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Joel Barbujiani Sigolo ‘uem nunca sentiu o impacto de mintiscu- las particulas de areia carregadas pelo vento forte ao caminhar em uma praia? Esse € 0 m: simples exemplo de deslocamento de particulas em funcio da acio do vento € conhecida como agao edlica. Esta atividade esta associada a dinamica ex- terna terrestre e modela a superficie da Terra, particularmente, nas regides dos desertos. © movimento das massas de ar representa mais, um dos fendmenos dinimicos importantes obser- vados no planeta e pode ter intensidade muito variével. Freqiientemente, sio noticiados na impren- sa deslocamentos de ar catastréficos, associados a furacdes e tornados com seus efeitos devastadores sobre a superficie da Terra. Célula boreal dos lotiudes médias Célula equatorial borecl de Hadley Célula equatorial ‘oustal de Hadley (Célule borecl dor latitudes maior Pot Re ee ee) Através desses fendmenos atmosféricos, parti- cculas de areia e poeita podem ser transportadas por milhares de quilémetros. Com a diminuigio da ener- gia de movimento das massas de ar, as particulas carregadas depositam-se em diversos ambientes terrestres, desde continentais até ocednicos, passan- do a participar de outros processos da dindmica externa, Nas ‘ireas continentais, estas particulas de- positam-se sobre todas as superficies desde as montanhas até as planicies. A atividade eélica re- presenta assim um conjunto de fendmenos de erosio, transporte e sedimentagio promovidos pelo vento, Os materiais movimentados e depositados nesse processo sio denominados sedimentos eélicos. Célule polar bore , Célula poler aust Fig. 12.1 Modelo simplficado do circulagéo atmosférica resultante dos diferengas de aquecimento entre as regides de latitudes baixos e altos ¢ da rotagao terrestre, — 64,8 (alguns com mois de 150 km/h. A proximidade do vento a superficie terrestre também influi em sua velocidade devido ao atrito da massa do ar com os obsticulos presentes (vege- tagio, construgdes, relevo acidentado, etc.). Assim, a velocidade do vento aumenta com 0 afastamento da superficie, porém a partir de determinada alti- tude, que depende das condicdes locais, ela no mais se modifica significativamente, A Fig, 12.3 exibe a variagio da velocidade das massas de ar com a al- titude ¢ a Tabela 12.2 a classificagio de ventos de acordo com sua velocidade. 40 e 8 3 Velocidade (km/h) 8 ° ° 5 10 15 20 Distancia do solo (m) Fig. 12.3 Variagdo da velocidade do vento em funcéo da distancia do solo. As massas de ar deslocam-se segundo dois tipos principais de fluxo: fluxo turbulento ¢ fluxo laminar (Fig, 12.4). Distante da superficie terrestre ou de barreiras, mais laminar é 0 movimento da massa de ar. O fluxo do ar ser4 predominantemen- te turbulento quanto mais préximo da superficie ou de barreiras. No entanto, a atividade: geolégica mais comum dos ventos resulta quase sempre des- se fluxo turbulento. 12.1.2 O movimento das particulas ‘Transporte de poeira Particulas menores que 0,125mm de didimetro so consideradas pocira, compreendendo as fragdes de areia muito fina, silte ¢ argila da escala granulométrica de Wentworth (Caps. 9 ¢ 14). Sio as menores fragdes trabalhadas pelos agentes de transporte mecinico em geral ¢ representam o maior volume de material trans- portado ¢ depositado pelos processos edlicos. Quando removidas de seu local de origem, essas particulas podem permanecer em suspensio em fungio do flu Capituo 12 dra ra tt 2 Fig. 12.4 Deslocamento dos Massas de or por fluxo turbu: lento (acima) e por fluxo laminar {aboixo}. xo turbulento ¢ da velocidade da massa de ar por lon- g0 periodos de tempo e assim serem transportadas por grandes distincias. Nessa situacio diz-se que as particulas esto em suspensio edlica (Fig. 12.5). Par- ticulas ¢ obsticulos maiores apresentam resisténcia ao vento, gerando intensa turbuléncia em seu entorno € promovendo a deposieo das patticulas em suspensio, pouco apés o obsticulo, Fig. 12.5 Deslocamento de partculas de poeira por suspenséo. ‘Transporte de areia ‘As particulas maiores que a poeita — areia fina a muito grossa (didmetros entre 0,125mm ¢ 2mm) — sofrem transporte mais limitado. Para uma mesma