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Ao desenvolver 0 formulério basico deste volume, tinhamos em mente o Sistema Inter- nacional de Unidades de Medida (SI), do qual empregamos as seguintes unidades funda- mentais: comprimento — metro (tn); tempo - segundo (s); massa — quilograma (kg) forga — newton (N), kg-m/s?; energia — joule (J), Nem; poténcia — watt (W), J/s, juntamente com suas unidades derivadas de velocidade (m/s), de aceleragao (m/s*), de pressiio (N/m2), etc. Na realidade, todas formulas deduzidas neste compéndio sao dimensionalmente ho- mogéneas, podendo, portanto, ser usadas com qualquer sistema de unidades. Entretanto equagdes empiricas contendo nao-adimensionais — assim como tabelas e diagramas, que foram mantidas em seu aspecto original - sé podem ser usadas com o sistema de unidades para os quais foram elaboradas. Desses sistemas de unidades, 0 mais arraigado na técnica da engenharia é 0 MKIS, cujas unidades fundamentais comumente empregadas sa comprimento —metro (m); tempo — segundo (8); forga—quilograma-forca (kgf); energia - quilograma-forga-metro (kgfm); - quilocaloria (kcal); poténcia — quilograma-forga-metro por segundo (kgfm/s); - cavalo vapor (75 kgfm/s), juntamente com suas unidades derivadas de velocidade (m/s), de aceleragao(au/s*), de Pressio(kgt/m?), etc. As tinicas divergéncias desse sistema em relagao ao SI esti na adogao da unidade de forca vinculada ao peso — e portanto a atragdo da gravidade — e da unidade de energia ca- lorifica vineulada ao aquecimento da dgua, Surgem daf dois fatores de transformagdo que identificam todas as unidades dese: aa © aaceleragdo da gravidade normal —g = 9,80665 w/s", + 0 equivalente calorifico do trabalho mecanico ~ A = 426,935 kefnv/keal ~ 4.186,8 Skeal, Assim, com base nas relagdes entre grandezas definidas pela Fisica: © forca = massa X aceleraciio; * trabalho = fora X deslocamento; * — poténcia = trabalho/tempo, Podemos estabelecer a correlagio entre todas as unidades dos dois sistemas apresentados: kgf = kaeg = kg X 9,80665 m/s? = 980665 N; kgfm = 9,80665 Nin = 9,80665 J; kgf/s = 9,80665 Niv/s = 9,80665 J/s = 9,80665 W; ev = 75 kgfnw/s = 75 X 9,80665 Nmv/s = 735,5 W = 0,7355 kW; 26,935 kgfm = 426,935 x 9,80665 Nm = 4.186,8 J; keal/h = 4.186,8 J/h = 1,163 J/s = 1,163 W; ,86 keal/h; KW = 860 kcal/h. eee eee oe Aunidade de massa do sistema MKfS é a unidade técnica de massa (utm = 0,102 kg), muito pouco usada. Assim, nas aplicagdes desse sistema em que aparece a unidade massa, é prefertvel substitui-la pela relacdo entre o peso ou a forca e a aceleracao da gravidade. Desse modo, substituiremos: © amassa por m = G/g;e * —amassa espectfica por p = m/V = y/g. Nas operagées com ar timido e psicrometria de uma maneira geral, é usual ainda a unidade de pressio em coluna de mercdrio (mm Hg), que, por coeréncia com a tecnologia vigente nessa area, ainda aparece no presente trabalho: © mm Hg = 13,595 mm H,0 = 13,595 kgf/m? = 133,3 N/m2, de modo que a pressao atmosférica normal seria: © po = 760 mm Hg = 10.322,3 mm He0 = 10.932,8 kgt/m? = 101.324,3 N/m2. > * Po» QO S85 RRR omoeh By & * zmrog sSyu® RPP alOoe Equivalente calorffico do trabalho mecanico Dimensées da seco retangular de um ventiiri Calor especifico a volume constante Calor especifico a pressio constante Diémetro Diametro equivalente Diametro hidrdulico Empuxo Fora Peso, descarga em peso Altura Perda de carga no escoamento do ar Coeficiente geral da transmissao de calor, constante Coeficiente de vazio de um ventilador Coeficiente de poténcia de um ventilador Coeficiente de pressao de um ventilador Lado, largura de um ventilador centrifugo, comprimento Dimensdes da segao retangular de uma canalizagao Niimero, ntimero de rotagées por minuto Poténcia mecanica Quantidade de calor, calor liberado por hora, carga térmica Calor latente Calor sensivel Constante dos gases, raio Numero de Reynolds Raio externo Raio interno Resisténcia térmica Superficie Temperatura absoluta, em kelvins (K) ‘Temperatura absoluta correspondente a 0°C Volume, vazio Vazdo em m/s Volume de um ambiente em m° Coeficiente de absorgao do calor Coeficiente