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Maria Zelinskaya

HIPOPÓTAMO INVISÍVEL
(Esta peça foi originalmente escrita em russo. Talvez valha a pena adaptar o nome do protagonista à realidade
portuguesa. Por isso, sugeri que a tradução do nome Português Jorge fosse semelhante à Russa. Ele tem uma forma
diminutiva? Também são bem-vindas sugestões do nome do menino do filólogo português.)

peça para os mais pequenos

PERSONAGEM:

GOSHA (JORGE ?), menino, vai para o jardim de infância


MÃE, mulher ocupada, perfeccionista
HIPOPÓTAMO, um animal de cinco toneladas

CENA 1. PRESENTE

Gosha corre para a mãe e salta de alegria.


GOSHA. Um presente, um presente! Trouxeste-me um presente, um presente!
Gosha olha para a mãe, ela que, alegremente, estende o embrulho para Gosha.
GOSHA. É Ppesado. O que estáhá lá dentro?
MAMÃE. Olha.Vê!
GOSHA. Um carro?
A mãe ri e agita negativamente a cabeça, Gosha rasga o papel de embrulho.
GOSHA. Uma Bbicicleta!
MAMÃE. Não.
GOSHA. Uma Scooter!
MAMÃE. Não!
GOSHA. Bem, é o quê?! Um cão?!
MAMÃE. Não, claro, que não... sou alérgicao.
Gosha termina rasgando o papel, e àna sua frente dele étem um estojo.
GOSHA. Istso... O que é istso, mãe?
Gosha sente que não é o que ele queria.
MAMÃE. Abre. Deixa-me ajudar-te.
A mãe está a ajudar o Gosha a abrir o estojo. Há Está um trompete no estojo.
MAMÃE. Gostas disto?
GOSHA. Isto é um trompete?
MAMÃE. Sim.
Gosha acena com a cabeça, embora pareça chateado.
GOSHA. Para que preciso de um trompete?
MAMÃE. Por que,Precisas para tocar.
GOSHA. Mas eu não queria tocar trompete.
MAMÃE. Como pudeste quereré que sabes, se nunca tentaste?
Gosha encolhe os ombros.
MAMÃE. Queres tentar fazer um somtocar?
GOSHA. Eu não sei.
MAMÃE. É simples...
GOSHA. Não vou conseguir.
MAMÃE. Eu faço isso!
A mãe pega o trompete e faz um som alto e prolongado, rindo.
MAMÃE. Tão altoa! Vou arranjar-te um professor para te mostrar o que podes fazer com esta coisa.
O Gosha acede com a cabeçana.
MAMÃE. Experimenta uma vez!
A mãe passa o trompete para o Gosha. O telemóvel da mãe está a tocar.
MAMÃE. Tu tocas e eu recebo uma chamada do trabalho. (no telemóvel) Sim, Mikhail Lvovich.
Enviei tudo hoje àesta noite, mas as edições já chegaram, e acho que vou ter de me sentar a noite
toda e amanhã o dia todo para chegar a tempo à noite, mas vou conseguirconseguir ter tudo
pronto à noite, vou tentar.
GOSHA. Por que trabalharPorque é que tens de trabalhar, amanhã queremos ir ao zoológico!
MAMÃE. Silêncio, Gosha. (no telemóvel) Sim, claro, podemos discutir tudo por páginapágina a
página.
GOSHA. Não vamos?
MAMÃE. Querido, estou ao telemóvel. (no telemóvel) Pode esperar até eu abrir ligar o
computador?
GOSHA. Não vamos?!
MAMÃE. Gosha, por favor. Só mais um minuto.
Gosha dobra arruma o trompete no estojo, fecha-o e empurra-o com o pé para debaixo da cama,
ofendido, e ele cai na camadeita-se.

