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7 CONTRIBUICAO AO ESTUDO SOBRE DIVIDENDO DEMOGRAFICO EM ANGOLA Luiekakio Afonso Introdugio Nos estudos demograficos, a questo do dividendo demo- grafico pode ser enquadrada e analisada no Ambito das pers- pectivas e debates tedricos classicos que relacionam 0 binémio “dinamica da populago e crescimento econdmico” e, deste, ao desenvolvimento econémico-social e sustentavel. Nos pafses em vias de desenvolvimento da Asia e da América, esses estudos €, sobretudo, os debates tedricos (sobre dividendo demografi- co) datam de varias décadas atrés, no entanto, na Africa, s6 comegaram a ganhar relevancia muito recentemente'. O dividendo demogréfico é um processo considerado como a oportunidade de um futuro “crescimento econémico robusto das sociedades”, que pode resultar do répido declinio da fecundidade que repercutiria em mudangas na estrutura etéria da populagao, gerando um aumento significativo da proporgado da populagao em idades activas (15-64 anos de idade) e na diminuigéo da proporgo da populagao dependente (menores de 15 anos e populagao com 65 ou mais anos de idade). Para o Fundo de Populagao das Nagdes Unidas (Unfpa), o dividendo demografico é 0 ganho econémico, politico e social futuro que resulta dos investimentos feitos hoje, para os jovens, na satide, 1. A titulo de exemplo, somente em julho de 2017 na 29* Cimeira da Unido Africana foi discutido, por parte de Chefes de Estado e de Governo da UA, a questao do dividendo demografico, tendo como tema centra: “Aprovei- tamento do dividendo demogréfico, investindo na juventude”, e, em no- vembro do mesmo ano, na 5* Cimeira Unido Africana - Unido Europeia, que teve com o tema: “Investir na juventude para um futuro sustentavel”. 125 Paulo de Carvalho (Org.) na educagao, no emprego e na participagdo efectiva nas politicas publicas do pafs (Unfpa-Angola, 2017). Por outras palavras e segundo Laura Wong e José Magno de Carvalho, “quando a proporgéo de pessoas no grupo de 15-64 anos € maior do que os outros dois juntos (0-14 e 65+) ocorre a entfio denominada janela de oportunidades demogréfica” (Wong, Carvalho, 1995 apud Longo, 2017). Para Flavia Longo, existe um momento tinico da histéria de uma populagéio em que a pro- porgao de criangas e idosos 6 menor quando comparada A popu- lagao de jovens adultos e adultos. O ntimero de criangas diminui devido & queda da fecundidade e 0 grupo etério dos mais velhos, em fungao do aumento da expectativa de vida, vai crescendo em menor ritmo. Isto significa dizer que, durante algumas décadas, a populagao tera mais pessoas em idade potencialmente produtiva © menos em idades consideradas dependentes (Longo, 2017). Nao obstante ao anteriormente exposto, e como destacou Rios-Neto (2005), o chamado “dividendo demografico”, tam- bém denominado de “janela de oportunidades”, quando discuti- do por literatura menos economicista, é um fenémeno benéfico para a sociedade em termos econémicos, associado as conse- quéncias directas do declinio da fecundidade sobre a estrutura etéria durante e imediatamente apés a transigéo demogréfica. No entanto, este mesmo autor, “numa perspectiva mais critica”, diz que varias vertentes fazem uso desta nogao de dividendo demogréfico, muitas vezes entendida como uma mera “apologia controlista” de cunho “neomalthusiano” para justificar o pla- neamento familiar “controlista”. A vertente “neomalthusiana” vé o dividendo demogrdfico como uma rationale para que se de- fenda 0 controlo populacional, implementado por intermédio de uma politica dirigida de planeamento familiar, conforme formu- lado originalmente por Coale ¢ Hoover, para 0 caso da india, € seguido por aplicagGes mais directas de modelos de crescimento econémico, como o de Solow (Rios-Neto, 2005). Em geral, esse processo (dividendo demogrdfico), tem sido estudado a partir da teoria da transigéo demografica que ex- 126 Leituras Cruzadas sobre Angola ¢ Brasil: Identidade, meméria, direitos e valores plica a passagem (num periodo relativamente longo) de niveis altos de fecundidade e de mortalidade de