de 4rea livre de uma abertura Coeficiente de Area efetiva de uma abertura ; Velocidade, velocidade equivalente a uma diferenca dle pressao total (ventila- dores) Car o Cm Com E Pa ss Boos ss FOO of 3s Py Velocidade de captura Velocidade do ar Velocidade de flutuagéo Velocidade do material no transporte pneumético Velocidade meridiana de safda de um ventilador centrifugo Dimensao de uma partfcula Dimensao das particulas do material no transporte pneumatico Dimensao das particulas em micrometros. Base dos logaritmos neperianos Aceleraciio da gravidade (9,80665 m/s?) Componente gravimétrica do ar Dimensio, altura Perda de carga por unidade de comprimento de uma canalizagao Coeficiente de transmissio de calor por condutividade interna, indice de CO2 Coeficiente de Poisson dos gases Comprimento, espessura Comprimento equivalente de um acessorio de canalizagao Largura na periferia do rotor de um ventilador centrifugo Massa, massa molecular Indice de renovagaio do ar, indice politrépico da transformagao de um gas Pressio Pressao dinamica devido a velocidade, pressao dos ventos Pressiio parcial do vapor de 4gua no ar Pressao de saturacdio do vapor de agua Calor latente de vaporizaciio da Agua, coeficiente de reflexao do calor Relagdio em peso Temperatura em °C, coeficiente de transparéncia ao calor Temperatura a 0°C ‘Temperatura externa Temperatura interna, temperatura do recinto Temperatura do bulbo seco Temperatura do bulbo timido Temperatura de bulbo tmido natural Temperatura de globo Temperatura da parede Temperatura média Velocidade periférica do rotor de um ventilador centrifugo Volume especffico Diferenca de temperatura Diferenga de pressao Diferenca de pressio total Secao Seco da drea de captura Segaio da boca do captor Somatério | ; Somatdrio dos coeficientes de atrito de varios acessorios Coeficiente de transmissao de calor por condutividade externa Coeficiente de transmissio de calor por convecgao mis oa le? 22 8F38 3 52 PR Coeficiente de transmissao de calor por irradia A de safda s ‘ Gao Aa ies ee yes eamistagp Densidade Rendimento Rendimento adiabatico Rendimento hidréulico Rendimento mecdnico Rendimento total Rendimento esttico Coeficiente de atrito Coeficiente de atrito de um acess6rio Coeficiente de atrito do conduto Coeficiente de atrito do ar com o material em s e aaa material em suspensao Componente volumétrica do ar Massa especffica Constante de irradiagao do corpo negro Coeficiente de evaporacio 1.1 DEFINIGOES Da-se o nome de ventilagdo ao processo de renovacdo do ar de um re- cinto. O objetivo fundamental da ventilagao 6 controlar a pureza e 0 deslocamento do ar cm um ambiente fechado, embora, dentro de certos limites, a substituicdo do ar também possa controlar a temperatura e a umidade do ambiente. Oar constitui a atmosfera, massa gasosa que envolve nosso planeta, que tem uma espessura superior a 500 km. Recebe o nome de ar respirdvel aquele préximo ao nivel do mar, numa camada correspondente a 1 ou 2% da espessura total da atmos- fera. A composic¢ao média aproximada do ar atmosférico respirdvel (ar puro), em condigdes normais, é, em volume (composigao volumétrica), importante por caracterizar a propor¢ao das pressdes parciais dos diversos componentes da mistura: ONp, 78,03%; 8 02, 20,99%; 6 CO2, 0,03%; 6 HO, 0,47%; 6 outros gases, 0,48%. Ou, ainda, em peso (composigao gravimétrica): No, 76,45%; gOz, 22,72%; ‘C02, 0,05%; gH,0, 0,30%; g outros gases, 0,49%, além dos inevitaveis odores, poeiras e bactérias, O peso da camada de ar, que circunda 0 globo terrestre, exerce pressao sobre as ca- madas inferiores da atmosfera, e toma o nome de pressdo atmosférica. Ao nivel do mar, a pressdo atmosférica em média normalmente vale 101.322 N/m2 (10.332 kgf/m?) E para a pressdo atmosférica ao nivel do mar que sao definidas as caracteristicas do ar atmosférico, ditas “normais”, as quais, para a temperatura de referéncia de 0°C, valem: constante, R = 287,02 Nm/kgeK (29,27 m/K); massa molecular, m = 28,96 kg/mol; massa especifica, p = 1,2928 kg/m? (0,1318 utm/m®); peso especifico, y = 12,6780 N/m? (1,2928 kgf/m?); calor especifico a pressdo constante, C, = 