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en ri AD ’ pics Segundo EMSS 51/78 Ghar ee Cental ae Anexojsobre]as principais A Lei de Direito Autoral (Lei n® 9.610 de 19/2/98) no Titulo VIL, Capitulo II diz Das Sangdes Ci Art, 102 Art, 103 Art. 104 O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada, podera requerer a apreensio dos exemplares reproduzidos oua suspensao da divulgagio, sem preju izo da indenizagaocabivel. Quem editar obra liter: itistica ou cientifica, sem autorizagao do titular, perder para este os exemplares que se apreende pagar-Ihe-4 o preco dos que tiver vendido. Pardgrafo jinico. Nao se conhecendo o niimero de exemplares que constituem a edigio fraudulenta, pagara o transgressor o valor de trés mil exemplares, além dos apreendidos Quem vender, expuser & venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depésito ov utilizar a obra ou fonograma reproduzidos com frau- de, com a finalidade de vender, obter ganho, vantagem, proveito, lucro direto ou indireto, para si ou para outrem, sera solidariamente responsiivel com o contrafator, nos termos dos artigos prec respondendo como contrafatores o importador eo distribuidor em caso de reprodugio no exterior Concreto Armado eu te amy Uma criagao de MANOEL HENRIQUE CAMPOS BOTELHO e OSVALDEMAR MARCHETTI Uma versio descontraida e altamente didatica sobre Resisténcia dos materiais e Concreto armado CAlculo e dimensionamento de estruturas segundo a NBR 6118-7 3? edicao ampliada (Hntém um anexo sobre as principais mudangas {0m} 0 projeto de norma NBR 6118-2001/2002 * forca cortante ® Pilares ® Fissuracdo * Ancoragem de armadura passiva |— # Fimenda de barras por traspasse | # Flexao simples 1H # Flecha em viga + EDITORA EDGARD BLUCHER LTDA AULA 1; 1.2. Calculo e tabela de pesos especificos 1 1 O-caso do Viaduto Santa Efigénia - So Paulo 3 Célculo e tabela de pesos por area 1.4 O conereto armado o que &? AULA2 2 2 2. 2. AULA3, 3. 3.2. Condigdes de equilibrio de estruturas 3. 1 Céileulo e tabela de pesos lineares 2 Agao e reagao - principios 7s 3 Momento Fletor ou agto a distancia de uma forga 4 Apresentamos o prédio que vamos calcular - estruturagao do prédio 1 Aplicagées do principio da ago e reagaio 3. Vinculos na engenharia estrutural 34 Como as estruturas sofrem, ou seja, apresentamos a tragdo, o cisalhamento, a AULA4 4. compressdo e a torgao 1 Determinagaio dos Momentos Fletores e Forgas Cortantes em vigas 42 Tensdes (estudos de esforgos internos) ...... 4.3 Determinagao de tenses de ruptura e admissiveis 44 Dos conceitos de tensdo de ruptura e tenso admissivel aos conceitos de resistencia AULAS 5. caracteristica € resisténcia de calculo 1 Massas longe do centro funcionam melhor, ou 0 calculo do Momento de Inércia e do Médulo de Resisténcia 5.2. Dimensionamento herético de vigas de conereto simples 5 AULA6 6 6. 6 3. O que ¢ dimensionar uma estrutura de concreto armado? 1 Agos disponiveis no mercado brasileiro _ 2 Normas brasileiras relacionadas com 0 concreto armado 3 Abreviagdes em concreto armado ..... 6.4 Cargas de projeto nos prédios AULAT a 7 a AULA8 8. 8, 1 Quando as estruturas se deformam ou a lei de Mr. Hooke - Médulo de Elasticidade 2 Vamos entender de vez 0 conceito de Médulo de Elasticidade 7 3 Andlise dos tipos de estruturas: isostaticas, hiperestiticas e as perigosas hipostaticas bb bdareects sitet 1 Fragilidade ou ductilidade de estruturas, ou porque ndo se Projetam estruturas superarmadas e sim subarmadas ... a 2. Lajes - uma introdugdo a elas 8.2.1, Notas introdutorias as lajes isoladas 8.2.2 Notas introdutorias as lajes conjugadas 56 70 a 1 74 14 16 77 71 81 82 84 84 86 86 88 AULAD 9.1 Para no dizerem que nao falamos do conceito exato de tensdes. 9.2 Caloulo de laj 9.2.1 Tipos de lajes quanto a sua geometria 9.2.2 Lajes armadas em uma s6 diregao. 9.2.3 Lajes armadas em duas diregoes - Tabelas de Marcus 9.3, Para usar as Tabelas de Marcus AULA 10 10.1 Vinculos so compromissos, ou 0 comportamento das estruturas face aos recalques ou as dilatagdes alinclen 10.2 Exemplos reais e imperfeitos de viculos 10.3 Calculo de lajes - Restrigdes as flechas das lajes AULA II 11.1 0 ago no pilar atrai para si a maior parte da carga aan 11.2 Flexo composta normal .....ue:ensnsesensen 11.3 Lajes - Dimensionamento 11.4 Cobertura da armadura AULA 12 12.1 Se 0 concreto ¢ bom para a ‘Compressio, por que os pilares ndo ners de armadura ? 12.2 Como os antigos construiam arcos de pontes ¢ abdbodas de iprejas 12.3 Comegamos a calcular 0 nosso prédio - Calcul e dimensionamento das lajes Ly, “ L,eL; AULA 13 13.1 Vamos entender f,, (segundo a versio dos gangsters de aaa da década de 30) 13.2 Os varios estégios (estadios) do concreto. ........ 13.3 Caleulo e dimensionamento das lajes Ly , Ls , Lg AULA 14 14.1 Vamos preparar uma betonada de concreto e analisé-la criticamente ? 14.2 Das vigas continuas as vigas de concreto dos prédios 14.3 Calculo isostatico ou hiperestatico dos edificios 14.4 Calculo e dimensionamento das lajes L7 ¢ Le AULA 15 15.1 Céleulo padronizado de vigas de um s6 tramo para virias cases de carga e apoio " 7a : 15.2 0s varios papeis do ago no concreto armado 16.1 Célculo de vigas continuas Pelo mais fenomendlogico dos métodos, o método de Cross. ...... e 16.2 A arte de cimbrar ea nilo menor arte de descimbrar_ 16.3 Atengo; cargas nas vigas !!! AULA 17 17.1 Flambagem ou a perda de resisténcia dos pilares quando eles crescem 17.2 Céleulo de vigas - Introdugdo - Tabelas : 17.3 O concreto armado ¢ obediente; trabalha como Ihe mandam ‘ 1 a1 93 93 94 95 93 107 107 109 113 116 116 120 123 “130 131 131 133 135 142 142 146 147 154 154 157 . 159 160 164 164 171 175 179 179 "196 197 200 210 Be 220) AULA 18 223 18.1 Dimensionamento de vigas simplesmente armadas a flexio Ati suis 23 18.2 Dimensionamento de vigas duplamente armadas. 0.0.0.1 OeT 18.3 Dimensionamento de vigas T simplesmente armadas senna A 29 18.4 Dimensionamento de vigas ao cisalhamento . 231 18.5 Disposi¢&o da armadura para vencer os esforgos do momento fletor She 236 AULA 19 238 19.1 Ancoragem de armaduras ..... en 238 19.2 Detalhes de vigas - Engastamento parciais 244 19.3 Cileulo e dimensionamento das vigas do nosso prédio Vi € V3 oo--soo-n. 244 AULA 20 255 20.1 Dimensionamento de pilares - Critérios gerais ...... ssustat eS 20.2 Dimensionamento dos pilares gordinhos (pilares no esbelt0s) sa... 256 20.3 Calculo e dimensionamento das vigas Vg, Vo, Vp2 € Vise s-ssm a. 264 AULA 21° 270 21.1 Dimensionametto dos pilares esbelt08- eo... 270 21.2 Outros elementos para o projeto de pilares saletiondberdite:ommelbees 7 21.3 Calculo e dimensionamento das vigas Ve Vs 280 AULA22 283 22.1 Cilculo e dimensionamento das vigas V2 e Vs 283 22.2 Cilculo e dimensionamento das vigas Vg ¢ V7... 295 22.3 Sera que estamos aleancando 0 fy na obra? O controle assistemstico da resistencia doconereto .... 299 AULA 23 301 23.1 Calculo e dimensionamento das vigas Vio € Vi2 301 23.2 Calculo e dimensionamento das vigas Ve 314 23.3 Resumo das cargas nos pilares ..... 1. 317 23.4 Caleulo e dimensionamento dos pilares do nosso prédio, Pi, Ps, Pis,e Pie 319 AULA 24 322 24.1 Critérios de dimensionamento das sapatas do nosso prédio oni 32D 24.2. CAlculo e dimensionamento dos pilares do nosso prédio P2, Py, Pg, Pio@P13.... 327 24,3 Caleulo ¢ dimensionamento dos pilares do nosso prédio P); , P7 , Pg, Ps, Ps €P)2. 330 AULA 25 347 25.1 Dimensionamento das sapatas do nosso prédio S; , Se Ss 347 25.2 Dimensionamento das sapatas do nosso prédio Sq, Ss Sg 351 25.3.0 controle sistematico da resisténcia do concreto na obra serene AULA 26 347 26.1 Anexo - Mudaram as normas de espeetiaens Dosagen, recebimento e controle de qualidade do conereto 0. : er) AULA27 353 27.1 O relacionamento “Calculista x Arquiteto” ...... as 353 27.2 Construir, verbo participativo, ou melhor, sera obrigatorio calcular pelas normas da ABNT? spices ates iemnanngcgaameatigs 35% 27.3 Destrinchemos 0 BDI! 0 a : 356 274 Porque estouram 0s orgamentos nas obras 357 27.5 A historia do Livro “Concreto Armado Eu Te AMO” .........0..00000 nt 360 Axexo pr Acorpo com NBR 6118-2001/200; Flexao simples Forga cortante..... Fissuragao... Célculo de flecha em viga Ancoragem de armaduras passivas .. Emendas de barras por traspasse Pilares Abacos 1.1 O Caso DO VIADUTO SANTA EFIGENIA - SAO PAULO Um dos engenheiros autores desta publicagio, (MH.C.B.), cursou todos os anos de sua escola de engenharia acompanhado de uma singular coincidéncia. Ele nunca entendia as aulas e nem era por elas motivado. Fruto disso, ele ia sempre mal nas provas do primeiro semestre e s6 quando as coisas ficavam pretas, no segundo semestre, é que ele impelido e desesperado pela situaglo, punha-se a estudar como um louco e o suficiente para chegar aos exames € 4 entdo, regra geral, tirar de boas a étimas notas. S6 quando do fim do curso, é que ele era atraido pela beleza do tema e do assunto, mas nunca pela beleza didatica (ou falta de didatica) com que a matéria fora ensinada Ele nunca descobriu porque as matérias da engenharia eram mostradas de maneira t€o insonsa e desinteressante. S6 um dia descobriu. Ao sair de uma aula de Resisténcia dos Materiais, onde mais uma vez nfio entendera nada de tensdes principais, condigdes de cisalhamento, flambagem e indice de esbeltez, ele passou 20 lado do Viaduto Santa Efigénia, no Vale do Anhangabai, em Sao Paulo. Houve um estalo. Ao ver aquela estrutura metalica com todas as suas formas tentadoras ¢ sensualmente a vista, ele viu, e pela primeira vez entendeu, tabuleiros (lajes) sendo carregados pelo peso das pessoas ¢ veiculos que passavam (carga), viu pilares sendo comprimidos, viu arcos sendo enrijecidos e fortalecidos nas partes onde recebiam 0 descarregamento dos _pilares (dimensionamento ao cisalhamento), Viu pegas de apoio no cho que permitiam algumas rotacdes da estrutura (aparelho de apoio articulado). Ele viu, sentiu e amou uma estrutura em trabalho e onde podia aplicar toda a verborragia tebrica que ouvia ¢ lutava por aprender na escola. Desse dia em diante, ele comegou a se interessar pela matéria ¢ a estudé-la nos seus aspectos conceituais e priticos. Uma divida ficou. Por que os professores de Resisténcia dos Materiais nao iniciavam 0 curso discutindo e analisando uma estrutura t8o conhecida como aquela, para a partir dela construir © castelo magico da teoria? Ele nunca soube. Jurei, ja que o autor sou eu, que se convidado um dia a lecionar, qualquer que fosse a matéria, partiria de conceitos, conceitos claros, escandalosamente claros e precisos ¢ dai, a partir dai construiria didaticamente uma matéria légica e concatenada. Nunca me convidaram para dar aula em faculdade. Idealizei este curso, curso livre, livre, livre, que nao dé titulo, diplomas ou comenda; um curso para quem queira estudar e aprender com os pés no chi, concreto armado Convido o aluno a comegar a olhar, sentir e entender as estruturas, no s6 as do curso, mas as que esto ao redor de sua casa, no caminho do seu trabalho, etc. Leia este livro e se habilite a depois, ou em paralelo, a estudar 0 complemento de teoria necessaria. Este ¢ um convite para estudarmos juntos, trabalharmos juntos, vivermos juntos. Boa sorte e um abrago, 2 CONCRETO ARMADO Eu TE AMO P'S, - O Viaduto Santa Efigénia, SP, eu vos apresento: ‘Vamos entendé-lo