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v esa eae a Director: A.M. Hespanha PUBLICAGAQ QUADRIMESTRAL No 5 1991 em Discussao” Dossier A. M. Hespanha A Emergéncia da Histéria, Rui Ramos A Causa da Histdria do Ponto de Vista Politica. Estudos Fernando Cortés Cortés + José Subtil Sistema Penal e Construgdo do Estado Liberal » Miguel Angel Perfecto Influéncias Ideolégicas no Projecto de Primo de Rivera (1923 - 1930) *Estado da Questo Joao B, Serra O Século XX na Historiografia Portugue- ado Pés-guerra “Em Debate Pedro Lains Foi a Perda do Império Brasileiro um Momento Crucial do Sub-Desenvolvimento Portu- gués? — iI * Valentim Alexandre Lains no Pals das Adivinhas * Leituras «Jornal z edicdes COSMOS Mentalidades Militares na Estremadura Espanhola em Meados do Século XVII’ Fernando Cortés Cortés (Instituto Espanhol de Lisboa) A historia das mentalidades, dos contetidos mentais ? como meio de aproxi- magdo e conhecimento das diversas realidades vivenciais dos homens que num tempo histérico concreto nos precederam, constitui uma das linhas fundamentais da inves- tigacdo, presente nos trabalhos que para o conhecimento dos tempos modernos regionais realiza a historiografia estremenha actual. Nessa linha de investigacéo, juntamente com as andllises globais que procuram a apreensdo plena da totalidade das estruturas mentais 3, outros centraram-se em sectores dos comportamentos humanos perante a morte 4, a doenga 5, as ideias ®, 0 medo 7, os desvios as con- dutas consideradas como habituais §. Com idéntico propésito, mas analisando os comportamentos e mentalidades do homem estremenho perante as instituigdes e a propria esséncia destas, temos que situar diversos trabalhos sobre a Igreja %e © seu Tribunal inquisitorial !°, sobre os municipios '', as Ordens Militares 7 e 0 Exército que luta na regido 3. Todos e cada um destes temas constituem parcelas da totalidade histérica estre- menha dos tempos modernos, pecas a integrar na globalidade dos tempos moder- nos hispanicos, que estariam fragmentariamente explicadas e percebidas sem essa realidade regional. Trés elementos, estreitamente unidos ¢ interrelacionados, encontram-se pre- sentes nos tempos modernos de toda a regido estremenha: Fronteira, Militares e Guerra. A Estremadura aparece condicionada, basicamente, pelo seu cardcter de terra fronteirica afectada pelos acontecimentos politicos que relacionam o reino hispa- nico e o reino portugués: primeiro, nos fins do século XVI, a anexaco de Portugal A coroa castelhana e, especialmente, a luta contra o sublevado reino portugués que se estendem ao longo de grande parte do reinado de Filipe IV e 0 inicio do de Carlos II, para se concluir, j4 no século XVIII, com os conflitos armados que no marco geral da guerra de sucesso espanhola ou das lutas napolednicas, j4 no século passado, se desenrolaram na regido. 51 52 «Badajoz é al presente Metropoli d’Estremadura sostituita alla citta di Merida da poiche revoltata el Portogello é divenuta frontiera, fu destinata piazza d’arme» ", assinala, no inicio de 1669 um viajante italiano, captando na perfei- do, a mais profunda esséncia da cidade de Badajoz e de toda a regiéo nos tempos modernos. A fronteira portuguesa vai marcar intensamente as vivéncias dos homens de toda a regido estremenha, que j4 desde os primeiros momentos dos tempos m vais se caracteriza pela sua condicdo e caracter de terra fronteirica '5. A Fronteira determina e singulariza toda a Estremadura, estreita e profundamente condicio- nada pela violéncia que toda a fronteira sofre. A fronteira muculmana-crista pri- meiro ou castelhano-portuguesa depois, é um elemento determinante de toda a his- téria medieval e moderna da regiao. A fronteira estremenha, além de fronteira de colonizac4o interna, é fronteira de pilhagem '*. A passagem da regido a dependéncia ¢ a orbita dos reinos cristdos medievais vai significar — entre outros caracteres estruturais — a sustentagéo de uma problematica fronteirica presente nos tempos anteriores, j4 habitual na zona. Os conflitos entre cristdos ¢ muculmanos sdo agora substituidos pelos confrontos entre castelhanos ¢ portugueses que dirrimem as suas diferengas sobre a terra estre- menha. Assim, a guerra de Sucessiio (1475-1479) coroa castelhana vai deixar na zona meridional estremenha graves destruigdes materiais, avaliadas em 35 milhdes mrs, ¢ elevadas perdas de vidas humanas !7. Esta problemética de luta no era ori- ginal para a regio que jd nos anos finais do século anterior tinha padecido as nefastas consequéncias derivadas de outro conflito luso-castelhano !8. Os tempos modernos marcam © comego duma etapa de quietude frontei- rica, de pacificas, cordiais e frutiferas relagdes econémicas e comerciais '? que se interrompem, dum modo momentdneo, em 1580, ao produzir-se a incorporacdo do Reino portugués na coroa castelhana. Apesar das operacées militares subsequentes nao ocasionarem as perdas humanas e econdmicas registadas nas lutas finais dos séculos XIV e XV e a pacifica convivéncia se reiniciar depressa, é a fronteira a causadora de um devastador conflito que como consequéncia da sublevacao portu- guesa se vai centrar na Estremadura 7 durante trés décadas, ainda que as suas repercursGes se possam observar muitos anos depois de concluida a luta 21. No comego do século XVIII, quando a regido parece iniciar a recuperacao das conse- quéncias da guerra e da crise de subsisténcia que se regista entre 1673 e 1684, uma nova fase de violéncias e agressées fronteiricas, ligadas agora A guerra de sucesso espanhola, apontam negativas consequéncias 7 que voltardo a repetir-se por oca- sido das guerras napolednicas nas quais quer inimigos 23 quer aliados devastam, pelo menos, a cidade de Badajoz. Com a fronteira, ligados a ela e por causa dela, militares e guerra so elemen- tos habituais da vida estremenha dos tempos modernos. «Muller, Maria Carvalho, eu sali de nossa casa con desejo de fartar-me de sangre dos castejaos...» 25. Com as palavras que se antecedem, no dia 6 de Agosto de 1657, um andénimo soldado portugués iniciava a carta qur remetia a sua esposa. O seu pensamento mostra o espirito que fez com que fosse impossivel a pacifica convivéncia de duas entidades nacionais obrigadas a caminhar por caminhos con- trapostos e enfrentados. Por isto, a guerra, desenrola-se com accdes mtituas de assanhamento, baixeza e sordidez que a convertem num conflito sujo e desprezivel em que se defendem, com prioridade, bastardos interesses pessoais. Nos tempos modernos o valor estratégico da regifio é reconhecido pelos via- jantes que a recorrem e assim, «Badajoz é a praca mais importante de Espanha em relagao as guerras com Portugal... se os portugueses se fizessem donos dela, €m pouco tempo poderiam chegar até as portas de Madrid» 6 pelo que a massiva € permanente presenca de militares constitui uma caracteristica da terra estremenha durante os tempos modernos, especialmente a partir de 1640, momento em que a sublevacdo portuguesa ¢ fronteirica vai determinar o comeco de uma longa etapa na qual o