1,00902 ki/kge°C (0,241 keal/kgf °C); calor espectfico a volume constante, C, = 0,72013 ki/kg°C (0,172 kcal/kgf °C); coeficiente de Poisson, k = C,/C, = 1,4. Oar contido em recintos fechados destinados a habita te. Este, naturalmente, nao tem a mesma composicao do a1 apresentar alteragdes substanciais que o tornam inadequ: cdo toma o nome de ar ambien- T puro, podendo em muitos casos 1ado para a respiracao. Diz-se que um ambiente é salubre quando o ar nele contid fisicas (pressdo, temperatura, umidade e movimentagao) e qui favoravelmente a vida em seu meio. ‘0 apresenta propriedades micas tais que possibilitam 1.2. MODIFICAGOES FISICAS E QUIMICAS DO AR AMBIENTE 1.2.1 PressGo Modificagdes sensiveis da pressao atmosférica normal ocorrem quando nos afastamos verti- calmente do nfvel tomado como referéncia, que é 0 nivel do mar, Como a pressdo atmosférica € uma decorréncia do peso da camada de ar que envolve nosso planeta, ela sofre uma redugao ou um aumento quando nos elevamos ou baixamos em relagao a superficie da Terra. Apresséo atmosférica em um ponto qualquer (p), com referéncia & pressao atmosférica normal (Po = 10.382 mm de coluna de agua), pode ser calculada com boa aproximnagio por meio da. antiga formula de Laplace: log p mm c.a. = log ra ie ,4+0,067¢,, (4) sendo: t, atemperatura média do ar na zona compreendida entre o nivel do mar e o ponto consi- derado; € H_ aaltura, em quilémetros, do ponto considerado em relagao ao nivel do mar. Por outro lado, com a variagao da pressdo atmosférica segundo a altitude, a temperatu- ra do ar também sofre uma variagao de mesmo sentido. D4-se o nome de grau aerotérmico a variagdo de altitude, em metros, que ocasiona a variagdo de um grau centigrado (1°C) na temperatura do ar atmosférico (dH/AT m/°C). Lembremos que, na atmosfera, a energia envolvida na variacdo da pressdo do ar em relagdo a altitude deve ser igual ao trabalho da gravidade. Isto é: * no sistema MKfS, por quilograma-forca de peso, (1.2) sendo 0 peso especifico; * — ou,no Sistema Internacional (SI), por quilograma de massa, pop cee a di p [1.3] sendo p a massa especifica e v (=1/p) 0 volume especifico. Assim, podemos calcular tanto a variagao da pressdo como da temperatura, conforme a altitude, considerando que essas variagdes se déem de acordo com uma transformagao Politropica de indice m, tal que (para maiores detalhes, ver Costa (9), Termodinamica I]: a} de modo que podemos escrever: (R € aconstante dos gases) ou, ainda: = aT g(n=1)" (15) O grau aerotérmico, determinado experimentalmente, vale, com boa aproximacao: gH O 0, ar 77154 m/? C(6,5°C/km), de modo que podemos calcular o expoente politrépico m, que caracteriza a compressao das camadas de ar que constituem a atmosfera. Isto é, segundo a equagio anterior: n = 1,236. Fazendo n=1,236 na Eq. (1.4), PP _ Po pr hae 51236 1 1.238 i256 o-( ’) : Po Esse valor, substituido na Eq, [1.3], nos fornece: 1 py Vm 7 dp=-g dH, Po P =constante, podemos calcular: equagao cuja integral, entre os limites po, Ho (correspondentes ao nivel do mar) ep, H (cor- respondentes a uma altitude qualquer), fornece a expressao: 12356 p= nt orsig PH a] : ‘0 (1.6) que, para as condigbes t = 15°C, po = 101.322 Nim?, py = 1,226 kg/m? e nfvel do mar (Hy = 0 m), reproduz com boa aproximagao os valores que constam da atmosfera padrao da Agencia Espacial Norte-Americana, Nasa (Tab. 1.1). Quando a pressao atmosférica atinge valores muito inferiores & normal (101.322 N/m? = 10.332 kgf/m*), a pressdo parcial do oxigénio do ar (que € diretamente proporcional & pressio total da mistura e A componente volumétrica do oxigénio, isto 6, po, = ,p) torna- se insuficiente para oxigenar a hemoglobina sangilinea nos pulmdes. A respiragéo torna-se dificil e comegam a se manifestar os transtornos conhecidos como “mmal-das-montanhas” ‘Assim, a cerca de 8.00 m de allitule, a pressfo atmostérica cai para dois tergos de set valor ao nivel do mar, e pessoas nao-habituadas a essas altttras podem se sentir mal, TABELA 1.1 Atmosfera padrao segundo a Nasa T o ec} | vim | atin | amity | agin | -1,000 21,5 113.934 11.618 854.5 1,3474 344,2 0 15,0 101.322 