uma populagéio ou sociedade a niveis baixos de ambas as varidveis. No entanto, a materializacao e capitalizagao desse bénus demografico depen- dem, segundo Carlos Arnaldo, de opgées politico-econdémicas de cada pais (Arnaldo, 2015). E como referiu Longo (2017), “a ideia de bonificagao pressupée que toda a populagdo activa es- teja em condigées de produzir e gerar riquezas” ou ainda, como reparou Rios-Neto (2005) “esta potencialidade légica pode ser aproveitada ou nao pelos paises durante o perfodo de transigao demogréfica”. O seu aproveitamento dependerd de varios as- pectos, tais como as condigdes econémicas, institucionais de Estado, de operagio do sector financeiro e de comportamento da familia, entre outras. A colecta deste dividendo nao é meca- nicamente determinada pelas condigdes demogrdficas. No entanto, enquadrando essa base tedrica A nossa reali- dade, sabe-se que a dinamica da populagao angolana continua a caracterizar-se por um padrdo de altas taxas de fecundida- de e de mortalidade altas, principalmente infantil, embora com maiores tendéncias para o declive. A imigragéio, apesar de mos- trar tendéncias crescentes, nao tem ainda um grande peso no crescimento total da populagiio, que se deve, essencialmente, ao seu saldo vegetativo. Em consequéncia dessa dindmica, temos taxas altas de crescimento natural (2,7% segundo dados do Re- censeamento Geral da Populagio e Habitagaéo (RGPH), 2014) e uma estrutura etdria da populagdo bastante jovem. Tal como referenciado no resumo, 0 objectivo deste texto foi analisar as perspectivas ¢ desafios do dividendo demografico em Angola. O estudo baseou-se, essencialmente, na reviséo da literatura disponfvel sobre o tema, principalmente, a consulta de estudos de casos jé realizados, de paises tais como, Brasil, Mogambique, Cabo Verde, Tailandia, etc. Recorreu-se também a diversos dados estatfsticos sobre a dinémica demografica, que permitiram produzir representages grdficas “indispensdveis” para a andlise do fenémeno em questo. 17 Paulo de Carvalho (Org.) Assim, foram utilizados dados estatfsticos de varias fontes, destacando os produzidos pelo Instituto Nacional de Estatisti- ca: Censos de 1960 e 1970; Recenseamento Geral da Popula- co e Habitagéo (RGPH) 2014; Projeccao da Populagao para © perfodo de 2014-2050; Inquérito sobre o Bem-Estar da Po- pulagdo (Ibep) 2008-2009; Inquérito de Indicadores Miltiplos e de Satide 2015-2016; Projecgfo da Populacdo do Pafs por Provincias para o Perfodo de 1970-1995 (Boletim Demogrdfico n° 4); Projecgfio da Populagdo do Pafs por Provincias e Gru- pos Quinquenais de Idade para o Perfodo de 1985-2010 (Bole- tim Demogrdfico n° 9); Projecgaio da Populagao para o Periodo 2009-2015. Utilizamos ainda estimativas da United Nations/ Diesa, The sex and age distributions of population, the revision, 1991; UNPD - World Population Prospects, the 1998, 2002. 2010, 2017 revision; PRB - World Population Data Sheet, 2003 e outras do U.S. Bureau of the Census, International Data. Aspectos gerais de um dividendo demografico em Angola Transigdo demogrdfica Como anunciado na introdugio, transigdo demogrdfica & uma teoria, para alguns autores e, um processo, para outros, em. principio de longa duragéo e que procura explicar a mudanga de um regime de fecundidade e de mortalidade altas, resultan- do numa situagio inicial de relativo equilibrio com crescimento baixo, a um regime de fecundidade e de mortalidade baixas, dando também lugar A situagiio final de relativo equilibrio, ca- racterizada por um crescimento baixo da populacéio. Durante 0 processo de transigéo, se observa um aumento do tamanho da populacao ou das taxas de crescimento total, devido, essencial- mente, a uma queda mais acentuada das taxas de mortalidade em relagao a natalidade, ocasionando, assim, o que se denomina 128 Leituras Cruzadas sobre Angola ¢ Brasil: Identidade, meméria, direitos e valores exploséio demogrdfica. Desta forma, na fase final do proceso, se presencia um modelo de baixos nfveis de mortalidade asso- ciados a baixos nfveis de natalidade. De acordo com alguns especialistas (Noin, 1983; Chesnais, 1986 apud Thumerelle, 1996, p. 39), a nogdo de teoria da transi- cao demogrdfica tem um interesse descritivo e valor explicativo, e desemboca numa variedade de modelos de comportamentos de- mograficos. E, portanto, uma teoria com um grande valor pros- pectivo, apesar das limitagSes relacionadas, principalmente, nas variadas formas que assume em contextos muito diferenciados. A existéncia de uma grande diversidade de situagdes demo- graficas em contextos geogrdficos, culturais e temporais dife- rentes, faz com que se admita a existéncia de modelos ou esque- mas diferenciados de transig&o demogrdfica a escala mundial. Sao, portanto, modelos dinémicos que s6 podem ser aplicados, avaliando minuciosamente a realidade sociodemogréfica de cada contexto (Afonso, 2013)?. Assim sendo, e analisada, minuciosamente, a informagdo disponivel sobre a evolugdo das taxas de natalidade e de mortali- dade, foi possivel conceber e/ou construir 0 esquema explicativo aproximado, da transigéio demogrdfica em Angola (Grafico 6). A principal conclusdo que se pode derivar desse esquema te6- rico interpretativo, que a sociedade angolana jé iniciou o seu processo de transig&éo demografica, podendo situé-lo no inicio da segunda subetapa, a intermédia, pois a mortalidade mostra maiores tendéncias para o declive e a natalidade, ainda muto alta, inicia também o seu processo decrescente, embora de forma muito timida e com muitas flutuages ao longo de varias déca- das observadas. Esta etapa (a intermédia) poderd perdurar varias 2. Essa dindmica motivou-nos em 2012, apresentar um ensaio, publicado em 2013 na Mulemba - Revista Angolana de Ciéncias Sociais, sobre a teo- ria de transigdo demografica em Angola. Foi utilizado o primeiro modelo (0 tradicional) que se baseia na anilise de trés grandes etapas e respectivas subetapas: a etapa pré-industrial ou antiga, a etapa de transigao e a etapa evolucionada ou moderna, tendo em consideragio a realidade sociodemo- gréfica angolana (passada, presente e futura) 129 Paulo de Carvalho (Org.) décadas mais se nao houver politicas sociodemogréficas claras e explicitas acompanhadas de programas de melhorias sociais (na educago, seguranga social, seguranca alimentar, satide, etc.) que incentivem a adequagao dos niveis de fecundidade prevale- centes aos factores de desenvolvimento social e econémico. Grafico 6. Esquema teérico classico da transigéo demografica em Angola 60 50 40 TBM [por mil] = TBN [por mit} Fonte: Elaboragao prépria com base nos dados de World Population Propspects, the revision, 1998-2010. Dindmica demogrdfica A populagao angolana estd imersa actualmente num proces- so de mudangas sociodemogréficas, e uma das evidéncias mais visiveis dessas mudangas é 0 répido aumento da populagio, tal como se pode observar no Gréfico 7 que reflecte a evolugio observada das taxas de crescimento total (1950-2014) e nas projectadas (2015-2050). Em 1970, a populagao recenseada foi de 5.620.000 habitantes e, em 2014, 44 anos depois, pas- sou para 25.789.024 habitantes (RGPH 2014, o primeiro censo completo realizado depois da independéncia do pais em 1975), um aumento de 20.169.024 efectivos demograficos, cerca de 4,6 vezes mais. Durante esse perfodo, as taxas de crescimen- to populacional vém oscilando entre 1,51% ao ano em 1970, 130 Leituras Cruzadas sobre Angola e Brasil: Identidade, meméria, direitos e valores passando na década de 80 a 3,3% e 2,8% a 2,9% na altura do Censo populacional de 2014. Para 2050, as estimativas das Nagdes Unidas apontam para 67.927.000 de habitantes, 2,6 vezes mais da recenseada em 2014 € com uma taxa de crescimento da ordem de 2,23% ao ano. Esse acelerado crescimento da populagdo, é consequén- cia da preservagéo de um padrao tradicional de altas taxas de fecundidade (ISF = 7,32 e 5,7 filhos por mulher, em 1960 e 2014, respectivamente) (Grdfico 8) e com nfveis de mortalida- de altas, principalmente infantil (112 por cada mil nados vivos em 2014)’, embora com maiores tendéncias para o declive. A imigragio (2,3% da populagao total residente em 2014), ape- sar de mostrar tendéncias crescentes, nfo tem ainda um peso significative no crescimento total da populagéo, que se deve, essencialmente, ao seu saldo vegetativo, que foi estimado em 2014 em 2,7% (RGPH). Se espera que nas préximas trés décadas venha a observar- -se uma certa acelerago no processo de transigéo da fecundi- dade que permitira passar a niveis da ordem de 3,8 a 3 filhos por mulher no perfodo de 2045-2050 e para 2,42 filhos/mulher entre 2095-2100 (Grdfico 9). 