estruturalmente? Tabuleiro eee (laje) Articulagio Enrijecimento do arco Pilar Aparelho de apoio (articulaco) 7 Terreno firme ou estaqueado Se vocé nao for de Sao Paulo ou nao conhecer este viaduto, procure na sua cidade um galpio metalico ou mesmo uma estrutura de madeira. As estruturas estardo a sua vista para entendé-las. As razdes pelas quais indicamos aos alunos procurarem estruturas metilicas ou de madeira sao pelo fato de que nas estruturas de concretos armado seus elementos estruturais nfo serem visiveis, didéticos ¢ compreensiveis como nos outros dois tipos de estruturas. AULAI 3 1.2 CALCULO E TABELA DE PESOS ESPECIFICOS Todos sabemos que pegas de varios materiais de igual volume podem ter pesos desiguais, ou seja uns tém maior densidade, (peso especifico) que outros Associam-se neste curso como conceitos iguais, densidade ¢ peso especifico, que para ekeitos praticos é a relagdo entre peso e 0 volume (divisio entre peso e volume de uma pega). Assim, pegas de ferro pesam mais que pegas do mesmo tamanho de madeira. © indice que mede 0 maior peso por unidade de volume chama-se peso especifico (Gensidade) (Simbolo 7) ‘Assim, se tivermos uma pega que mega um metro de largura, por um metro de comprimento, por um metro de altura, ela pesard os seguintes valores se for feita de: madeira cedro 540 540 ferro 7.200 7.200 terra apiloada 1.800 1.800 madeira cabretiva 980 980 conereto armado 2.500 2.500 angico 1.080 1.050 A formula que relaciona peso especifico, peso e volume & 12 ou PayxV on vae x Y _NCOMPANHEMOS 08 EXERCICIOS 1. Qual o peso de uma pega de cabreiiva de 2,7 m?? Da formula P=yxV > P=980kgf/m3x2,7m? = 2646kgf ou P=2,646tf ou aproximadamente P=2,6¢f 2. Qual o peso de uma pega de ferro de 15,8 m>? Da formula P=yxV & P=7200kgf/m?x158m> = 113.760kgf ou P=113,761f Concreto ARMAvo Eu TE AMO 3. Qual o volume de uma pega de cedro que pesou 1,7 tf? Dafiraila Ve} y-—e et y S40kgf/m> S40kef /m Chamamos a atengdo para se usar sempre unidades iguais e nfo fazer contas misturando quilogramas e toneladas, etc. 4. Qual 0 volume de uma pedra de granito que pesou 0,6 tf? Da formula v= Senet epee Y 2700kgf/m> — 2.700kgf / m? =0,22 m3 =222 1 5. Qual o peso especifico de um pedaco de madeira que pesou 2,4 tf, tendo um volume de 4.200 litros (1) ? 4 Da formula yd > y= 2A. 2400 kgf 571 kat / m? ~ 42001 “42> Pelo peso especifico achado (571 kgf/m*) essa madeira deve ser cedro. Cabretiva nao é, pois seu peso especifico (densidade) é 980 kgf'm? 6. Qual 0 peso especifico de uma madeira que apresentou em uma pega um peso de 2.100 kgf para um volume de 2.000 litros? 10 ks 5 Daformila yo2? y= 2HOOkoE _ 2100ke _ ¥. 20001 2m? Pelo peso especifico (1.050 kg/m’) a madeira pode ser angico 1.050 kgf / m? 7. Qual o peso de uma laje de concreto armado que tem 30 cm de altura, por 5 m de largura e 4,20 m de comprimento? Fagamos o desenho: 0m. 30 cm=0,3 m b=5,00m ¢=30cn4— - Ovolumedalajeé = = V=axbxe=4,20x5,00x03 = 630m? peso especifico do concreto armado é de 2.500 kgffm’, Logo, o peso pela formula é: P=y x V=2500kgf/ m> x 630m? = 15.750 kgf P=15,751f AULA 5 1.3 CALCULO E TABELA DE PESOS POR AREA ‘Vimos no na aula 1.2 os métodos para uso do peso especifico (peso por volume). Semelhantemente, agora, vamos ver 0 conceito de peso por area (Pa). (') Para carregamentos que tém altura relativamente constante (tacos, tijolos, telhas) podemos usar conceito de peso por area, jé que a altura nao varia muito na pratica Assim, por exemplo, 0 pavimento de tacos (com argamassa) tem 0, peso por. area de 65 kgfim? enquanto que o soalho de madeira tem um peso por area de 15 kgfim’. ‘A formula que relaciona peso por &rea, peso (P) e érea (A) de uma pega é Bar PLP, eAr ou Ame A Pa Pa ‘Vamos aos exemplos: 1. Qual o peso que se transmite a uma laje se esta for coberta por uma area de 5,2. x 6,3 m de ladrilho? O peso por érea desse material é de 70 kgffm” Da formula P=Py x A=70kgf/m? x 5.2m x 63m=2293 kef 2. Qual o peso por rea de um soalho de tébuas macho e fémea sobre sarrafSes de madeira de lei incluindo enchimento e laje de concreto tendo uma area de 110 m” e transmitiu um peso de 31,4 tf? P 314 tf — 31400 kgf = 285 kgf /m? A‘A liom? 110m 1.4. O CONCRETO ARMADO 0 QUE E? Os antigos utilizavam a larga a pedra como material de construg&o, seja para edificar suas moradias, seja para construir fortificagées, para vencer vaos de rios, seja para construir templos onde se recolhiam para tentar buscar 0 apoio de seus deuses. Uma coisa ficou clara: a pedra era étimo material de construgdo; era duravel e resistia bem a esforgos de compressto (quando usada como pilares). Quando a pedra era usada como viga para vencer vos de médio porte (pontes, por exemplo), entdo surgiam forcas de tragio (na parte inferior) e a pedra se rompia. Por causa disso, eram limitados os vos que se podiam vencer com vigas de pedra. ObservagSes para quem ainda nao saiba; comprimir uma pega ¢ tentar encurté-la (aproximar sua particulas), tracionar uma pega & tentar distendé-la (afastar suas particulas), cisalhar € tentar cortar uma pega (como cortar manteiga com uma faca) (1) O peso por dea pode ser chamado de carregamento ou ainda carga acidental, o sibolo de drea ¢ A. 6 (CONCRETO ARMADO EU TE AMO ‘Vejamos um exemplo dessa limitagaio: Pequenos vios, pequenos esforgos A parte de cima da viga tende-se a comprimir. A parte de baixo da viga tende-se a distender. Grande vio Observagao: As deformagdes estiio exageradas (fungo didatica) ‘Vejamos agora a situagaio em cada caso (caso de pequeno vao e caso de grande vo). Pequeno Vio No meio da viga, em cima, surgem esforgos internos de compressio, em baixo, de tragao. Como 0 vio € pequeno os esforgos so equenos e a pedra resiste bem (em cima por compresstio ¢ em baixo por tracao). Grande Vio Para vlos maiores , os esforgos de compressio e os de tragio crescem. A pedra resiste bem, aos de compressao e mal aos de tragdo. Se aumentar o vao, a pedra rompe por tragao. Os romanos foram mestres na arte de construir pontes de pedra em arco. Se nao podiam usar vigas retas para vencer vaos maiores, usaram ao maximo um estratagema, 0 uso de arcos onde cada pera de pedra era estudada para s6 trabalhar em compressio, como se vé na ilustragio a seguir. i] Na i: + + + { Enchimento s (aterro) t { Procure sentir que todas as pedras, devido a forma da ponte, estao sendo comprimidas e ai elas resistem bem. A explicagdo de como essas pegas de pedra so funcionam a compressio é dada em outra aula (aula 12.2). AULAL 7 Para se vencer grandes vaos os antigos eram obrigados a usar miltiplos arcos. Vé-se, que essas eram limitagdes da construgo em pedra, Quando o homem passou a usar 0 concreto (que é uma pedra artificial através de ligagdo pelo cimento, de pedra, areia e agua), a limitagdo era a mesma. As vigas de eixo reto eram limitadas no seu vio pelo esforgo de tragéo maximo que podia suportar, tragao essa que surgia em baixo da viga Em média, 0 concreto resiste a compress4o dez vezes mais que & tragio. Uma idéia brotou: por que nao usar uma mistura de material bom para compressio na parte comprimida e um bom para tragfo na parte tracionada? Essa é a idéia do concreto armado. Na parte tracionada do conereto mergulha-se ago, e na parte comprimida deixa-se s6 conereto, (0 ago resiste bem a tragdo). Assim, temos a idéia de viga de concreto armado. Segdo longitudinal da viga Segdo transversal da viga Conereto Parte comprimida «| Pane tracionada Barras de ago Amadura ‘Obervacio: LN - Linha Neutra: nem trago nem compressao. Notamos que as barras de ago nao ficam soltas e sim ficam amarradas, como que soldadas a0 concreto da viga na sua parte inferior (essa solidariedade € fundamental). Dependendo das condigdes de solicitagao e célculo de viga, e sem maiores problemas de seguranga, a parte inferior do concreto da mesma chega a fissurar (trincar, fissuras no limite de perceptibilidade visual) e sem maiores problemas ja que quem est agiientando ai é 0 ago, e o concreto jé foi (a parte tracionada do conereto trincou). Na parte superior, o concreto galhardamente resiste em compressao (sua especialidade) ‘Numa viga de muitos tramos (muitos vos) onde as solicitagdes de tragdo sto por vezes nas partes inferiores e as vezes nas partes superiores, o ago vai em todas as posigdes onde hé tragao, como no exemplo a seguir: 1? v v Viga +--+ Tragdo (afastamento) —+ + Compressio (ajuntamento) — Barta de ago fundida no concreto 8 Concreto Armavo Eu TE AMO Observa-se que as deformagdes das vigas esto exageradas, tendo apenas o objetivo de melhor esclarecer. ‘Nota-se que nos pontos onde as particulas da viga tendem a se afastarem (tragdo < —>) colocamos barras de ago. Nos trechos das vigas onde as particulas tendem a se aproximar (compressio —> <-) nao hd necessidade (embora as vezes se usem) de colocar barras de aco. Dissemos que nfo hé necessidade de usar ago na parte comprimida das estruturas, Devido aos conceitos que introduziremos mais tarde (Modulo de Elasticidade do ago comparado com 0 do conereto) 0 ago ¢ um material mais “nobre” que o concreto € 0 uso do aco na parte comprimida do concreto economiza bastante area de concreto tornando mais esbeltas as estruturas, Assim, como veremos mais adiante, para se vencer um vao de cinco metros com uma carga de 3 t/m usando-se uma viga de concreto armado teremos as seguintes solugdes conforme sejam as dimensdes da viga. ] Ag -3912” Ag 249318" | s Ti | 45 A, - 43/4” Ag -393/4" 3 Ag-5 93/4" 40 : | L i | L-20-«! L-20-+1 L-20-+1 L-20-+| 1° Caso 2 Caso 3° Caso 48. Caso ‘Notemos que no 1° caso onde temos uma altura de 45 cm usamos 4 6 3/4” como armadura. Quando no 2° caso temos maior altura (50 cm) a area de ago pode diminuir para 3 @ 3/4”. Quando no 3° caso reduzimos a altura sé para 35 cm temos que, “ajudar” 0 concreto no trabalho 4 compressio com 3 } 1/2”. Quanto ao 4° caso temos maior altura a area da armadura superior pode ser aliviada para 2 6 3/8” ‘Nesse 4° caso em relagao ao 3° caso diminui também a armadura inferior. Nas vigas de prédio, e quando do célculo usando armadura inferior chegamos & alturas demasiadas e que criam problemas com a arquitetura, podemos tirar partido de colocar ago na parte ‘comprimida do conereto. O ago sendo mais nobre alivia a parte comprimida do concreto resultando menores alturas das vigas. Voltaremos com mais detalhes em outras aulas. As vigas com dupla armagao chamam-se duplamente armadas (légico, ndo?). Também por razBes que se vert mais, adiante, devemos afastar ao méximo 0 ago do eixo horizontal de sistema de simetria da viga. Analogamente nos pilares, 0 ago € colocado mais perifericamente possivel Fica uma diivida, Nao se usam mais hoje em dia estruturas de concreto simples, ou seja, estruturas de concreto sem ago? Realmente, nao se usam mais na pritica. Poucos so 0s casos de utilizagao, Um exemplo de estruturas de concreto simples so alguns tubos de conereto de agua pluvial de diametros pequenos. Os esforgos do terreno nos mesmos, geram em geral so esforgos de compressa, Auta I 9 Sobrecarga sobre o terreno Nivel do Solo (tréfego) i Esforgo do terreno no tubo ay Segao transversal tubo de concreto simples (sem armadura) resiste aos esforgos externos que so de ‘compressio. Portanto nao haveria necessidade de armadura, ja que no ha, a rigor, esforgos de tragao Claro que essa estrutura