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| as HULLS ; irene Maria da Gloria Bordini\era Teixeira de Aguiar __ LITERATURA A FORMACAO DO LEITOR ALTERNATIVAS METODOLOGICAS. MERCADO] A JADERTO. | ‘Capa: Leonardo Menna lacreto Gomes Composigin: Jorge Cortez: Revisio: Rusane Gers Supecvisio:SisiaIycaby aitor: Rogue Javahy Copyright de Vern Teixeira de Agurare Maris da G¥irinBordin, 1988, 2821 76'p. ~ (Sire Novas Peespectivas; 27) ate Enaino de 1829 Gr nile: Fnsino de 19 ¢ de 19 62° Grau: Anite Maria enpectvas; 27 €DU 373.3/.5.001 82 3257535 008 Rua Sento Antonio. Cx. Povil 1452 Candeal Arcoverde, 2934 - Baro Piriitos 14 8916-514 9997 O5408- San Paul SP Sto bs Fore ISRY 8s 280.0615 SUMARIO APRESENTACAO 1 — FORMACAO DO LEITOR 1 -FundagGo social da leitura 1.2-Leiturae nao leitura numa sociedade desigual 13 -Leitura da literatura. 1.4 -Papel da escola na formagao, ania 2— INTERESSES DE LEITURA E'S 2.1 -Determinagao dos imteresses 2.2-Escolha des textos LEGAO DE TEXTOS jose prazer do texto 3. —NECESSIDADE L 3 3.2 -Necessidade da metodologia de abordagem textual MEFTODOLOGIA, 4 —METODO CLENTIFICO. 4.1 -Fundamentagio teoriea - 4.2 -Objetivos e eriteécios de avaliagto 4.3-Etapas de desenvolvimento: técnicas 4.4 -Exemplos de unidades de ensino 4.4.1 - Curricula por atividades 44.2 - Curricula por seas 4.4.3 - Currfculo por disciplines 5 —METODO CRIATIVO 5. -Fundamentagéo tedriea iéri0s de avaliayzo . to: de ensina idades por areas por di 5.4.3 - Currie al de literatura: a peética e o8 curriculos 6 or fies por disciplinas los de aval 7.3 -Btapas de desenvoleiment 7A-Exem Tal Exemplos de unk 84.1 - Currieulo por a 8.4.2: Curriculo por ireas 8.13. Curriete por dive 9 CONSIDERAGOES FINAIS BIBLIOGRAFIA APENDICE: Obras re¢00 Curriculo por rrigulo por dreas Curriculo por dise pins at a1 as 86 a1 9% 159 15 Los APRESENTAGAO lado, eatreuistou 240) © 80 protess ues de 1 @ 2° graus ae Porto Alegre, R classe. Desse Jeva lusidade, € wi nage ngage ¢ di Literaiusa realizado eum AL proporgzo que a pesq 0p de ensino entlo eriados fors se aproximando wais dades detectacas no dias-dis evo, na tentativa de responder a elas Em fins de 1984, além de todos © de vivias sugesties vt lestagem, com a purticipacdo Alegre e Novo Hamburgo, desta vea Finalmente, no ano de 1986, nvima sea ‘oulra vez com o apcio de Program d> Tn de 12 Grau da SDE/SESu/MEC, 1 tados sob igoreso cont etapa exped cio Universidade-Escola Artes da PUCRS. Os pasctestes a que os alunos rmentagio das unidades de ensine concebidas 2 partir das altemativas 6 metodoliicas em teste revelaram que 294 sujitos possaram a einteres: sar mals pela leitura © pela a, porque as atividades eram movi- ' agradéveis © porque as obras estudadas erem melhores do das em estucos anteriores. 31 alunos no evidenciaram pouco em penhe nas larofas os ‘Os 12 professores € os 2 monitores que efetuaram o experi es esritas @ 9 semrinério final sobre 0 projeto, comprovaram que smuior reeeptivideds e rendimentc em suas 1ura com & adagao dos métodes propostos, porque ex {que sugeriam praticas docentes mais dindmicas ¢ motivadoras, que au- fmentaram a seguranga do professor a0 trabulhur com Uteratura. O pa squisadora entetizou 9 progresiva emanci- erpretagio critica, bem coma o au wer da Teitura © dos traba- es aluno-professor dada a 42 8), Bm upéndice, arrolamse autores e ‘eaqdes bibliogriticas, recomendados para los artes referidos, Por todas esas 44760, esta obra no pertence ex¢ ‘ues qutoras, mus a todos 0s participantes das diversas equipes de inves tigagio, treitamento € experimentagdo, tem come aos alunos profes- soles que se expussrum As meiodologias aqui cxaminadas, A eles, ‘utoras manifestam sau reconhecimento © gratidio, em especial Jntegrantes da equipe de pesquisa de 198384, proi Diana Ma a0 Ewe Cle 1 — FORMAGAO DO LEITOR fora da linguagem: pereene: facalerena, estagaes socia-c ico. O acess formativas ¢ltertrios, proporciona, asim, 2 tessitura de um niverso de informagies sobre a humanidade ¢ o mundo he ora vineulos entre o letor @ 08 outros homens. A sociaizaséo da andividuo se faz, para além dos contatos pessoais, também através da cura, quando ele se defronta com procugtes significantes provenien les de outs individuos, por meis de eddigo eomum da linguagem es cents, No diilogo que entio se estahelees 0 sjeito abrignse 2 deseabrir fos € tomar poses. 