exército e os militares passam a formar parte importante de toda a regiao. Frente a ambos, encontram-se os civis, 0 andnimo e escuro vizinho, duramente pressionados pelas exigéncias derivadas da guerra e da propria presenga do Exér- cito, um dos agressores insdlitos 77 da regido. Os primeiros, os militares, constituem 0 objectivo do presente trabalho, com ‘0 qual pretendemos aproximar-nos das mentalidades colectivas dos militares. Para isso,procedemos a andlise das informagées contidas nos testamentos de cento e qua- renta ¢ seis militares, outorgados na cidade de Badajoz entre 1640 e 1668. Se opta- mos por limitar o lugar de outorga foi em fungéio de um facto que importa desta- car: a centralizago de todas as operagdes da frente estremenha na cidade. Como consequéncia disso, todo o esforco bélico vai realizar-se a partir de Badajoz, cidade que se converte em centro militar e politico da regiao estremenha. A fonte documental utilizada pareceu-nos, em virtude da auséncia de outras que oferecessem maior quantidade e qualidade de informacdo, a mais idénea ja que as suas noticias, mescladas com declaragées de tltimas vontades presentes na mesma, além de nos informar sobre realidades e mentalidades individuais com as quais se podem construir séries de diversas parcelas do comportamento colectivo, merecem elevado grau de credibilidade. Os graus militares que estes homens detém sao os seguintes: 53 54 © quadro precedente requer ainda umas leves clarificagées: a) — No grupo dos altos chefes incluiu-se tanto os graus superiores da hierar- quia militar como os responsdveis mdximos das estruturas financeiras e logisticas da maquinaria bélica. Dentro dos primeiros incluem-se os Mestres de campo 8, capitdies generais do Exército da Estremadura , sargentos, j4 superiores ou gene- ral de Batalha * e outros graus *!. Entre os segundos, os pagadores >, contado- res 33, generais, Oficial da Artilharia * ... b) — Os cinco testamentos englobados no grupo dos auxiliares compreendem os de quatro criados de capitdes generais do Exército 35 e um carreteiro do trem de artilharia 3°, Todos coincidem, especialmente os quatro primeiros, em nao serem combatentes directos, circunstancia mais duvidosa no caso do carreteiro. c) — Em dois dos ajudantes 3’ nao se indica a que grau militar pertencem, ‘a0 passo que 0 terceiro testamento aqui incluido corresponde a um ajudante de Oficial de Artilharia >. d) — No grupo outros reunimos individuos da sanidade militar °°, engenhei- ros “ e homens que tratam dos aspectos burocraticos ¢ administrativos da luta 41. e) — Em principio, a variedade de graus militares encontrados foi distribuida entre os graus assinalados. No entanto, a pouca operatividade que na andlise poste- rior apresentava a tipologia inicial e, sobretudo, as grandes semelhangas que entre alguns graus se registavam, aconselharam o seu agrupamento em apenas quatro categorias: — Soldados, compreendendo estes e os auxiliares, trinta testamentos. — Officialidade inferior, na qual se incluem alferes, ajudantes ¢ os simples sar- gentos, dezassete testamentos. — Oficialidade média abarcando capitaes, tenentes ¢ os englobados sob o grupo de outros, setenta e quatro testamentos. — Altos chefes, vinte e cinco testamentos. Além dos testamentos, foram duas as fontes documentais marginalmente utili- zadas: as cartas de dote e os inventdrios post mortem. Com este caudal informativo € possivel a andlise dos seguintes campos: A) — AS PROCEDENCIAS GEOGRAFICAS. Nos seguintes casos, os testamentos analisados contém uma informagio sobre a procedéncia geografica do militar que 0 outorgou: Soldados Oficialidade inf. Oficialidade média Altos chefes Total A percentagem total de informagées sobre as zonas de procedéncia dos homens da milicia é elevada, de tal maneira que os dados delas deduziveis sao representati- vos da realidade do momento. Além disso, as diferencas percentuais existentes entre cada uma das categorias revelam um facto a destacar: no conjunto dos cidadaos, os militares séo tanto mais conhecidos quanto mais elevado € 0 grau que detém. Assim, as informagdes sobre o lugar de origem dos altos chefes militares so per- centualmente mais reduzidas que nos soldados ou na oficialidade inferior. Estes, gente andnima, humilde e de baixa condi¢ao social, para serem identificados e reco- nhecidos, precisam que o notario recolha a maior quantidade possivel de rasgos personalizadores. Um deles é o seu /ugar de origem, informacao que, por nao neces- sdria e conhecida, é mais escassa nos altos chefes. As procedéncias regionais informadas pelos testamentos que estud4mos, em valores absolutos e percentuais, séo os seguintes: PROCEDENCIA REGIONAL DE MILITARES DO REAL EXERCITO DE ESTREMADURA “* Sold, Of. inf. Of. média Altos chefes Tot. % Tot. % Tot. % Tot. % Andatuzia 4 4} 7 | 4 | 9 is | 4 | as Astirias 2 7/-/;-|]-]-]-]|]- Castela—Leio 1 4 1 6 16 27 be es Estrangeiro 3 u 2 1 1 is | 4 | os Estremadura 1s | 6 | 5 31 | 8 3] — |= Galiza Se 3 ]/-—] - ‘Navarra cat cas - - 1 2 1 6 Pais Vasco -/-]-]-|«4 7 1 6 Reino de Aragao -|- 1 6 5 8 1 6 O quadro anterior, especialmente nos seus valores percentuais, evidéncia um conjunto de factos importantes: a) — Os soldados, estrato inferior da classe militar, séo primordialmente estre- menhos. Depois destes, ainda que a considerdvel distancia, os andaluzes e os mer- cenarios estrangeiros, ao passo que os contributos humanos das restantes regides peninsulares séo muito mais reduzidos. b) — A fracgao maioritaria dos oficiais inferiores procedem da vizinha Anda- luzia enquanto que os estremenhos passam a ocupar o segundo lugar. Os estrangei- Tos apresentam niveis préximos aos que se encontravam no grupo dos soldados, a0 passo que a regido castelhana-leonesa mantém a sua reduzida participacdo. c) — Pelo contrario, Castela-Ledo é a regiao peninsular que proporciona um maior numero de oficiais médios, enquanto que a participacéo estremenha volta 55 56 a sofrer uma nova reducdo, sendo ultrapassada pelos contributos dos estrangeiros e dos andaluzes. 