10.332 760,0 1,2249 340,4 1.000 8.5 89.878 9.165 674) 1121 336.6 2.000 2.0 79.493 8.106 596,3 1,0062 332,7 3.000 -45 70.108 7.149 525,9 0,9091 328,7 4.000 -11.0 61.645 6.286 4623 0.8189 324,7 5,000 -17.5 54.015 5.508 405,2 0,7365 3207 6,000 24,0 47.180 4.811 353.9 0,6600 316,46 7,000 -30,5 41.060 4.187 308,0 0,5894 312.4 8,000 -37,.0 35.598 3.630 267.0 0,5256 308,2 9.000 43,5 30.744 3.135 230.6 0,4668 303.9 10.000 50,0 26.439 2.696 198.3 0.4129 299.6 11.000 56.5 22.634 2.308 169,7 0,3638 295,2 ‘Acima de 11.000 m, a temperatura da atmosfera se mantém praticamente constante, até altitudes superiores a 20 km. Casos especiais de variacao da pressao do ar que respiramos sao aqueles em que a ati- vidade humana transcorre com auxilio de ar comprimido (atividades hiperbaricas), como as realizadas em cAmaras pressurizadas ou com equipamentos de mergulho. Em tais situ- aces, embora cuidados especiais devam ser tomados com relagao & qualidade do ar, que deve ser puro e conter um minimo de 20% de oxigénio em volume, 0 aspecto mais impor- tante diz respeito a variacdo da pressao. Desse modo, 0 limite maximo de 333.426 N/m? (3,4 kgf/cm”, ou seja, 34 m de coluna de Agua) para a pressio deve ser respeitado. A compressao deve ser progressiva e no exceder 68.647 Nim? (0,7 kgtem?, ou seja, 7 m de coluna de agua) por minuto, © néo se realizaré mais do que uma compressao a cada 24 horas. Maiores cuidados sao exigidos pela descom- ressio, que deve ser lenta, sem jamais exceder 39.227 N/m’ (0,4 kgf/em?, ou seja, 4 m de coluna de 4gua) por minuto. 1.2.2 Temperatura, umidade e deslocamento Esses trés fatores do meio externo sao os responsdveis pelas trocas de calor efetuadas pelo corpo humano com o ambiente, € somente em conjunto podem caracterizar a verdadeira receptividade térmica deste, conforme analisaremos a seguir. Energia e vida Os vegetais transformam a energia solar em energia quimica latente (fotossintese), a qual é facilmente assimilada pelos organismos animais. A matéria viva (protoplasma) é, portanto, um reservatorio de energia quimica latente que, sob certos efeitos excitantes, é libertada sob a forma de energia cinética (mecAnica, calorffica ou mesmo elétrica ou Juminosa), ve- rificando-se nesse processo a perfeita equivaléncia entre a energia quimica consumida e a soma das energias liberadas. Dessa forma, a vida vegetal e a vida animal se completam, estabelecendo-se entre a matéria viva e o meio externo uma verdadeira circulacao da energia solar, a qual 6, assim, a responsdvel por toda a dinamica da vida terrestre Seja qual for o modo pelo qual os organismos animais transformam a energia quimica dos alimentos, 0 que sabemos ao certo é que tudo se passa como se houvesse a combustao das substancias ingeridas, e que o resultado final é a excregao dos produtos da oxidacao e, no dominio energético, uma producdo de trabalho e de calor. Resulta daf que os organismos animais so verdadeiras fontes de calor, necessitando, para desenvolver sua atividade vital, um desnivel térmico em relag&o ao meio externo, como qualquer maquina térmica. Metabolismo humano ‘Ao conjunto de transformagées de matéria e energia que se relacionam com os processos vitais, dé-se a designacao geral de metabolismo. A energia produzida pelo organismo humano na unidade de tempo, a qual pode ser avaliada facilmente em fungao do oxigénio consumido na respiracdo (1 kg O.— 13.649 k. 3.260 kcal), depende de varios fatores: ¢ natureza, constitui¢do, raga, sexo, idade, massa, altura; ¢ — clima, habitacao, vestudrio; * satide, nutrigdo, atividade. A energia minima consumida pelo organismo humano por metro quadrado de super- ficie do corpo - obtida com o individuo em jejum a 12 h, deitado, em repouso absoluto, nor- malmente vestido, sem agasalhos, num ambiente a uma temperatura tal que nao sinta frio nem calor - recebe 0 nome de metabolismo bdsico. O metabolismo bdsico corresponde as despesas do servico fisiolégico puro ou despesas de fundo, e vale em média, para um individuo adulto, de 150 a 167,5 kJ/m?sh (36 a 40 keal/ m2sh). Nessas condigées, calculando a superficie do corpo humano por meio da formula pratica