CENA 2. JARDIM ZOOLÓGICO

Gosha e a mãe vão ao zoológico. A mãe vai atrás de Gosha, enfiada agarradano ao telemóvel.
GOSHA. Mãe, olha, um leão.
A mãe está a digitar algo no telemóvel sem sequer olhar para o Gosha.
MAMÃE. Agora, vou terminar o texto, enviá-lo e dar uma olhada.olhadela.
GOSHA. Ele está a dormir? De Bbarriga para cima! Por que é que é branco? Há leões brancos?
MAMÃE. Só um minuto, está bem?
Gosha vai mais longe.
GOSHA. É um crocodilo? Diz crocodilo, mas não está lá. Onde está ele?
MAMÃE. Agora, queridaquerido, é importante que eu termine.
GOSHA. Está ali, atrás do vidro. Está a aquecer debaixo desob uma lâmpada vermelha. Tão
pequeno, pensei que houvesse mais crocodilos.
MAMÃE. Eles são diferentes.
A minha mãe ainda estácontinua nao telemóvel. O Gosha aproxima-se da bifurcação.
GOSHA. Ali estão os veados e ali está o hipopótamo. Para onde vamos?
MAMÃE. Para onde quiseres.
GOSHA. Vamos ver os veados.
Assim que Gosha decide ir para as renasna direção dos veados, um som estranho e alto é ouvido.
GOSHA. O que é isso, mãe?
MAMÃE. Não sei, queridao.
O som repete-se.
GOSHA. Posso ir ver? É um hipopótamo. Ali, mãe.
MAMÃE. Vai.Ir. Vou ficar aqui e acabar isto, está bem?
O Gosha acena.
MAMÃE. Tem cuidado.
GOSHA. Porquê? Os hipopótamos são mordedoresmordem?
MAMÃE. CertamenteProvavelmente. É um dos animais mais agressivos. São muito fortes.
GOSHA. Mais fortes que o leão e o crocodilo?
MAMÃE. Mais forte do que todosninguém. Não te aproximes.
O Gosha acena. Vai para em direção do som do hipopótamo.
O Gosha aproxima-se do hipopótamo, que. Ele está sentado em numa piscina vazia, com a cabeça
no fundo seco.
GOSHA. Olá, hipopótamo.
O hipopótamo não se move, apenas pisca os olhos lentamente e tristemente.
GOSHA. Queres dormir? É de dia. Dormiste bem esta noite?
O Gosha está a rir-se.
GOSHA. Foi assimFoste tu que gritaste?
O hipopótamo está a olhar para o Gosha.
GOSHA. Porque é que gritaste?
O Hhipopótamo revira os olhos - quantas perguntas.
GOSHA. Porque estás numa piscina vazia?
O Gosha aproxima-se mais do hipopótamo.
GOSHA. Onde está a tua água? Devias andar debaixo de água como um submarino.
O hipopótamo vira-se para o Gosha e parece que não vai conseguirconseguiu dormir esta durante
a noite.
GOSHA. Você estáEstás triste porque não tensm água ou porque estás com fome?
O hipopótamo senta-se e olha para Gosha.
GOSHA. O que estás a comer?
O hipopótamo mexe irritadamente as orelhas com irritação, como se isso o ajudasse a se livrar de
uma mosca irritante, mas Gosha não é uma mosca e, simplesmente não voa para longe.
GOSHA (gritando). Mãe, o que os hipopótamos comem?
MAMÃE. Já volto.
Gosha olha novamente para o hipopótamo.
GOSHA. Ela A mãe não sabe. E eu também não sei. Vou ter de descobrir.
Gosha bate com o pé nas barras da grade.
GOSHA. Não estás aborrecido aqui sozinho?
O hipopótamo suspira.
GOSHA. É Cchato, claro. Também não há água. Não há ninguém com quem falar. Não é fácil,
imagino.
O Gosha está a suspirarsuspira.
HIPOPÓTAMO. O que fazemos?
Gosha olha para o hipopótamo, ampliando com os olhos muito abertos e surpreendidos. os olhos
de surpresa.
GOSHA. Temos de pensar em alguma coisa. Tu tens uma fantasiaTens alguma ideia?.
HIPOPÓTAMO. Não há nada a dizer. A água foi drenada porque o inverno está chegandoa chegar.
Eu estou a secar. Tenho de ir para um quarto fechado amanhã, mas estou quase seco hoje...
GOSHA. Queres vir comigo, hipopótamo?
HIPOPÓTAMO. Para onde?
GOSHA. Para minha casa.
HIPOPÓTAMO. Onde vives?
GOSHA. No apartamento. A minha casa-de-banho não é grande, mas cabe ficas melhor do que
secar aqui no frio. Queres?
HIPOPÓTAMO. A tua mãe deixa-te?
GOSHA. Claro que sim, que ela é simpática.
HIPOPÓTAMO. Está bem. Então vai perguntar-lhe.
GOSHA. Combinado.
Gosha foge corre do hipopótamo para atéa à mãe.
GOSHA (correndo e gritando). Mãe, podemos levar o hipopótamo connosco?
MAMÃE. Para onde?
GOSHA. Para Uuma visita.
Mãe (risos). Claro que não.
GOSHA. Como não?
MAMÃE. Não podes levar um hipopótamo para casa.
GOSHA. E se ele quiser?
MAMÃE. O que te faz pensar isso?
GOSHA. Ele disse que não se importaria se me deixasses.
MAMÃE. Ele disse isso?
O Gosha acena com a cabeça. A mãe recebe uma mensagem.
MAMÃE. Gosha, vamos vai dar um passeio, ainda tenho um pouco de trabalho a fazer. Depois
Vvamos para casa.
GOSHA. Pensei que me ias deixar.
MAMÃE. O quê?
GOSHA. Levar O o Hipopótamo.
MAMÃE. Gosha, vai dar um passeio. Tudo. Já volto.
A mãe está no telemóvel. O Gosha vai voltarregressa para junto do para o hipopótamo. Pela sua
aparênciaPelo seu ar cabisbaixo, o hipopótamo entende percebe tudo.
HIPOPÓTAMO. Ela deixou?
Gosha agita negativamente a cabeça. O hipopótamo suspira.
HIPOPÓTAMO. Aguenta-te, Albatroz. Foi o que penseiEra o que eu pensava.
Gosha olha triste como a ver o hipopótamo vai ir para o um canto.
GOSHA. Onde vais?
HIPOPÓTAMO. LamentarLamenta-me.
GOSHA. E se eu não quiser que fiques triste?
HIPOPÓTAMO. Nem tudo no mundo depende dos nossos desejos.
GOSHA (pisando com o pé). Não tudo!
HIPOPÓTAMO. Não, nem tudo.
GOSHA. Não, tudo!
HIPOPÓTAMO. Não, nem tudo.
GOSHA. Tudo!
HIPOPÓTAMO. Nem tudo!
GOSHA. Pronto, Pronto, Pronto!!!
MAMÃE. Gosha, não grites com no Zoo. As pessoas estão a olhar para ti.
Gosha olha em volta. Ninguém está a olhar para ele.
GOSHA. Hipopótamo!.
O Hipopótamo não responde, quer voltar a dormir.
GOSHA. Hipopótamo!
O Hipopótamo não responde.
GOSHA. Porque é que não dizes nada? Não ouves que te chamome ouves a chamar-te?
HIPOPÓTAMO. Não te ensinaram que os hipopótamos não falam?
GOSHA. Estás a falar.
HIPOPÓTAMO. Mas, em princípio, os hipopótamos não falam com humanos. E as pessoas não
falam com hipopótamos.
GOSHA. Porquê?
HIPOPÓTAMO. Aconteceu.
GOSHA. Mas estamos a falar.
O hipopótamo está a resmungarresmunga.
HIPOPÓTAMO. Foste o primeiro a falar comigo. Mais ninguém faz isso.
GOSHA. Porque não pensaram nisso.
O hipopótamo revira os olhos.
GOSHA. Queres que escreva numa folha: "pessoal,malta, falem com o hipopótamo. Ele está com
saudades" e vou pendurá-lopendure aqui?
HIPOPÓTAMO. Não.
GOSHA. E aqui?
HIPOPÓTAMO. Não.
GOSHA. Porque não queres?
HIPOPÓTAMO. Porque não quero.
GOSHA. O que queres?
HIPOPÓTAMO. Nada.
GOSHA. Ele disseDisseste que querias ir à minha casa.
HIPOPÓTAMO. E o que aconteceu?
GOSHA. Consegues passar a cerca?
HIPOPÓTAMO. Porquê?
GOSHA. Através deste consegues fazer istoPor aqui, consegues passar?
HIPOPÓTAMO. Vamos?
GOSHA. Vem visitar-mecomigo.
HIPOPÓTAMO. A tua mãe não te deixou.
GOSHA. Não importa. Ela não vai ver.
HIPOPÓTAMO. Ouve pá, meu, não sou um hipopótamo invisível. É difícil não me ver.
GOSHA. Isto não é sobre ti.
HIPOPÓTAMO. E é sobreem quem? Assim que eu sair daqui, as pessoas vão me apontar-me o dedo
e gritar: "Hipopótamo, hipopótamo, olhem para o aquele hipopótamo!".
GOSHA. Não vão n.ada!
HIPOPÓTAMO. Não me digasDe certeza?!
GOSHA. Olhar e ver são duas coisas muito grandes diferentesças. Às vezes as pessoas fingem estar
a olharndo, mas na verdade estão fazendo a fazer coisas que não são da sua conta.
O hipopótamo vê que Gosha está triste. Aproxima-se dele. Embora o seu plano parece
hipopótamopareça bom, não é grande coisa ainda é ruim, mas ele decideopta continuar a falar
com Gosha por pena.
HIPOPÓTAMO. Vou passar subir a cerca, e depois?
GOSHA. Segues-nos e sais do Zoo E...
HIPOPÓTAMO. Vou acenar-lhes com a pata? Foi bom ver-tevos, voltaem mais tarde, ok?!
GOSHA. Consegues ir buscar o carroConseguias ir para o carro? Não te esqueceste esqueças que
tens de de correr, pois nãook?
HIPOPÓTAMO. Eu corro a 30 km / h, na verdade.
O Hipopótamo vê que essas as suas palavras não impressionam Gosha.
HIPOPÓTAMO. ÉSou rápido, podias ter ficado admirado.
GOSHA. Tu és assim... gordo.
Gosha mostra um hipopótamo gordo.
HIPOPÓTAMO. Não sou gordo. Sou musculoso. Sabes quanto tempo estive no fundo do poço?
GOSHA. Dez mil passosmetros?
HIPOPÓTAMO. À umaMil!
GOSHA. Então podes ir buscar até ao carro.
HIPOPÓTAMO. Mesmo que consiga, e depois?
GOSHA. E depois vamos a casa, e eu convido-te para vivreres ter comigo. É um bom plano, não é?
HIPOPÓTAMO. Não.
GOSHA. Podemos tentar? Se alguém te vir, podes virar-te e voltar para o Zoo.
HIPOPÓTAMO. Nem sequer vamos conseguimos conseguir passar pelo guarda.
GOSHA. Passou pelo seuPassar pelo guarda? Ele está a ver futebol, não está aquisequer a olhar.
IrVamos.
Gosha olha para O Hipopótamo, ele queencolhe os ombros, mas pareceparecendo que ele gosta
da ideia.
O Hipopótamo está a tentartenta subirpassar a cerca. Corre, salta E... Não está a resultarresulta.
Gosha olha para ele com decepçãodececionado. O Hipopótamo mostra o dedo indicadorestica o
dedo indicador para cima e diz:, dizendo, calma, vou tentar novamente. Corre mais depressa, salta
melhor Edá um salto maior e... Não está a resultar. O Hipopótamo corre com mais força, salta mais
alto, agarra-se à cerca, fica pendurado nela. A cerca é abaladaabana, Gosha gira os olhos e se
movemexe-se. O Hipopótamo cai no chão com a cercapor cima da cerca.
A mãe tira os olhos do telemóvel. O Hipopótamo levanta-se imediatamente se levanta e coloca
uma cerca na frente deleà sua frente, como se nada tivesse acontecido. A mãe não percebe o
truque. Mas algo lhe parece suspeito. Gosha corre para a mãe.
GOSHA. Mãe, o teu telemóvel ficou sem bateria?
MAMÃE. Não. Mas vai ficar sem bateria em breve. Vamos para casa?
GOSHA. Ah.
MAMÃE. Vou só terminar o testea chamada. Desculpa, só mais um bocadinho.
GOSHA. Não tenhas pressa, mãe.
Gosha olha para O o Hipopótamo,. Elee não nem acredita em seus olhos que sua mãe não
queimou suase apercebeu daquela queda. Ele O hipopótamo coloca cuidadosamente uma cerca
caída no recinto no seu lugar. Vai atrás do Goscha.