4) — Os altos chefes mostram uma tripla procedéncia, com valores muito pré- ximos entre si: Castela-Ledo, Andaluzia ¢ os estrangeiros. A participacdo estreme- nha desapareceu totalmente, enquanto que a de outas regides peninsulares- Astu- rias, Galiza,... — é to reduzida como nas categorias anteriores. e) — Comparando os diferentes valores percentuais das regides estremenha ¢ castelhano-leonesa encontramos a forma como se produzem trajectérias diame- tralmente opostas. Com efeito desde os soldados, nivel inferior do Exército, aos altos chefes, os valores de Castela-Leao vao aumentando e passam de quatro para trinta e um por cento. Para a regido estremenha a situacdo é contrdria: passa-se de um contributo de sessenta e quatro por cento dos soldados para treze por cento da oficialidade média, j4 que nao existe — pelo menos nao encontramos o seu testamento — nem um sé alto chefe do Real Exército da Estremadura que seja oriundo da regio. Os factos sdo indubitaveis. A sua explicagdo poderé estar ligada com a condi- go econémica dos soldados e oficiais “, especialmente, os altos chefes. Estes, pes- soas que encontram na luta a ocasido de melhorar econémica e honorificamente, s&o estranhos a terra estremenha enquanto que os soldados, gente que nalguns momentos padece até de caréncias alimentares e nao tem as possibilidades dos seus chefes, so primordialmente estremenhos. Com eles, andaluzes e estrangeiros inte- gram o Exército que desde a Estremadura luta contra Portugal *. f) — Se agruparmos as procedéncias de todos os oficiais e comparamos as percentagens resultantes “ com as obtidas na andlise das actas dos enterros 4” pode observar-se a semelhanga de origens regionais que informam ambas as fontes docu- mentais. B) — A CONDICAO SOCIO-ECONOMICA: A MENTALIDADE SUMPTUARIA. JA o vimos acima: em linhas gerais, a situac&o econémica dos soldados encontra- -se proxima da pobreza ao passo que os oficiais aparecem como pessoas dotadas de uma posicdo econémica mais desafogada. Assim, os primeiros so os que maio- ritariamente nutrem o sector de profissionais pobres do Exército, enquanto que os Oficiais, pela sua situacdo econdémica, outorgam maior numero de testamentos. Contudo, o grupo dos oficiais do Exército é tao diverso que no status sécio- -econémico dos diversos graus que o integram existem profundas diferencas de tal maneira que os estratos inferiores da oficialidade (alferes, sargento, ajudante...) se aproximam dos soldados pelas suas condigdes de vida e econédmicas; pelo con- trario, a oficialidade média estd mais préxima dos altos chefes. Isto é, existe uma relagdo inversa entre a pobreza e o grau possuido pelos militares, podendo afirmar- -se que a maior graduagao militar corresponde reduzido nivel de pobreza. De idén- tico modo, a menor grau na milicia, corresponde uma maior possibilidade de situa- des de pentiria econémica. © facto ¢ evidente. Se entre os homens do Exército que so declarados pobres na cidade de Badajoz diferenciarmos entre os trés estratos da oficialidade e os sol- dados, os valores da pobreza que encontramos sao os seguintes: POBREZA NOS COMPONENTES DO EXERCITO Badajoz, 1640-1668 Profissionais % pobres. | de pobreza [ona inf. 56 27 Ofici. média #9 22 nw Altos chefes *° 2 1 Soldados 123 61 Total 203 100 Temos que destacar a pobreza dos soldados. Complementando 0 conhecimento sobre os homens do Exército, so os altos chefes que raramente aparecem qualifi- cados como pobres. Outros factos e documentac4o confirmam as diferengas de situacdo econémica entre os militares. a) — O mesmo numero de testamentos encontrados nos Protocolos Notariais da cidade de Badajoz: a pobreza dos soldados e oficiais inferiores origina os Poucos testamentos que os componentes de cada grupo outorgam, sendo eles os massivos integrantes do Exército. De idéntica forma, a boa posi¢do econémica dos altos chefes e da oficialidade média faz com que outorguem maior numero de tes- tamentos apesar de serem muito menos do que os incluidos nos dois grupos ante- riores. b) — Ja analisémos *! como os graus superiores do Exército séo uns dos grandes possuidores de escravos, propriedade custosa, s6 ao alcance das economias fortes. c) — Os inventarios post mortem. Do mesmo modo que sucede com os testa- mentos, séo muito mais abundantes os efectuados sobre as propriedades dos altos chefes e oficiais médios que os relativos aos restantes membros do Exército. Além disso, frente as reduzidas e pouco valiosas propriedades dos soldados ‘2 ou outros graus inferiores *3, alguns inventérios de capitdes contém referéncias a bens de raiz * ou a elevadas quantidades de prata trabalhada 55, A posigdo dos altos chefes € andloga e os inventdrios dos bens que possuiram mostram as suas disponibilidades em dinheiro efectivo *, os seus escravos 5’ ou bens diversos, quando vendidos em hasta publica, rendiam avultadas somas 58. Uns e outros — capitaes e altos chefes — patenteiam uma mentalidade sump- tudria, traduzida quer na detenedo de escravos e de criados como na posse de jéias 37 58 e miiltiplos utensilios de prata, elementos mais destacados dos seus haveres, para além de possuirem grandes quantidades de roupa pessoal, branca ou de cor, junta- mente com elementos decorativos — quadros, espelhos, tapecarias,... — ou sump- tuosas equipagens domésticas ou de servico em campanha. Com armas e cavalos € uns quantos livros séo os haveres fundamentais destes homens. A propria comodidade e bem-estar na campanha, nos dias em que o Exército sai para combater em campo aberto, parecem preocupar de modo extraordindrio estes homens e assim, nos seus inventdrios post mortem figuram desde tendas *° a coches de servigo pessoal ® sem esquecer outros elementos mais subtis como canastras °' catres de campanha mais ® ou menos ® completos, arcas “ € outros elementos que contribuem para melhorar as condicdes de vida fora da cidade © ¢ demostram o luxo que os rodeia , Pelo contrario, este tipo de bens nao surge entre os haveres dos graus militares inferiores, sejam oficiais ou soldados. Dois factos destacariamos: 1) — As profundas diferengas vivénciais que separam os chefes militares mais elevados dos restantes componentes do Exército. 2) — O reduzido espirito de luta que parecem mostrar alguns dos privilegiados que exercem a chefia bélica, mais atentos 4 propria comodidade que a realizacao de um esforco pessoal que conduz a definitiva conclusdo da luta. Assim, o Exército da Estremadura surge como um heterogéneo conglomerado onde entre os seus componentes existe uma clara dissimetria que esteriliza a intengdo de derrotar o inimigo portugués. Os chefes, preocupados com a sua prépria comodidade, inclusi- vamente em campanha, séo exemplos acabados do desinteresse de todos, deles e dos soldados que protagonizam deser¢es massivas, perante o resultado final do conflito. Mentalidade sumptuéria e posic&o econdmica privilegiada esto presentes nos estratos superiores da oficialidade. Possessio de escravos e de criados séo provas de ambas as realidades que caracterizam e definem este grupo militar. Os seus mem- bros surgem nos Livros de Defuntos ©’, nas cartas de compra e venda de escra- vos ® ou nos testamentos que outorgam, como possuidores de escravos e criados que os auxiliam. Com efeito, alguns destes cento e quarenta e seis testamentos, outorgados por militares, que analisamos contém referéncias 4 possessiio de escravos ®, a sua entrega em heranca 7 ou a sua libertacao 7! € noticias sobre os criados que set- vem ao testador, aos quais se deixam bens 7 ou se ordena 0 abono dos saldrios que se Ihes devia 7, Assim, ainda que em certas ocasides nao se pormenorizem nem especifiquem os criados com que se contava ™, no quadro seguinte resumi- mos 0s criados escravos que possuiam os componentes de cada uma das catego- rias militares diferenciadas: ESCRAVOS E CRIADOS DOS COMPONENTES DO EXERCITO Badajoz, 1640-1668 Grau militar 30 soldados 17 oficiais 74 off. médios 25 altos chefes Resumindo, existe uma clara diferenca entre, por um lado, os soldados e a oficialidade inferior e os restantes