velocidade de vento, quanto maior a particula, menor seri o seu deslocamento. A colisio de particulas em deslocamento com grios na superficie promove o seu deslocamento muitas vezes por meio de pequenos saltos. O movimento da arcia por esse processo de- nomina-se saltagio (Fig. 12.6). As particulas edlicas do tamanho de areia sto par- ticularmente importantes, pois constituem diferentes feicdes morfoldgicas, das quais as dunas séo, sem di- vida, as mais importantes acumulagdes de areia em ‘ireas desérticas e mesmo em muitas dreas litoriineas, ‘A ago eélica também condiciona a organizagio dos gros de areia, produzindo estruturas sedimentares co- nhecidas como marcas onduladas ¢ estratificagao cruzada, Feigdes como dunas ¢ certos tipos de mar- cas onduladas ¢ de estratificagio cruzada, quando reservados no registro geolégico, representam evi- déncias inegiveis de atividade eélica no passado, permitindo muitas vezes a reconstituigio do cenirio paleoambiental e paleogeografico do local. Transporte de particulas maiores ‘Como indica a Fig. 12.6, a colisio de particulas em deslocamento, além de causar fragmentagio e desgas- te, pode induzir o movimento de particulas encontradas nna superficie do solo, Particulas de didmetro superior 20,5 mm (areia grossa, areia muito grossa, grinulos € seixos) comumente se deslocam por esse processo, chamado arrasto. Transporte por arrasto é pouco sig- Fig. 12.6 Impacto de gréos cousando deslocamento de por- los de areia por saltacéo, yi ee TY nificativo € bem mais restrito do que 0 transporte de poeira e de areias menores por saltagio e suspensio devido 20 peso das particulas maiores € ao atrito en- tre elas € 0 substrato (Fig, 12.7). 12.2 Registros Produzidos pelo Vento A acio do vento fica registrada tanto nas formas de relevo como nos fragmentos trabalhados pela agio célica, seja de forma destrutiva (erosio) ou de forma construtiva (sedimentacio). 12.2.1 Registros erosivos Deflagio ¢ abrasio célica sio os dois processos erosivos da atividade edlica. Na deflagio, a remosio de areia e poeira da superficie pode produzir depres- sGes no deserto chamadasbacias de deflagio, podendo chegar a niveis mais baixos do que o nivel do mar. Deflacio também pode produzir os chamados pavimen- tos desérticos, caracterizados por extensas superficies exibindo cascalho ou 0 substrato rochoso, expostas pela remocio dos sedimentos finos. (Fig. 12.8). Se © nivel topogrifico no deserto é rebaixado por esse mecanismo até atingir a zona subsaturada ou saturada em Agua, po- dem formar-se os odsis (Fig, 12.9). Por causa dos constantes impactos de diferentes pparticulas em movimento (areia fina, média ou mes- mo grossa) entre si ¢ com materiais estacionados, geralmente maiores (seixos, blocos, etc), ocorre inten- s0 processo de desgaste e polimento de todos esses materiais, denominado abrasio eélica. E. importante ressaltar que 0 vento isoladamente nfo produz qual- quer efeito abrasivo sobre materiais rochosos. Apenas Fig. 12.7. Deslocamento de particulas por stagio por carrasto. quando transporta areia e poeira é que exerce papel erosivo. A abrasio produ zida_pelo processo de com areia”, utilizado na indiistria para limpar, polit ou decorar diversos obje- tos. Por isso, as superficies dos grios tendem a adquirir brilho fosco, uma ‘nto assemelha-se 20 jateamento e polimento feigio erosiva especifica do vento, bem distinto do aspecto brilhante que resul- ta do polimento de materiais em ambiente aquitico. De modo anilogo sio formados por abrasio os ventifactos, os yardangs ¢ as super- Fig. 12.8 Povimento desértico no Deserto de Atacama, Cordilheira dos ficies polidas. mM sence 99 “ Andes. Foto: C. C. G. Tassinari Os ventifactos so seixos que apre- sentam duas ou mais faces planas desenvolvidas pela acio da abrasio edlica © vento carregado de particulas erode uma face do seixo (Fig, 12.10a), forman- do uma superficie plana e polida voltada para o vento (Fig. 12.10b). A turbulén. cia gerada do lado oposto da face polida remove parte da areia, tornando o sei xo instivel (Fig. 12.10b). Com isso, 0 seixo se inclina, expondo nova face & abrasio edlica (Figs. 12.10c ¢ d). Os tos sio tipicos de desertos como Atacama, Taklimakan (China), Sara € Antirtica (Fig. 12.11) Fig. 12.9 Oésis no deserto de Atacama, Cordilheira dos Andes. Foto: C.C. G. Tassinari Fig.12.10 topos de formagao de um ventfacto. A acio erosiva do vento produz outras formas de registro como os yardangs que se assemelham a cas- cos de barcos virados, formados pela agio abrasiva eélica sobre materiais relativamente friigeis como se- dimentos e rochas sedimentares pouco consolidados. Representa formas de abrasio importantes em di- ferentes freas desérticas tais como a Bacia do Lut no sudoeste do Ira, Taklimakan na China e Atacama no Chile. Tais formas de abrasio edlica encontram-se res- tritas geralmente & porgio mais érida dos desertos onde bi pouca vegetacio € o solo é praticamente inexistente. No Brasil, embora os ventifactos sejam raros, ou- tras formas erosivas sio encontradas, muitas delas conjugadas & atividade pluvial. Quando assim ocor- Fig.12.11 Ventifocto proveniente do Dry Valleys, Antérfico, coletado por A. C. Rocha Campos. Foto: C. Julani rem, as ages erosivas eélica € pluvial podem produ- zir formas especificas no relevo como, por exemplo, nos arenitos do Subgrupo Itararé em Vila Velha, Parand. Ali, as chuvas tendem a erodir, preferencialmente, as, porgdes argilosas desses arenitos, tornando © conjun- to muito mais friével e suscetivel 4 abrasio pelo vento, gerando formas variadas, similares a calices, tartaru- gas, garrafas ete. (Fig, 12.12). Em outro exemplo, no Parque de Sete Cidades, Piauf, a composicZo da rocha e as condigdes climiti- cas também sao fatores importantes na singular morfologia das rochas arentticas desse local (Fig. 12.13). Neste caso, as rochas exibem maior resisténcia & acio erosiva por haver cimentacio mais resistente (silica). sim sendo, a a¢io erosiva pluvial ¢ edlica € menos efetiva do que em Vila Velha. yh ee 12.2.2. Registros deposicionais © transporte e a posterior deposigdo de particulas pelo vento formam registros geol6gicos peculiares que so testemunhos desse tipo de atividade no pasado. Os principais registros eélicos deste tipo so as dunas, os mares de areia ¢ os depésitos de loess. Dunas Dentre as diversas formas de deposigio de sedimen- tos edlicos atuais destacam-se as dunas. Associam-se a clas feigdes secimentares tais como estratificacio cru- zada (Fig, 12.14) e marcas onduladas que, no entanto, ni sio exclusivas de construgdes sedimentares e6licas. Existem duas principais classificagdes para dunas: uma considerando seu aspecto como parte do relevo (morfologia) e a outra considerando a forma pela qual os griios de areia se dispdem em seu interior (estrutu- rainterna). A classificagio baseada na estrutura interna das dunas leva em consideracio a sua dinmica de formagio, sen- do reconhecidos dois tipos: as dunas estaciondrias ¢ as migratérias, Fig. 12.12 Arenitos do Subgrupo Hararé erodidos pela con- jugacde da ago edlica e pluvial em Vila Velho, Parané. Foto: Faustino Penalva. Capituto 12 * Processos Eouicos 255 Fig. 12.13 Feicdes de erosdo eélica e pluvial em arenito no Parque de Sete Cidades (Pl). Foto: |, D. Wahnfried. Dunas estacionarias (ou estaticas) Na construcio da duna, os grios de areia (geral- mente quartzo) vio se agrupando de acordo com 0 sentido preferencial do vento, formando acumulagées, geralmente assimétricas, que podem atingit varias cen- tenas de metros de altura e muitos quilometros de comprimento. A parte da duna que recebe 0 vento (barlavento) possui inclinagio baixa, de 5 a 15° nor- malmente, enquanto a outra face (sotavento), protegida do vento, é bem mais ingreme, com inclina- fo de 20 a 35" (Fig, 12.15). Essa assimetria resulta da atuagio da gravidade sobre a pilha crescente de arcia solta. Quando os flancos da pilha excedem um deter- minado angulo (entre 20 e 35°, dependendo do grau de coesio entre as particulas) a forca da gravidade supera o Angulo de atrito entre os griios e, em vez de se acumularem no flanco da duna, os grios rolam de- clive abaixo eo flanco tende a desmoronar, até atingir um perfil estivel. O Angulo maximo do flanco de uma pilha de material solto estavel se chama ingulo de re- pouso, Uma vez que dificilmente © flanco barlavento 12.15 Forma- 80 e estrutura intema de umo duna