0 que 0 abre pars 0 outro. 1.2 — Leitura e nfo leitura numa sociedade desigual Uma sociedade de classes em que intstesses divergentes se enite- crocam, com a predominancis de alguns deles sobre os demas, priv legia sobremaneira 0 texto escrito coma abjeto de leitura. A escria historicamente, representa umo conquista sobre a memsna, instrumen: to predominente nas sociedades agrafas. A acumulaca0 io conheeimen- to através da palavraescrita tem sido apropdads peas (© poder dentro ue uma sociedade, Co eficiente para a fixagao © conservagao cas icelas. leva vantagem sobre a rmembtia coletive, aljando das decisBes do grupo aqueles que no 330 capaues de decifréia, n, 4s sociedades graciualmeste se dividem em segmentos cul- intivo 0 dominio do ebdigo stico efcrito. Do ponto de vista historien, a situsgao de desigual- fabetizados e anallabetos produzin uma relagio {de dominio das primeiros sabre os segundos, que se acreseentou a todas as outias Formas de dominaséo social, 18 a Revolucio Fi postulara a abertura de escol vo fine de © poxo, de modo a promover aldade sa bliss, todavia, embora mascendo com ese propos Ge squalizagio, sedo feveloms: wait um apzzelio de dominagio das classes populares, trainds © seu objetivo cxplique pelo fato de que @ escola, na verdade, suri po Douzguesia emergent, A eset omage social, €bgice que, ura do texto escrito, uma ver que Se a escola pail su origer, ent « cesta € 0 produto que ele-ofereee, em primeito lugar. Antes de se operar 1 diseriminagdo entre alfabetizades e nao alfabetizados, aqueles que néo tinham acesso is letras podium adguisir conhecimentos por transmiss40 coral ov por experincia © no eram por iss socialmente desvalorizados, ji que a escritaexa de dominio esttito de muito pouces. ‘A dewalorizagao daqueles que nJo conseguem utilizar © cbdigo everita implica consequentemente o desprestigio de todas as outras le turas que os mesmos podem realizar. Devermina ainda um co texto fimitado & lingua escrita, embora se posse entender ver obieto cultural, seja verbal ov nao literatura pactilham ‘esportes, coviha, moda, artezanato, jornais, fal dds qualidade de textos "Esse conceito ampla de texto € que fundamenta as posiedes de ura. do-mundo como antecedents ds leitura da 2 do ato de ler, que eire sobre a palawa, Este Autor insiste na “compucensio ex nfo se expota na descdificaeZo pura da paar ect escrita, mas que se antecipa e se alongs main A conipreensio do texto sor aleangada por sus petcepto das telapSes ente o texto ¢ 0 contexto’ 45 pessoas, desde & nfneia, sf, portant letras em formagt, uma vee que esto conscan inde sentidos as mais divessas mani festagdes du naturezse cultura, ‘Conferindo 4 escola a tunego de formar o leitor, destraiuse a nogio de texto como Fepresentueao simbilica de todas as produedes ‘numanas,restando o lio como mediagdo para qualquer conhecimenio, Pascow st destavar. assim, o ivzo por ser este uma procugdo da classe pian as classes dominadas. belo espetfico contigua a isto ntee a cultura que o passui e todas 23 demas, dando & primeira poder sabre as outras © ennecito do cultura fica dotormad de uma camad 30 dis lttaces. Nbrange todas a transi expressand apenas 1 ver Fa RTO 9 asa @ Universo magies que o hnmem opera na homens que a8 produzem Essa consepe own desprezar 0 ten! ‘emt Tavor dos demais objotos culturais, come o folelote,¢ einema ou ox quadrinhos. Se todasessis manifestagies ‘esse seniido. ¢ importante que as clases menos favoreeidas tenham acesso 4 sociaz, Ib90 quer dominadas. ngo se esta pretendendo limsiar as classes nento jf adquirido no grupo.O que se piopde € al leque do opgoes de move atuar efetivamenie ns vidy social © nde apenas ‘como massa de manobra, uma vee que elas passam a ser capazes de jouar ‘com: as miesmas ums, Decorre dat a necessidade, nus sociedades democtitivas, da imple o da alfabetiaagio, por ser ene v instrumente de upropriagao. 