oficiais e chefes do Exército, por outro. A situa- ¢ao econdmica dos primeiros nao Ihes permite disporem de criados ou serem donos de escravos. Os segundos, econémicamente melhor dotados, podem possui-los. Con- tudo, apesar da préximidade de status sdcio-econémico em que se encontram os altos chefes e a oficialidade média, entre ambos existem diferencas e a posigéo daque- les aparece sempre como a mais elevada, tanto social como econémicamente. Os altos chefes militares ocupam a ctipula da estrutura social dos cidadaos e, além disso, costumam ser conscientes de tal facto. Assim, quando julgam encontrar-se com reduzidas disponibilidades econémicas: «... pego e stiplico com todo o sentimento ao Exmo. Sr. Marqués de Cara- cena, capitéo general deste Exército, que digne mandar que se assista com todos 0s gastos que forem necessdrios para o meu funeral, de acordo com a minha con- digo...» 5, Todo este conjunto de haveres contrasta com a escassez de bens iméveis que possuem. Ha, no entanto, que efectuar uma diferenga em fungao de dois tipos de militares que, pelo menos, se intui nas fontes documentais manejadas: uns residem transitériamente na cidade, sem a companhia da familia, sem a intengdo de perma- néncia nela, cujos bens séo conhecidos através dos seus testamentos ou dos seus inventérios post mortem; outros so os que casam com vizinhas de Badajoz, pelo que procuram um assentamento mais permanente nela. Em ambos os grupos se observa essa mentalidade sumptuaria mas enquanto que nos primeiros nao parece que a posse de bens iméveis na cidade ou nas suas redondezas tenha sido a sua preocupacdo dominante, entre os segundos isto é mais forte. As cartas de dote outorgadas perante o notario, nas quais os militares decla- ram terem recebido os bens nelas especificados, entregues por um familiar, geral- mente os pais, da mulher com a qual v4o contrair ou contrairam matriménio, ofe- recem um novo caminho de aproximagiio para o conhecimento do status social e econdémico dos homens do Exército. 59 Na documentacdo notarial analisada, escrituras subscritas na cidade de Bada- joz, encontrémos apenas vinte e trés cartas de dote outorgadas entre 1640 e 1668 por militares, Os graus militares dos homens que os subscrevem sao estes: CARTAS DE DOTE DE MILITARES Badajoz, 1640-1668 Soldados 7 Auxiliares 77 Alferes 78 Ajudantes Capitaes # Outros # Agrupando-os com os mesmos critérios que os usados na andlise dos testamen- tos, as cartas de dote correspondentes aos soldados sao quatro; cinco aos oficiais inferiores e quatorze aos oficiais médios enquanto que no se dispde de nenhuma subscrita para um alto chefe. A carta de dote, além de significar a posse de alguns bens materiais com os quais a situacdo econémica do casal fica perfilada, testemunha o prestigio social ® dos cénjuges. Por isso, a adscrigdo das encontradas aos graus militares bdsicos con- firmam a reduzida categoria social dos soldados e da oficialidade inferior do Exér- cito, também as complementando e originando, escassas possibilidades econdémi- cas, patentes, em primeiro lugar, no reduzido ntimero de soldados ou de oficiais inferiores que acedem ao matriménio com bens que garantam o seu desenvolvi- mento econémico na nova vida que iniciam. Ao contrario, a oficialidade média, de status econdémico e social mais elevado, subscreve um maior numero de cartas de dote. No entanto, ndo encontrémos nem uma sé subscrita por altos chefes, 0 que, de algum, modo, pode interpretar-se no sentido oposto ao que dissemos sobre a sua preeminéncia social e econémica; possivelmente, a causa que explica a sua carén- cia esta ligada com o seguinte facto: aos postos supremos da responsabilidade mili- tar acede-se apés uma longa permanéncia no Exército, com idade madura, na qual iA se contraiu matrimémio. Talvez por isso as suas cartas de dote ndo se outorgaram nos notdrios de Bada- joz. O certo € que nao as localizdmos e ainda que ignoremos a sua causa, podemos assegurar que estes altos chefes gozam de um elevado status econémico e que se . encontram no topo da estrutura social. Mas nao é apenas o ntimero de cartas de dote encontradas que é relevante. O importe médio das outorgadas pelos membros de cada categoria militar confir- mam as diferencas econdmicas e sociais que entre os diferentes componentes do Exército se produzem. No quadro seguinte recolhemos 0 valor médio das corres- pondentes a cada categoria: O DOTE DOS COMPONENTES DO EXERCITO Badajoz, 1640-1668 Soldados Ofici. inferior Ofici. média A situagdo econémica dos soldados e da oficialidade inferior fica patente nos importes médios encontrados: frente aos duzentos e cinquenta ducados escassos, que era o dote médio do soldado, pagos, em certas ocasides, pelo amo a quem a sua esposa servia como criada ®, a oficialidade média recebe bens dotais supe- riores aos mil e setecentos ducados. Em cifras absolutas, as cartas de dote mais elevadas de cada categoria so: 3.852 reales para um soldado *; 11.088 reales para um alferes 5 e 51.554 reales para um capitdo *, Os dotes recebidos pelos diferentes graus militares apresentam nao sé diferen- gas quantitativas nos seus importes médios como também profundas divergéncias nos seus aspectos qualitativos. Assim procurando precisar 0 que da simples leitura das cartas de dote se apresentava como mera intui¢do, agrupdmos os bens recebi- dos em oito conjuntos ou estratos tipolégicos: — Propriedades imobilidrias ou bens de raiz: incluimos casas, terra agricola — vinhas, olivais, de sementeira, hortas — e «... la bista de una bentana con su apogento en la placa publica desta ciudade ...» *7. — Mobiliério — Utensilios domésticos, considerando como tal, artigos diversos que com- preendem artesas, talhas, tapetes, utensilios de cozinha, colchdes, candeias,... — Roupa doméstica: colchas, lengéis, toalhas de mesa, guardanapos, coberto- res, toalhas,... — Roupa pessoal — Jéias e dinheiro — Adornos, fundamentalmente quadros, esculturas, tapetes e espelhos. — Alimentos, englobando produtos agricolas — trigo, cevada, azeite,... — ou de outra procedéncia * destinados ao autoconsumo também animais domésti- cos ® ou de trabalho no campo ™. © cdleulo dos importes parciais que se invertem em cada um dos diferentes estratos possibilita a confirmagio dos factos que indicavamos. No quadro seguinte incluiram-se os valores percentuais que os importes de cada um destes grupos repre- 61 62 senta, estabelecendo a diferenca entre as diferentes categorias hierarquicas do Exército: SECTORES INTEGRANTES DO DOTE DE MILITARES Badajoz, 1640-1668 —o =] Soldados Off. inf. Offic. médi Bens iméveis - 22 39 Mobilidrio 9 10 8 Utensilios doméstico 10 5 6 Roupa doméstica 24 18 10 Roupa pessoal 16 12 Joias ¢ dinheiro 35 30 19 Adornos 3 3 Alimentos 6 - 8 Total 100 100 100 Como factos mais destacdveis encontramos os seguintes: a) — Os bens iméveis recebidos pela oficialidade média apresentam clevados valores. Frente a eles, os da oficialidade inferior s4o mais reduzidos, enquanto que nem uma s6 das cartas de dote dos soldados encontradas contém