estacionéria (os én- gulos do barlavento e sotavento foram exa- gerados) Fig. 12.14 Estratificocao cruzada em dunas do litoral de Natal (RN). Foto: J.B. Sigolo, supera esse Angulo, justamente por causa do seu constan- te retrabalhamento pelo vento, esse fendmeno é praticamente restrto ao flanco sotavento, dai a razio de sua inclinagdo maior, préxima ao Angulo de repouso. Nas dunas estacionétias a areia deposita-se em ca- madas que acompanham o perfil da duna. Deste modo, sucessivas camadas vio se depositando sobre 4 superficie do terreno com o soprar do vento carre- gado de particulas, partindo de barlavento em direcio a sotavento, criando uma estrutura interna estratificada, Embora a sotavento da duna ocorra forte turbuléncia gerada pela passagem do vento, os grios de arcia per- manecem agregados aos estratos em formacio, 0 que tende a impedir o movimento da duna. Estas dunas ficam iméveis por diversos fatores, tais como aumen- to de umidade, que aglutina os gros pela tensio superficial da agua, obsticulos internos (blocos de ro- cha, troncos, ete) ou desenvolvimento de vegetagio associada 4 duna, Dunas migratérias A semelhanga das dunas es- tacionarias, 0 transporte dos gros nas dunas migratérias se- gue inicialmente o Angulo do barlavento, depositando-se, em seguida, no sotavento, onde ha forte turbuléncia (Fig, 12.16). Desta forma os gros na base do barlavento migram pelo PT ee Y perfil da duna até 0 sotavento, Fig. 12.16 Formacéo e estrutura interia de uma duna migratéria (os éngulos do barla- Isto gera uma estrutura interna vento e sotevento foram exagerados} de leitos com mergulho proxi- mo da inclinagio do sotavento. Esse deslocamento continuo causa a migragio de todo‘o corpo da duna. A migracio de dunas ocasiona problemas de soterramento € de assoreamento nas zonas litorineas do Brasil, exigindo dragagem continua para minimizar © tisco ao trafego de navios, como ocorre no porto de Natal, Rio Grande do Norte, e na Lagoa dos Pa- tos, Rio Grande do Sul, Em Laguna, Santa Catarina, por exeniplo, dunas migratorias, algumas com deze- nas de metros de altura, invadiram ¢ soterraram varias casas de veraneio (Fig. 12.17). Em cidades como For- taleza, Recife, Maceié e outras da costa do Nordeste, so comuns problemas similares, em decorréncia dos ventos perpendiculares 4 linha de costa. Ventos domi- nantes vindos de sudeste formam, desse modo, enormes campos de dunas migratérias que se deslo- cam ao longo da costa até encontrarem obsticulos como casas, fazendas, rodovias, ferrovias, lagos, etc. ig, 12.18). Esse fendmeno pode também desviar 0 curso natural de rios proximos & costa. Diferentes téc- nicas sto utilizadas na tentativa de imobilizar dunas fae Fig. 12.17. Invasdo de casas por dunas migratérias na re- gido de Laguna (SC). Foto: PC. F Giannini. migratorias. A mais eficiente até o momento tem sido © plantio de vegetacio psamofitica (que se desenvol- ve bem no solo arenoso) ou de certas gramineas na base da duna, a barlavento. Com isso 0 deslocamen- to dos grios é impedido e a duna torna-se estacionaria (Fig, 12.19). A classificagio de dunas baseada em sua morfologia inclui grande variedade de termos deseritivos refletin- do a diversidade de formas identificadas nos desertos c em regides costeiras, cada qual com estrutura interna € externa proprias, sujeitas 4 modificagio pela acio dos ventos. ‘Trés parimetros determinam a morfologia de uma duna: a) a velocidade € variagio do rumo do vento predominante; b) as caracteristicas da superficie per- corrida pelas arcias transportadas pelo vento c, ¢) a quantidade de areia disponivel para a formagio das dunas, As formas de dunas mais comuns sio dunas transversais, barcanas, parabélicas, estrela c longi- ‘Dunas transversais A formagio deste tipo de duna é condicionada por ventos freqtientes ¢ de direcio constante, bem como pelo suprimento continuo e abundante de areia para sua construgao. As regides litoriineas constituem ambiente propicio para a formagio das dunas trans- versais, com ventos adequados aliando velocidade constante e abundincia de gros de areia. A denomi- nagio de transversal provém da sua orientacio perpendicular ao sentido preferencial do vento, Em desertos, 