de concreto simples tem pequena resisténcia aos recalques do terreno. Se existirem recalques diferenciais (recalque grande em um ponto e pequeno em outro), 0 tubo funcionaré como viga e dai, quem resiste 4 trago na parte inferior? O tubo pode entdo se romper. ‘Vejamos esse exemplo da segao longitudinal do tubo: ; EET cs Esquema de trabalho do tubo — T ge Terreno firme com minimo recalque Terreno mole com grande recalque ‘esses casos a armadura do tubo seria necessiria para vencer os efeitos da tragdo na parte inferior do tubo, ja que temos na pratica uma pequena viga Conelusio: ‘Uma estrutura de concreto armado (lajes, vigas, pilares, bancos de jardim, vasos, etc.) é uma ligag&o solidéria (fundida junta), de concreto (que nada mais € do que uma pedira artificial composta por pedra, areia, cimento e 4gua), com uma estrutura resistente a trag&o que em geral é 0 ago 10 ConckETO ARMADO Eu TE AMO Normalmente a pega tem s6 concreto na parte comprimida e tem ago na parte tracionada. As vezes alivia-se 0 concreto da parte comprimida colocando-se ai umas barras de ago. © aco, entretanto, ndo pode estar isolado ou pouco intimo com 0 concreto que o rodeia. O ago deve estar solidério, atritado, fundido junto, trabalhando junto e se deformando junto e igualmente com o concreto. Quanto mais atrito tivermos entre 0 conereto e 0 ago, mais proximos estaremos do concreto armado. Existem varios tipos de ago com saliéncias, fugindo de superficies lisas exatamente para dar melhores condigdes de uniao do ago e concreto. Para explicar melhor porque aparecem tragGes (afastamentos) ¢ compresses (encurtamentos) exageremos a deformagao que ocorre em uma viga de pedra (ou de qualquer material) quando recebe em esforgo vertical © aluno pode (') fazer um exemplo com uma borracha ou uma régua de plastico. Figura 1 Figura 2 Notar que no bordo a (figura 1) ha um encurtamento (zona comprimida) e no bordo b ha uma distensio (zona tracionada). Alguns materiais resistem igualmente bem tanto ao encurtamento como ao alongamento (distensao, traga), como por exemplo, 0 ago ¢ a madeira. A pedra que nada mais € do que 0 conereto natural, resiste bem & compressio e muito mal a trago, ou seja, quando os vaios das pontes eram grandes ou as cargas eram grandes a pedra se rompia, pelo rompimento da parte inferior (figura 2). Notemos que nas vigas de concreto armado podem aparecer fissuras na parte inferior da viga indicando que 0 concreto ja foi, Nao ha problema pois ai quem resiste € 0 ago (7) Quando se diz. pode, entenda-se deve. AULA 2 2.1 | CALCULO E TABELA DE PESOS LINEARES ara pegas que tém sego constante (barras de ago, cordas de sisal, etc.), elas podem ter seu peso expresso por metro, valido isso para cada diémetro. ‘Assim as barras de ago usadas no concreto armado tém os seguintes pesos lineares: Diametro Peso linear 3/16" 5/6" 34" 11/4" A formula do peso linear é: Peso Piinear =—————— ou P=L-Princar ‘inear ~“Comprimento Pi PROBLEMAS: 1. Quanto pesam 3,7 metros de uma barra de 3/4” ? Da formula: P=LxPhinear = 3,7mx2,24kgf/m = 83kef 2. Uma barra de ago de 1 1/4” tem o peso de 34 kgf. Qual é 0 seu comprimento? Da formula: 4 Bees i ae Prinear 6.22 kgf /m 3. Qual a bitola de um aco que, tendo um comprimento de 7,8 m, pesou 17,5 kgf? Da formula P 17S kef Bina nace = 224kgf/ incar = Tr 78m 24 kef / m Pelo peso linear deve ser 0 ago de 3/4” de diametro. 12 CONCRETO ARMADO Ev TE AMO ‘(COMPLEMENTO TABELA MAE A tabela que se seguiré seré t4o utilizada que chamé-la-emos de Tabela Mae. Ela da os diametros dos varios agos, suas éreas e perimetros AREA DAS SEGOES DAS BARRAS 3/16" va" 5/16" 3/8" 12" 5/8" 34" 718" 1" 118" 11/4" ATENCAO - Quando saiu a primeira edigdo deste livro, em 1983, ainda vigorava na pritica no mercado fornecedor de ago, 0 uso de diémetros expressos no sistema de polegadas. Hoje (1995), felizmente, usa-se nesse mercado o sistema métrico. Nao foi vidvel reformular todo o livro para adapti-lo para essa modificag&o que nao traz, felizmente, maiores mudangas praticas. Todavia, em homenagem ao Sistema Métrico, patriménio da Humanidade, em homenagem as leis do pais. que exigem o sistema métrico, em obediéncia 4 EB - 3 da ABNT, recomendamos aos leitores que na sua vida profissional usem a Tabela de Ago com as expressdes métricas. A correspondéncia entre as medidas em polegadas e sistema métrico é o) 3/16 4 5/6 a8 172 38 34 7 (mm) 5 63 8 10 12,5 16 20 25 2.2 ACAO E REACAO - PRINCiPIOS Aceitemos um postulado: “A cada ago (forga) corresponde uma reagdio (orga) de mesmo valor, igual diregao, mas de sentido inverso”. Uma pessoa, que na barra fixa, puxa para baixo a barra, se vé puxada para cima. A agdo é na barra (para baixo), ¢ a reagao é no corpo (para cima), e 0 corpo sobe Uma pega de 100 kgf apoiada no terreno, recebe dele uma reagdo de 100 kgf, esta é a Teaco do terreno que equilibra o peso e ento essa pega fica estavel. Se o terreno nao puder reagir © corpo afunda (recalea) AULA2 B Imaginemos @ ponte simplificada a seguir que vence 0 vo de um rio suportando uma canalizagio de agua: ‘Tubo com agua. Viga de Tubo com agua conereto vignde Or ghA L} conereto ar Pilar] 2 ——Pilar 2 10m Corte Longitudinal Corte Transversal Admitimos que 0 conjunto viga, tubo e égua que passam dentro dele pesam 2.450 kgfim. O peso total disso é:P=2450kgef/mx10m = 24500kgf = 24,5¢f Logo, 0 peso desse conjunto (24,5 tf) dirigido para baixo, deve ser suportado pelos dois pilares que receberao cargas iguais (a carga esta sendo uniformemente distribuida nao havendo pois razo para se pensar que ocorram cargas diferentes nos pilares P € P). Tudo se passa como se fosse: P=24,5 tf Peso equivalente ao peso distribuido, © peso da estrutura (24,5 tf) foi descarregado nos dois pilares com forgas P, e P2 tal que: Peso distribido: de 2450 kgffm Py + Py = 24,5 tf. P)=12251¢ 08 Plazes reagem com as forgas Ry e Ry que sto iguais a P, e P2 , logo: Ry = Py PRy= 12,25 tf; Ro= P2 Ro = 12,25 tf Br nase Tessa Notar que Ry é igual a P) mas em sentido contrétio, Pelo principio de agio ¢ reagdo, se o pilar reage na viga com R; (ascendente) sobre o pilar sem forca P) inversa a Ry In In Ty=Py tly Ty=Po+Ly Pilar 1 fu Pilar 2 fee te (Reagio f (Reagaio 1 doterreno) T2 do terreno) Para que os pilares fiquem estaveis, € necessério que o terreno aja sobre eles com forgas T} €T> (ascendentes). T, no sera igual a P), pois deve receber também o peso proprio do pilar (L1), igualmente T> sera igual a P) +L 14 ConcreTo ARMADO Eu Te AMO No final da historia, todo 0 peso do tubo, da agua, da viga, e do pilar, tudo isso é transmitido ao terreno que tem que reagir com Ty e T2, Se o terreno for forte, duro, rochoso, ele resiste (reage) com T; e T2 e a estrutura estard estével. Se ele ndio puder reagir, ou seja, se ele nfo puder transmitir Ty e T2 aos pilares a ponte pode afuundar (recalcar), 2.3. MOMENTO FLETOR OU ACAO A DISTANCIA DE UMA FORCA. Ao tentarmos girar uma barra encaixada em uma pedra, notamos que quanto mais comprida a barra, mais esforgo de girar € transmitido ao encaixe (engastamento) F —, h Encaixe ou Engastamento Ao tentarmos virar duas barras verticais iguais (mesmo comprimento h) mas em pontos mais distantes ou menos distantes de sua fixago, vemos que, para a mesma forga F: Ly (bravo) Engastamento | Engastamento 2 0 esforgo transmitido ao engastamento & maior para distancia L (que ¢ maior que Lz) e quanto maior o brago, tanto maior o esforgo no engastamento para virar; o engastamento resiste até © ponto em que rompe, e dai a pega gira nesse ponto Podemos quantificar essa ago de tentar virar, como o produto “Forca x Distancia” e 0 chamaremos de Momento Fletor. Assim, se a forga de 100 kgf aplicada a um brago de trés metros teremos um Momento Fletor de: M=FxL = 100kgfx3m = 300kgfm A tendéncia a girar pode ser associada a um sentido de rotag&o. Assim, forgas que tendem a girar a barra no sentido horario, vao gerar momentos que por mera convengao serdo positivos e as que tendem a girar no sentido anti-horario vao gerar Momentos negativos, Assim, quando a mesma forga F atua da direita para a esquerda, ira gerar no encaixe da figura, a seguir, um momento anti-horério (-) e quando F muda de sentido (quando atua da esquerda para direita) gera Momentos no encaixe (+) horarios AULA2 15 de Momento Fletor M=Fxh(+) Abstraindo-nos do aspecto construtivo da barra e de sua fixagdo no encaixe, podemos representa-la como estando em equilibrio face & ago de (exemnplo numérico) F, = 100 Convengdo de Momento Fletor M € 0 Momento Resistente. Como 0 esquema de ~)M forgas tende a girar 0 ponto C com um Momento | . horario de 400 kgfm, 0 ponto C nfo gira se 0 encaixe transmitir a viga um Momento anti- = hordrio (-) de 400 ky Sm eeeaeee ket ene ha ° Mesa Fletor em C e a forga oe F3 néo existem independentemente. Eles so Cl Fy = 50 kof reagio do encaixe a tentativa de rotagio ¢ I M=400 bain translagdo da barra, Cessada a agdo de F, e Fp cessa Me Fs As reagdes nos vinculos s6 existem também se o encaixe for resistente (forte). Se ele nao puder reagir ele quebra e a barra gira. A condigao fundamental de equilibrio é que a somatoria de todos os momentos causados pelas forgas de aco, forgas de reagio e dos momentos resistivos se anulem Se a mesma barra fosse simplesmente apoiada em C, nfo houvesse o encaixe, ela giraria (sentido horario) © andaria para direita (posigao 2). Ver figura ao lado: » Queda Assim, seja a barra que esta sujeita a duas forgas de sentido opostos: Posi¢do 1 Convengio de Momento Fletor F,=100kgf 4 ‘am A fora F, tenta girar a barra no ponto C Sokgf (encaixe ou engastamento) sentido horério, causando um Momento em C que sera: M)=FxL = +100kgfxSm = +500kgfim 16 CONCRETO ARMADO EU TE AMO © momento em C causado pela forga Fp sera: (sentido anti-horario) M)=-F)xL = ~SOkgfx2m = ~100kgfm O momento total em C sera Mc =M;+M) = +500-100 = +400kgfm Conclui-se que h uma tendéncia externa para a barra girar em C no sentido hordrio (+) de 400 kgfm. Mas C nao gira, pois esta engastado (encaixe), este transmite a barra um momento reativo de - 400 kgfim, Se a estrutura no reagisse com esse Momento, 0 ponto C giraria quebrando © engastamento. E a mesma coisa que girar um parafuiso com uma alavanca lateral. Enquanto o Momento de giro for menor que a resisténcia de fixagio do parafuso (atrito de fixagio) o parafuuso no gira, ao se aumentar 0 Momento (seja através do aumento de forga, seja através do aumento do brago) a fixagao do parafuso nao consegue opor um outro Momento contririo, ¢ dai o parafuso gira, rompendo o vinculo. A partir da quebra do vinculo, tudo fica facil Todos nds sabemos que o dificil € um parafuso bem apertado girar um pouco, girou um pouco, depois gira facil (foi-se o vinculo) A barra, vista no esquema anterior s6 é estavel (ndo gira quebrando 0 vinculo) porque no engastamento a estrutura transmite a barra um Momento resistente igual ¢ contrario a0 Momento solicitante e transmite uma forga F3 =F - Fz 2.4 APRESENTAMOS O PREDIO QUE VAMOS CALCULAR - ESTRUTURACAO DO PREDIO A seguir temos o prédio que iremos calcular tim tim por tim tim Nada deixaré de ser calculado. E um prédio de trés pavimentos, mais térreo e que tem andares tipicos cada um com cerca de 90 m’. A arquitetura é pobre, mas desculpem-nos pois os professores do curso s6 sto engenheiros, nao arquitetos. ‘Aqui