este tipo de pro- priedades. O facto é coerente com a diferenga sdcio-econémica existente entre os estratos inferiores do Exército e a oficialidade média: a situacdo econémica dos primeiros dificulta e atrasa 0 seu acesso & propriedade dos bens de raiz, 0 que, além disso, testemunha a sua reduzida categoria social. valor de trinta e nove por cento, o mais elevado dos estratos das suas cartas de dote, prova o especial interesse destes homens, que ao casarem com vizinhas de Badajoz parecem procurar, pelas propriedades nisticas e urbanas que recebem, © seu assentamento na cidade. Com elas vao incrementar 0 seu poder econémico € 0 seu prestigio social. b) — Na mesma linha temos que situar as diferengas presentes no grupo dos adornos. As insuficiéncias econémicas dos soldados traduzem-se na auséncia deste tipo de objectos que as suas cartas de dote registam. Légicamente, a escassez de recursos obriga a prescindir do acess6rio e procura-se iniciar a vida matrimonial com a possesséo de outro tipo de objectos mais necessdrios que um quadro ou um espelho. Possivelmente por isso, os valores percentuais de utensilios domésticos ¢ roupa que recebem os soldados sejam os mais clevados das trés categorias milita- res diferenciadas. c) — Os grupos militares registam uma considerdvel semelhanca entre os valo- res percentuais de mobilidrio recebido. ) — A BUSCA DA SALVAGAO ETERNA Os testamentos dos militares — como qualquer um outorgado nos tempos modernos — contém as siltimas vontades dos homens que as subscrevem. Entre estas, ocupando o primeiro lugar das preocupagées individuais, encontram-se as encaminhadas a garantirem a prdpria salvacdo, espiritual e eterna e a colaborarem na de familiares, conhecidos, amigos e, em geral, de todas as almas que necessitem. As promessas destes militares que outorgam os seus testamentos na cidade de Badojoz, permitem constatar um conjunto de factos, comportamentos, mentalida- des ¢ atitudes dos homens do Real Exército da Estremadura. Nao sao, de modo algum, privativas deste grupo social mas sim habituais na Estremadura Moderna 9! €, possivelmente, na Peninsula Ibérica. Sao manifestagdes da primordial preocupa- do da obtencdo de um seguro e ajuda espiritual com os quais a consecugéo da salvacao eterna fique garantida. Para isso: a) — Ordena-se * 0 ser amortalhado com habito branco de Santo Agostinho, de Nossa Senhora das Mercés % ou o de Sao Francisco *. Tudo se faz, «... para ganhar gracas e indulgéncias que estfio concedidas pela dignidade apostélica aos que a levassem por mortanha...» °° b) — Elege-se uma sepultura situada nas proximidades do altar-mor %, na capela-mor %” e, inclusivamente, «... na abébada... que é onde se sepultam os reli- giosos de tal convento...» 8. Ou seja, procura-se colocar o proprio cadaver num lugar proximo ao da cele- brago das ceriménias eclesidsticas, pois se aos excomungados a Igreja, «hes nega a sagrada sepultura, afastando-os tanto de si que os manda enterrar onde nfio che- gue o som dos Oficios Divinos...» ° é evidente que a proximidade a estas cerimé- nias, na mentalidade da época é altamente benéfica para a consecu¢do da salvacdo eterna, objectivo essencial para todo o catélico. ©) — Encomendam-se missas com as quais se pretende cooperar na salvacdo, propria ou alheia. Além de profundas diferencas quantitativas, nas missas que se ordenam, existem diferencas qualitativas que compreendem apelos interessados aos Santos, os quais funcionam como intermediarios perante um Deus demasiado dis- tanciado ' do homem do séc. XVII. Do mesmo modo, encomendam-se missas para os momentos imediatamente posteriores '®! 4 propria morte ou missas em altares especializados '"2, Com todas estas praticas procura-se 0 rapido transito pelo purgatério e a rdpida chegada ao desejado destino final do catélico. Mas estas actividades, e outras nao especificadas ' necessitam de dinheiro: seja para as missas que se determinam , para ser enterrado com determinado habito '5 ou para «... confortar-me e ajudar-me a bem morrer...» 19 a procurada seguranga espiritual custa dinheiro. Elevadas somas de dinheiro ' que a Igreja recebe como pagamento dos desejos da imortalidade fomentados pelos seus homens. © custo econémico da salvacdo origina uma profunda diferenciagdo social perante a morte, pois como ja foi destacado, a igualdade perante a morte nao existe 198. 63 A pobreza privard as pessoas que a sentem dos socorros espirituais que aju- dam a sua alma. Por isso |” «...ndo se lhe disse missa cantada nem rezada por nao ter com qué...» enquanto que as pessoas dotadas de poder econémico o empre- gam a garantir a sua salvacéo. Assim, a andlise das mentalidades, vislumbradas € presentes nos testamentos militares, patenteiam novamente as tao assinaladas dife- rencas econdmicas e sociais que afectam as diversas categorias militares. Para isso, vamos centrar-nos em dois aspectos bem concretos: 0 niimero de missas que se encomendam e o lugar de inumagdo ordenado. Nem sempre o testador determina e quantifica, precisa e claramente, o numero de missas que deseja que se rezem pela sua alma e as suas intencdes. Assim, se deixam as promessas espirituais 4 livre disposic¢do dos testamenteiros 1°, em fun- co dos fundos que se obtenham da venda de todas '!! ou de parte '!? das pro- priedades que se tinham e chega-se a instituir a propria alma como herdeira univer- sal !3, simbolo de uma mentalidade movida pelo egoismo "4 e preocupada somente com a sua salvacdo. Quando os bens escasseiam, pede-se a um familiar determinado, « ... que por nao ter como nao tenho bens para o meu funeral se digne mandar dizer pela minha alma as missas que fossem necessérias e fazer o que eu faria se chegasse 0 caso...»!!5, As referéncias das promessas espirituais nao faltam nos testamentos estudados pelo menos, assinala-se que, « ... no referente ao mandar rezar missas remeto-o a minha mulher, de quem me fio...» |! ou se recorre a apelos 4 solidariedade de classe, facto que prova a persisténcia perante a morte, e ainda posteriormente, das diferengas sociais que se registam entre os membros do Exército. Para isso, pede-se «...que se faga comigo o que com os outros cavaleiros do avito de Santiago e Mes- tres de campo se faz...» "!7 ou deixam-se 4 determinacdo do senhor a quem se serve outros aspectos relacionados com o proprio funeral: «...como o fazem com os outros criados que morreram ao seu servigo...» 