3. Importa referir que, de acordo com o Inquérito de Indicadores Miiti- plos ¢ de Satide (IIMS) 2015-2016, realizado pelo INE-Angola, a taxa de mortalidade infantil foi estimada em 44 por cada mil nados vivos e a de mortalidade infantojuvenil em 68 por mil, a0 passo que a taxa global de fe- cundidade foi situada em 6,2 filhos por mulher e a taxa bruta de natalidade em 43,4 por cada mil habitantes. 11 Paulo de Carvalho (Org.) Grafico 7 . Evolugio ¢ projecgao das taxas de crescimento (1910-2050 80.000 am 70.000 34 35 40.000 | 28 E 50.000 [28 2 23 0.000 z 5 153 = 30.0004 ante 3 200004 ae 10.000 IIS 88 PDP PPPPAPHLEL GLK es ‘@ Populacdo (em milhares} + TC(%) Fonte de dados: Censos de 1960, 1970 ¢ 2014; UN-DESA, World Population Propspects, the revision, 1998-2010 e 2017 (Elaboracao propria) Grafico 8. Angola: evolugaio do indice sintético de fecundidade (1960-2014) 8 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1996 2001 2015 2010 2014 Fontes: RGHH 2014, IBEP 2008-2009, MICS 2001, MICS 1996. Disponivel em: The World Bank. . Acesso em: maio 2016; Google. . Acesso em: maio 2016. 132 Leituras Cruzadas sobre Angola e Brasil: Identidade, meméria, direitos ¢ valores Griifico 9. Angola: Projecgdo do indice sintético de fecundidade para o periodo, 2010-2015/2095-2100 6 242 2010-2015 «2015-2020 2025-2030 «2045-2050 2095-2100 Fonte: UN-DESA, World Population Propspects, 2017 the revision. Mudaneas na estrutura demogrdfica A idade ¢ 0 sexo ocupam um lugar destacado entre as va- ridveis que descrevem a situagao de uma populagdo e confor- mam a estrutura mais analisada nos estudos demograficos e geodemograficos, devido a sua grande implicagéo nas mudangas demogréficas, eco- némicas e sociais. Como consequéncia da preservagdo de altas taxas de fe- cundidade ao longo de décadas, a estrutura da populagéo an- golana é marcadamente jovem, donde cerca da metade da po- pulagdo, 47%, tem menos de 15 anos de idade (Grafico 10), e a idade média da populagao total é de apenas 21 anos e a idade mediana de apenas 16 anos‘. A base muito alargada da pirdmide € 0 reflexo da persis- téncia das altas taxas de fecundidade, tal como se revelou nos graficos 7 e 8, que propiciam o nascimento de um ntimero ele- vado de criangas e um vértice em forma agugada ou pontiaguda 4. De acordo com os dados do RGPH 2014, a populagdo de 0-14 anos de idade representa 47% da populagdo total (12.196.496 pessoas). O contin- gente em idades de trabalhar (15-64 anos) € de 50% da populagao total (12.980.098 pessoas) enquanto os idosos (65 ou mais anos) representam apenas 2% da populagaio (612.430 pessoas). 133 Paulo de Carvalho (Org.) que se deve & reduzida proporg&io de pessoas da terceira idade, reflexo da baixa esperanga média de vida. Essa enorme proporgao de jovens na estrutura etaria, junto com a proporgao de velhos (2%), traduz-se em elevada taxa de dependéncia total (101% em 2008-2009) (grdéficos 11 e 12), © que supde enorme encargo econémico para a populagao que trabalha no sector estruturado da economia e néo s6. Isso im- plica também ao Governo desviar/adjudicar importantes recur- sos (financeiros e materiais) que poderiam ser aplicados em di- ferentes sectores produtivos, para atender as necessidades cada vez mais crescentes dessa camada da populacio, principalmen- te em termos de satide maternoinfantil, educagéo basica, etc. Em outras palavras, tal como destacou Gontijo (2014), com menores presses na base da estrutura etaria (menor percen- tual de jovens), o poder ptiblico encontra-se em uma posigo mais confortavel para investir em qualidade do ensino e amplia- ao do ensino superior e técnico, qualificando, mais adequada- mente, a populagiio em idade activa. Em sintese, a andlise de alguns dos indicadores sintético- -estruturais, produzidos e representados nos grdficos ante- riores, permitiu-nos concluir que, ao longo das tiltimas cinco décadas e meia, a estrutura etéria da populagdo angolana ex- perimentou algumas mudangas, mas pouco significativas, uma vez que permaneceu muito jovem até agora. As mudangas mais significativas poderdo comecar a observar-se a partir da década de 2030 que sugere uma redugio relativamente pronunciada da proporgiio da populagio dependente. 