14 dominunte, E sintoritigo que. exatamene nessa tare, a nessa escola tenha se mostraly i letrada, sob pene de se manterem as diferencas que ficam aguém das poss Actescente-se ao quadro exposto o ato de que os valores defen ddidas por essa escok) através Je seus adminstiadores © profesores. criun dos da classe media, pouco eancernem is classes buixas, que no se 4 ropresentadas, sea nos conteudos eurreulares seja nu estrut Haheta.o-nda lento (entendide como aquele que aprendew Je a re, cujo nivel de cor & presario, sao subprodutos desse rod los que © \. process de ensinerareies-nfercez. ent FelaeSo fx classes trabalhudoras. 0s didaticos & ie circunsesever 0s 9 tuca a um segmenio determinado da sociedade. No entanto, sabe-e que cexses fendmenos ocorrem também em outros escalOes socials, com a mesma intensidade. As cuss, porém, sdo diversas, Nao se trata de cisio entre texivs © valores reptsentados. ov ene escaks © projetos cua dade intelectual. ilo proporcione acumulugso de propria eonstituicdo do regime capita. leo agente que no gera nero ctual so reeonhecide q reforea os aparatos de dominasio daqucles que detém o capital. Meso ‘nos casus em que as obras corlestam 0 sstems, pode suceder que este as transforme em mescadoriss, anulando seu efeito, Por ss0, 0 leitor de classes elevudes, mesmo imbuido da importancia da Zeitura nos bancos eseolares. acabt por abandané-la gradativamente, i medida que, em sua vida eotidiana, vidas que peomovem garthos. oblemas tos objets que pro conta cas diferentes repsosentacdes socials. Seas clases tumbem tiverem acesso las nao apenis doras pussivas, mas produoras de noves textos. que se acrescentario ts que cireulam ma sociedade e atenderdia a seus interesses. “Be quilauer modo, sodas os segmentos sociais a despeito de sins izadoy paca amtcsido expresso, Uma das iar sentido a0: mundo € a st mesim ional, permunece como veieulo primocdial para ese dhilozo, 1.3 — Leitura da literatura jo genética comstitwida pelos plano de significagio B odugav exer do > ri unger tesa xt dos process histricop seprecentades uma hn exstenciahimana, Q que porta nao ¢ apenas 0 fato exereve, mas as formas de 0 Fomem pensat sent ese cam com outros homers de tempor sare divers rivig pode set enfendila como ma tomada de cons and-eoneeto-que se carter pelo sentido humno ida pelo.autor. um mero reflexo na mente, Ge ume insrag a0 mem (erfstiess que a dif so da Tinguagem No citeuite de corman Por exempio, regras comunieativas, que a prevenga d nesse jogo, pond Ue | e fimedes. ‘odo uniforme, uma vea que nela se saninadas pelo pelo leitor de acordo com sua experiéncia. Isso exphiea pat quest pose Fepresentar toda uma vids nucra novela de cem paginas sem quo se porcaa io de realidade dos eventos narrados. indicagées em poléncia, que o [Em contraposiezo, o texto nie to mais rigidos © presor a0 contexto de comunicagéa, néo deixando nargem 2 livre movimentaczo co letor. A informagdo que afetece € apenas pars uma situogso definida, Por um eampo ¢e 9 2 de pata. 0 elt, 6 qUe sto veorrs sentadas, na ordem preestabelecida, a colegas de outras 1usmas. 9 Pro- fessores, funcionarios, administralores ¢, ever vornunidade, nna dependéncia da extensio do terna das re 80. 6 — METODO RECEPCIONAL 6.1 — Fundamentagao tedrica omparados ri Je apreensdes que s© fizeram © se fa sistema, o que resulta sa abertura desse go exteatexto. |A secepefo € concebida, pelos tedricos alemies da Escola de Constanga, como uma eoncretiza¢so pertinente a estrutura da obra, tan- to no momento da sua produgdo como no da sua leitura, que pode ser esiudada esteticamente, o que di ensejo a denominagio da teoris dees fice da recepedo. A nozio de concretizagdo € derivada dos trabalhos do polonés Roman Ingarden, na década de 30, € do tcheca Felix Voditka 1-0 exame do modo de ser da ob pontes de indeterminagéo © de esquemas Wo aio de mando 0 que era (ef, Ingarden, 1973). Para Vodicka, no estético dirigido ao letor. 0 que exige a revonstituigZ0 his dade do publso para entendérse coma els se concretiza, A eon- apo, nesse caso, seria operada por meio de avaiagGes que o le rit a obra-signo em sua eonsciéncia 9 partir de determinatls nor gente. Por ito, a8 cancretizagdes de um texto emente, segundo a € seus temas e procedimentos estrutucals (ef. Voditka, 1978: 299 AAs idéias de Ingarden @ Vodidka so reformuladas por te6ricos iendem a processo de coneretizagio como interagio WF COM © (x10, eM quE este tua COM aL i eria vazios que forgam aqucle

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