1!8, Estas séo expressGes que testemunham © critério igualitdrio e diferenciador entre os diversos grupos sociais: igualitdrio com respeito aos membros de um mesmo grupo mas diferenciador frente aos outros. Resumindo, em cento e seis testamentos, 73% do total analisado, especificam o ntimero exacto de missas ordenadas. Diferenciando as categorias militares estabe- lecidas encontramos os valores contidos no quadro que se segue: MISSAS ORDENADAS NOS TESTAMENTOS DE MILITARES Badajoz, 1640-1668 Missas ordenadas Ne testamentos | Total = Soldados 25 329 Ofie. inf. 8 285 Offic, média 56 812 Altos chefes 17 1.558 O numero médio de missas que cada grupo militar ordena volta a exprimir as diferencas sociais e econémicas que entre eles se registam. Da mesma forma, a andlise do lugar sagrado em que os militares ordenam que se deposite o seu cadaver, promessa que esta contida na quase totalidade dos testamentos analisados '!? é uma nova prova das diferencas existentes entre os fiversos graus da milicia. A informagao dos testamentos militares assinala os seguintes lugares de inu- magao: © LUGAR DE INUMAGAO DE MILITARES Badajoz 1640-1668 CONVENTO DE: Santo Agostinho 3 Sao Francisco 3 Sao Gabriel - S40 Domingo 1 Companhia de Jesus - Santa Luzia - Santissima Trindade 1 IGREJA DE: Catedral 4 Conceigao 1 Santa Maria Santo André - HOSPITAL DE: Santa Vera Cruz - 1 1 - A Piedade - - fo an lSvBu loeeta ee mene De modo resumido, encontramos os seguintes valores: O LUGAR DE INUMAGAO DE MILITARES (valores absolutos ¢ percentuais) Badajoz, 1640-1668 Lugar de Inumaczo Soldados | Ofc. inf. | Ofic. média | Altos chefes Tot. % | Tot. % | Tot. % | To. % Conventos 8 | 33 | 11 | 65 | 54 | 78 | 19 | 83 Igreja 16 | 67 | 5 | 29] 13 | 19 | 4 | 17 Hospitais See ee | 2 | | 100 100 100 100 65 66 Os quadros anteriores possibilitam a confirmagdo de uma série de factos aos quais jé fizemos referéncia °: a) — Os militares que outorgam testamentos gozam de um certo nivel econd- mico que lhes permite nado serem enterrados nos hospitais ou nos cemitérios da cidade, j4 que neles eram depositadas, de modo prioritario, as pessoas sem bens 12! ‘ou que por outros motivos !22 se encontrassem imersos nos escaldes inferiores da sociedade local. ORIENTAGAO DAS MISSAS EM TESTAMENTOS DE MILITARES Badajoz, 1640-1668 9 ‘Almas de familiares 13 9 12 3 Imas do Purgatério 7 4 6 4 Pers. y carg. con. 8 5 1 1 Penitenc. mal cump. 1 4 1 1 Pela primeira vez oficiais e soldados oferecem valores percentuais andlogos. Um dos poucos comportamentos coincidentes entre ambos é este aqui registado, em que ambos mostram a intensidade da preocupacdo pela sua prépria salvacao frente ao reduzido valor das missas que se encomendam pelos familiares ja faleci- dos ¢, sobretudo, por outras pessoas que nao conheceram, por essas anénimas almas do Purgatorio as quais se dedicam, como maximo, sete por cento das missas orde- nadas. ‘Apesar destes comportamentos to préximos e andlogos, poderiamos referir leves diferencas existentes entre soldados e altos chefes. Enquanto aqueles dedicam 15% das suas missas as almas do Purgatério e ao peso de consciéncia, estes s6 empregam, com o mesmo objectivo, 5%. Séo os primeiros, os soldados, pessoas que vivem com maior intensidade o preceito evangélico da caridade, enquanto que 0s segundos, os altos chefes do Real Exército da Estremadura, somente se ocupam da sua salvagdo, pouco se importando com os seus irmdos? Ambas as percentagens parecem assinalar esta orientago, que ndo nos atreveriamos a assegurar. D) — O MILITAR, PRODUTOR DE ILEGITIMOS A massiva presena de militares que a partir de 1640 comecam a estabelecer-se na cidade de Badajoz vai repercutir-se na filiacdo ilegitima. J4 se fez referéncia a subida percentual que se produz nas taxas de ilegitimidade nos anos de luta e a elevada participacdo dos membros do Exército na unica categoria de ilegitimos de que conhecemos o progenitor e assim, para a época de seiscentos na cidade de Badajoz, os filhos de pai conhecido e mde desconhecida concentram-se nesse tempo bélico € so procriados por militares. A filiacdo ilegitima que os militares produzem encontra-se presente ndo sé nas fontes paroquiais e nos seus Livros de Baptismo, como também nos testamentos nos quais, perante a proximidade da morte, para descargo de consciéncia '5, para assegurar o futuro do ilegitimo 6 mas, sobretudo, para reconhecer a paterni- dade !2’, se incluem informagées que provam como a produgao de ilegitimos pos- sui directa relacdo com o grau militar e as categorias em que foram agrupados de forma que a menor nivel hierdrquico, menor nivel participativo na paternidade de ilegitimos. O facto est patente no quadro que se segue no qual incluimos o numero de testamentos analisados em cada categoria militar, o de ilegitimos neles declarados e o hipotético numero de ilegitimos que cem membros de cada grupo militar produziriam. Assim o niimero de ilegitimos produzidos pelos altos chefes € considerdvelmente mais elevado que 0 dos soldados, por sua vez mais reduzido que os ilegitimos engendrados pela oficialidade média e inferior. GRAU MILITAR E PRODUCAO DE ILEG{TIMOS Badajoz, 1640-1668 Categor itar Soldado Offci. inf. Offici. méd. Altos chefes A redugdo que apresenta o mimero de ilegitimos produzidos pela oficialidade média frente aos da oficialidade inferior é a tnica excepedo & relagdo entre o nivel hierdrquico e a paternidade ilegitima. Em conjunto, os Oficiais produzem doze ile- gitimos em cem membros enquanto que igual nimero de soldados engendra trés ilegitimos. Existe alguma relagdo entre o’status social e a paternidade ilegitima? Possivelmente sim e 0 facto de que entre todos os homens do Exército seja © grupo dos altos chefes o que produz maior nimero de ilegitimos, quando, por outro lado, j4 comprovaémos, com absoluta certeza, a sua destacada posicao no conjunto da sociedade local, podia ser o simbolo da ligagdo existente entre ambos 0s elementos, Além disso, nos trinta testamentos dos soldados que analisamos, s6 quatro, 13%, so outorgados por pessoas que antepdem ao seu nome o tratamento de Dom, que significa a superior categoria social: um destes homens declara ser pai de um ilegitimo. O facto podia ajudar a sustentar a positiva correlagao sécio econdmica e a producao de ilegitimos. 67 68 Quem sao as mulheres em que os militares engendram estes filhos?. No geral, nem sequer conhecemos § a sua identidade j4 que nos testamentos se observa uma tentativa de ocultar a personalidade da mae com o propésito de salvaguardar a honra destas mulheres. Sempre se informa do estado civil: todas, excepto uma vitiva , sao solteiras ou donzelas. Nalguns casos testemunham a permanéncia de telagdes proibidas !3° enquanto que outras permitem precisar como a elevacdo da ilegitimidade nos anos de luta possui uma estreita relagéo com o estamento militar "1, As palavras de casamento surgem como elemento indutor @ permanéncia de condutas nas quais no encontramos nem um s6 caso de relagdes ocasionais ou estaveis, onde um membro do casal irregularmente constituido esteja casado. Sao relagées entre solteiros ¢ vitivos com mulheres de andlogo estado civil. Assim, na producdo militar do ilegitimo nao parece encontrar-se elevadas proporgdes de com- portamentos adtilteros. Indica-se: «... de quem 0 referido outorgante tem dois filhos naturais, que os teve a sobredita sendo vitiva e o referido outorgante solteiro sob palavra de casamento...». Nas linhas precedentes procurdmos aproximar-nos de alguns dos elementos dos comportamentos e das estruturas mentais de um grupo social muito restrito, priori- tariamente definida pela sua pertenga e adscri¢éo — voluntéria ou forgada -ao Exér- cito da