de Dupo! 9 10,4256, 0,7246, ),203G R59 FT, (7) podemos considerar, para um individuo normal, de 1,80 m de altura e 75 kg de massa, com uma superficie corporal de 1,98 m*, um consumo de energia minimo entre 300 e 330 kJ/h (de 708 80 keal/h), ou seja, cerca de 4,2 kJ/h (1 kcal/h) para cada quilograma de massa. Além disso, o metabolismo humano, em keal/hekg, varia: « Com a idade: 6 0 dobro para uma crianga de 5 anos, mantendo-se praticamente constante dos 20 aos 40 anos. « Durante a digestao: sofre um acréscimo apreciavel, dependendo da substAncia in- gerida (6 pequeno para os agticares e gorduras, e elevado para as protefnas). « Nos estados de desnutrigao: diminui. « Nos estados patolégicos: de uma maneira geral aumenta, 0 que constitui indicagao clinica valiosa para a medicina. + —Emcondig6es ambientes adversas, tanto de frio como de calor: aumenta em virtu- de da entrada em operacao do mecanismo de regulacao térmica do organismo. * Com aatividade: aumenta com qualquer esforgo fisico (trabalho mecanico), j que 08 fisiologistas sao acordes em que o trabalho intelectual nao influi praticamente sobre 0 consumo da energia. Assim, no Brasil, a Consolidacao das leis do trabalho (Titulo II, Capitulo V, Normas Regulamentadoras NR-15, aprovadas em 08/06/78) estabelece (Anexo 3, Quadro 3) as taxas de metabolismo a serem consideradas por tipo de atividade e por pessoa, quc sao as repro duzidas na Tab. 1.2. Tapeta 1.2 Taxas de metabolismo humano, segundo a ABNT Tipo de atividade kcal/h * Em repouso Sentado 100 * Trabalho leve , ae Sentado, movimentos moderados com bragos € tronco (datilografia) Sentado, movimentos moderados com bragos e pernas (dirigir) 0 De pé, trabalho leve em maquina ou bancada, com os bragos * abath moderado 180 entado, movimentos vigorosos com bragose pemnas De pé, trabalho leve em maquina ou bancada, com movimentacao ao Mes De ps, trabalho moderado em maquina ou bancada, com movimentae’ 300 Em movimento, trabalho moderado de empurrar ou levantar Trabaiho pesado 440 Trabalho infermitente de levantar, ou arrastar pesos (remogao com PG) 550 Trabalho fatigante Regulagio térmica idade dos organismos animais (e, portanto, suas trocas de calor), mas também as condigdes climaticas do meio externo sao altamente varidveis, é intcressan- te analisar o mecanismo pelo qual eles consegucm manter 0 equilfbrio energético de seus metabolismos praticamente independente tanto de sua propria at ividade como da tempera- tura externa. Uma vez que nao s6 a ativ’ yndigdes cdo meio em que vivern, eles Po- ‘Atendendo a adaptabilidade dos animai dem ser clasificados quanto A temperatura corporal em: animais de temperatura varidvel (poikilotermos), impropriamente chamados de “animais de sangue frio” (peixes, répteis, ete.), nos quais a temperatura do corpo é sempre leveniente superior a do meio ambiente, cujas alteragdes eles acompanham integralmente; * — animais de temperatura constante (homeotermos), impropriamente chamados de “animais de sangue quente” (mamiferos, aves, etc.), nos quais a temperatura do corpo 6 bem mais elevada do que a do meio ambiente e independe das variagoes deste. O organismo humano pertence a segunda categoria, visto que sua temperatura corp6- rea — praticamente independente de raga, idade, clima e da prépria atividade —é da ordem de 37°C. Nessas condigdes, as trocas de calor efetuadas pelo corpo humano com o exterior nao podem ser feitas exclusivamente na forma de calor sensivel; transferido ao meio por condu- tividade externa (condutividade, convecgao e radiacao) e pelo aquecimento dos alimentos, bebidas e ar inspirado, 0 que depende unicamente da diferenga de temperatura entre 0 corpo e o exterior: = ASC, -t, Q,= ASU, -t,)s ay em que A é um coeficiente que depende da temperatura e da velocidade do ar, da natureza, da cor da pele e do vestuério. Para temperaturas entre 18 e 30°C, podemos tomar, com boa aproximagao: A=k(1+ TVs (1+ 0,13 cm/s) [19] onde k, para pessoas de pele branca, vestidas normalmente, vale de 8,4 a 12,6 kJ/hem2s°C (de 2.43 kcal/hem?.°C), Para pessoas agasalhadas, 0 coeficiente 4 independe praticamente da velocidade do ar, podendo seu valor ser inferior a 4,2 kJ/hem?