CENA 3. MANOBRAS

A mãe está ao telemóvel a irdirigir-se para a saída do Zoo. Gosha Vvai atrás dela. Ele olhaOlha em
volta e mostra pede ao O Hipopótamo para andar. O Hipopótamo, com uma grinalda de
camuflagemarbusto verde na cabeça (você pode pensara pensar que alguém vai realmente vai
confundi-lo com uma árvore) está se esgueirandoesgueira-se atrás do gansomenino, ainda
temendo o olhar da mãe. Mas Gosha mostrafaz-lhe sinal para continuar, que Vá, que não precisa
de ter medo delavocê não pode ter medo dela. É assim que eles chegam à cabine do guarda na
saída do Zoo.
GOSHA. Mãe, espera, vou atar o atacador.
A mãe pára, mas não sai do telemóvel. Gosha aproxima-se de Odo Hipopótamo, que faz de árvore.
GOSHA. Estás pronto?
HIPOPÓTAMO. Só porque a tua mãe é uma pessoa ocupada, não quer dizer que os guardas não me
vejam também.
GOSHA. Eu vou primeiro. Se tudo correr como planeado, dou-tefaço-te um sinal.
O Hipopótamo acena. O Gosha vai ter com a mãe.
GOSHA. Vamos?
Gosha e a sua mãe passam pela cabine do guarda. De lá vem um barulho alto - o guarda está
assistindo a assistir a um jogo de futebol.
VOZ DO COMENTARISTACOMENTADOR. Sviridov fazdá um passe para Antonov, Antonov Ivashevich,
E....Golo! Que golo maravilhoso, amigos! Que trabalho jogada limpao!
A mãe e o Gosha passam pelo guarda. Gosha mostra Odiz ao Hipopótamo para andar.
HIPOPÓTAMO (consolando-seconvencendo-se). Não me vêemveem. Não me vêemveem. Ninguém
me vê.
O Hipopótamo está a esgueirar-seconsegue esgueirar-se.
VOZ DO COMENTARISTA. O inimigo decidiu ir para a ofensiva e recuperar os seus pontos perdidos.
Vejam como eles vêmatacam! Parece que este jogo vai entrar para a Hhistória e não pode passar
despercebido!
O Hipopótamo passa pela cabine do guarda. Ninguém o vê.
O Hipopótamo está a correr atrás deo Goscha. A mãe vai à frente, no ao telemóvel.
HIPOPÓTAMO. Liberdade aos hipopótamos! Conseguimos! E agora?
GOSHA. Agora, uma corrida atrás até dao nosso carro, e depois dou-te um banho quente e comida
na minha casa.
HIPOPÓTAMO. E se alguém me vir?
GOSHA. A mãe e o guarda não viram. Outros também têm muitas preocupações. Acredita,
ninguém está a olhar para o lado agora.
O Gosha e a mãe vão para o carro.
Ouve-se a porta a fechar-se.
GOSHA (gritando pela janela). Pronto?
MAMÃE. Gosha, senta-te na cadeira e aperta o cinto. Para quem estás a gritar?
GOSHA. Para Nninguém, mãe.
Ouve-se o carro a partir e a partir. O Hipopótamo começa a correr atrás do carro.