Estremadura. Mentalidades de um grupo social que jd nas parcelas aqui analisadas, j4 nos seus niveis de alfabetizagdo se encontra integrada por elementos heterogéneos, com consideraveis divergéncias entre eles, de tal forma que os membros do Real Exér- cito da Estremadura parecem reflectir a dualidade presente na sociedade da época, mostrando a diferenciagao que nela se registava entre privilegiados e néo privile- giados. Pelos sectores mentais vislumbrados em seus testamentos soldados e estratos inferiores da oficialidade situam-se no grupo dos nao privilegiados enquanto que a Oficialidade média € os altos chefes tém de ser incluidos entre os privilegiados. Aqueles, de um modo especial os soldados, apresentam niveis econémicos muito baixos e subsidiariamente, uma reduzida preparacdo cultural ao lado de uma escassa consideragao social. Entre uns e outros existe um profundo abismo que separa aspec- tos importantes das suas mentalidades e dos seus comportamentos, sé parcialmente coincidentes nos elementos marginais. Qual é 0 grau de semelhanga entre soldados — oficialidade inferior e grupos nao privilegiados e entre oficialidade média — altos chefes e grupos privilegiados da sociedade estamental? Podemos equiparar aqueles com os nao privilegiados ¢ estes com os privilegiados ou estes estratos itares integram sectores parciais de um grupo social bem diferenciado do resto da sociedade? Dito de outra forma: os militares, apesar das profundas diferengas que entre eles existem, constituem um grupo social equipardvel a outros da sociedade civil ou, pelo contrdrio, apre- sentam elementos especificamente diferenciadores que os individualizam dessa socie- dade civil da que ndo chegariam a formar parte?.. No estado actual dos nossos conhecimentos, quando desconhecemos tantas coisas dos militares e dos civis, resulta dificil dar uma resposta as anteriores questdes ainda que, possivelmente, as seme- lhangas entre civis e militares sejam maiores que as diferencas, de tal maneira que, como mera hipétese, poderia indicar-se que as diferencas encontradas na sociedade militar s6 so uma manifestacdo ¢ um reflexo das diferengas presentes na sociedade dos tempos modernos. NOTAS ' Entende-se como referida a Estremadura espanhola toda a indica¢ao que efectuemos sobre e Estremadura. 2 Maravall, J. A., «La Historia de las mentalidades como historia social», em Historia Moderna. Actas de las II Jornadas de Metodologia y Didactica de la Historia, Caceres, 1973, pp.399-412. 3 Teston Nunez, I., El hombre extremetio, actitudes y mentalidades en el siglo XVI, Tese de Doutoramento, inédita, Universidade de Extremadura, Céceres, 1982. 4 Rodriguez Sanchez,A., «Morir en Extremadura, una primera aproximacién» Norba, Cace- res, 1980, pp. 279-297. Valverde. R. M., La muerte en cuatro nuicleos rurales cacerenos durante el siglo XVI, Meméria de Licenciatura, inédita, Universidade de Extremadura, Caceres, 1979. Rodriguez Sanchez, A., Morir en Extremadura (La muerte en la horca a finales del Antiquo Régimen, 1792-1909), CAceres, 1980. 5 Sanchez Perez, A. y Teston Nunez,I., «Higiene y sanidad en el territorio cacereno durante el siglo XVII», Historia Moderna. Actas..., pp. 93-106. 6 Rodriguez Sanchez A. y Rodriguez Cancho, M., «El miedo y la catastrofe en la Edad Moderna (Aproximacién metodolégica)», Estudios sobre Historia de Espaita, Homenaje a Manuel Tunon de Lara, Madrid, 1981, vol. Ill, pp. 417-433. 7 Andres Martin, M., «La falta de utopias en Espafia durante el siglo XVI. Una hipétesis de trabajo», Histéria Moderna, Actas... pp. 413-424. ® Sanchez, A., «Inmoralidad y represién en Coria en el siglo XV», Historia Moderna. Actas..., pp. 451-461. Ibid., Hacerse nadie, Caceres, 1983. Teston Nunez, I. y Santillana Perez, M., «El clero cacereno durante los sigos XVI y XVII comportamiento y mentalidad», Historia Moderna. Actas... Teston Nunez, I., «Las concepcio- es prenupciales y la natalidad ilegitima en la parroquia cacerena de Santiago durante el siglo XVII, andlisis de un comportamiento social», Estudios dedicados a Carlos Callejo Serrano, Caceres, 1979, pp. 799-812. Marcos Arevalo, J., El hacinamiento, la marginacién y la muerte (La cércel de Badajoz en el siglo XIX), Badajoz, 1984, Rodriguez Sanchez, A., «Pobreza y marginacién social en Espafia Moderna», Norba, II, Caceres, 1981. ° Rodriguez, J., Sociedad y Religion en Extremadura, siglos XVI y XVII. Andlisis sinodal de ta didcesis de Coria, Meméria de Licenciatura, inédita, Universidade de Estremadura, Cace- res, 1980. 10 Fernandez Nieva, J., La Inquisicién y los moriscos extremefios (1585 - 1610), Badajoz, 1979. 1 Sanchez Perez, A.J., La vida municipal cacerefa en el siglo XVII (Areas de preocupa- cién y problemas), Memoria de Licenciatura, inédita, Universidad de Extremadura, Caceres, 1979. 69 70 12 Nieva, J., «La Ordem de Alcantara en la Extremadura Moderna», Campo Abierto, Bada- joz, 1982, pp. 139-188. Rodriguez Sanches, A., «Autonomia y Libertad. Acehuche (Caceres) en 1573. Un documento inédito de autonomia», en Misceldnea cacereria, Caceres, 1980, pp. 121-128. 13 [bid., «Guerra miseria y corrupcién en Extremadura (1640-1668)», Estudios dedicados a..., Pp. 605-625. Cortes Cortes, F., Guerra en Extremadura, 1640-1668. (Bjército, financiacién y consecuen- cias), Revista de Estudios Extremefios, Badajoz, 1982, pp. 37-122... '4 Badajoz, capo della Estremadura, Viaje de Cosme de Mé Madrid, 1933. is por Espaka y Portugal. 15 Martin Rodriguez, J. L., «Politica y economia en el subdesarrollo extremefio durante la Edad Media», IT Seminario Bravo Murillo sobre Desarrollo Regional, Badajoz, 1974, pp. 11-24. 16 Rodriguez Sanchez, A., «Extremadura, Historia y Mentalidade,» Estudios juridicos y eco- némicos de Extremadura, Caceres, 1983, pp. 98-111. 17 Mazo Romero, F., «La intervencién del segundo Conde de Feria en la Guerra de Suce- sin castellano-portuguesa», Revista de Estudios Extremefios, Badajoz, 1981, pp. 429-453. 18 Ibid., El Condado de Feria ( 1394-1505), Badajoz 1980, pp. 74-78. 19 Arquivo Geral de Simancas (AGS), Expediente de Hacienda, Legajo 56-2, IX. Informa- Gao sobre a cidade de Badajoz e 0 seu estado econdmico, ano de 1563, « ... esta testemunha viu que no que se referia ao gado, era com Portugal o principal comércio, porque de Ié se trazia, como disse, muito gado para vender ...» 20 Sanchez, A., «Guerra, miseria...», Estudios dedicados a ..., Caceres, 1979, pp. 605-625. Navareno Mateos, A., Arquitectura y Urbanismo de Coria, siglos XVI-XIX, Caceres, 1982, pp. 30- 31. : 21 Cortes Cortes, F., «Guerra en Extremadura. ...», Revista de Estudios Extremenos, Bada- joz, 1980, pp. 37-122. 2 Mufioz de San Pedro, M., «Documentos para la historia dela Guerra de Sucesién en Extre- madura», Revista de Estudios Extremerios, Badajoz, 1984, pp. 95-135. 23 No dia 2 de Setembro de 1813, 0 Mordomo da Confraria do «Dulce Nombre de Jestis» da cidade de Badajoz, fez presente, «... em resultado do estrago causado pelas tropas inimigas e pela ocupagdo para quartel que sofreu a Igreja deste Convento ¢ as suas capelas, ficou... com apenas as paredes, perecendo o retbulo, imagens e todos os outros adornos desta...» Arquivo Parroquial de Sagrario, Igreja Parroquial de So Jodo Baptista, Badajoz, Libro de Acuerdos de la Cofradia del Dulce Nombre de Jesus, 1770-1820, fol. 169. 