esta a perspectiva do nosso prédio AULA2 PERSPECTIVA DA ESTRUTURA DO PREDIO Vigas COBERTURA Pilares_| Ee a eR ss CN E Sapata 2} D2 SUBSOLO CONCRETO ARMADO EU TE AMO CORTE TRANSVERSAL DO PREDIO ee COBERTURA 1 be 32PAVIMENTO || ]] 2,70 22 PAVIMENTO fase | I 2,70 ANDAR TIPO 12PAVIMENTO I I 2,70 ye TERREO SAPATA AULA 2 PLANTA DO APARTAMENTO SALA COZINHA QUARTO1 QUARTO2 3,725 3.725 “7 1020 Medidas em metro Nee 3.725, 20 3,70 1,05 CONCRETO ARMADO EU TE AMO PLANTA DE FORMA OTS + LTS 4988 pay __2ans_ gs pa, ott Haat Pt et tet ||P; 20x40) /P 2 (20x40) P3 (20x40) * g 5 3] or on Hf i 3 | [py ox20) V2 (20x50) P (20x20) Pg (20x40) —— 1 Ae 62> (ly) # Ppcoxi20) 5 emra g in| 620 2 20x40) V5(20x50) pol 340 pol Medidas em metro (segdes dos pilares e vigas em cm) ‘V42(20x50) 3,60 AULA2 21 LEGENDA -DETALHE DO CORTE VERTICAL DAS ESCADAS 5,40 m Para © batismo da estrutura que vamos calcular, utilizaremos os critérios da NB - 16, “Execugio de desenhos para obras de concreto simples ou armado” que recomenda: * Simbologia das pegas (item 5) Lajes 2 L |Vigas © V [Pilares > P |Sapatas > S |Blocos SB [Paredes > Par ¢ Numeragdo de Lajes (item 6) (') A numeragdo das lajes sera feita, tanto quanto possivel a comegar do canto esquerdo superior do desenho, prosseguindo-se para a direita, sempre em linhas sucessivas, de modo a facilitar a localidade de cada laje. (') Ao se mumerar as lajes apareceram as lajes Ly © Leg de nomenclatura pouco ortodoxa. Desculpem-nos. 2 CONCRETO ARMADO Eu TE AMO * Numeragao das Vigas (item 9) ‘A numeragio das vigas seré feita para as dispostas horizontalmente no desenho, partindo-se do canto superior esquerdo e prosseguindo-se por alinhamentos sucessivos até atingir o canto inferior direito, para as vigas dispostas verticalmente Partindo-se do canto inferior esquerdo para cima por fileiras sucessivas, até atingir 0 canto superior direito. ‘© Numeragao de Pilares (e Tiramtes) (item 14) A numeragao dos pilares e tirantes seré feita quando possivel, partindo-se do canto superior esquerdo do desenho para a direita em linhas sucessivas, DADOS PARA 0 CALCULO DO NOSSO PREDIO. Cargas para 0 célculo das lajes & NB- 5 ABNT (Cargas para o cilculo de estruturas de j = Cargas acidentais a) Em forros nfio destinados a depésitos 50 kgf/m™ b) Em compartimento destinados a residéncias, escritdrios ou enfermarias Sobre lajes com mais de 12 m? 150 kgffm? Sobre lajes com menos de 12 m? 200 kgf/m? ©) Em compartimentos destinados a reuni8es ou de acesso piblico 300 kfm? d) Em compartimentos destinados a bailes, gindsticas ou esportes 400 kfm? ©) Em compartimentos destinados a arquivos, bibliotecas ou depésitos de qualquer natureza, as que se destinarem em cada caso especial: Cargas para céleulo de escadas Escadas secundarias 200 a 250 kgf’m? Escadas de edificios de residéncia 250 a 400 kgm? Escadas de edificios piblicos 400. a 500 kgf/m? Outros dados O conereto tera fey = 150 kgflem? O ago sera CA SOA A flundago sera direta, usando sapatas macigas rigidas assentas em um solo com tensdo admissivel a compressio de 2,0 kgf/cm” 2B 3.1 APLICACOES DO PRINCIPIO DA ACAO E REACAO Jé vimos na aula anterior que o principio de ago e reagdo é aplicavel a todas as estruturas recebendo cargas e que estejam em equilibrio, Esse principio vale para todas as forcas verticais, horizontais e jaclinadas. Vejamos alguns exercicios de calculo de forgas de reagio, forgas essas que, como vimos, no existe independentemente. $6 ocorrem em reago, em resposta, as forgas ativas. Assim ao arrastarmos um mével no cho temos que vencer a forga de atrito. Ao cessar nossa ago de empurrar o mével, este néo sairé andando empurrado pela forga de atrito que ent no existe mais, Seja a barra a seguir. Sobre esta barra agem uma forga para a direita de 100 kgf e para a esquerda de 50 kgf dado uma diferenga de 50 kgf para a direita. No vinculo C deve haver uma reagio de 50 kgf para que Fy = 100 kgf 100 kef F|=F)+F3 F,=50kef F3=F)-F2 $m Fy = 50 kef F3 = 100-50 y= 50 kgf F3= 50 kef Cc ‘AM = 400 kgfim (-) Imaginemos agora um barra vertical que soldada a um pega é puxada com uma forca de 10 kgf no ponto A e no ponto B é empurrada com forga de 2 kgf. 10 kgf 10 ket B B pee | ae F3=10-2 Bs Fy =8kef ee E, Estrutura Olhando a barra isoladamente, ela s6 no sai, nao se desliga da estrutura, se esta, a estrutura, puxar a barra com forga: F,=10-2 = 8kgf 24 CONCRETO ARMADO EU TE AMO Pelo principio de ago e reago, se a estrutura puxa a barra com 8 kgf, a barra puxa a estrutura com Fy =8 kgf. Um outro exercicio Um senhor gordinho que pesa 100 kgf, pesa-se numa balanga e segura um baldo de gas que 86 6 seguro e impedido de subir gracas a um esforgo de 50 gf Qual o peso na balanga? 50 gf = 0,05 kgf Uh 100 kgf (Reagao da balanca no homem) A reagiio da balanga no homem é (vertical para cima) F=100,00-0,05 = 99,9Skgef A ago do gordo ¢ balao na balanga é de 99,95 kgf e vertical para baixo. Logo, olhando-se no medidor (escala) da balanga deve dar o peso de 99,95 kef. Se n&o der é que a balanca esti desregulada. 3.2 CONDIGOES DE EQUIL{BRIO DE ESTRUTURAS Ja vimos que como resposta a ago de esforgos externos (cargas atuantes e Momentos), as estruturas de acordo com os seus vinculos reagem ou tentam reagir com forgas e Momentos Fletores Para que uma estrutura seja estavel é necessério que: 1. A soma das cargas horizontais ativas e as horizontais reativas se igualem (se anulem); 2. A soma das cargas verticais ativas ¢ reativas se igualem (se anulem); 3. A somatéria dos célculos dos Momentos Fletores (de rotagio) para qualquer ponto da estrutura seja nulo Essas trés condigdes serdo conhecidas neste curso como as “famosas trés condigdes”. Imaginemos uma viga de madeira apoiada em dois pontos (paredes de alvenaria) e que essa viga suporta um esforgo no centrado de 500 kgf como é mostrado na figura a seguir. AULAZ 25 © esquema ¢: ehe ae” sm 2m, Ra Rp Esquema Estrutural 8m 2m. eetuwe | ke A estrutura de apoio reagiu com duas forgas verticais ascendentes, Ra e Rx tal que: P=Ra +Rg entéo Ra +Rp = 500 kgf. Qual o valor de Ry e Rp (reagdes nos apoios)? Se a forga P tivesse sido colocada no meio do vio, por simetria Ra seria igual Rp ¢ entdo Ra = 250 kgf ¢ Ry = 250 kgf Acontece que o peso P ficou mais perto de B que de A e entdo as reagdes so desiguais. Mostra a nossa experiéncia de vida que nesse caso Rp deverd ser maior que Ra. Vamos calcular Ra € Ry ¢ verificar isso, © ponto B eo ponto A nao sao engastados, portanto sobre eles a estrutura no transmite Momento Resistente. Podemos, pois, considerar (38 condigo) que a somatéria de todos os Momentos de todas as forcas ativas (P) ¢ reativas (Ra ¢ Ry) deve dar zero, ou seja Mp = 0. Mas calculemos Mg pela definigfo, ou seja o resultado da soma de todos os Momentos causados por todas as forgas atuantes. My =+Ra x10m—500kgfx2m+Rpx0= 0 +R, x10m-1000kgfm=0 => 10xR, =1000 kgfn 1.000kgfim m Logo: Ra = = 100 kgf Como Ra+Rg=P > Ra+Rpy=S00kgf = 100+Rp =S00kgf Logo: Ry =S00kgf-100kef => Ry =400kef Ja calculamos pois, Ra € Ry. Vé-se, como a sensagio mostra, que o ponto B é mais carregado (400 kgf) do que © ponto A (100kgf) devido ao peso (500 kgf) estar mais perto de B do que de A. Poderiamos calcular Rp de outra forma. © Momento em A também é nulo My = 0. 0 Momento em A &a soma dos Momentos de todas as forgas que agem na barra Logo: M, =S00kgfx8m-Rpxl0m= 0 4000kgim=+10mxRg => Rp — Aeeeksin 400 ket Conclusio: O pilar 1 (A) recebe um esforgo vertical de cima para baixo de 100 kgf e reage com Ra de 100 kgf para cima. O pilar 2 (B) recebe um esforgo vertical de cima para baixo de 400 kgf e reage com 400 kgf para cima ‘A estrutura $6 sera estavel se o terreno puder reagir com Forgas verticais (terreno firme). Se 0 terreno no puder reagir (terreno pantanoso, por exemplo) a estrutura nao sera estavel, e afundara 26 CONCRETO ARMADO EU TE AMO Exercicios: 1. Calculemos agora os Momentos Fletores em trés pontos de uma barra vertical. A Fy = 300 kgf’ ‘ ea Convengio de Momento Fletor ™ Fy =60 kef 2m © Momento Fletor em A é nulo. Para calcular 0 Momento Fletor em B basta virmos caminhando de A para B. M, =0 Mg = +300kgf x 6m = 1800 kefm © Momento no ponto C causado pelas forgas externas (ages) sera: Mc =F, x8m-F)x2m — Notar que F2 introduz em C um Momento Fletor para girar C no sentido contrério (-) i} Mc =300kg x 8m ~ 60kg x 2m =+2400kam ~ 120kgm } Mc =2280 kgm Logo, as forgas externas tentam girar em C com uma grandeza (Momento Fletor) com sentido horario de 2.280 kgfm. O ponto C s6 nfo giraré se o engaste tiver capacidade i (resisténcia) de transferir a viga nesse ponto um Momento Fletor resistente e anti-horario de 2.280 kgfim, Pelo principio de aco e reagdo o engaste em C transfere também 4 viga uma forgaPs: F,=F,+F, logo F; = 300 60= 240 kgf 2. Consideremos agora uma barra de madeira engastada em uma parede e sujeita aco das forgas indicadas. B_ EC D Fy Skgf Fl iat z F3= 10 kgf Sm m 10m ‘Temos sobre a viga (e sobre a parede) agindo forgas verticais, horizontais ¢ os conseqiientes Momentos de cada forga. Vejamos as forgas: + A soma de forgas ativas horizontais ¢ de 5 kgf (forga nica) para a esquerda. * A soma das forgas ativas verticais é de 5 kgf para baixo e 11 kgf para cima A condiglo de equilibrio (para a barra ndo se deslocar) é que a soma de todas as forgas verticais se anulem e a soma de todas as horizontais se anulem. (1* e 2* condigdes). Nao confiundamos movimento (saida do local) com deformagio. Sem divida que sob o efeito de forgas, ou Momentos, as estruturas se deformam (trabalham) mas 0 que nfo podem é se movimentar (andar), AULAZ 27 Logo, a parede deve transmitir forgas horizontais e verticais (H ¢ Vj) tal que F\= 5 kef vy A primeira condigio de equilibrio é B sHy Fan Skef que as forgas horizontais de sentido da z c >} direita para a esquerda sejam iguais as at sal Pye 10 kgf de sentido da esquerda para a direita, HL=F, Hy =Skgf A segunda condigao de equilibrio é que as forgas verticais descendentes sejam iguais as verticais ascendentes, logo’ F,+Vj=Fy+F; temosque 5+ V,=1+10 Vy =11-5=6 kof Logo conclui-se que para essa barra ficar estavel, a parede deve transmitir & barra as forgas ‘Agio da paredenaviga [°F & | Reagdo da viga na parede Skef Skgf y c A viga transmite a parede forgas opostas, ou seja, face a ago das forgas ativas na barra, a barra levanta a parede com forga de 6 kgf e empurra a parede para a esquerda com a forca de 5 kaf, Assim , agem na viga as forgas: FyoSket Vy=6 ket Ja conhecemos todas as forgas que agem na viga € na estrutura, Calculemos agora os Momentos Fletores que atuam na barra, e na parede. A parede esta sendo tentada a 15m J0.5m,1,0m,| girar no sentido anti-hordrio (ponto C), de acordo com os seguintes Momentos: Mc =-F, x 2m+F x 0,5m-—F; xIm Mc =—Skgf x2m+ kgf x 0,Sm—10kgf x 1m Mc =-19,5kgfin : Os esforgos externos sfo tais que tentam girar a viga na sua unio com a parede no sentido anti-horario com o esforgo de 19,5 kgfim. A viga, na unido com a parede sO nfo girara se a estrutura de encaixe puder reagir nesse ponto com um Momento Resistente (Momento horario) de 19,5 kgfim. Logo, a estrutura (barra) estavel, deveré ter a seguinte representagio MR © Momento horario M = 19,5 kgfm F vil a (Momento Fletor Resistente) so foi 1 pW pe enlo, F 4 transmitido a barra pelo fato da parede A C ter recebido um momento anti-horario { { de 19,5 kgfm (em sentido oposto ao da By Fs barra), 28 CONCRETO ARMADO Eu Tz AMO Conclusiio: Ao se colocar essa barra nessa parede e com essas cargas, a parede é solicitada a se levantar com a forga Vj , ¢ solicitada a se deslocar para a esquerda com a forga Hy e é solicitada a girar no sentido anti-horario de 19,5 kgfm. A parede no se romperd se tiver capacidade de transmitir @ viga tudo oposto do que recebeu (vinganga dirdo alguns). Isso acontecendo, a parede no se rompe e a viga se equilibra 3. Calcular os esforgos na barra abaixo. Adotar peso proprio de 1 kef por metro centrado no meio. © comprimento da viga AB é (Teorema de Pitagoras) Como o peso linear é de 1 kgf/m, o peso da barra ¢ de 5 kgf (localiza-se no centro de simetria). O esquema estrutural é 10 kgf 2 B 5 ket a 10 kef — C Elm ‘As forgas Va, Ha € 0 Momento M4! 