0 conjunto destas dunas costumam formar os chamados mares de areia, caracterizados por coli- nas sinuosas, grosseiramente paralelas entre si, Fig. 12.18 Lago entre dunas no campo de dunas de Notal (RN) (direcdo preferencial do vento da esquerda para a diteito), Foto: 1.B, Sigolo. lembrando 2 morfologia revolta do oceano durante uma tempestade (Fig, 12.20), Nas areas costeitas os campos de dunas podem apresentar pequenos lagos de égua doce, bastante co- nhecidos a0 norte do Espirito Santo, no sul do Estado da Bahia ¢ ao longo de toda a costa do Nordeste. Dunas transversais so também encontradas em am- bientes fluviais como na Ilha do Caju, no delta do rio. Parnafba, Maranhio (Fig, 12.21) Fig. 12.20 Campo de dunas tronsversais (direcéo preferencial do vento do direita para a esquerde). Iho do Caju, delta do rio Pernatba (MA). Foto: R.Linsker. ‘ULO 12 * Processos Eoucos 257 “~ Fig. 12.19 Método de contengéo de duna migrotéria com uitllzagdo de plantio de vegetagéo apropriade para conter 0 ‘migragdo dos ards (direcdo preferencial do vento do esquer- dda pare o direte).Restinga da Lagoa dos Patos (RS). Foto: Zig Koch Muitos campos de dunas desse tipo também exi bem marcas onduladas abundantes (Fig. 12.21), produzidas pelo deslocamento dos griios de areia prin- cipalmente por arrasto e saltagio. Por causa de sua assimetria, essa feicio permite determinar o sentido do vento predominante que a formou (do barlavento para o sotavento). Dunas barcanas Desenvolvem-se em ambientes de ventos mode rados ¢ fornecimento de arcia limitado. Como resultado, este tipo de duna assume forma de meia- Jua ou Iua crescente com suas extremidades voltadas no mesmo sentido do vento. (Fig. 12.22). Essas dunas no formam campos continuos ¢ tendem a ser pe- Fig. 12.21 Pequeno lago represado por dune transversal exibindo mar- cas onduladas (directo preferencial do vento da direita para a esquerda) ‘Compo de dunes dos Lengéis Maranhenses (MA). Foto: |. D. Wahnfried, Pit ee ee ey Fig. 12.22 Duna borcana no lado direito do campo de dunas associada a cadeias borcondides (direcéo preferencial do vento da quenas, no superando 50 m de altura e 350 m de Jargura. No Brasil, estas formas sfo relativamente ra- ras, Porém no litoral, onde a vegetacio limita o fornecimento de areia, formam-se cadeias de dunas similares as barcanas, que recebem 0 nome de eadei as barcandides. Estas diferem das barcanas por ocorrerem unidas, tais como os exemplos no litoral de Laguna, Santa Catarina, ilustrados na Fig. 12.23. Fig.12.23 Cadeias barcandides em Laguna (SC). Foto: PC. F Gianinn. Fig. 12.24 o} Dunas parabélicas, formadas pela destruicéo de uma duna transver- sal; b) Dunas estrela. direta para a esquerdo). ha do Coju, delta do Parnatba (MA). Foto:R. Linsker. Dunas parabélicas Embora semelhantes As dunas barcanas, as dunas pa- rabiilicas diferem dessas pela curvatura das extremidades, que é mais fechada, assemelhando-se & letra U, com suas extremidades voltadas no sentido contritio do vento (Fig, 12.24a). Formam:se em regides de ventos fortes e cons- tantes com suprimento de ateia superior a0 das freas de barcanas. So pouco comuns na América do Sul, limitan- do-se As zonas litorineas. Nestas repides, a vegetacio costeira é importante no controle e evoluco da constru- Gio deste tipo de duna, por ser o parimetro que limita fornecimento de areia. Dunas estrela Estas dunas sio tipicas dos desertos da Arabia Saudita e de parte dos desertos do Norte da Africa. conhecidas na América do Sul. Sua formagao esta dire- tamente relacionada 4 existéncia de areia abundante ¢ a vventos dle intensidade e velocidad constantes, mas com freqiientes variagdes na sua diregio (pelo menos trés di- regbes). O resultado é uma duna cujas cristas lembram (0s maios de uma estrela (Fig, 12.24). fio sio ‘Dunas longitudinais ‘Também sto conhecidas como du- nas do tipo seif; do arabe, descritas originalmente no deserto da Aribia Fig. 12.25). Formam-se em regides com abundante fornecimento de areia ¢ ven- tos fortes ¢ de sentido constante no ambiente desértico ou em campos de cdunas itorineas. Podem atingir dezenas de quilémetros de comprimento e mais

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