a
não ser que o devedor prove que esse
pagamento foi revertido em benefício do
credor incapaz. Por ex., se prova que este
usou do valor que recebeu para pagar alguma
dívida importante (conta da escola, plano de
saúde etc.).
OBJETO DO PAGAMENTO
• Algumas regras PARA NÃO ESQUECER:
a) O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é
devida, ainda que mais valiosa (art. 313 CC.)
b) Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não
pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por
partes, se assim não se ajustou (art. 314 CC.)
c) As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda
corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto na lei (art. 315 CC.)
d) É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações
sucessivas (art. 316 CC.)
e) Quando sobrevier desproporção manifesta entre o valor da
prestação devida e o momento de sua execução, por motivos
imprevisíveis, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte (art. 317
CC.)
f) O devedor que pagar tem direito à quitação, e pode reter o
pagamento se esta não lhe for dada (art. 319 CC.)
LUGAR DO PAGAMENTO
• Em regra, sempre se paga no domicílio do
devedor: então se chama, pelos romanos,
de dívida quesível ou querable, porque o
credor, para receber a obrigação, vai ao
domicílio do devedor (art. 327 CC.). Se
houver mais de um local designado pelo
devedor, caberá a escolha do local do
pagamento pelo credor (art. 327,
parágrafo único).
LUGAR DO PAGAMENTO

• Entretanto, a dívida também pode ser


portável (ou portable), quando o devedor
precisará dirigir-se ao domicílio do credor
para se isentar da obrigação, passando a ser
sua a responsabilidade de provar que pagou o
credor. Essa hipótese ocorrerá caso haja
convenção entre as partes, em decorrência da
natureza da obrigação ou se houver imposição
legal. Ex.: obrigação decorrente de alimentos
🡢 aqui, o pai ou mãe alimentante precisa
pagar no domicilio da criança, “credora” dos
alimentos.
LUGAR DO PAGAMENTO

▪ OBS.: O art. 328 diz que se o pagamento


consistir na “tradição” de um imóvel, ou
em prestações relativas a imóvel, far-se-á
no lugar onde situado o bem. Onde se lê
tradição, deve-se entender entrega, já
que tradição é só para bens móveis.
TEMPO DO PAGAMENTO
• Pelo art. 331 CC., o pagamento deve ser exigido
imediatamente. Depois do vencimento, o devedor
já estará em mora. Mas, nem toda obrigação é
“pura”:
a) As obrigações condicionais cumprem-se na data
do implemento da condição, cabendo ao credor a
prova de que deste teve ciência o devedor (art.
332 CC.)
b) Há casos onde se aceita o “vencimento
antecipado” da dívida pelo credor (art. 333,
incisos I, II, III).
1) Sobre o adimplemento das obrigações e objeto do
pagamento, assinale a letra correta:

a) O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é


válido, ainda que provado depois que não era credor.
b) Vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz
de quitar.
c) Somente o credor da dívida pode pagá-la e receber
quitação.
d) O pagamento feito por terceiro, com conhecimento do
devedor, não desobriga a obrigação original.
e) O credor é obrigado a receber prestação diversa da que
lhe é devida, se mais valiosa.
1) Sobre o adimplemento das obrigações e objeto do
pagamento, assinale a letra correta:

a) O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é


válido, ainda que provado depois que não era credor. (art.
309)
b) Vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz
de quitar. (art. 310)
c) Somente o credor da dívida pode pagá-la e receber
quitação. (art. 304)
d) O pagamento feito por terceiro, com conhecimento do
devedor, não desobriga a obrigação original. (art. 306)
e) O credor é obrigado a receber prestação diversa da que
lhe é devida, se mais valiosa. (art. 313)

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