35 kgf fe Fletor Resistente Ma, séo as 4 = nN reagdes do vinculo (encaixe) as Va solicitagdes externas .2m 4m Admite-se que existe 0 Momento em A pelo fato do vinculo em A impedir a rotagdo. Esse Momento (por enquanto desconhecido) tanto pode ser horério (como indicado) ou anti- horario. Igualmente no conhecemos o sentido de Va ¢ Ha . Os célculos dirdo. As reagdes Va, Ha e Ma so reagdes no vinculo A (engastamento). Va =104+5-35= -20 kgf (A famosa segunda condig&0) Como Va deu negativo, a sua orientagao indicada é incorreta, ou seja: Va deveria ser descendente, isto é 0 vinculo puxa para baixo a barra (sem o vinculo a barra tenderia a subir), Hy =2+10=+ 12 kgf (A famosa primeira condiga0) O sentido de Ha esta correto, as forgas externas tendem a puxar a barra para a direita e o vinculo impede isso com a forga Hp para a esquerda. AULA3 29 ‘Apliquemos finalmente a famosa terceira condig&o. Mg =10x44+2x3+10x15+5x2-35x2 Ma =40+6+15+10~70 My =+1,0kgfm Conclusiio: As forgas causam no engastamento (encaixe) em A um Momento Fletor horario de 1,0 kgfm. Logo, no ponto A na barra, o encaixe transmite um Momento anti-horario (tende a girar a0 contrario do rel6gio), ou seja, 0 ponto C esta em equilibrio (M = 0). No ponto A na barra os esforgos C H trasmitidos pelo engastamento sao: __ Mr flame (Momento Resistente) Ya. 3.3 ViNCULOS NA ENGENHARIA ESTRUTURAL Chama-se vinculo de uma estrutura, cada restrigao dessa estrutura ao seu giro, @ um movimento vertical (para cima ou para baixo), ou a um movimento horizontal (para a direita ou esquerda). ‘Uma barra lisa de madeira apoiada em dois pontos bem lubrificados como abaixo, pode, se sujeito as forcas externas, andar para a direita e para a esquerda e pode girar para 0 sentido horario em toro de A, e pode em tomo de B girar no sentido anti-horario ‘A barra pode subir no ponto A e no ponto B. A barra, todavia, nao pode descer em A ou B (a estrutura de apoio no deixa). Essa estrutura ¢ portanto estivel, se receber um esforgo vertical para baixo (e desde que ocorra em um ponto entre A eB) (claro, dentro de limites pois o solo pode ceder para esforgos muito grandes). Essa barra sera instavel se receber um esforgo vertical para cima, (ela sobe) ou em esforgo horizontal (cla anda), Essa estrutura é instével (ela gira) se aplicar um Momento no meio (ela gira perdendo 0 contato com o ponto A ou B). Imaginemos agora varios tipos de apoio de estruturas: y t h " Estrutura 1 Estrutura 2 30 CONcRETO ARMADO Eu TE AMO ry f Estavel para qualquer Py tipo de esforgo Estrutura 3 A estrutura 1 é estavel (tém vinculos) para esforgos verticais descendentes e aos horizontais para a esquerda. Essa estrutura ndo é estével para esforgos verticais ascendentes, horizontais para a direita e no é estavel para Momentos anti-horarios A estrutura 2 ¢ estavel, gragas aos seus vinculos, qualquer esforgo horizontal , esforgo vertical descendente. A estrutura 3, gracas aos seus vinculos, € estavel para esforgos verticais, horizontais e aos Momentos Fletores introduzidos. Estamos falando qualitativamente de vinculos. Sem duivida que se as forgas aplicadas forem enormes, os vinculos romper-se-&0. Seré uma perda ndo pelo tipo do esforgo, mas sim pela sua intensidade, Uma porta ¢ uma estrutura instavel: F, 1 | Observagao: a articulacdo € FT 0 tipo de vinculo do Viaduto : Santa Efigénia que é um Vinculo ———" w | a (articulagao) |__| arco triarticulado Quando empurramos uma porta com forga F, , 0 vineulo nao tem como se opor ao Momento F) x L e a porta gira (estrutura ndo estivel). Quando a porta se tranca, temos o esquema ne Vinculo 1 Vinculo 2 (articulagao) (engastamento) O vinculo 2 (engastamento pela solidariedade porta - parede) cria uma estrutura estavel pois pode reagir 4 fora F}. Claro que o vinculo 2 resiste as esforgos moderados. Se F; crescer desmesuradamente 0 vinculo quebra e a porta esta arrombada. Quando uma porta fechada a chave (com lingtieta) é forgada, cla apresenta o seguinte esquema de resisténcia ¥ Reago Reagao Vineulo 1 Vinculo 2 AULAZ 31 Neste nosso curso chamaremos de apoio simples quando o vinculo permite reagir sé com forgas verticais. Esse apoio também é chamado de rolete ou carrinho. No apoio tipo articulagiio transmitido estrutura reagdes verticais e horizontais. No apoio engastamento transmitido a estrutura esforgos verticais, horizontais e Momentos ‘SEJAM AS BARRAS A SEGUIR E OS SEUS TIPOS DE VINCULO O fato Representagio -— ante os oh ikvticalagae SIMBOLOGIA l Engastamento Carrinho (rolete ou apoio mével) 32 CONCRETO ARMADO Eu TE AMO 3.4 COMO AS ESTRUTURAS SOFREM, OU SEJA, APRESENTAMOS: A TRACAO, 0 CISALHAMENTO, A COMPRESSAO E A TORCAO. Jé vimos que as estruturas que esto em equilibrio tem de atender as trés famosas seguintes condigdes necessarias (obrigatérias): 1, Todas as forgas que atuam sobre a estrutura e as que reagem, medidas todas na horizontal, tem que se equilibrar (condigdo da estrutura nfo andar para a direita ou esquerda), 2. Todas as forgas ativas (externas) que atuam sobre as estruturas e as que reagem, medidas todas na vertical, tem que se equilibrar (condigo da estrutura no subir ou descer). 3. Todos os esforgos que atuam sobre a estrutura € 0s que reagem nao podem fazer a estrutura girar (condigdo de que a estrutura nfo gire em nenhum ponto), ou seja o Momento Fletor causado por todos os efeitos ¢ nulo para qualquer ponto. Todas essas trés condigdes dizem respeito as ages externas (peso, carga, vento), reagdes nos apoios e Momentos externos aplicados. Todavia a estrutura ao receber os esforgos, cria resisténcias internas. Assim, se puxarmos uma barra de aco pendurada no teto com a forga P, P == Reagio da barra no teto = P a barra transfere a forga P para o teto, as custas de seu material, ou seja, a barra tende a ter suas particulas afastadas uma da outra (tracionamento) Ha um limite de coeso interna ap6s 0 qual a barra se rompe, ou seja, ha um limite para P. Quando uma barra, um cabo, é submetida 4 uma forga que tende a afastar as particulas da barra, ha um esforco de tracdo (alongamento, estiramento, afastamento, etc.) Um cabo de elevador é um exemplo de barra tracionada. (2) Roldana t F A forga F é perpendicular Barra do elevador @ segao do cabo, tendendo afastar cada particula do fr Contrapeso E cabo. Quando a ago da forga é para juntar, comprimir, apertar as particulas de uma barra temos 0 esforco de compressiio. Um pilar de prédio é um exemplo. AULA 3 33 Se construirmos uma trelica como a seguir para sustentar a construgdo de uma ponte, o leitor saberia intuitivamente dizer quais as partes tracionadas (<->), e as comprimidas (> <) da mesma? Consideremos agora um peso colocado na extremidade de uma corrente composta de argolas: 0 ( Elo (argola) © Sego transversal da s argola solicitada por P O peso P transmitido a argola faz com que haja uma tendéncia de romper a argola, ago de ‘uma forga paralela no plano da secio. A forga P ¢ paralela a segdo da argola ‘A argola na sego vertical esta sendo cortada, (como se corta pio) ou em outros termos esté sendo cisalhada (separagéo por um plano vertical). Temos- aqui um esforco de cisalhamento Segdo da Argola Consideremos agora uma estaca que esti sendo cravada em um terreno. Ha um grande esforgo (orga) distribuido em uma érea pequena (como um prego sendo cravado em uma madeira). temos aqui um esforgo de puncionamento no terreno. Um cofte forte colocado no meio de uma laje gera também esforgos de puncionamento, 34 CONCRETO ARMADO EU TE AMO Consideremos agora uma viga de madeira de grande tamanho (viga A) na qual se prega uma prancha de madeira (prancha B) transversalmente ¢ nessa madeira se coloca um tijolo. Admitamos que a prancha B esté fortemente pregada a viga por pregos. Prancha de Madeira B M A Viga A Biwi ianuot Perspectiva Segiio Transversal ‘A viga de madeira (A) esta sujeita gragas a forga P, ¢ a sua distancia (brago) & uma torgao, ou seja, as particulas da viga slo convidadas a se torcerem (Momento de Torgdo). Se esse Momento for demiasiado a viga pode romper. ‘Notemos que esse Momento de torgao € calculado T= P x L., ou seja, quanto maior o peso para uma mesma distancia, maior 0 Momento de torgao, Se a distancia fosse nula, entao P estaria sobre a viga € nao haveria torgao. pS Notemos que 0 Momento de torgaio que ee estamos introduzindo agora, age no plano Mc ito de Te paralelo A seg&o transversal de uma viga one avin Em estruturas de prédio existem Momentos de torgdo em vigas causadas pela ago da carga de lajes em balango (marquises) (7 \Pilar 4 Cargas Seco transvesal Laje Marquise " ° p a 1 viv Esse Momento Fletor positivo igual a Mc comprime a parte superior da viga e traciona a inferior como a figura exagerada a seguir. Figura P Segio Se¢ao Sedo Segao ww Enrugamento we D) OB face a compressio ® oy. eee 38 CONCRETO ARMADO Eu TE AMO Esquema ® ® ® Compressiio Linha Neutra (nem tragao nem compressdo) LN Sesto E| ® ® ‘A parte de cima da viga é encurtada (comprimida) ¢ a debaixo é alongada (tracionada). O esquema anterior indica graficamente o que acontece na segao do meio da viga. Nas fibras inferiores em @ temos 0 maximo da tragdo. Nas fibras superiores em @ temos o maximo de compressio. Sendo tragdo e compressio conceitos opostos, eles tem que passar por um ponto médio ® onde nao ha tragdo € nem compressao. E 0 ponto neutro ®. Na verdade, existe ao longo da viga, uma linha neutra (LN). Se no, vejamos Na segiio A nfo ha Momento Fletor. Idem na sego B. Na segao C ja ha algum Momento Fletor gerando nas fibras superiores alguma compressio e nas fibras inferiores alguma trago. ‘Na segao E (meio da viga) as fibras no ponto @ atingem o maximo de compress&io e em @ ‘© maximo da tragio, Na segiio D j4 decresce a tragZo e compressao nas bordas superiores € inferiores para na segdo B nao haver mais Momentos Fletores. Consideremos agora um caso mais geral de uma viga simplesmente apoiada em dois pilaretes onde atuam duas forgas nos pontos E e D ¢ sejam Ry ¢ Ry as reagdes: 3tf 20tf Ry tn, my, _5m___Sm_) Exageradamente a viga deformada Calculemos a soma dos Momentos fletores causados por todas as forgas em D e que como sabemos ¢ nulo.