134 Le 95 e+ 90-94 85-89 80-84 15-79 10-74 65-69 40-64 55-59 cituras Cruzadas sobre Angola e Brasil: Identidade, ems: |, direitos € valores Gréfico 10, Estrutura por idade ¢ sexo da populag&o angolana em 2014 (em %) a. 1 A 5 0 0 5 1" 15 i Matheres Wi Homens Fonte: RGPH 2014 (Elaboracao prépria). 20 Gréfico 11. Evolugio e projecgio da proporefio da populagio por grandes grupos de idades (1950-2050) 80 70 ete itl a [1850 [960 {170 | 1980 990 | 200 oro [ 2020 a0 [zoe | eo [mom PENAO-16 | 41,2 | 409 [ao | au2 | 449 | 478 | 478 | 49 | woe | O79 345 PEAI5-64 | 56.7 | 547 | 535 | 52.9 | 521 | 49.7 | a9 | S16 | 568 | SRT ae [mem Penss | 30 | 45 | 25 | 30] 30 | 20 | 28 | 24 | 28 | 34 | 4a Fontes: World Population Propspects, 1998-2010, 2017 the revision; INE, 2016 (Projeccao da populacdo, 2014-2050). (Elaboragao prépria). 135 Paulo de Carvalho (Org.) Grifico 12. Evolugio ¢ projecgdio da razio de dependéncia total, 1950-2050 RD [%) 120 100 80 60 40 20 a 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050 Fonte: UN-DESA, World Population Propspects, 2017 the revision. Dividendo demografico em Angola. Perspectivas e desafios Perspectivas para um dividendo demogréfico em Angola Os estudos existentes sobre dividendo demografico dio conta que tanto a redugiio da fecundidade como a redugéo da razio de dependéncia podem ter impactos positivos sobre o crescimento econémico (Arnaldo, 2015). A redugao das magni- tudes dessas duas varidveis resulta num aumento da populag’o economicamente activa. Por isso, num contexto de um processo rapido de transigéo demografica, com a redugao significativa da fecundidade a nf- veis aceitéveis® nos préximos trinta anos, ¢ considerando que a mortalidade continua a sua tendéncia decrescente mais rdpida que a fecundidade, a sociedade angolana estaria a entrar num periodo na qual os individuos que constituem a forga laboral 5. Estima-se que um ISF de 2,1 filhos por mulher, a substituigao das ge- rages pode estar garantido, isto 6, pode garantir criangas suficientes para substituir os seus pi 136 Leituras Cruzadas sobre Angola ¢ Brasil: Identidade, meméria, direitos e valores (15-64 anos de idade) superam aqueles considerados depen- dentes, o chamado dividendo demogrdfico. Essa situagao pode- 14, a partir dos anos 2050, abrir uma janela de oportunidades para o crescimento econémico. Nao obstante ao anteriormente exposto, importa referir que o aproveitamento e a capitalizagéio deste primeiro dividendo demo- grafico (por volta dos anos 2050), dependeré de investimentos nos sectores de educagéo (em todos seus subsistemas) e satide (sobretudo maternoinfantil), e em outras medidas e politicas ins- titucionais capazes de criar premissas que favoregam a redugao dos indices de fecundidade. Tal como referiu Gontijo (2014), ..esta situagdio demogréfica, embora bastante favordvel economicamente, ndo € automaticamente aproveitavel ¢ depende da construgao de politicas pablicas eficientes, objectivando o aproveitamento do bénus demografico..... Segundo ainda este autor, resulta fundamental que as politicas sejam construfdas e postas em acgdo o quanto antes, a fim de aproveitar 0 perfodo restante do dividendo demogréfico (...) 