CENA 4. BELA CASA.

O Hipopótamo corre para a casa de banho do Gosha, sem fôlego, mal consegue falar.
GOSHA. Estás bem?
O Hipopótamo diz:, um segundo, deixa-me respirar.
GOSHA. Parece que correr não é o teu estilo.
HIPOPÓTAMO. Sim, sou mais de nadarnadadora.
O Hipopótamo senta-se no chão.
HIPOPÓTAMO. Phew...
GOSHA. Queres que te arranje uma casa de banho?
HIPOPÓTAMO. Posso?
GOSHA. CertamenteClaro. Eu prometi. Até estares seco como uma folha.
HIPOPÓTAMO. Está bem, vamos lá.
GOSHA. Cabes tuConsegues caber?
Gosha empurra a cortina da banheira, obstrui põe a tampa na aberturno ralo a da banheira e liga a
água. Abre a torneira.
GOSHA. Queres espuma?
HIPOPÓTAMO. O quê?
GOSHA. Espuma. Para que haja bolhasteres bolhas.
HIPOPÓTAMO. Não sei.
Gosha derrama um líquido viscoso do de um frasco no banhona água da banheira, e forma-se a
espuma é formada no banho.
GOSHA. Podes entrar.
HIPOPÓTAMO. Vais continuar a olhar assim?
GOSHA. Posso virar-me.
Gosha vira as costas.
GOSHA. Queres que te traga alguma coisa para mastigar?
HIPOPÓTAMO. Eu como à noite.
GOSHA (olhando ao redor do hipopótamo gordo). Bem, não é de admirar.
HIPOPÓTAMO. O que estás a insinuar?
GOSHA. O que queres comer?
HIPOPÓTAMO. Tens erva?
GOSHA. Estava verdeSó verduras.
HIPOPÓTAMO. Traz o que tens.
Gosha quer sair da casa do de banho.
GOSHA. Não feches a porta.
HIPOPÓTAMO. E se a tua mãe entrar?
GOSHA. Ela não vai entrar, está a trabalhar.
O Gosha vai sairsai. O Hipopótamo tira uma grinalda desgrenhada da vegetaçãoo arbusto que
tinha na cabeça, coloca-ao no chão e, come uma folha. Ele entraEntra em umno banho quente
com um pé - oh, como ele gosta de água! O segundo pé – é mágico! E...
O Hipopótamo quer entrar na banheira, mas o rabo não cabe. Ele gira assimRoda o corpo. O baA
banheiranho é muito pequenoa. Abruptamente De repente entra Gosha com um prato de
verdecom verduras. O Hipopótamo, com receio, de medo senta-se no banho – um ranger
característico é ouvido. O Hipopótamo quer adotar uma postura mais confortável, mas percebe
que está preso.
GOSHA. Está tudo bem?
HIPOPÓTAMO. Mais do que isso.
GOSHA. Aqui tens.
Gosha estende a vegetação do Hipopótamo. Ele estáFica sentado no banheirona banheira a comer
comendo verduras.
HIPOPÓTAMO. Sabe muito bem. Mmm. Yum, Yum.
GOSHA. Ainda bem que gostas.
HIPOPÓTAMO. Então, conta-me.
GOSHA. O quê, exactamente?
HIPOPÓTAMO. Porquê eu?
Gosha encolhe os ombros.
HIPOPÓTAMO. Não, istso não vai funcionar. Quero saber. Por que o meninoPorque é que trouxeste
um hipopótamo para casa? Tem de haver uma razão, certo?
GOSHA. Não tinhas água. Senti Tive pena de ti.
HIPOPÓTAMO. És a única pessoa na terrano planeta Terra que tem pena de um hipopótamo.
GOSHA. Porquê?
HIPOPÓTAMO. Não sabes que os hipopótamos são perigosos?
Gosha encolhe os ombros.
GOSHA. Mais perigoso que um leão e um crocodilo?
HIPOPÓTAMO. Muito mais. Eu ganho-os sempre. Vês os meus dentes?
O Hipopótamo abre a boca, mostra os dentes.
HIPOPÓTAMO. 36 dentes. Posso rasgardespedaçar qualquer um.
GOSHA. E o rinoceronte?
HIPOPÓTAMO. E um rinoceronte também. Sou muito perigoso.
Gosha encolhe os ombros.
GOSHA. Respondeste-me.
HIPOPÓTAMO. Como assim?
GOSHA. Falei contigo e tu respondeste.
HIPOPÓTAMO. Os outros não respondem?
GOSHA. Estão ocupados. Caso contrário, não teria um hipopótamo na minha banheira.
HIPOPÓTAMO. O que é que a tua mãe está a fazer?
GOSHA. Ela trabalha muito para que tenhamos tudo.
HIPOPÓTAMO. Onde estão os teus amigos?
GOSHA. Tenho uma amiga na crecheno jardim-de-infância, a LuciaLúcia.
HIPOPÓTAMO. Não é mau. O que estão costumama fazer juntos?
GOSHA. O que Ffazemos juntos?
HIPOPÓTAMO. Bem, você jogam jogos, coleciona artesanatofazem coleções – o que os amigos
fazem juntos no jardim -de infância?
GOSHA. Não estamos a fazerfazemos nada.
HIPOPÓTAMO. Porquê?
GOSHA. Porque ela não me considera amigao dela.
HIPOPÓTAMO. Não entendi.percebi. Disseste que eram amigos.
GOSHA. Eu disse que ela era minha amiga. Também não disse que era amigo dela.
HIPOPÓTAMO. Porque é que ela não te considera amiga?
GOSHA. Porque ela nem sequer olha para mim!
O Hipopótamo está muito surpreendido.
GOSHA. Eu chego ao jardim de infânciajardim-de-infância e a primeira coisa que faço é gritar dizer-
lhepara ela: "Olá, a LuciaLúcia!".
HIPOPÓTAMO. E ela?
GOSHA. Ela nem sequer se vira.
HIPOPÓTAMO. Ora, ora...
GOSHA. Onde estão os teus amigos?
HIPOPÓTAMO. Como assim?
GOSHA. Estavas ali sozinho... Como se também não tivesses muitos.
HIPOPÓTAMO. De alguma forma, estamos todos em recintos, em recintos... As famílias, os
negócios... Tu sabes.
GOSHA. Então, ainda bem que decidimos ser amigos?
O Hipopótamo fica sensibilizadoé tocado pelas palavras de Gosha.
HIPOPÓTAMO. BomSim.
GOSHA. Então dá cá mais cinco.
Gosha dá cinco Hipope o Hopopótamos batem com a mão uma na outra e sorriem.ótamos. Sorrir.
HIPOPÓTAMO. Como é que vou voltar? voltar? Os trabalhadores vêm vão limpar a piscina de
amanhã manhã. Espero poder conseguir voltar a tempo.
GOSHA. Podes não voltar?
HIPOPÓTAMO. Como não voltar?
GOSHA. Podes ficar comigo por uns tempos?
HIPOPÓTAMO. Não, claro que não!
GOSHA. Mas porquê?!