(") Mp=0 => R,-8m-3tf-Sm-R,-Sm=0 => 8-Rj=15+5-Ry 15+5-Rp 8 5+5-R: Como sabemos Rj + Rp = 23 tf e substituindo Ry por eee temos BARB oR: =23th => 15+5-Ry +8-Ry=184 => 13-Rp =184-15 Logo: Re => R2,=13tf Portanto: Rj =23-R, => R,=23-13=10 > R,=100f (!) O Momento é nulo se calculado para todas as forgas a direita e a esquerda, nao ¢ nulo se calculado para as forcas s6 a esquerda (ou s6 a dircita). AULAd 39 ‘Como 0 nosso bom senso indicava que como a forga 20 tf estava mais perto de Ry que Rj, Ry resultou mais carregado do que Ry Conhecidas as reagdes nos apoios podemos facilmente calcular 0s Momentos Fletores em cada ponto da viga e principalmente nos pontos singulares A, E, D, B, Vindo sempre da esquerda para a direita (—). Ma =0 Mg =R, -3=+10-3=30¢fm M, Ry, -8-3-5= 48-10-15 = +6Stfim Mg = R, -13-3-10-20-5=130-30-100=0 My =0 Notemos que todas as segdes onde os Momentos deram positivos, significa a ocorréncia de trago em baixo e compresséio em cima da viga. Observemios que calculamos os Momentos em C e D vindo pela esquerda. Calculemos agora vindo da direita e mostremos que vindo da direita os resultados sero os mesmos, mas com sinais trocados: Mp=0 Mp =-Rj -5=+13-5= -65tfm Mg =-Rp “10 +20-5=-13-10+100=~30¢fin Ma =R3:13+20-843-3=-13-13+160+9=0 Ma =0 ‘Vé-se que vindo da esquerda chegamos aos mesmos valores de Momento Fletores nas segdes, de que vindo da direita mas em sinais trocados mostrando que eles se anulam em termos de equilibrio externo. Todavia na sego ocorre 0 Momento dando trag3o em baixo e compressio em cima quando 0 Momento ¢ positivo (vindo da esquerda) ou negativo (vindo da direita). As segdes das vigas so mais esforgadas (mais trago em baixo e mais compressfio em cima), quanto maiores ‘os Momentos nas segdes, Assim nas varias segdes os diagramas de esforgos so Compressio Segio A ou B Tragio Consideremos agora uma viga que € carregada com peso uniformemente distribuido de 80 kgfim vencendo um véo de 40 m e que € simplesmente apoiado em dois pilaretes que nao impedem a livre deformacao da viga. Viga deformada 80 kgf/m 40m R, Rg 40 CONCRETO ARMADO Eu TE AMO Observamos que a condig&o de apoio simples, permitindo livre acomodago de deformagio de viga é fundamental, Se os apoios impedissem as deformagdes as formulas até aqui apresentadas no valeriam. Como isto na vez que discutimos os pesos lineares, o peso total sobre a viga seré 80 kgf /m-40m=3,21f Logo, como o peso € uniformemente distribuido, cada reago tem o valor de 1600 kg (as reagées sao iguais pela simetria do carregamento) Consideremos agora, um ponto qualquer C na viga * 80 kgfim ¢ 10m, 30m Raq 1600 keep 40m | p= 1600 ket © Momento Fletor (vindo de A) resistidos pela segdo em C seré calculada da seguinte forma: Na segio C ocorre Momento causado pela forca Ra multiplicada pelo brago de 10 me com sentido horario (+), além disso ocorre 0 Momento causado pela forca distribuida nos 10 m que vio de A aC. Essa forga distribuida vale no total 80 kgfim . 10 m = 800 kgf. Como 0 carregamento € uniforme podemos admitir para 0 calculo de Momento em C que ele se situe no ponto X que € 0 ponto médio entre A e C. Logo essa forga de 800 kgf tera um brago (distancia) até C de 5 m O Momento Fletor causado pela carga distribuida valera pois (- 800 kgf* 5 m) = - 4.000 kgfm (momento anti-hordrio). © Momento Fletor real em C € resultado da soma dos dois Momentos Logo Mc = 1.600 kgf. 10 m-- 4.000 kgfin = + 12.000 kgfim. Para um caso geral sl © Momento Fletor em um ponto C c qualquer da viga ¢ distante m do es ee q-L m L L Mc = 3) -m—q-m nal Ryaat c= ty m—geme © Momento Fletor méximo se da no meio da viga (entio m = L/2 e ento no meio da viga 0 Momento Fletor de seco média vale Mc =q-L”/8). Nos exercicios anteriores @ curva que ligava os Momentos de virios pontos era linear Quando © carregamento ¢ uniformemente distribuido a curva dos Momentos fletores é uma parabola. O grafico dos Momentos sera igual & js : Momento maximo = 4:1? th eed 8 2 ‘B Manis AuLAd 4 Demos até aqui a teoria necesséria para resolver vigas apoiadas em dois pilaretes e com cargas distribuidas e cargas concentradas, Vamos fazer uma série de exercicios para explorar melhor 0 conceito, levantar, solver davidas e estracalhar o assunto Assim esperamos. Observaciio: Normalmente, os projetistas estruturais de prédios tem que se haver principalmente com forgas horizontais da esquerda para a direita e da direita para a esquerda e Forgas verticais descendentes (um caso de ocorréncia de verticais ascendentes ocorre em projeto de barragem devido ao empuxo da agua). A metodologia do processo de resolugio de estruturas com forgas ascendentes ¢ igual ao até agora apresentado considerando-se apenas o sinal Imaginemos a barra (viga) a seguir e os seus miltiplos carregamentos pe kef 300 kef Fora | Al Cc DE | B oni gf att Como sabemos, a somatoria de todos os Momentos das forgas ativas e reativas a qualquer ponto da viga é nulo, Escolhamos o ponto B: Mg =0 Mp = Raq -7-100-4 + 500-2~300-1=0 Rp= 1004 300 => Rp= Observem que na figura anterior admitimos que Ra e Rp eram ascendentes, enquanto que os calculos mostraram que eram negativas. Logo, podemos concluir que Ra € Ry so descendentes. A conclusio é que a barra tem as seguintes forgas atuando, 300 400 Ress ae al Re D A c { EB 0 kgf 3 2 Os Momentos fletores resistentes sao’ Ma =0 My =0 42 CONCRETO ARMADO EU TE AMO 300 Mg = -=[-+6~ 100-3+500- 1 = -257 ~ 300 +500 = ~57 kgf Toda a barra, a menos dos pontos extremos, esta sob efeito de Momento negativo ou seja entre sofrendo trago em cima e compresséo em baixo. O esquema e grafico de Momento seriam 414 129 57 A ic DEB Grifico Em D temos as maiores tensées de tragdo (em cima) e compressdo (em baixo). Em C e E teremos condigdes médias e em A e B condicdes nulas. Observemos como curiosidade que por inércia no primeiro esquema de vigas admitimos A que nos pontos A e B haveria apoios que impediriam a descida da viga. B Ora, esse tipo de apoio impede a descida da viga (restrigao ou vinculo & descida). Todavia, 0 célculo provou que nos pontos A e B a viga tende a subir. Uma viga como essa com essas cargas atuantes e com os vinculos propostos, jamais teria estabilidade. A viga voaria. O célculo provou que 0s vinculos teriam de ser We Ry Rg Y Ou seja Esses tipos de vinculos podem impedir a subida da viga ao transmitir a mesma, forgas Ry e Rp positivas (sentido contrério ao admitindo no inicio da resolugao) Passemos agora ao estudo de uma viga onde atuam as forcas seguintes: te tt 2m 3m 2m 2m 1m, 2m Notemos que com esse carregamento nfo sabemos a priori qual 0 tipo de vinculos que devemos construir em B e E para a estabilidade da viga. Os vinculos propostos em B e E impedem a descida da viga transmitindo pois as forgas verticais Ry ¢ Ro Somente os célculos dirao se os vinculos propostos so corretos. Se Ry e Rp resultarem positivos do célculo entdo os vinculos sio corretos. Se derem negativos, eles deveriam ser invertidos. Apliquemos as trés famosas condigdes fundamentais: AULA4 43 1. Soma de forgas horizontais iguais a zero H,-10f=0 = Hy, =lotf vinculo em A para garantir a estabilidade deve reagir na viga com 10 tf. Isso quer dizer que o vinculo ser comprimido com 10 tf 2. Soma de todas as forcas verticais iguais a zero. Fagamos as somas observando os sentidos: Ry, +Rz+5+25-10-15=0 => Ry +R, =-Stf 3. Apliquemos o principio da soma de todos os Momentos das cargas ativas e reativas (R, eR,). Em qualquer ponto da estrutura 0 “Momento” tem que dar zero Escolhamos por acaso 0 ponto B ( 0 aluno pode experimentar para todos os outros pontos). Mg=0 => -10-2-5-3+15-5-R,-7-25-8=0 -20-15+75-7-Ry -200=0 +40~7-Ry = 200 200-40 ee ee R; =-22,9 if Como R,+Rp=-St = Rj) =-5-Rz =-5-(-229) Ry, =417,91F Conclusio: 0 apoio em B est correto ¢ 0 de E esta incorreto. O certo seria o invertido O esquema certo seria: Caleulemos agora os Momentos Resistentes em cada ponto, Como sabemos Ma = Mg= 0. A viga trabalha como se mostra: 2m 3m 2m 2m_jim| 2m Partindo da esquerda para a direita: Ma =0 Mp =-10-2=-20¢fim Me =-10-5+17,9-3=-50+53,7=43,7 tim 44 CoNcRETO ARMADO Eu Te AMO Mp =—10-7+17,9:5+5-2=-70+89,5 + 10= +29,5 tim Mg =-10-9+17,9-7+5-4-15-2=+25,3 tim Mr =-10-104+17,9-84+5-5-15-3-22,9-1=0 Mg =0 Notemos que ja sabiamos que Mg e Mr eram nulos, pois n4o havia a sua direita forca com brago para gerar Momento. A forga de 10 tf aplicada em G néo tem braco em relagdo & F ou G (brago nulo).. J4 aprendemos a trabalhar com Momentos Fletores em vigas. Aprenderemos a seguir a trabalhar com forcas cortantes em vigas. 4.1.2. FORCAS CORTANTES (CISALHAMENTO) J4 aprendemos a fazer diagrama de Momento Fletores em uma viga. Outro diagrama importante é 0 diagrama de Forgas Cortantes P= 40 Imaginemos uma barra de ago suportando um 2 peso de 40 tf colocado em uma posi qualquer da Cc via: 32. 18 aa ee R 7m Ry Como sabemos: Ra +Rp = 40tf | Pela condigo My = 0 teremos: Ra +7-40-18=0 => Ra-7-72=0 => Ra-7=72 -2 > Ry =l03tf Ra Rp=40-103 > Rp 9,7 tf (Notaram que se o peso P ficasse no meio da viga seria: Ra = 20 tf e Rp = 20 tf) Como P ficou mais perto de Rg esse foi aumentado; no limite se 0 peso de 40 tf ficasse em B,R,=0eRp=401f Na segdo A atua a reagdo Ra que vale 10,3 t. Vindo da esquerda para a direita (de A para B) s6 existe essa fora que é paralela a segto transversal da viga ¢ que tende a cortar (cisalhar) a viga para cima, ou seja, além dos esforgos de flexio da viga causada pelos Momentos ha uma ago de corte (cisalhamento). De A até C essa agdo de corte é de baixo para cima, Em C tudo muda, pois entra em ago a forga P que € maior que Ry € tende a cortar para baixo, De C até B vale a diferenga (P - Ra). AULAF 45 Graficamente temos: Efeito de corte de baixo paracimae 10,3 tf; de valor 10,3 tf Efeito de corte de cima para baixo e de valor 29,7 tf Ry= 103 tf Observe que se viéssemos de B para A o grifico seria o mesmo Ao dimensionarmos essa viga ao cisalhamento deveriamos considerar o maior dos valores que no é 40 tfe sim 29,7 tf. Considerando agora uma outra viga: 3stf Ra Rp Ra +Rp = 35th My =0 35-0 0 Ry-10=35-0 => Ry=—>— => Ra=— = SoaI0 “10 Ra =0 Ra +Rp=35 Rp +0=35 Rg =35tf Logo se uma forga é aplicada diretamente no vinculo (A ou B) a reago nesse ponto ¢ igual 2-essa forga. diagrama de forgas cortantes € 3st O diagrama é nulo de A até B. No ponto B surge a forga cortante. Na verdade nao 4 _ ha forga cortante na viga e sim no apoio. Se essa forga cortante colocada no meio: 35 tf O diagrama de esforgo cortante seria: 17,5 tf Ou Ra=17,5 tf Rg = 17,5 17S tf Neste caso a viga seria dimensionada para a forga cortante de 17,5 tf. 46 CONCRETO ARMADO Ev TE AMO Conclusio: Para vigas simplesmente apoiadas a condigao pior (maxima) de cisalhamento aumenta quando a forga cortante se aproxima do apoio. Teoria? Claro que no. Pegue um pao (a famosa bengala) e coloque-a sobre dois apoios: e verifique onde é mais facil cortar, se no meio ‘ou nos apoios ? i] Claro que quanto mais proxima do apoio mais facil é cortar, ou seja, é mais “cortavel”, € mais “cisalhavel”. Conelusées: Para Momentos, se queres maiores Momentos Fletores coloque em viga simplesmente apoiada a carga no meio ¢ nunca perto dos apoios. Para Forgas Cortantes coloque a forga perto dos apoios. No caso de estrutura onde a forga (carga) circule livremente (por exemplo nas pontes) deveremos dimensionar a viga para cisalhamento quando a carga esta no apoio e para o Momento Fletor quando a carga esta no meio ou seja para o pior dos piores. Quando a carga nao anda, dimensiona-se a viga para a situagdo resultante de carga fixa. Imaginemos agora a viga que tem uma carga distribuida de 40 kgf/m ‘Calculemos a forga