0 qual tem um prazo determinado para seu encerramento e que dificil- mente serd vivenciado novamente. Os factores que afectam 0 comportamento reprodutivo sao miltiplos e complexos e vao desde o nivel educativo, os custos e beneficios econémicos derivados dos filhos, a disponibilidade de recursos para sustento dos filhos, factores culturais que con- dicionam 0 inicio, término e continuidade das relagdes sexuais, a mortalidade, o status e grau de autonomia da mulher, a dispo- nibilidade e custo dos anticonceptivos, mudangas estruturais na produgao e relagdes econémicas, grau de comunicagio entre as regides e paises, etc. No entanto, pensamos que os diferentes programas e pro- jectos de conscientizago, sensibilizagdo e educagao a satide; os 137 Paulo de Carvalho (Org.) programas alargados de vacinagao e de combate a enfermidades endémicas, de higiene e de saneamento bdsico; de alfabetizagao; de planeamento familiar — como, por exemplo, os de prevengaio de maternidade precoce, de gravidezes nao desejadas e de doen- cas sexualmente transmissiveis, etc. —; os da luta pela igualdade de oportunidades segundo o género, aspectos que podem ser potenciados por meio da componente IEC - informagdo, educa- ¢4o e comunicagao; os programas de criag&o de empregos estd- veis; de nutrigao e seguranga alimentar, etc., podem, todos esses factores contribuir na redugio r4pida da fecundidade no pais. Por outro lado, devem ser estimulados os factores e habitos inibidores da fecundidade, tais como a amamentagao prolonga- da, o aumento do tempo de permanéncia das mulheres na activi- dade de estudos, a abstinéncia sexual, o aumento da idade para 0 primeiro matriménio e, concomitantemente, o nascimento do primeiro filho, a difusao e disponibilizagao de produtos contra- ceptivos, a dinamizagio dos centros de planeamento familiar, etc. Todos esses aspectos devem estar acompanhados de politi- cas e programas de melhorias sociais, capazes de contribuir no aumento da probabilidade de sobrevivéncia das criangas, factor que pode influenciar na adequagio do tamanho da familia em fungiio da realidade do contexto. Assumindo-se a hipétese de que o primeiro dividendo é, em geral, de cardcter transitério, uma vez que resulta, segundo Ar- naldo (2015), da redug&o da razao de dependéncia em virtude do inicio e avango da transigaéo demografica, se pode estimar que a janela de oportunidade para Angola materializar e capitalizar esse primeiro dividendo venha a durar aproximadamente cin- quenta anos, abrindo-se por volta de 2050 e encerrando-se por volta de 2100. Essa é também a estimativa feita por Choi (2013) e citada por Arnaldo (2015), para o caso de Mocambique, pais com trajectéria e estrutura demogréfica similar de Angola. Como constatou Reques Velasco (2014), muitos paises de América Latina e da Asia ja se encontram nessa fase, isto é a 138 Leituras Cruzadas sobre Angola ¢ Brasil: Identidade, meméria, direitos e valores se beneficiar do seu dividendo demogrdfico, nao ocorrendo o mesmo com a Europa e a Africa subsaariana, por raz6es demo- gtaficas opostas (excessiva dependéncia dos jovens em Africa e excessiva dependéncia dos velhos na Europa). Desafios para um dividendo demogrdfico em Angola Como referido no ponto anterior, a materializag&o e a capi- talizagiio do dividendo demogréfico implicarao enormes desafios para o pais. Investimentos “robustos” deverdio comecar a ser fei- tos em diferentes sectores e/ou esferas da vida, principalmente no sector social e produtivo. Os investimentos no sector social (edu- cago e satide de qualidade, seguranga alimentar, sistema de pro- tecgao social vidvel, etc.) permitiraio criar condigdes para acelerar © processo de transigéio demogréfica jé iniciado, com a redugdo da proporgao da populagao dependente e o aumento da proporgéo. da populagao em idades activas (se estima em 61,4% para 2050 a proporgao de jovens adultos e adultos), e os investimentos no sector produtivo (ptiblico e privado) permitirao criar empregos (que sejam estaveis e com remuneragées dignas) e, concomitan- temente, absorver o grande potencial da m&o-de-obra disponivel. Relativamente & redugo da fecundidade, sabe-se que a mu- Iher desempenha um papel crucial no processo. Por isso, para a sua répida redugo, para além do explicitado no ponto ante- rior, e tendo em conta o contexto actual da sociedade angola- na e, também, africana em geral, serao