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252 — Coneeitos sociolégicos fundamentais ') no pode haver re-produgo das relagdes sociais nem por simples inérei nem por recondugio ticita. Esta re-produclo nfo se da sem modificagées que cluem tanto 0 processo automaticamente reprodutivo no interior do modo produgiio consti As contradigdes le, o natural ea: ee ‘a mercadoria ¢ 0 “mundo: através da sua negacdo e dos seus desvios, como des. tnutoras das suas propria condigBes e antecedentes, que as puxam para tris dem a blogued-las. Ea marcha especfica das contradigoes ampliadas. Amp Capitulo V COMUNIDADE E SOCIEDADE de fracassar, pois nko dispbe taticamente de nenhuma eficcia social e de ne ‘nhuma forga politics. Os"‘valores” noves no se impdem. Propdem-se. gibi iaeisso lela SR Comunidade* Robert A. Nisbet A redescoberta da comunidade © conceito mais fundamental e de mais largo alcance dentre as idéias- ‘elementos da Sociologia é 0 de comunidade. Nao hi diivida de que a redescoberta, da comunidade constitui o fato mais notivel na evolugao do pensamento socio- Iogico do século XIX. Seus efeitos ultrapassaram a drea da teoria social, estenden- do-se & Filosofia, i Histéria, 4 Teologia e a outras disciplinas, a tal ponto que a j ‘matéria se transformou num dos temas predominantes das obras especulativas do séeulo. Dificilmente haveré outra idéia que represente um divisor de aguas nitido entre 0 pensamento social do século XIX ¢ o da era precedente, que foi a Idade da Razio, A ita de comunidade assume; no seul XIX, 1 posite de tudo que era bom e defens! porém, assistimos ao definhamento do cont ‘simbolismo da comunidade. Em muitas éreas de pensamento os lagos da comu- wera desempenhar na ordem social, encarada separadamente. Sua forca ps deriva duma motivago mais profunda que a da voligo ou do interesse e re tna fusto de vontades indivi ivel numa unidio que se fundasse na mera conveniéncia ou em elementos de racionalidade. A comunidade é a fusio do sentimento e do pensamento, da tradigo e da ligagdo intencional, da parti- (©) Robert A. Nibet, The Sociologia! Tradition, Heigemann, Londres, 1973, pp 7-5. Te gto de Richard Paul Neo. Reproduzide com sninrvantn te hewem== 256— Conceitos sociolégicas fundamentais biente social pelas relagdes no comunitérias de com ‘ou _consentimento contratual. Face ao seu caréter relativamente impessoal ¢ andnimo, essas relagbes evidenciam a estreita ligagdo pessoal que prevalece na comunidade, ‘das implicagoes valorativas que esse contraste envol Nao basta nem é correto dizer, como fazem muitos historiadores, que a ‘mais notivel do impulso que a Sociologia tomou no século XIX € a idéia de "so. ciedade”. Es luminismo, quando as doutrinas ido a maturidade. Conforme Sir Emest Barker ress de forma tio elucidativa, de 1500 a 1800 toda a sec tural estava preocupada quase que exclusivamente em elabort Mas, atras da imagem racionalista da s A volicio, o consentimento e o contrato si0 0s pontos-chave iedade, ido pelos filésofos jusnat lentemente, a familia era geralmente act do contrat para ji ynamento entre thos e, um século depois, Rousseau namorasse a idéia da submersto da familia na Vontade Geral. Ui também teve de ser dispensado ‘mas ao findar do século XVII essa situagao privilegiada ja se ia desva- necendo. Quanto as outras associagdes, as mes tadas sem a menor con- templagio. As guildas, as corporagdes, os mosteiros, as comunas, as comunidades Parentais ¢ aldeds, — eram todos apontados como entidades no fundadas no direito natural. Tal qual o conhecimento racional, também a comunidade racional deve ser 0 extremo oposto da tradicional. Deve fundar-se no homem, que no hé de ser visto como um membro de corporagao, um adepto di ‘ou um cam- onés, mas apenas como um homem natural, © hé de ser concebida como um en: trelagamento de s, criadas pela vontade, através das quais os mens se ligam livre e racionalmente. Foi este o modelo de sociedade que 0, iminismo francés veio encontrar. Comunidade — 287 Para os ilésofos, este modelo veio a prop6sito, pois correspon politicos que perseguiam. As relagdes comunais do feudalism ca repugniincia, por rzies morais e pol felagdes no eram sancionadas pelo No seu entender, a Franca estava 3105 objetivos, wvam-thes pelos liames mais frouxos e impessoais. Na formulaglo solene de Rousseau, 0 problema consistia em “‘encontrar um tipo de associaglo que use de toda a forea ‘comum para proteger a pessoa e os bens de cada associado, ena qual o individu, embora unido a todos, continue a obedecer exclusivamente a si mesmo, perma Tal estado de coisas nio poderia ser criado en: iuo acumular provisbes que bastem a dade desapareceu, a propriedade foi criada, o trabatho tornou-se in- grandes florestas transformaram-se em campos sorridentes que fe nos quais a escravidao e a miséria nao tardatiam a crescer juntamente com as colheitas."(2) O novo ponto de partida de que precisava o complexo social s6 poderia surgir com a destruigio total das ins- tituigSes perniciosas. O erro das reformas ant sendo realizadas por meio de remendos, quando a tarefa de limpar o terreno e remover o entulho, conforme Licurgo fez em Espart verdade que nem todas os flésofos concordaram que ninguém dun ie dos ingredientes da ordem antiga. Foi dal 4 oposigio irrestrita que o Tuminismo votava a todas as formas de associaciio |e comunitiria. “Nenhum perfodo da Histér ‘um perfodo no qual os individuos ansiavam pelo humanismo mas nfo de+ monstravam o menor interesse pelo semelhante; no qual filosofavam sobre o Es- tado, mas esqueciam a comunidac Conforme 258 — Conceitos socioligicos fundamentais erados pelo notivel Jeremy Bentham. Este autor e sous sucessores rejeitavam a. do Tluminismo francés nos direitos naturais e na lei natural, mas, segundo ressal punham entre o individuo e o Estado soberano. Os andtemas que Bentharn lang: contra a comunidade tradicional estendiam-se ao direito comum, ao sistema do s para as necessidades politicas, quando 0: jas tradigdes comunais que haviam am um impedimento ‘Nao foi por simples coi feresse que os homens i ivas era tdo intenso quanto © que Revolugio Indi dicavam as reformas votavam A disseminacao do novo sistema econ6mico. Dessa forma, encontramos nos discfpulos de Bentham a paixio dupla pel ividualismo econdmico e pelas reformas politicas — sendo que esta iltima muitas vezes se exprimia através de propostas de centralizagio administrativa, que ni 4ueles dias chegavam a verdadeiros extremos. Durante todo o século, o relac fluéncia sempre esteve presente. Tanto o econ ciente eram indispensiveis ao cumprimento da tt

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