HIPOPÓTAMO. A tua mãe também vai ficaria sem trabalho e não me podes esconder.
GOSHA. Ela nunca vai ficar sem nada. Além disso, podemos arranjar-te um disfarce.
HIPOPÓTAMO. Qual?
Batem na porta do banheiroda casa-de-banho.
A VOZ DA MÃE. Gosha, estás bem?
GOSHA. Sim, mãe. Vou sair em breveEstou quase a sair.
Gosha ouve sua mãe se afastandoa afastar-se da porta.
GOSHA. Vais dar um mergulho ou não?
HIPOPÓTAMO. Posso sair, se for preciso.
GOSHA. Vem para o meu quarto e voltas à noite.
HIPOPÓTAMO. IrOk.
GOSHA. Então levanta-te.
O Hipopótamo está a tentar levantar-se.
HIPOPÓTAMO. Não posso. Estou preso.
GOSHA. Deixa-me ajudar-te.
O Gosha está a tentar tirar o Hipopótamo da banheira. O Hipopótamo está a ajudá-loajuda-o.
HIPOPÓTAMO. Oh, oh, oh. - Sim, sim, sim. Ayyayayay.
Gosha e o Hipopótamo fazem um último esforço e voam para fora da banheira com um estrondo.
A VOZ DA MÃE. Gosha, pode falar mais baixo? Estou ao telemóvel.
O Hipopótamo e o Gosha riem-se.
GOSHA. Silêncio.
O Hipopótamo e o Gosha riem ainda mais.
GOSHA. Cala-te! Vamos para o meu quarto antes que a minha mãe chegue.
Gosha e o Hipopótamo estão ricontinuam a rirndo.
Gosha e o Hipopótamo correm para o quarto das crianças,e fecham a porta. O Hipopótamo não
pode se consegue conter, abre a boca e ri com risadas gargalhadas barulhentas de hipopótamos.
A VOZ DA MÃE. Gosha!!!
GOSHA. Hipopótamo!!!
Gosha apaga a luz.
A porta do quarto abre-se.
MAMÃE. Gosh?
GOSHA. Sim, mãe.
Na mão da mãe está o telemóvel. A mãe liga as luzes. Atrás de Gosha está há o Hipopótamo
tapadocoberto com um cobertor.
MAMÃE. Que barulho foi esse?
Gosha pega o trompete doadooferecido pelaor sua mãe. por trás das costas.
GOSHA. Estou a falar a sério... Tentei tocarestudar...
Gosha dá à mãe o seu melhorum sorriso perfeito. E sopra algumas vezes sopra alto no trompete. A
mãe vê uma montanha atrás de Gosha.
MAMÃE. O que é isto?
GOSHA. É simples assimIsto tem explicação...
Há algo noO telemóvel da mãe toca.
MAMÃE. Gosh, tenho uma conferência. Posso pedir-te para estudares tocares mais tarde?
GOSHA. Não há problema.
MAMÃE. Obrigada.
A mãe sai do quarto e fecha a porta. A montanha começa a rir. Gosha tira o véu do Hipopótamo.
HIPOPÓTAMO. Mais um pouco e ela apanhava-me.
GOSHA. Não, eu sei do que estou a falara dizer.
O Hipopótamo está a ver observar o quarto.
HIPOPÓTAMO. Tens aqui uma bela casa.
GOSHA. O que vamos fazer?
Gosha vê carros de brincar espalhados pelo chão.
GOSHA. Queres brincar aos com os carros?
HIPOPÓTAMO. VamosQuero.
Gosha leva um pequeno carro para si e um pequenooutro para o Hipopótamo.
GOSHA. Na verdade, não. Vou dar-te outrao.
Gosha vasculha dentro da caixa e pega agarra numa enorme máquina de Hipopótamogrande carro
de hipopótamo. Estão a brincar aos carros de corrida.
GOSHA. Vamos para o construtorbrincar às construções? Você consegue Consegues construir a
torre mais alta?
HIPOPÓTAMO. PoderConsigo.
O Gosha e o Hipopótamo estão a brincar ao construtoràs construções.
É noite. O Gosha boceja. O Hipopótamo boceja em resptambémosta. Gosha pega seu
bocejoboceja novamente. Estão a rir-seRiem.
GOSHA. Não comeces... A mãe vai voltar.
Estão a baterBatem à porta.
A VOZ DA MÃE. Gosh, apaga as luzes, já é tarde. Vou continuar a trabalhar. Boa noite.
GOSHA. Boa noite, mãe.
HIPOPÓTAMO. Boa noite, mãe.
Gosha fecha a boca do Hipopótamo. Os passos da mãe estão de volta.
A VOZ DA MÃE. Disseste alguma coisa?
GOSHA. Nada, mãe. Dorme bem.
Os passos da mãe são removidos afastam-se novamente. Gosha salta para a cama, puxa um
cobertor sobre si mesmo e olha para o Рipopótamohipopótamo.
GOSHA. Onde vais dormir?
HIPOPÓTAMO. Na água.
GOSHA. Pois é. Então tens de esperar que a minha mãe termine o trabalho, escove os dentes e se
deite também.
HIPOPÓTAMO. Ah.
O Gosha fica mais confortável.
GOSHA. Com o que sonhas, Hipopótamo?
HIPOPÓTAMO. Com Ccomida. E tu?
GOSHA. Quero dizer, eu gostava que as pessoas olhem e vejamolhassem e vissem. Ninguém
nunca se sentiriatiu sozinho.
HIPOPÓTAMO. É um bom sonho. Se eles alguém tivessem visto, eu agora não estaria aqui.
GOSHA. Certo!
HIPOPÓTAMO. Queres que a tua mãe te veja?
GOSHA. Ela consegue ver-me!
HIPOPÓTAMO. Não me digas! Então ela só não me vê a mim?não me vê só a mim?
GOSHA. Bem, sim.
HIPOPÓTAMO. Então, estás satisfeito?
Gosha acena incompreensivelmentetriste. O Hipopótamo tem pena do Gosha.
HIPOPÓTAMO. Fecha os olhos e eu canto-te uma canção.
GOSHA. Sim, e vais acordar a casa toda.
HIPOPÓTAMO. Estou calado.
Gosha fecha os olhos.
HIPOPÓTAMO. Boo boo boo. Boo boo boo. Boo boo boo boo boo boo.
GOSHA. Isso é uma canção?
HIPOPÓTAMO. Sim. Porquê?
GOSHA. Estás só a cantar Boo boo boo.
HIPOPÓTAMO. Os hipopótamos cantam assim. Diverte-te, é uma boa canção.
O Hipopótamo canta a canção ao Gosha, o Gosha adormeceque acaba por adormecer. . A barriga
do Hipopótamo ronca.O Hipopótamo está a ronronar no estômago.
HIPOPÓTAMO. Oh.
O Hipopótamo está a ronronar outra vezveza barriga do Hipopótamos volta a roncar.
HIPOPÓTAMO. Oia.
O Hipopótamo ronca muito no estômagoA barriga do Hipopótamos continua a roncar muito. Para
não acordar Gosha, ele sai do quarto.