+°C (1 kcal/hem?+°C), Afortunadamente, além do calor sensivel equacionado em [1.8], o organismo humano € capaz de liberar quantidades aprecidveis de calor na forma latente, pelas fungdes de exata- ao (vapor de 4gua expirado pelos pulmées) e exsudagao (evaporagao do suor na superficie do corpo). Essa parcela de calor, entretanto, depende essencialmente da disponibilidade de agua a evaporar (que € controlada pelo mecanismo de regulagio térmica do organismo) e da possibilidade de evaporacao, a qual depende.da diferenga entre as pressdes de saturagao ada agua que est a temperatura do corpo e a pressao parcial do vapor di i Ihara maiores detalhes sobre o ar timido, ver Costa (4) por Oe aaik ao a Q, = BréS(p, - 1, = BréS(p, - p,) kcaV/h, na sendo: B _ umcoeficiente de limitagao da possibilidade de evaporagao que varia, teoricamente, de (a1, definido pelo vestudrio e pelo mecanismo de regulagdo térmica do organismo; + ovalor latente de vaporizacao da agua (cerca de 600 kcal/kg); — 0 coeficiente de evaporagao, que depende da velocidade do ar; § asuperficie do corpo humano (em m?); ps apressio de saturacao da 4gua (suor) A temperatura do corpo dada pela carta psicro- métrica (para a temperatura de 37°C, ela vale 47 mm Hg); e py. apressao parcial do vapor de agua no ar, dada também pela carta psicrométrica, em mmHg, em funcao da temperatura e da umidade relativa do ar. Adotando a medida da pressao em milimetros de mercurio (mm Hg), como € usual na técnica do ar timido, & nos sera dado por: &=0,0229 + 0,0174 crvs. (Luly Dispondo assim de dois meios para transmitir seu calor para 0 exterior, o organismo humano pode conseguir seu equilfbrio homeotérmico, mesmo sob condigdes excepeionais tanto de seu metabolismo como do meio ambiente, como esta esclarecido nos exemplos a seguir, onde foram usadas as unidades usuais, na técnica, quilocaloria (keal) e mm Hg, EXEMPLO 1.1 ee Calcular a quantidade de calor maxima que um individuo normalmente vestido, de 1,8 m? de superficie corporal, pode trocar com o ar ambiente em repouso, nas condi- goes: 1=26,5°C e p= 52% Solugao A quantidade de calor sensivel trocado seré dada pela Eq, [1.9]: Q, = AS(te~ 1.) = 8*1,8(87 ~ 26,5) = 56,5 kcal/h, Eo calor latente m4ximo compativel com as condigdes do meio sera dado pela Eq. {1.10}: Q, = BErS(p,-p,) = 1 X 600 X 0,0229 1,8(47 ~ 14) = 816 keal/h. Podemos concluir que, no caso, um individuo em atividade leve (Q = 150 keal/h, de acordo com a Tab, 1.2) aproveitaria para o metabolismo apenas 11,5% de sua possibi- lidade de evaporagao (B = 0,115), o que resulta numa situagao bastante confortavel. EXEMPLO 1.2 Que quantidades de calor um individuo, normalmente vestido, com 1,80 m? de super- ficie corporal, pode trocar com o ar ambiente, em repouso, a 37°C ou a 70°C? Solugéo 1, As trocas de calor que o organismo humano pode cfctuar com o ambiente a 37°C & = 100% sao nulas, 0 que nos permite afirmar que tais condigdes sao impréprias para a vida humana. . Jéas trocas maximas de calor que o organismo humano poderia efetuar com o ar em repouso, a 70°C e ~ = 10%, seriam: Q, = 3 X 1,8 X (87-70) = -149 keal/h; Q,, = 1 X 0,029 x 600 X 1,8 X (47-30) = 422 kcal/h; Qtotat = 422 - 149 = 278 kcal/h. Podemos concluir que o ambiente em consideragao possibilitaria a vida humana mes- mo sob atividade apreciavel (classificagao conforme a Tab. 1.2, de trabalho em mo- vimento moderado), embora com um grande desconforto, pois aproveitaria toda sua possibilidade de evaporacao (B = 1). Com base nas consideracées e nos exemplos anteriores, podemos facilmente compre- ender 0 mecanismo pelo qual, com as modificagdes naturais das condigdes ambientes e do metabolismo que influem sobre as suas trocas de calor, consegue o organismo humano au- tomaticamente por meio do sistema nervoso muito sensfvel as influéncias do meio ambiente, efetuar sua regulacao térmica. Na luta contra o frio, essa auto-regulagdo é obtida por dois processos, a regulagdo termoquimica e a regulacdo termofisica. A regulagdo termoquimica comanda a produgdo interna de calor, fenémeno no qual provavelmente o figado