cortante. “] 40 kefim O peso total é: si 40 kgfim x 7m=280 kef m Rg As reagies Ra € Ry so iguais pois a carga é uniformemente distribuida, logo: Ra +Ry = 280 kef Ra =Rp Ra +Rq=280 => 2R, =280 Ra =140 kgf Rp =140kef Consideremos agora a forga cortante em A: Va = 140 kgf Consideremos agora um ponto C distante x metros de A. A forga cortante R num ponto distante x vale: Vo =Ra -x-40 kgfin Vc =140-40-x Sex valer 1 metro: Vc =140-40=100kgf Sex valer 2 metros: Vc = 140-40-2= 60kgf Sex valer 3,5 metros: V¢ = 140~ 40-3; Sex valer $ metros: Ve =140-40-5 Sexvaler 7 metros: V¢ = 140-40- AULA 4 47 Podemos tragar um grafico (diagrama de forgas cortantes) 140 kgf x = Ou seja a forga cortante adquire maximos nos apoios e se anula no ponto central 140 kgf Consideremos agora uma viga engastada em uma parede e sujeita a ago da forga V concentrada: V=10tf . diagragrama de forgas cortantes é: 3m 7m Se essa viga em vez de carga concentrada tiver carga distribuida de 10 kgflm, os célculos diriam: Carga distribuida = 10 kgf/m De A para B nao ha forga cortante ou seja cisalhamento igual a zero Em B 0 cisalhamento € zero. Em um ponto C qualquer a distancia x de B o cisalhamento vale 10 kgf/m - x. Sex=1 mo cisalhamento vale: Ve = 10-1= 10kgf Sex=2mo cisalhamento vale: Vo =20kef Sex=3 mo cisalhamento vale: Vc =30kef Sex~=7 mo cisalhamento vale: Vo =10-7=70kef Podemos fazer um grafico (diagrama de forgas cortantes) A Se fossemos dimensionar essa viga para cisalhamento o valor maximo seria de 70 kgf 70 ket que ocorreria em D. 48 CONCRETO ARMADO Eu TE AMO 4.2 TENSOES (ESTUDO DE ESFORCOS INTERNOS) Imaginemos um peso de 100 kgf colocado uniformemente sobre uma area de 1 m°. Todos temos a nogao de pressio, que € divisio entre peso e area, dando, no caso, 100 kgf/m” Podemos, simplesmente associar (figura 1) 0 conceito de pressio ao conceito de tensdo de compressio, valendo em geral a formula: F Pe A Pressio igual a forga dividida pela area. A notagdo correta para tensio (pressio) de compressio é 6, que ¢ igual 4 F / A logo: oe Imaginemos agora um peso de 50 kgf sustentado na ponta de uma barra vertical de rea de 2 cm” (figura 2), Figura 1 Figura 2 Peso de 100 kg Barra, fio, corda rea de 2 cm? Pilarete com + P_100_ 2 P_50_ 5 area de 1 m? eo eae Or =.= 5 = 25 kat fem Peso de 50 kof A “pressao” de tracionamento (puxamento) na barra sera calculada como divisio P / A, ea notagao é& Chamaremos simplesmente de tensdo de traglo, essa pressio de puxamento (esticamento) Imaginemos agora duas placas A e B ligadas entre si por um parafuso, e sofrendo as placas esforgos de afastamento impedidas pelo parafuso. FO E— EE Figura 3 Toda a forga F tende a tentar cortar (cisalhar) 0 parafuso, Se dividirmos a forga F pela area da segdo normal do parafuso, teremos a “pressiio” de corte atuante no parafuuso. Entao a pressdo de corte sera F/ A. A notagao € Te vale: my (A é area de segdo transversal do parafuso). ‘Simplesmente, a presstio de corte chamaremos de tensio de cisalhamento e a forga F, de forga cortante. No caso da figura 3, se a forga for de 100 kgf e a area do parafuso de 2 cm’, a tenso de cisalhamento sera de: 00 kgt A 20m? AULA4 49 Temos pois, trés tensdes, uma de compressiio (pecas sendo apertadas), uma de tragio (pegas sendo esticadas) e outra de cisalhamento (pegas sofrendo ago do corte) Todas essa tenses (pelo menos neste nivel do curso) sero associadas ao calculo da divisio do esforgo (forca) pela area que resiste. As press6es que esto ocorrendo sio chamadas normalmente de presses (ou tensdes) de trabalho pois so as que efetivamente ocorrem, Tensdes limites ou tensdes admissiveis sto as que no devem ser ultrapassadas para a manutengao da integridade da pega. s conceitos de tragao, compressio ¢ cisalhamento foram aqui introduzidos cada um por si, em exemplos independentes em que eles sio, na pritica, 0 unico esforgo Todavia, em algumas estruturas (por exemplo as vigas) os trés esforgos podem aparecer juntos e entéo os mesmos conceitos podem ser aplicados, mas verificando-se as situagdes especificas. Assim, consideramos duas pranchas de madeira ligadas entre si por pregos e servindo de uma ponte (viga), Prancha 1 Prancha 2 Secao D Devido a deformagao que a viga soffe, as fibras superiores da prancha sofrem compressao ocorrendo pois Gz. Nas fibras Inferiores na prancha 2 ocorrem tensdes de tragio ,. As duas pranchas, sem a existéncia de pregos, tendem a se deformar livremente uma da outra, A existéncia de pregos impede que cada prancha se acomode como queira. Ocorre entiio nos pregos um esforgo transversal ao seu eixo ocorrendo ai uma tensio de cisalhamento. Se nos nossos estudos posteriores chegarmos & conclusio que nas bordas superiores da prancha 1 e no meio do vao ocorrer uma tensao de 50 kgf/cm? podemos dizer que em 1 om’ a pega € comprimida ai com uma forga de 50 kgf. Se soubermos que no bordo inferior da seo em D a tragio é de 45 kgffem’, em um centimetro quadrado de segao nesse local ocorre uma tragao de 45 kgf e os conceitos de tragdo e compressio apresentados anteriormente so validos. Se dissermos que a tensio de cisalhamento em A é de 10 kgf/cm’, isso quer dizer que em 1 cm” de segiio em A ocorre uma tendéncia de corte de lokge. Verifiquemos mais alguns exercicios simples que permitem conhecer esforgos em estruturas: 1. Qual a tens8o (pressio) de cisalhamento nos dois rebites de g 2 cm que seguram duas placas tracionadas por uma forga de 2000 kgf? oe 2000 kat . 2000 kgf 2000 ket UKE! ne 2000 kgf = Seco Planta - Z P .® A area resistente é a area dos dois rebites. A area de | rebite é 50 ConcRETO ARMADO Eu Tz AMO Se sfo 2 rebites, a érea resistente ao cisalhamento € 6,28 cm” 2000 kgf _ 318 kgf /cm? 628m? A tensio de cisalhamento sera: t = 2. Qual o esforgo de tragdo de uma barra de agg que € puxada com um esforgo de 320 kgf? A barra de ago ¢ de 3/16” com area de 0, 18 cm’. A tensio de tragao é: F _ 320 A 018 0; = 1778 kgf/cm? o;= 3/16” Peso de 320 kgf 3. Qual a tensio de compresso em um pilar curto de concreto simples de um edificio que tendo uma drea de 0,3 m tecebe um esforgo vertical uniformemente distribuido de 300 tf? F _300 A 03 6 = 1000 tf / m? Sc= 4.3 DETERMINACAO DE TENSOES DE RUPTURA E ADMISSIVEIS Imaginemos as trés estruturas mostradas nas figuras 1, 2 e 3 da aula anterior, e suportando forgas sucessivamente crescentes sendo que as areas (superficies) resistentes fiquem constantes. No inicio, quando supomos que a forga é pequena a estrutura resiste bem. Com o crescer da forga chega a um ponto que as estruturas comegam a se destruir. No caso de compress&o a estrutura resistente ¢ esmagada (aperto de uma barra de manteiga). No caso da tragio a estrutura é rompida (puxar demasiadamente um eléstico) e no caso do cisalhamento o parafuso é cortado, Para cada material, ¢ para cada caso de traco, compressio ¢ cisalhamento ha uma situagio limite de ruina (tenséo de ruptura). Assim, 0 concreto simples resiste ‘a uma tensio de compressio de ruptura da ordem de 150 kgf/cm”, ¢ a uma tensto de tragto de 1s kgf/em* (a décima parte), 0 ago CA 50 tem uma tensiio de cisalhamento de 2500 kgf/em* Quando vamos dimensionar uma pega para resistir a um esforgo, nado podemos escolher um tamanho da pega que va trabalhar perto da ruptura. Procuramos trabalhar longe da ruptura, ou seja, se sabemos que para carregar um peso de 100 kgf, se usamos uma corda de segao que leve uma tensio de tragéo proxima de ruptura, procuraremos usar uma corda de maior seco, tal que a tenso na nova situagio fique menor. ‘Também nao poderemos exagerar ao se usar uma estrutura muito mais resistente levando a tensdes muito menores, pois dai o custo da obra seria proibitivo (ou seja, estariamos comprando uma corda grossa demais). : Dai vem a adogao de tensdes admissiveis que so tensdes boas para se trabalhar, ou seja, so situagdes em que as tensdes de trabalho sfio proximas, mas no ultrapassam a tens&o de ruina, AULAd 51 A tensio de trabalho limite (ou tensio admissivel) € sempre, pois, inferior (mas nao muito) a tensiio de ruina Um outro momento de reflexio: O conceito de ruina do material, nao esta ligado necessariamente 4 destruigéo do mesmo. As. vvezes, as tensdes causam deformagdes (alongamentos ou redugdes) no desejadas, Nesses casos, 0 conceito de ruina esté ligado mais a limites de deformagdo do que limites de destruigdo fisica (estado limite de utilizagao). Quando usamos pegas de aco tracionadas (ou comprimidas) verificamos que quando a tenstio atinge certos valores (muito menores do que a ruptura) o ago tende a soffer grandes deformagdes. Nesse caso a tenso limite, nfo é a tensio de ruptura e sim tensfio de escoamento. Para esses casos a tenso admissivel ¢ igual a divisdo da tenso de escoamento pelo coeficiente de seguranga. Quando se dimensionam estruturas (escolha de uma sego para receber uma forga, ou limitag&o de uma forga para uma dada segdo), procura-se afastar dos limites que causam a ruina (seja por deformagdes excessivas, seja por destruicao fisica). Assim, 0 conereto pode romper quando se passa de 100 kgf/cm” de compressio Chamaremos isso de tensdo de ruptura por compressao. Trabalharemos com uma tensio menor do que isso. Trabalharemos com uma tensio admissivel que € a tensio de ruptura dividida por um coeficiente de seguranca © némero que se divide a tensio de ruptura para achar a tensio admissivel é 0 coeficiente de seguranga (ou vulgarmente chamado de coeficiente de ignorancia). Assim, seja um material que tenha uma tensfo de ruptura por tragio de 3000 keffem Usando-se coeficiente de seguranga 2, usa-se uma tens&o admissivel de tragdo de 1500 keffcm~ Assim, seja um exemplo de aplicagao desse material: Qual o didimetro do fio desse material apto a carregar (puxar ou tracionar) um peso de 3 tf? eels Tad =f 1500 kgf / cm? F,13000) 5.02 Logo: 1500 1500 Peso de 3 tf No caso de barras de ago onde a area cresce nao continuamente (a area de seco de barras de ago cresce em fungo dos didmetros comerciais: 1/2", 3/4", 1", 2”) muitas vezes ocorre de se trabalharmos com tensdes bem inferiores tensfo admissivel face ao fato de as areas resistentes serem aquelas que resultam dos didmetros padrées das barras de ago, e no serem as areas que necessitamos. No caso de estruturas de concreto onde moldamos as areas que queremos, as tensdes de trabalho so , em maior mimero de casos, mais proximas as tensdes admissiveis Fagamos agora umas observagdes sobre os coeficientes de seguranca. Quanto mais regular e confiavel é 0 material, menor precisa ser 0 coeficiente de seguranga; quanto menos confiavel, maior deve ser o coeficiente de seguranga. 0 ago que € fabricado sob controle em usinas e a partir de severo controle de matérias primas, exige pequenos coeficientes de seguranca permitindo-se aproximar dos valores limites. (0 concreto de obra comum em que hé grandes variedades de composicao, 0 coeficiente de seguranga tem que ser maior. 