CENA 5. INVISÍVEL

A luz da geladeirado frigorífico ilumina o Hipopótamo. Há tanta comida lá que o Hipopótamo se


distrai-se e entra em seuscom os seus pensamentos, sem se aperceber que a geladeirao frigorífico
chiaaoita ecoando porem todo o apartamento, por ter a porta aberta durante muito tempo. como
as geladeiras que não fecham por muito tempo.
MAMÃE. Gosh, o que é que fizeste ontemestás a fazer à noite?
O Hipopótamo fecha a porta da geladeirado frigorífico. E ele é impressoencosta-se contra na
parede, acreditando ingenuamente acreditando que ele vai se fundir-se com ela e passar
despercebido.
A mãe chega à cozinha, olha à volta, está prestes a encontrar o Hipopótamo, mas o telemóvel toca,
mete-se neleagarra-o, e esquece-se para onde ia. Sem olhar, pega o iogurte da geladeiratira um
iogurte do frigorífico. Volta para o quarto. O Hipopótamo sai desencosta-se da parede,
expirasuspira.
HIPOPÓTAMO. Ela não me vê mesmoSerá que ela não me vê mesmo?
O Hipopótamo come o que conseguiu consegue roubar da geladeido frigoríficora.
HIPOPÓTAMO. Vamos verificarVamos lá testar.
O Hipopótamo vai para o quarto da mãe.
A mãe trabalha: na frente dela tem é um computador, um telemóvel e e um tablet, todos eles
fazem alguns sons de mensagens que chegam, em cada mãe imprime algoe a mãe agarra logo o
que toca.
O Hipopótamo olha timidamente para o quarto. Vê o equipamentolaboratório de informática da
mãe. Ele gGarante que a mãe não o vê. Entra no quarto. A mãe não desiste dopára o trabalho. O
Hipopótamo dá mais um passo, zero reação, e mais um. O Hipopótamo fica no centro da salado
quarto, bem na frente da mãe e faz alguns movimentos com os quadris – a mãe não o vê. O
Hipopótamo senta-se na frente da mãe, acena-lhe com uma mão. Ela não o vê. O Hipopótamo está
farto deste jogo.
HIPOPÓTAMO. Posso tomar um banho?
Mãe (sem sair do trabalho). Claroertamente.
O Hipopótamo encolhe os ombros e sai da do quartosala. A mãe termina a impressão e só agora
percebe que alguém lhe perguntou algo, e ela que respondeu algo a alguém.
MAMÃE. Gosh? Não foi... Gosha.
A mãe levanta-se. As mensagens vêm e vêm. Ela vê a luz acesa na casa de banho. Vai para ela (a
luz)na sua direção, deixando o computador.

CENA 6. Respingo!