igualmente necessarios investimentos poderosos em processos de empoderamento das mulheres, dota-las de conhecimento e de instrumentos que hes possibilitem, por si mesmas, tomar decisdes sobre variados as- pectos inerentes a sua vida, sobre a satide sexual e reprodutiva, sobre o ndmero de filhos e 0 intervalo entre eles, sobre educa- ¢4o, formagéo e emprego, sobre a autonomia financeira, etc. Enquanto ao eventual crescimento da proporgao da mao- -de-obra, o maior desafio se configura na criago, pelo sistema 139 Paulo de Carvalho (Org.) econémico nacional, de empregos sustentdveis no sector pro- dutivo e de prestar servigos de qualidade, sobretudo no sector de edugao e formagéo. Em paralelo a isso, para manter sus- tentavel o crescimento econdmico, sera necess4rio capacitar e tornar competitivo, tendo em conta os novos avancos da ciéncia e da tecnologia, o capital humano endégeno, para que possa ter maiores oportunidades no mercado laboral cada vez mais globa- lizado®. Dai, a necessidade de potenciar os estabelecimentos de ensino e de formagao (em diferentes nfveis) com meios adequa- dos e ajustados no tempo, assim como o desenho de programas e planos curriculares com uma forte orientacdo pritica, isto é, orientados para o mercado laboral interno e externo. Sobre a situag&io educacional da populagéo, em 2009 a proporgio de analfabetos (populagio de 15 ou mais anos de idade) era de 34% da populagao total. No Grdfico 13, & possivel constatar a distribuigéo da populagdo com 18 anos ou mais por nivel de ensino conclufdo a nivel nacional e por Ambitos de residéncia rural e urbana. Apenas 4% da populagéio tinham o ensino superior conclufdo na altura do levantamento dos dados do Inquérito sobre o Bem-estar da Populagdo. Em geral, o ntimero médio de anos esperados de escolaridade da populagao angolana é bastante baixo, apenas 11,4 anos (dado referente a 2014). 6. Ademais, sabe-se que muitos trabalhadores néo conseguem competir em pé de igualdade com o pessoal expatriado que actua na maior parte das, empresas mais rentiveis e em outros sectores-chave da economia nacional. 140 Leituras Cruzadas sobre Angola ¢ Brasil: Identidade, meméria, direitos e valores Grifico 13. Populagiio com 18 anos ou mais por nivel de ensino concluido (em %) 82 80 70 60 55 50 40 30 20 10 0 Ensino primario Ensino secundério _Ensino secundario Ensino superior apenas (ciclo) (22cicto} al WM Urbana Angola Rural Fonte: INE-IBEP 2008-2009 (Elaboracao prépria). Conclusao Como resultado de uma dindémica demogréfica muito com- plexa e cravada ainda num modelo tradicional (alta fecundidade e alta mortalidade, este tiltimo com maiores tendéncias para o declive), a populag4o angolana continuaré a crescer nos préxi- mos anos a um ritmo ainda acelerado, com taxas que vao oscilar entre 2,8% a 2,3% ao ano até 2050. E, como resultado dessa dinamica, a maioria da populagéo angolana é jovem com idades inferiores a 20 anos e cerca da metade com menos de 15 anos de idade. Este tipo de estrutura etdria implica, por um lado, grandes desafios na gestdo de politicas piiblicas em sectores so- iais como satide, educagéio, emprego, habitagao, ete. A sociedade angolana j4 est4 imersa no seu processo de transigéo demografica, estando no inicio da fase intermédia se- gundo o modelo tradicional, uma vez que a mortalidade comeca a mostrar maiores tendéncias para o declive e a fecundidade, embora ainda alta e com flutuagdes decenais, tenta mostrar tam- Mi Paulo de Carvalho (Org.) bém um timido processo decrescente, o que poder, num futuro nao muito longinquo, experimentar os ganhos do seu bénus ou dividendo demografico. Para o efeito, serd necessdria a criagio de premissas (programas de planeamento familiar, de IEC, etc.) que permitam uma répida redugao dos niveis de fecundidade. E, para tal, investimentos deverdo ser feitos para a educagio generalizada da mulher, de acesso a formagiio de qualidade e de outras oportunidades geradas pela sociedade, isto é, apostar no empoderamento da mulher. Entretanto, para o aproveitamento eficaz desse primeiro di- videndo demogrdfico, dependerd da implementagio de politi- cas ptiblicas capazes de criar (em quantidade e qualidade), um ambiente ¢/ou condigéo para satisfazer a demanda do eventual aumento da populag&o economicamente activa em sectores cru- ciais, tais como a satide e educagéio, emprego e habitagdo, etc., incluindo o desenvolvimento de um dindmico ¢ sustentavel sis- tema de protecgéio social. Referéncias AFONSO, Luiekakio; VELASCO REQUES, Pedro. Africa como reto demografico, Madrid: Catarata, 2017. 