desempenhe um papel importante. Assim, 0 organismo humano é capaz de acomodar automaticamente a produgao interna de calor, mantendo sua tempera- tura constante, independentemente da temperatura do ambiente, entre os limites corres- pondentes a um metabolismo basico e um metabolismo maximo, dito de dpice, e que é cerca de cinco vezes superior ao basico. Essa regulago, que naturalmente exige grande consumo de alimentos, por si s6, jé da- ria ao organismo uma extraordin4ria capacidade de luta contra 0 frio, a qual com treinamen- to adequado, permite sua adaptagdo a ambientes com temperaturas inferiores a -40°C. A regulagdo termofisica consiste na redugo das perdas de calor, a qual é conseguida por constrigdo vascular cutanea, Esta reduz a umidade do tecido epitelial, diminuindo sua condutibilidade, que cai para metade quando a temperatura exterior desce de 30 para 5°C. Naluta contra o calor, a regulacao térmica é apenas de natureza fisica, j4 que, ao elevar- se a temperatura, a produgao interna de calor, em vez de diminuir, aumenta, o que Se expli- ca pela entrada em acdo do sistema de regulagao térmica, que também consome energia. Assim, para temperaturas ambientes elevadas, a transmissao de calor, que tende a di- minuir, é compensada, em pequena parte pela redugdio da resisténcia térmica da pele, cuja circulagao sangiifnea se ativa; e em grande parte pelo aparecimento do suor, que ao evapo- rar arrasta grandes quantidades de calor. ‘Temperatura efetiva Embora 0 equilfbrio homeotérmico possa ser obtido para varias condigées de receptividade térmica do ambiente, nem sempre estas oferecem a mesma sensagao de bem-estar ao orga- nismo humano. Para caracterizar a sensagéo de maior ou menor bem-estar ocasionada por um ambiente, em fungao de sua temperatura, umidade e deslocamento do ar, adota-se 0 conceito de temperatura efetiva. A temperatura efetiva de um ambiente qualquer pode ser definida como aquela que, em um recinto contendo ar praticamente em repouso (velocidades entre 0,1 e 0,15 m/s) e completamente saturado de umidade, proporciona a mesma sensacio de frio ou calor que 0 ambiente em consideragao. O gréfico da Fig. 1.1, determinado experimentalmente com o auxflio de um grande miimero de pessoas, fornece as témperaturas efetivas correspondentes a diversas condicdes ambientais, caracterizadas pelas temperaturas t, ¢ t, € 0 deslocamento do ar, para pessoas normalmente vestidas e em repouso (ASHRAE). Experiéncias mais recentes sobre conforto térmico [Gacoe(6) e Fancer (5)] permitiram incluir na avaliagdo da temperatura efetiva a influéncia das trocas de calor por radiagao, das vestimentas e também da atividade. * Trocas de calor por radiagio Da influéncia das trocas de calor por radiag4o com as paredes que envolvem o ambiente decorre a definicao de uma temperatura mais significativa, caracterizando a nogo de con- forto do ambiente, que é a temperatura equivalente em meio seco (TEMS): ata, (1.12) onde: {, €a temperatura radiante média medida por um termémetro de globo (termémetro seco, no interior de uma esfera oca com didmetro de ~10 era, pintada de preto); 1, a temperatura de bulbo seco do ambiente; @% 0 coeficiente de transmissao de calor por radiacdo; 0 coeficiente de transmissao de calor por conveccao; © — Influéncia da vestimenta Definida por sua resisténcia térmica, cuja unidade 6 0 CLO: 1 CLO = 0,18 m*he°G/keal = 0,043 m@he®C/kd = 0,1548 m?s°C/ W. 45 r45 35 35 25 20 Temperatura efetiva Temperatura do termémetro seco Temperatura do termémetro Gmido Velocidade (m/s) 1,0, Figura 1.1, Temperaturas efetivas correspondentes a diversas condi¢ées ambientais. ¢ — Influéncia da atividade Definida em fungao do metabolismo, cuja unidade ¢ fixada no MET: 1 MET = 50 kcal/m?h = 58,2 W/m2, Nessas condigoes, foi possivel definir uma nova temperatura efetiva, que por comodida- de foi vinculada a umidade relativa de 50% (proxima a de conforto): a temperatura efetiva de um ambiente qualquer, onde sao definidas a temperatura equivalente em meio seco TEMS, a umidade, a velocidade de deslocamento do ar, 0 tipo de atividade e a vestimenta das pessoas, Trata-se da temperatura