2 © Exército Inglés comandado pelo General Wellington recuperou a praca, ao entrar em Badajoz, assolaram-na e saquearam-na durante varios dias, causando mais danos que os quatros cercos sofridos ao longo de 15 meses. Lamare, Coronel, Relacién de los sitios y defensas de Olivenza, de Badajoz y Campomayor en 1811 y 1812 por las tropas francesas del Ejército del Mediodia en Esparia, Badajoz, 1934. 25 Biblioteca Nacional, Madrid, Manuscrito 2.436, fol. 238. 26 Jouvin, A., Viajes de extranjeros por Espafia y Portugal, traducao de Garcia Mercadal, Madrid, 1952. 27 Rodriguez Sanchez, A., Extremadura, Historia ...,pp. 104. 28 Arquivo Histérico Provincial, Badajoz ( AHP. ), Legajo 216, fol. 191, 1644; Legajo 1.353, fol.164, 1658; Legajo 312, fol 123, 1644; Legajo 316, fol. 75, 1662. 2 AHP. Legajo 229, fol. 258, 1658; Legajo 232, fol. 425, 1662; Legajo 235, fol. 181, 1665. 30 AHP. Legajo 1.548, fol. 252, 1658; Legajo 1.353, fol. 167, 1658; Legajo 233, fol. 155, 1663; Legajo 353. fol. 222, 1663; Legajo 354, fol. 68, 1665; Legajo 325, fol. 652, 1666. 31 General de Artilheria (AHP. Legajo 305, fol. 108, 1641); Marechal (AHP. Legajo 1.790, fol. 189, 1650);Tenente General de Artilheria (AHP. Legajo 231, fol. 225, 1661); Tenente Coro- nel (AHP. Legajo 353, fol. 213,163); Comissdrio General da Cavaleria (AHP. Legajo 355, fol. 186, 1667). 32 AHP. Legajo 233, fol. 485, 1663; Legajo 327, fol. 643, 1667. 33 AHP, Legajo 325, fol. 185, 1666. 3 AHP. Legajo 1.790, fol. 430, 1650. 3 AHP. Legajo 301, sem fol., 21 de Julho de 1648 ¢ fol. 305, 1648; Ibid, fol.164, 1649; Legajo 1.550, fol. 38, 1667. 36 AHP. Legajo 1.790, fol. 466, 1650. 37 AHP. Legajo 301, sem fol., 25 de Julho de 1648; Legajo 229, fol. 303, 1648. 38 AHP. Legajo 301, fol. 157, 1649. 3 AHP. Legajo 221, fol. 45, 1649; Legajo 301, fol. 394, 1649; Legajo 1.790, fol. 538, 1650; Legajo 233, fol. 515, 1663; Legajo 1.549, sem fol. 29 de Maio de 1665. Possivelmente neste grupo teria lugar um Cénego Catedralicio, o Vigario Geral do Exército ¢ Administrador Geral dos Hospitais (AHP. Legajo 327, fol. 460) nao esta incluido entre os mili- tares pela sua condicao eclesidstica. © Legajo 1.793, fol. 127, 1657; Legajo 353, fol. 152, 1663. 41 Legajo 1.352, fol. 543, 1652; Legajo 1.791, fol. 277, 1653; Legajo 317, fol. 232, 1663; Legajo 233, fol. 141, 1664; Legajo 1.549, sem fol.. 22 de Outubro de 1665; Legajo 354, fol. 95, 1665 ¢ fol. 28, 1666. A lista da procedéncia regional dos soldados € a seguinte, Andaluzia, Cérdova, Alcolea, Arjonilha e Olveras. Asttrias, Oviedo e Asturias. Castela, Ciruelos. Estrangeiro, Piamonte, portugués e italiano. Estremadura, Quatro de Badajoz; dois de Talavera la Real, Salvatierra e Villafranca de los Barros e um de Villanueva de la Serena, Santa Cruz de la Sierra Zafra, Llerena, Puebla de la Calzada, Valverde de la Vera, Don Benito e Guarefta. A procedéncia regional da oficialidade inferior € esta: Andaluzia, Archidona, Cérdova,Jaén Cazalla de la Sierra, Granada, Sevilha e Triana. Castela, Madrid. Estrangeiro, Mildo ¢ Napoles. Estremadura, Badajoz, Zafra, Jerez de los Caballeros, Navalvillar de Pela e Mérida. Reino de Aragio, Zaragoza. A oficialidade média provém de: Andaluzia, Dois de Loja e Ultrera; um de Malaga, Dos Hermanas, Encinasola, Granada ¢ Cazalla de la Sierra. Castela — Leo, Quatro de Burgos; dois de Zamora e um de Toledo, Lareda, Talavera de la Reina, Palencia, Logrofio, Arévalo, Madrid, Pliego e Loeche. Estremadura, Cinco de Badajoz e um de Azuaga, Los Santos de Maimona e Plasencia. Galiza, Reino de Galiza. Pafs Vasco, Um de Vitéria, Santurce, Elgdibar e Tolosa. Reino de Aragio, Dois de Catalunha; um de Elche, Zaragoza ¢ Reino de Aragdo. Estrangeiros, Trés irlandeses; dois napolitanos ¢ lisboetas; um de Italia, Cerdefia, Piamonte, Amberes, Flandres, Holanda, e da Ilha da Madeira. nl 72 Os altos chefes do Exército provém de, Andaluzia, Dois de Granada; um de Aguilar de la Frontera ¢ Calzalla. Castela-Ledio, Um de Alcala de Henares, Segovia, Cuéllar, Avila e Salmerén, no Infantado. Estrangeiros, dois irlandeses; um flamengo e um de Ndpoles. Os restantes so de Guipiizcoa, Navarra e Zaragoza. 43 As percentagens estdo calculadas sobre os totais de cada categoria, # Cortes Cortes, F., «Guerra en Extremadura...,» apartado 1, Los profesionales de la lucha. 45 A presenca de estremenhos, andaluzes e estrangeiros que como soldados servem no Real Exército da Estremadura testemunha-se em grande mimero de documentos. Por exemplo, no dia 14 de Novembro de 1646, perante o notério, comparecem ¢ outorgam uma escritura os Capities das Companhias levantadas nas vilas andaluzas de Alcala del Rio, Castilleja del Campo, Sankicar de Barrameda, Paterna del Campo, Gerena, Bollullos, Solteras, Alanis, Coria del Rio... AHP. Legajo 1.462, fol. 319. 4 Seriam os seguintes: Andaluzia, 20 oficiais, 22%; Castela-Ledo, 22 oficiais, 24%; Estrangeiro, 21 oficiais, 23%; Estremadura, 13 oficiais, 14%; além disso, Galiza e Navarra, com dois por cento cada uma; 0 Pais Vasco com cinco por cento eo Reino de Aragio, com oito por cento. 47 Cortes Cortes, F., «Guerra en Extremadura... 48 Sao quarenta e dois alferes, trés ajudantes, um cabo de esquadra ¢ dez sargentos. * Sdo dezasseis capitdes, cinco tenentes e um oficial de soldo. 50 S30 um Mestre de Campo ¢ um Condestavel da Artilheria. 51 Cortes Cortes, F., Esclavos en la Espata Moderna, La Extremadura meridional en el siglo XVI, Badajoz, 1987. 32 AHP. Legajo 1.792, fol. 511, 22 de Novembro de 1654, inventario dos bens de Don Luis Anténio de Leiva, soldado. 5 AHP. Legajo 353, fol. 66, 29 de Marco de 1663, bens do Alferes Don Gabriel de Ojeda; Legajo 1.792, fol. 15, 8 de Janeiro de 1665, bens do Alferes Bartolomé Mellado; Legajo 322, fol. 268, 16 de Junho de 1663, bens do Ajudante de Cavaleria Francisco Calvo. 4 AHP. Legajo 301, fol. 311, 5 de Dezembro de 1648, bens do Capitéo Juan Sanchez Ordoiiez. 55 AHP. Legajo 322. fol. 342, 29 de Julho de 1663, bens do Capito Don Diego Riaio. 56 AHP. Legajo 218, fol. 28, 5 de Janeiro de 1646. 57 AHP. Legajo 235, sem fol., 25 de Setembro de 1665, bens de Anténio Ortiz de Velasco, Vedor Geral do Exérci 58 AHP. Legajo 233, fol. 124, bens do Capitio General da Artilheria (19 de Novembro) € hasta publica dos mesmos (19 a 27 de Novembro) por um total superior a setenta mil reales. 59 No inventario dos bens de Don Diego Fernandez de Vara, Sargento General de Batalha, entre outros: «...Uma tenda de campanha, usada, com a sua lona, cordéis, bastidor e outros aderentes..., outra tenda de campanha, nova, azul e branca ...» AHP. Legajo 326, fol. 1.034v., 11 de Novembro de 1666. Outras sio mais modestas: «.., Uma tenda de enjeo, de campanha, usadi Mestre de Campo Don Juan Blés. AHP. Legajo 323, fol. 374v., bens do

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