O Hipopótamo está deitado na banheira a cantar canções. Está cheio de espuma, tudo à sua volta
está cheio de espuma. Ele Ccanta alto.
HIPOPÓTAMO. Boo boo boo. Boo boo boo. Boo boo boo boo boo boo...
A mãe entra na casa de banho,tira os óculos e esfrega os olhos, usa óculos. Tem um hipopótamo à
sua frente.
A mãe está a olhar para o Hipopótamo. O Hipopótamo está a olhar para a mãe. A mãe está a
grigritatar.
MAMÃE. Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
HIPOPÓTAMO (coberto de espuma). Aaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
MAMÃE. Um Hipopótamo!!!
HIPOPÓTAMO. Silêncio. O Gosha está a dormir!
MAMÃE. Um Hipopótamo, um hipopótamo falante!!!
HIPOPÓTAMO. OuvirOuve. Controla-te. O seu filho está a descansar.
A mãe agarra na esfregona, aponta para a besta e pára de gritar.
MAMÃE (sussurrando). Um Hipopótamo!!!
HIPOPÓTAMO. Sim, um hipopótamo.
MAMÃE. Fica onde estás, besta.
HIPOPÓTAMO. EstarOk. Tensr medo... Vocês conseguemConsegues ver-me?
MAMÃE. É possível não ver um hipopótamo?
O Hipopótamo está a rir-se.ri.
HIPOPÓTAMO. Como diz Gosha, olhar e ver são duas coisas muito diferentes. grandes diferenças.
MAMÃE. Já te vi antes.
HIPOPÓTAMO. Onde?
MAMÃE. No Zoo. O que fazes aqui?
HIPOPÓTAMO. Banhar-seTomo banho. A tsua banheira é grande. A água está quente.
MAMÃE. Não podes nadar aqui.
HIPOPÓTAMO. Tensm pena da água? Não gasto muitao.
MAMÃE. Não pode haverposso ter um hipopótamo na minha casa!
HIPOPÓTAMO. Então pode fechar a porta? Vou sair e secar-me e sair. Vamos conversar e tomar um
chá.
MAMÃE. Bebes chá?!
HIPOPÓTAMO. Você Tu bebes. E eu fico com a fazera companhia.
A mãe acena e sai do banheiro.

CENA 7. CONVERSA DE CORAÇÃO PARA CORAÇÃO

O Hipopótamo com uma toalha e pauzinhos saindocom cotonetes dnas orelhas sai do banheiroda
casa-de-banho. A mãe está à esperar dele. Ela o vê-o e ainda não consegue acreditar que é real.
HIPOPÓTAMO. Chá?
MAMÃE. Não precisamos de introdução.
HIPOPÓTAMO. Você é rigorosa.
MAMÃE. Estou à espera de uma explicação.
HIPOPÓTAMO. Que planoexplicação?
MAMÃE. O que é que fazes aqui? Fugiste do zoo e decidiste ficar com o no nosso apartamento?
HIPOPÓTAMO. Eu??? Não, Não...
MAMÃE. Então o quê?
HIPOPÓTAMO. Também tenho algumas perguntas para siti.
MAMÃE. Quais?
HIPOPÓTAMO. Dizga-me o que faço aqui. O tseu filho trouxe um hipopótamo para casa. E tudo
aconteceu diante dos tseus olhos.
MAMÃE. Mentira.
HIPOPÓTAMO. Claro que é verdade. Primeiro, parti o recintoa cerca no Zoo, depois segui-vos para
sair do , tiraram-me do Zoo. Depois segui ofui atrás do carro até sua à vossa casa. Entrei em tsua
casa e até ri tanto que os vidros tremiam.
MAMÃE. Não pode ser... Eu não vi. Nunca te ouvi falar. Gosha! O que lhe fizeste?!
HIPOPÓTAMO. Alimentei-o. Joguei com ele. Cantou Cantei uma canção de embalar e pôs-mepu-lo
a dormir.
A Mammãe se levanta-se e olha para o quarto, onde Gosha dorme um sono feliz.
MAMÃE. É verdade....
A mãe volta, senta-se à mesa, os aparelhos eletrónicos dela estáoestão a apitar. Ela desliga-os a
todos.
MAMÃE. Toda a gente vai dizer que raptámos um hipopótamo. És um animal raro? ÉstasEstás no
Livro Vermelho?
HIPOPÓTAMO. Sou normal.
MAMÃE. O meu filho roubou um hipopótamo normal. O que vou fazer?
HIPOPÓTAMO. Não fiques tão triste. Amanhã, vamos levamr-me de volta ao zoo. Se chegar a
tempo de comer, ninguém vai reparar.
MAMÃE. Como é que sabes?
HIPOPÓTAMO. Como saímos, entramos. Vou precisar do seu seguroda tua ajuda e, no geral, tenho
a certeza que vamos conseguir. Eu não acreditava Gosha, mas este mundo enlouqueceu
completamente – ignorar um hipopótamo torna-se comum. Para não falar das pessoas.
MAMÃE. Vais ficar aqui até de manhã?
HIPOPÓTAMO. Sim. Porquê? Vou tomar um banho. Vou dormir na espuma. cheiraCheira bem.
A mãe voltou a apontar a esfregona aoaponta para a porta e olha para o Рipopótamohipopótamo.
MAMÃE. Bem, não. Não me inscrevi nasci para isto.
HIPOPÓTAMO. Vão Vais expulsar-me assim esta noite?
MAMÃE. És um hipopótamo, vais sobreviver. Sai.
A mãe aponta o Рipopótamo Hipopótamo e para a porta.
HIPOPÓTAMO. O Gosha vai ficar chateado se eu sair sem me despedir.
MAMÃE. O Gosha não é responsável por pelassuas ações, caso contrário, ele não arrastaria um
animal de cinco toneladas para a casa.
HIPOPÓTAMO. Sabesm que mais? Vou-me embora. Mas vou dizer-vos te uma última coisa. Se você
tu não viu vês um hipopótamo à queima-roupa, isso é metade do problema, você pode perdoar.
Mas Vocêtu não vês o tseu filho!
MAMÃE. O Hipopótamo está a dar-me conselhos sobre como criar filhos, mMeu Deus, é lindo.
HIPOPÓTAMO. Não é um hipopótamo, é um amigo do Gosha.
MAMÃE. Ele queixou-se de mim?
HIPOPÓTAMO. Ele disse que a amava e que estava satisfeito.
MAMÃE. E eu amo-o. Então, nós tratamos disto. Sai.
HIPOPÓTAMO. Ama-o. Mas não o vê.
MAMÃE. O que queé que isso quer isso dizer?
HIPOPÓTAMO. Ver uma pessoa significa ouvir o que ela diz, entender o que ela sente e tentar
compartilhar esses sentimentos. Adeus.
O Hipopótamo vai-se embora.