uniforme de um ambiente (umidade relativa de 50% ar em repouso), em que uma pessoa, nas mesmas condigdes de vestidrio atividade, teria a mesma sensa¢do de conforto térmico que o ambiente em consideragao. Tal conceitua¢ao possibilitou a publicagao, em 1981, pela ASHRAE (norms 55-74), de cartas de conforto para as mais diversas condigdes de vestudrio e de atividade, importantes para o projeto de instalagées de ar condicionado, onde as condigdes de conforto sdo primor- diais. Por outro lado a legislacao brasileira sobre seguranga e medicina do trabalho, nas suas normas regulamentadoras NR-15, Anexo-3, estabelece os limites de tolerancia para expo- sigao ao calor, através do indice de bulbo timido, termémetro de globo, IBUTG, definido pelas equacdes que seguem: « Ambientes internos ou externos sem carga solar: IBUTG = 0,7tyn + 0,3t,. « — Ambientes externos com carga solar: IBUTG = 0,7tyy + 0,14, + 0,25, onde: tu, €a temperatura de bulbo timido natural; tg atemperatura de globo; e t, atemperatura de bulbo seco. Nessas condigées, os limites de tolerancia para exposigao ao calor, em regime de tra- balho intermitente com perfodos de descanso no mesmo local de trabalho, sao dados pela Tab. 1.3 em IBUTG: Tapeta 1.3 Limites de tolerancia para exposi¢Go ao calor Regime de trabalho Intermitente, com] _Atividade Atividade Atividade descanso por hora no préprio local leve Moderada Pesada Trabalho continuo 30,0 26,7 25,0 43 min de trabalho 30,1306 | 2680280 | 2510259 15 min de descanso 30 min de trabalho 3070314 | 2810294 26,00 27,9 30 min de descanso 15 min de trabalho aon oan os 45 min de descanso : : y Por outro lado, os limites de tolerancia para exposig&o ao calor, em regime de trabalho intermitente com periodos de descanso em local mais ameno, sao dados pela Tab. 1.4, em fungdo do metabolismo (M1). Taseta 1.4 Limites de tolerancia para exposi¢Go ao calor sob trabalho intermitente ‘M (kcal/h) Maximo IBUTG M (kcal/h) Maximo IBUTG 175 30,5 350 26.5 200 30,0 400 26.0 250 28,5 450 25,5 300 27,5 500 25,0 Tanto M como IBUTG sao as taxas de metabolismo e de indice de bulbo timido-tempe- ratura de globo, médias ponderadas ao longo das horas de trabalho e descanso. As taxas de metabolismo de trabalho e descanso devem ser as que constam da Tab. 1.2. 1.2.3 Oxigénio Nem todo o oxigénio que inspiramos 6 aproveitado para a respiragdo, pois o ar expirado contém ainda cerca de 15,4% de oxigénio em volume (Po, = 0,154p). Podemos entao tomar 14% (cerca de 2/3 da porcentagem normal) como o indice ‘minimo de oxigénio aconselhavel para 0 ar destinado a respiragao. Experiéncias tém demonstrado que, ao nfvel do mar, para uma porcentagem de oxigé- nio de 10% ocorre a asfixia e, para 7%, a morte. 1.2.4 Contaminantes e suas fontes Os contaminantes do ar podem ser clasificados em particulas s6lidas, liquidas, gases e vapores, € organismos vivos. Particulas sélidas Particulas sdlidas sao as poeiras, as fumagas e os fumos. As poeiras so particulas sélidas inferiores a 100 umn, projetadas no ar por agéo mecani- ca dos ventos e de processos industriais. As fumacas, por sua vez, s40 particulas sélidas finissimas, resultantes da combustao incompleta dos combustiveis que contém carbono. Jé08 fumos so particulas solidas resultantes da oxidagao de vapores (como, por exern- plo, o éxido de chumbo (PbO), que se forma sobre o chumbo em fusao). Particulas liquidas - mist e fog O mist s4o particulas liquidas produzidas por borrifadores, atomizadores, etc. O espirro de uma pessoa 6 acompanhado da emissao de particulas liquidas que podem ser classificadas como mist. 340 fog 6 formado por particulas liquidas de menor tamanho, resultantes da condensa- cdo de vapores como, por exemplo, a cerragao, o orvalho, etc. Gases e vapores Quando estranhos & composigao normal do ar, os gases e vapores sdo considerados conta- minantes, Nessa condicao esto inclufdos, o diéxido de carbono (CO,), quando em excesso, gases como 0 mondxido de carbono (CO), 0 diéxido de enxofre (SO), o metano (CH,), gases industriais diversos, miasmas, odores de uma maneira geral, grisu, etc.

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