111 pp. - Fecundidade e desenvolvimento em Angola. In: CONGRES- SO PORTUGUES DE DEMOGRAFIA, 5., Lisboa. Actas... Lisboa, p. 33-49. . A teoria da transiggo demogréfica: um ensaio para o caso de Angola. Mulemba - Revista Angolana de Ciéncias Sociais, Luanda, v. III, n. 5, p. 67-80, 2013. . A “eterna” juventude da populacao angolana e os desafios de desenvolvimento num mundo globalizado. 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Dra, Ligia Vercelli Prof. Dr. Ant6nio Carlos Giuliani Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Prof. Dr. Marco Morel Profa. Dra. Benedita Cassia Sant'anna Profa. Dra, Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Carlos Bauer Prof. Dr. Narciso Laranjeira Teles da Silva Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Crist6vdo Domingos de Almeida Prof. Dr. Romualdo Dias Prof. Dr, Eraldo Leme Batista Profa. Dra, Rosemary Dore Prof. Dr. Fébio Régio Bento Prof. Dr. Sérgio Nunes de Jesus Prof. Ms. Gustavo H. Cepolini Ferreira —_—Profa, Dra, Thelma Lessa Prof, Dr. Humberto Pereira da Silva Prof. Dr Vantoir Roberto Brancher Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt ©2018 Paulo de Carvalho Direitos desta edo adquiridos pla Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser aproprada eestocada em sistema de banco de dados ou process similar, ‘em qualquer forma ou melo, ej eetnico, de fotocpa, gravacéo, etc. sem 2 perrisso da editors eou autor CIP-BRASIL. CATALOGACAO NA PUBLICACAO. SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ 1557 wl Leituras cruzadas sobre Angola: identidade, meméria, direitos e valores, volume 1 / organizagdo Paulo de Carvalho. - 1. ed. - Jundiai [SP]: Paco, 2018. 292p.; 21cm, ISBN 978-85-462-1475-4 1. Brasil - Relagées internacionais - Angola, 2. Angola - Relacdes interacionais - Brasil. |. Pantoja, Selma. Meri Gleice Rodrigues de Souza - Bibliotecdria - CRB-7/6439 18-54133 CDD:327.810673 CDU:327,39(81+673) Av. Carlos Salles Block, 658 Ed, Altos do Anhangabad, 2° Andar, Sala 21 ‘Anhangabat - Jundiai-SP - 13208-100 11 4521-6315 | 2449-0740 contato@editorialpaca,com,br Foi feito Depésito Lega SUMARIO Apresentagao Paulo de Carvalho 1. Direitos de cidadania em Angola Moreno Pereira da Gama 2. O nticleo central das representagdes sociais dos direitos humanos numa amostra de estudantes universitaérios de Luanda Anibal Simées 3. Estratégias de marketing politico e eleitoral nas eleigdes gerais de 2012 em Angola: © caso da Casa-C.E. Paulo Anténio Lucas 4. Governagiio corporativa em Angola Euriteca Rodrigues André 5. Importdncia dos valores numa gestdo de recursos humanos socialmente responsvel: estudo de caso numa empresa seguradora angolana Isabel Manuel 6. Angola: percurso para a independéncia nacional (1974-1975) Luzia Milagre 7. Contribuigao ao estudo sobre dividendo demografico em Angola Luiekakio Afonso w 29 51 67 85 107 125 8. Diversidade étnica, etnicidade e nagao na Reptiblica de Angola (1975-2015) Virgilio Coelho 9, Outros quilombos: uma viagem por diferentes tempos e lugares de Angola Maria da Conceigéio Neto 10. Didlogos ¢ oposigdes entre socidlogos brasileiros e angolanos & luz da sociologia das relagées raciais e do lusotropicalismo Victor Kajibanga 11. Racismo ¢ anti- racismo: Angola entre © movimento “Escuro nfo” e 0 “Carapinha chique” Helena Veloso 12. Reflexdes sobre memGria e identidade no exilio: mitos e desilusdes dos angolanos no Rio de Janeiro José Kalunsiewo Nkosi 13. Violéncia e crime organizado em Luanda e Rio de Janeiro Paulo de Carvalho Sobre os Autores 147 173 199 217 239 203 285

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