52 CONCRETO ARMADO Ev TE AMO Como valores de referéncia, temos CONCRETO © coeficiente de seguranga médio 1,4 ‘Aco © coeficiente de seguranga médio 1,15 (no em relago a tensdo de ruptura mas sim em relagdo a tensto de escoamento) Além de coeficiente de seguranca para a fixagao da tensio admissivel, existe também o coeficiente de seguranga para cargas. Nesse caso, 0 coeficiente de seguranga como que aumenta 0 esforgo. Para casos em que a carga é bem conhecida (caso de reservatério de agua, onde a altura da gua nfio é ultrapassada) podemos usar coeficiente de seguranga até 1. Em geral, usa-se coeficiente de seguranga sempre maior que 1, face @ incerteza das cargas Assim, sejao dimensionamento do cabo de ago que eleva em elevador que carrega vinte pessoas (dimensionamento estético, sem levar em conta o esforgo na acelera¢o) Seja de 2 tf 0 peso do elevador (peso conhecido e sem variagdo). No Brasil, em média adota-se o peso médio por pessoa de setenta quilos (verifique no seu prédio a placa do elevador, 0 nimero de pessoas e da carga admissivel ¢ veja como é setenta). Ora, as vezes entram os gordinhos. Usaremos, face a isso, um coeficiente de seguranca 1,2 para 0 peso das pessoas. Logo, o peso total a ser levantado pelo elevador sera: Peso = 2000 kgf + 20-70- 1,2 = 3680 kgf Logo, © peso de projeto adotando o coeficiente de seguranga 1,2 para 0 peso das pessoas é de 3680 kgf. Adotando-se um coeficiente de seguranga de 2 para o célculo de tensdo admissivel do aco: 3000 kgf = SO heF 1500 ty he 1500 ket Logo: pee ae 2,45 cm? 1500 kgf /em Para esse caso 0 difimetro de barra sera: 3/4” (~ 20 mm). (!) Conclusio: 0 coeficiente de seguranga de cargas leva em conta 0 conhecimento da situagio. Se as cargas sto bem conhecidas (reservatorio de Agua) esse cocficiente pode quase chegar a ser 1 Se as cargas slo desconhecidas (caso de variago de peso de pessoas no elevador), 0 coeficiente deve aumentar podendo chegar a 2, ou 3, ou mais. Um exemplo de talvez, elevado coeficiente de seguranga sto as cargas prevstas nos projetos, de prédios de apartamentos (em geral 100 a 200 kgf por m’). Esse carregamento pressupde uma alta utilizago de cada apartamento, o que em geral no ocorre. Esse possivel excesso de seguranca Tepresenta uma folga no dimensionamento das lajes e vigas e representaria uma maior seguranga nos pilares, j4 que 0 célculo deveria ent&io admitir que todo 0 prédio de apartamento estivesse (1) Ver tabela mae, aula 2.1 AULA 33 carregado. Com essa carga os pilares trabalhariam bem folgados, o que estatisticamente nao deve ocorrer, pois seria impossivel que todos os apartamentos ao mesmo tempo estivessem totalmente cocupados. Em prédios de eseritorio, essa folga adicional dos pilares diminui, j& que para esses prédios a ocorréncia simultanea pode ocorrer com mais frequéncia, Prevendo [que alguns andares de um prédio de apartamento podem estar totalmente cartegados (afetando pois lajes e vigas) enquanto que dificilmente os outros andares também estariam na mesma hora, a NB 5/77 “Cargas para célculo de estruturas de edificios” permite um alivio de carregamento dos pilares, ou seja, eles nao precisam ser previstos para resistir como se todo 0 prédio estivesse carregado (item 4 da NB - 5). 4.4 DOS CONCEITOS DE TENSAO DE RUPTURA E TENSAO ADMISSIVEL AOS CONCEITOS DE RESISTENCIA CARACTERISTICA E RESISTENCIA DE CALCULO Quando se folheiam os velhos ¢ os novos livros de Resisténcia de Materiais assim como a velha NB - 1/60 ¢ ainda a aula 4.3 deste curso, encontram-se 14 os conceitos de tensio admissivel, tensio de ruptura e coeficientes de seguranga. O que significavam (ou significam) esses conceitos? ‘Assim quando se diz que a tensfo de ruptura a tragdo da madeira cedro era de 270 kgfiem’, adotando-se coeficiente de seguranca 3, tinhamos a tensio admissivel (ou tenséo méxima de trabalho) de 90 kef/em”. Como se estimava a tensto de ruptura? Pegava-se um lote de pegas, submetia o lote a um teste padrio de ruptura a tracdo e tirava-se a média aritmetica dos resultados. Vé-se dessa maneira que 0 conceito de tenséo de ruptura estava ligado a um conceito médio, abstraindo-se da anilise estatistica de dispersio dos resultados Sem diivida que ao se estabelecer os coeficientes de seguranca, que eram usados para dividir a tensdo de ruptura para se achar a tensiio admissivel, levava-se em conta qualitativamente essa disperstio. Assim para materiais como a madeira, que apresentam grande variabilidade de resultados no teste de ruptura, usavam-se coeficientes de seguranca altos (3 ou 4). Para materiais como 0 ago que apresentam grande uniformidade de resultados usavam-se coeficientes de seguranga menores, Na nova norma NB 978 alteraram-se esses conceitos. Ao invés de tensio de ruptura estimada como a média aritmética de resultados temos 0 conceito de Valor caracteristico que ¢ 0 valor que apresenta uma probabilidade pré-fixada de ndo se ultrapasser no sentido desfavoravel. Em zeral considere-se como valor caracteristico o valor que tem a certeza de que no méximo 5 % das famostras Ihe so desfavoraveis. O coeficiente de seguranga passa agora ser substituido pelo coeficiente de minoracio (para os valores caracteristicos dos materiais) e coeficiente de majoracio (para os valores caracteristicos das ages). O conceito de tensto admissivel passa a ser substituido pelo conceito de valor de ealeulo. Lembramos que niio é apenas uma questio de nomenclatura mas uma substituigao de conceitos 34 CONcRETO ARMADo Eu TE AMO © quadro a seguir apresenta as substituigdes ocorridas. Conceito Antigo Conceito Novo Resisténcia Média 2 Valor caracteristico do material. Ex. GTEC), fax - concreto a compressio fix - escoamento do ago Tens&o admissivel ® Valor de Calculo Ge» Gt fa (d= design = projeto) Coeficiente de Seguranga 2 Coeficiente de Minoragio 2 fox R== ee Coeficiente de Seguranga de Carga © Coeficiente de Majoragao de Esforgos e Carga © _Agdo Caracteristica (Fy) Carga majorada pelo coeficiente de seguranga © Valor de Calculo da agdo (Sa=y¢-F) ANB - 1/78 no seu item 5.4 apresenta varios exemplos de coeficientes de minoragio, © Coeficiente de minoragao do concreto (y.) = 1,4 © Coeficiente de minoragao do ago ——(y,) = 1,15. (quando forem obedecidas as prescrigdes de EB-3 quanto a0 controle de qualidade) * Coeficiente de minorago do ago (4) = 1,25 (quando ndo for feito o controle de qualidade de EB-3) * Coeficiente de minoragio de (ye) = 13 pegas de concreto feitas em usina Do exposto compreendem-se as formulas fx (@ tensio de célculo do concreto & compressio é a divisio do valor fed = “Ye ‘afacteristico pelo coeficiente de minoragao do concreto) fy (@ tensfio de céleulo do concreto a trago ¢ a diviséo do valor caracteristico fd =~ da tragdo do concreto pelo coeficiente de minoragao do concreto) Ye fy (@ tensiio de célculo do ago ao escoamento é a divisio do valor caracteristico fya === do escoamento pelo coeficiente de minoragao do ago) (7) NaNB - 1 versio de 1960 jd se usava 0 conceito estatistico, o atual fx, (NB - 1/78) era chamado de Ox (NB - 1/60), AULA4 55 Observe-se que essa notagio esta sendo adotada em toda a literatura brasileira de concreto armado apés a divulgagao da NB - 1/78. Nos livros de Resisténcia dos. Materiais essa terminologia ce enfoque no é seguida. Cuidado pois. \ Mas passemos a um exemplo com finalidade didatica que procuraré explicar detalhadamente © assunto. Seja um pequeno cubo de conereto com 10 cm de aresta. Sobre este cubo, coloca-se uma caixa de agua de peso proprio desprezivel, e de altura enorme. Qual é a maxima quantidade de 4gua que posso colocar dentro para nfo romper 0 apoio? O fq do concreto é 150 kgf/cm’ Resolugao: Quem age é 0 peso da agua, que deverd softer majoragao devido ao coeficiente de majoragdo (79) Quem resiste € 0 concreto que terd sua resisténcia (valor caracteristico) considerada minorada devido a obrigatoriedade do coeficiente da minoragdo (.) ‘Vamos aos cileulos. Seja o croquis h f,4.= 150 kgflem? fck = 2 Cubo de “a Area do cubo = 100 em’ Para sabermos a maxima tensio em que poderemos solicitar 0 conereto, divide-se fx / ¥¢ fea = E10 a7 kgf om? Ye S Essa é a maxima tensio de trabalho. Multiplicando essa tensdo pela Area, teriamos a méxima forga que poderia atuar. Logo: Sq = 107-100= 10.700kgf = 10,7 tf © coeficiente y, usado € somente para cobrir as deficiéncias da resisténcia do material. Temos que ter cuidado. No caso de caixas de agua, face seu volume definido, essa forga nfio pode aumentar de quase nada, mas em outras estruturas, podem ocorrer variagdes. Face a isso € necessario usar 0 chamado coeficiente de majorag&o de esforgos. A maxima carga que pode ocorrer ¢ aquela que majorada da 10,7 tf. Logo ela vale Feed OL are Ye 14 Conelusio: A caixa de agua s6 pode ter agua com peso de 7,7 tf (com coeficiente de majorac&o d4 10,7 t), que resultaré no conereto de uma tensiio de 107 kgf/cm? de compressio, que a maxima tensio de projeto (tensdo de trabalho) correta para um concreto de fy 150 kgficm® FACIL NAO? Observagdo: nao foi considerado por facilidade de exposig&io o chamado efeito Rusch que corresponde & um coeficiente de minorago adicional da resisténcia do concreto. 56 AULA 5 5.1 MASSAS LONGE DO CENTRO FUNCIONAM MELHOR, OU 0 CALCULO DO MOMENTO DE INERCIA (I) E MODULO DE RESISTENCIA (W) Peguemos uma barra de madeira de segdo tipicamente retangular (um dos lados bem maior que 0 outro). Vamos usar essa barra como viga, para vencer um vao L e suportar um peso P em duas condigdes: a barra deitada e a barra de pé. ebay Segao da viga Posigao | de pé Sea fe Posigao 2 deitada Vemos do sentimento ('), que a barra da posig&io 1 € menos esforgada, e vai ter menor flecha do que a mesma barra deitada na posicao 2. Calculemos os Momentos Fletores em um Ponto C no meio da viga: Ra +Rn=P PF Sabemos que Ra = Rp, logo: Ra+Rg=P > 2Ry=P > Rah Ra Rp L2 2 C.) Engenharia também ¢ sentir criticamente AULAS 387 Pelo calculo, vé-se que qualquer que seja a posigao da barra (deitada ou de pé), o Momento Fletor maximo (em C) vale M, = P - L./ 4 igual para os dois casos. Mostra também a experiéncia ‘que se aumentarmos gradativamente P a barra deitada (posi¢io 2) muito antes do que a na posica0 de pé, apresentard nos seus bordos tensdes excessivas ¢ rompera. Com 0 mesmo peso P a viga na posigao de pé (posigao 1) ainda resiste galhardamente Ora, as duas vigas tem igual: Momento Fletor, mesma forma (a ¢ b) © material (por exemplo, madeira). O que altera entre uma e outra? A disposigao € que € diferente (barra deitada ou barra em pé). Fazendo-se um corte transversal em C teriamos b Compressio a ; Linha Neutra Segao da viga Tragao Posigao 1 Compressio Linha Neutra Sem SG viga Trago osigao Sabemos que em qualquer dos casos, nas bordas superiores ha 0 maximo de compressio, que cai a zero quando se aproxima do eixo (linha neutra) e o esforgo de tragao cresce da linha seutra até o maximo no bordo inferior Chamaremos de o (a¢ ou 04) esse valor limite Pode-se demostrar que a variagao de tensio da tragio ou compressio obedece a lei M 9 Oude =—--x para uma ponto z Momento EN et S) etor Ou seja, a tensio de tracao (ou compressto) de um ponto qualquer de uma segao da barra é Sincio do Momento Fletor, da distancia do ponto ao eixo da barra (X) (linha neutra) de uma ‘qzantidade denominada “Momento de Inércia” (1) que mede o afastamento das areas em relagao a eixo que passa pelo centro da figura. ‘Vamos introduzir com mais cuidado esse conceito de “Momento de Inércia” (I) Consideremos uma seco retangular a - be um eixo x que passa pelo centro da figura ¢ perpendicular & um dos lados. bs 3] 7 a g Seja S, a area de um pequeno x 7 ab echo e x, a distancia dessa rea ao eixo X.

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