CENA 8. A MANHÃ EM QUE TUDO MUDOU

Gosha puxa seus membrosespreguiça-se na cama, boceja sonoramente e imediatamente salta da


cama.
GOSHA. Hipopótamo!
Gosha está à procurar do Hipopótamo no quarto.
GOSHA. Hipopótamo!
Gosha não encontra o Hipopótamo no quarto e corre para o quarto da mãe. A mãe digita
escrevealgo no computador, mas assim que vê Gosha, desliga tudo.
GOSHA. Vamos...
Gosha vê que a mãe não está olhando a olhar para o gadgetcomputador, mas para ele.
MAMÃE. Olá, Gosha.
Gosha pára com esteum gesto da mãe que lhe parece tão estranho.
GOSHA. Olá, mãe. Acabaste o trabalho todo?
MAMÃE. Não.
Gosha procura o Hipopótamo aqui e ali.
MAMÃE. Perdeste alguma coisa?
Gosha continua a busca.
GOSHA. Sim! Quer dizer, não...
O Gosha está a vervê debaixo da mesa da mãe. Ele tem um suspiro de Suspira em desespero. Ele
mesmo sobe Põe-se sob debaixo daa mesa, abraça as pernas dobradas com as mãos, quase chora.
A mãe olha debaixo da mesa para Gosha.
MAMÃE. Como te sentes?
GOSHA (com lágrimas). Melhor do que ninguém.
MAMÃE. Está na casa de banho.
GOSHA. Quem?
MAMÃE. Alguém queQuem procuras.
Gosha olha surpreso para a mãe, saindo dee sai debaixo da mesa.
GOSHA. De quem é que estou à procura?
MAMÃE. Não estás à procura de ninguém?
A mãe olha astutamente para o Gosha, o Goshaque voa com uma bala para o banheiroa casa de
banho. Abre a porta. O Hipopótamo espirra na água, cantando o hipopótamo de marca a sua
cançã: boo boo boo.
GOSHA. Hipopótamo! Pensei que te tinhas ido embora!
Gosha corre e abraça o Hipopótamo.
HIPOPÓTAMO. Silêncio. Ficar Vais ficar molhado. Vamos para a crecheo jardim-de-infância em
breve.
GOSHA. Naaham?!
HIPOPÓTAMO. A tua mãe e eu concordámos em levar-te ao jardim de infânciajardim-de-infância, e
depois ela leva-me aopara o jardim zoológico (Zoo). Ela é mesmo boa, como disseste.
Para Gosha é foi muito bom ouvir isso.
GOSHA. Está bem! Vou vestir-me!
Gosha corre para o seu quarto. Ele vê Vê lá a mãe lá, que tira o estojo do trompete e pega-lo em
suas mãos, indo para levá-lo.agareando-o com as mãos para o levar.
GOSHA. Para onde vais com o trompete?
MAMÃE. Vou pô-lo na varanda.
GOSHA. Como é que vou tocar?
MAMÃE. E tu não precisas de tocar. Nunca quiseste isto.
GOSHA. Mas tu querias...
MAMÃE. Amo-te, quer tocestoques trompete ou não. Quando eu era criança, eu queria aprender a
tocarser colocada em uma música de trompete, e mas a minha mãe não tinha tempo. Pensei em
fazer isto por ti. Mas você tu gosta de coisas completamente diferentes, e isso é normal.
A gajaGosha e a mãe abraçam-se. A mãe beija dá um beijo oa Gosha no topo da cabeça.
MAMÃE. Veste-te. Estamos atrasados.
A mãe quer ir embora, mas Gosha a impede-a de, levar o estojo com o trompete.
GOSHA. Agora quero tentar. Talvez eu também goste. Eu já sei, queres que te mostre como?
MAMÃE. Mostra-me. Não te esqueças que temos de recuperar ir buscar o Hipopótamo antes de o
alimentarmos.
GOSHA. Estou a ir!
Gosha se veste-se rapidamente.
CENA 9. GOSHA VÊEM TODOS

O som das vozes das crianças. Estão a jogar.


A VOZ DO HIPOPÓTAMO. É ela?
A VOZ DO GOSHA. Não.
A VOZ DA MÃE. ÉE aquela com o rabo de cavalorabo-de-cavalo?
A VOZ DO GOSHA. Não.
A VOZ DO HIPOPÓTAMO. ÉE aquela na caixa de areia?
A VOZ DO GOSHA. Ali está ela! No escorrega!
A VOZ DO HIPOPÓTAMO. Pronto?
A VOZ DO GOSHA. Sim! Vamos.
Mamãe abre os arbustos de onde Gosha sai, sentado em oem cima do Hipopótamo. Ele brilha
porque todos estão a olhar para ele. Gosha toca uma melodia alegre no trompete.
GOSHA. Luciiiaaa! Oláaa!
MAMÃE. Ela virou-se.
HIPOPÓTAMO. Ela está a acenar-te. E está a sorrir.
GOSHA. A mim? Ela está a sorrir para mim?
HIPOPÓTAMO. Ela está a chamar-te! Corre!
GOSHA. LuciaLúcia, estou a ir! Este é o meu amigo Hipopótamo e esta é a minha mãe! Queres
saber como nos tornámos amigos?
Gosha foge corre em direçãopara a LuciaLúcia.
MAMÃE. Vamos ao zoo?
HIPOPÓTAMO. Ao zoo.
MAMÃE. Podes ir buscar o carro? Posso ir devagar.
HIPOPÓTAMO. Eu corro 30 km / h!
A mãe não se impressiona com as palavras do Hipopótamo.
HIPOPÓTAMO. Isso é muito na verdade, você pode admpodias ficar admiradairar!
MAMÃE. Eu admiro-te, Hipopótamo.
HIPOPÓTAMO. A sério?
A mãe acena com a cabeça.
MAMÃE. Corre! Eu vou atrás de ti!
O Hipopótamo está feliz. Ele correCorre cada vez mais rápido, mais rápido do que qualquer
hipopótamo no mundo.

FINAL

2022

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